A confederação do equador oi um movimento popular

Frei Caneca: líder da Confederação do Equador aguardando execução

O que foi

A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, ocorrido em Pernambuco, no ano de 1824. Esse movimento tinha caráter separatista, republicano, liberal e emancipacionista. Embora Pernambuco tenha sido o centro e berço do movimento, ele se espalhou por outras províncias nordestinas.

Em muitos aspectos, esse movimento foi uma continuação (espécie de segunda fase) da Revolução Pernambucana de 1817.

Principais causas e contexto histórico:

- Desaprovação ao sistema político centralizador implementado por Dom Pedro I, após a promulgação da Constituição de 1824.

- Descontentamento com a influência e participação de aristocratas portugueses no governo imperial brasileiro. Havia muitos privilégios, dados pelo governo, para esses portugueses.

- Muitos proprietários rurais da região Norte e Nordeste não concordavam com a centralização política, que dava poderes aos aristocratas portugueses em detrimento dos brasileiros.

- Muitos profissionais liberais, comerciantes e membros da aristocracia brasileira foram influenciados pelo liberalismo, que era contrário à centralização política pregada pelo imperador brasileiro.

- Muitos pernambucanos, principalmente da elite agrária (dos setores de algodão e açúcar), tinham receio de que Dom Pedro I, através de sua política centralizadora e a presença de portugueses em seu governo, pudesse recolonizar o Brasil.

- Havia também, na região Nordeste, uma elevada insatisfação popular com o governo imperial. Muitos esperavam uma melhoria na qualidade de vida após a Independência do Brasil (1822). Porém, a pobreza e as dificuldades sociais permaneceram e atingiram grande parte da população nordestina.

Principais objetivos dos revolucionários:

- Os revolucionários exigiam a convocação de uma nova Assembleia Constituinte, para que houvesse a elaboração de uma nova Constituição. Essa deveria ser descentralizadora e ter caráter liberal.

- Diminuição da interferência do governo federal nas questões regionais (provinciais e municipais) e fim do autoritarismo de D. Pedro I.

- Defendiam a abolição do tráfico de escravos.

- Como era um movimento separatista, almejava a criação de um governo independente na região Nordeste. A capital desse Estado independente seria a cidade de Recife.

A Confederação do Equador tinha um caráter revolucionário e separatista. Ocorrido em Pernambuco, essa união reuniu políticos e revolucionários em prol da separação do Nordeste brasileiro. As características emancipacionistas e republicanas ganharam notoriedade e fama, sobretudo no centro do país. O nome, inclusive, se dá pelo fato da localização ser próxima à linha do Equador. Um movimento que ganha força na província de Pernambuco, em 1824, mas espalha-se rapidamente. As províncias do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte se unem à revolta, encorpando o movimento.

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A região de Pernambuco acaba sendo o centro da revolta. O movimento teve participação ampla de toda a sociedade. Contando em seus revoltos, intelectuais, camadas sociais humildes, elites e políticos. Uma revolta que uniu toda uma população em prol de um objetivo em comum. Diferentemente de outras revoltas que ocorriam pelo Brasil, a Confederação do Equador tinha a sua particularidade. A participação da massa popular foi o grande diferencial para a revolta.

(Imagem: Reprodução)

Os antecedentes da Confederação do Equador

Os reflexos autoritários e elitistas de Dom Pedro I incomodavam a região nordeste do país. Criou-se um clima instável e de completa insatisfação em várias províncias ao longo do Brasil. As exigências do Império passavam a ser consideradas de “grande abuso por parte do Governo”. Com a dissolução da assembleia, em 1823, muitos líderes locais situados na província acabam se opondo ao Governo.

No nordeste, sobretudo, o tom autoritário do Império incomodava. As crises econômicas acabavam sendo constantes na região, e nada fazia o Governo intervir e dar suporte. O preço do açúcar estagnava, a crise econômica aumentava e a insatisfação crescia. Sob todos estes problemas, o poder em Pernambuco se rebelou contra o Império. A Confederação do Equador começava a tomar forma, preocupando o governo central.

Causas da Revolta

Além das inúmeras insatisfações com as decisões do Império, a Confederação do Equador eclodiu por variadas causas. O poder autoritário e as imposições constantes foram apenas o estopim para que a Revolta pudesse ocorrer. Entre as causas, assim, podem ser destacadas:

  • Descontentamento da política centralizadora a qual impôs Dom Pedro I na Constituição de 1824;
  • Insatisfação com a Corte Portuguesa e sua influência forte na política interna do Brasil, apesar deste já estar independente;
  • Irritação com a imposição de um governador escolhido por Dom Pedro I;
  • Elite da província de Pernambuco já havia escolhido Manuel Carvalho Pais de Andrade como governador;

O conflito político de indecisão quanto ao governador escolhido se tornou o grande ponto-chave para eclosão da revolta. A Confederação começava a se formar, e um passo imenso era dado para por fim à autonomia do Império.

Objetivos da Revolta

  • Exigia a convocação de uma Assembleia para elaboração de uma nova Constituição com moldes liberais;
  • Diminuição da influência estatal nos assuntos que dissesse respeito às províncias;
  • Por fim na escravidão;
  • Organização de órgãos populares que pudessem fiscalizar as decisões do governo;
  • Organização e formação de um governo à parte do Império;

O fim da movimentação e a reação dos governantes

No entanto, a resistência dos revoltos não foi o suficiente. O Império, sob liderança de Thomas Cochrane, trata de controlar o movimento. Não demorou muito para que fosse colocado um ponto final na revolta. O líder dos rebeldes, Frei Caneca, teve sua condenação, sendo fuzilado.

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Com as lideranças principais sendo dizimadas, o movimento perdeu força na mesma intensidade que ganhou. Assim, era o fim da Confederação do Equador no mesmo ano em que teve início.

Referências

AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Confederação do Equador. Todo Estudo. Disponível em: //www.todoestudo.com.br/historia/confederacao-do-equador. Acesso em: 09 de June de 2022.

A Confederação do Equador: o movimento

D. Pedro I nomeou um novo presidente para Pernambuco e acabou deflagrando o movimento separatista conhecido como Confederação do Equador. Gravura (41,2 x 32 cm) de Giuseppe Gianni, 1830. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Com o clima tenso que se instaurou em Pernambuco após a dissolução da Assembleia de 1823 e a divulgação da Constituição Outorgada de 1824, D. Pedro I nomeou um novo presidente para a província – Francisco Pais Barreto –, destituindo Manuel Paes de Andrade, que fora escolhido pelas Câmaras de Olinda, Recife, Igaraçu, Pau-d'Alho, Cabo, Limoeiro e Serinhaém.

Essa decisão abriu caminho para o início do movimento separatista que ficou conhecido como Confederação do Equador. Seus participantes, apresentando-se como "patriotas pernambucanos", discordaram dessa medida do imperador, considerando-a autoritária. O movimento ganhou ímpeto, desafiando o poder central, espalhando-se pelas ruas de Recife, inclusive contando com a adesão de alguns estrangeiros.

A revolta, de conteúdo "antilusitano", teve como líder Manuel de Carvalho, que participara ativamente da Revolução de 1817 e que, por conta disto, fora exilado nos Estados Unidos da América, tornando-se grande admirador daquele país. Em 2 de julho de 1824, Manuel de Carvalho proclamou a Confederação do Equador, uma nova república na América, que deveria unir, num mesmo Estado, todas as províncias da Bahia até o Grão-Pará.

O Manifesto da Proclamação da Confederação do Equador declarava, entre outros pontos, que "salta aos olhos a negra perfídia, são patentes os (...) perjúrios do Imperador". Ficava bem clara a ideia que os participantes faziam do monarca, e temiam os rumos que o Império tomaria após a outorga da Constituição de 1824.

Trecho de panfleto manuscrito, distribuído à população pelos revolucionários: melhor "sofrer mil mortes" do que ser "escravo de déspotas tiranos". Domínio público, Arquivo Nacional

A tensão aumentava nesse movimento acentuadamente urbano e popular, de caráter mais democrático do que os anteriores movimentos nativistas. Era, por exemplo, muito diferente da Revolução Pernambucana de 1817, liderada por proprietários de escravos e de terras, comerciantes locais e muitos militares, que entendiam estar sendo explorados pelos portugueses da "nova Lisboa".

Na descrição da viajante Maria Graham, o ambiente na província pernambucana, guardadas as proporções, era semelhante ao que se sentia na França no tempo da Revolução Francesa. Muitos olhos espreitavam e muitos ouvidos permaneciam atentos, pelos cantos, sempre à espera de armadilhas e traições.

Para organizar o Estado que surgia convocou-se uma Assembleia, que elaborou um projeto constitucional que priorizava o Poder Legislativo. Suspendia também o tráfico negreiro no porto de Recife "até que a soberana Assembleia resolva este negócio", considerando ser este "um comércio que está em completa oposição com os princípios do Direito Natural e as luzes do presente século".

A casa-grande acabou rompendo com a Confederação do Equador, movimento que foi ganhando contornos cada vez mais populares e radicais. Desenho aquarelado publicado em Casa-Grande, Our House, na década de 1840. Domínio público

Esse ponto, porém, causou um fracionamento no movimento, pois atingia em cheio os poderosos interesses locais, como já ocorrera em 1817. Por outro lado, a participação de camadas populares – homens livres, pretos, mulatos e militares de baixa patente – colocou em pauta outros enfoques, que alarmaram a população branca que compunha a elite local.

Com o radicalismo ganhando espaços maiores, a classe dominante, que aderiu ao movimento, recuou, rompendo a união que mantinha com a Confederação. Assim como em 1817, não era apenas o governo imperial que se sentia ameaçado, mas os interesses locais dos proprietários de escravos e de terras, dos comerciantes portugueses, dos burocratas...

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