A diferença entre o número de nascimento e o número de mortos é chamado de

A diminuição da mortalidade infantil é um dos principais contribuintes para o crescimento vegetativo de uma população, uma vez que, a partir da queda do número de mortes de crianças, há um consequente aumento populacional.

A diferença entre o número de registros de nascimento e de mortes no Brasil no mês de março é a menor já verificada no país desde o início da série histórica, em 2003, conforme dados do Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (9).

No mês passado, foram lavradas 227.877 certidões de nascimento e 179.938 atestados de óbito. Com isso, a quantidade de nascidos superou a de mortos em apenas 27% no país — a queda da diferença em relação a março de 2020 foi de 72%. Para a entidade, os números demonstram o impacto da pandemia da covid-19 na demografia brasileira.

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“Nos cartórios, temos sentido na prática esta diferença, com grande diminuição contínua dos nascimentos enquanto os óbitos dispararam e atingiram a maior marca da história do país”, declarou o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli. "O Cartório de Registro Civil foi um dos serviços essenciais, que não fechou em nenhum momento nesta pandemia, o que fez com que vivenciássemos na pele a realidade dura da pandemia que tem atingido tantas famílias brasileiras”, complementou.

Índices mais altos desde 2003

O portal da transparência da Arpen-Brasil tem base de dados abastecida em tempo real com registros de nascimentos, casamentos e óbitos nos Cartórios de Registro Civil do país. Os números são cruzados com as Estatísticas do Registro Civil do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2003, no início da série histórica, o número de nascimentos superava o de mortes em 200%. Na década de 2010, o intervalo caiu para 150%. Em 2020, baixou a 120%. Com o início da pandemia, a diferença caiu para 99%, em março; 65%, em julho; 57%, em dezembro; e agora, em março de 2021, chegou a 27%.

Avanço de mortes

Somente neste mês de março, no Rio Grande do Sul, foram emitidos 15.802 atestados de óbito contra 11.971 certidões de nascimento no território brasileiro — são 24% mais mortes que nascimentos. A marca já havia sido atingida pelo estado do Rio de Janeiro, nos meses de maio e dezembro de 2020 e em janeiro de 2021, e pelo Amazonas, em abril de 2020.

Em outros estados, também no mês de março, o avanço do número de mortes reduziu a diferença em relação ao de nascimentos. Houve apenas 4% mais nascimentos que mortes em São Paulo, 7% no Rio de Janeiro, 7% no Paraná e 8% em Goiás.

1 de 3 Diferença entre mortes e nascimentos no 1º semestre de 2021 é a menor desde 2003 em Sorocaba, diz Arpen — Foto: Reuters via BBC

Diferença entre mortes e nascimentos no 1º semestre de 2021 é a menor desde 2003 em Sorocaba, diz Arpen — Foto: Reuters via BBC

A diferença entre o número de mortes e o de nascimentos em Sorocaba (SP) durante o primeiro semestre de 2021 é a menor desde 2003, segundo dados divulgados pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen).

De janeiro a junho de 2021 foram registrados 4.705 nascimentos e 4.426 mortes* na cidade, com uma diferença de 279 nascimentos a mais. O número representa o menor crescimento vegetativo da população em um semestre desde 2003, quando os dados começaram a ser contabilizados pelo Portal da Transparência do Registro Civil.

De acordo com a Arpen, a diferença sempre se manteve na média de 2.558 nascimentos a mais. Se comparado a 2021, houve uma redução de 89,1% na variação em relação à média histórica. Em relação ao ano de 2020, a queda foi de 89,3%.

Mortes x nascimentos em Sorocaba no primeiro semestre de 2021

Fonte: Portal da Transparência do Registro Civil

Para o professor Vidal Dias da Mota Júnior, que é doutor em ciências sociais pela Universidade de Campinas (Unicamp), a queda brusca na diferença entre mortes e nascimentos pode causar impactos significativos a médio e longo prazo.

A queda no número de casamentos é outro fator que chama a atenção. No primeiro semestre, a cidade registrou o sétimo menor número de casamentos desde 2003.

Até junho de 2021, foram registrados 1.863 casamentos civis, número 8,9% maior que os 1.711 matrimônios realizados em 2020, mas ainda 24% menor que os 2.452 casamentos celebrados em 2019.

Vidal cita o exemplo do fim da gripe espanhola, quando houve um aumento considerável no número de casamentos, o que resultou em uma taxa de natalidade maior também. "A história mostra essa recuperação e creio que possa ser o cenário após a pandemia", diz.

Mortes x nascimentos em Sorocaba no primeiro semestre de 2020

Fonte: Portal da Transparência do Registro Civil

No entanto, a baixa natalidade durante o primeiro semestre de 2021 também pode impactar a demanda por escolas e creches. "Também haverá impactos no mercado de trabalho por termos daqui a 18 anos, por exemplo, a redução de pessoas aptas para o trabalho ou para a educação superior", explica.

Para o professor, os altos índices de mortalidade também rompem e impactam a perspectiva do aumento da expectativa de vida, que gira em torno de 75 anos atualmente no país.

Os vazios demográficos podem ser observados durante outras pandemias e também em situações de guerra, como no caso da Europa e do Japão, onde o perfil da população se torna muito mais reduzido, explica o professor.

2 de 3 Aumento do número de crianças pode gerar impactos no sistema educacional — Foto: Allan Phablo

Aumento do número de crianças pode gerar impactos no sistema educacional — Foto: Allan Phablo

Durante o primeiro semestre deste ano, a cidade também presenciou um momento de déficit demográfico, que é o termo usado para definir o crescimento vegetativo negativo, ou seja, taxa de mortalidade maior do que taxa de natalidade.

Em abril de 2021, o número de mortes foi 24% maior que o número de nascimentos. Do dia 1º ao dia 30, foram 198 óbitos a mais do que nascimentos. No mesmo período de 2020, foram 406 nascimentos a mais do que óbitos.

Além disso, quanto ao número de nascimentos, apenas um mês conseguiu superar os registros de 2020. Em maio de 2021, 870 pessoas nasceram em Sorocaba, enquanto no mesmo período de 2020 o município registrou 826 nascimentos.

No restante dos meses, houve queda de até 23% no número de nascimentos. Já com relação às mortes, todos os meses do 1º semestre de 2021 superaram os de 2020, sendo que abril lidera o ranking com o maior aumento, cerca de 138% comparado ao mesmo período do ano passado.

3 de 3 Cemitério de Sorocaba — Foto: Carlos Dias/G1

Cemitério de Sorocaba — Foto: Carlos Dias/G1

Mudanças de comportamento e perfil da sociedade

Os impactos gerados pelo aumento no número de mortes com relação aos nascimentos podem causar mudanças de comportamento e no perfil da sociedade, de acordo com Vidal.

"O fato é: os números são assustadores e não são pontuais. Nós estamos falando de um semestre inteiro que cria uma lacuna em termos da dinâmica da população. Isso impacta várias instituições da nossa sociedade", explica.

Para Vidal, as pessoas poderão vivenciar uma queda no seu padrão de vida. Já que muitos dos que morreram pela doença contribuíam na renda família. "Isso impacta na mobilidade trazendo barreiras para que as pessoas melhorem sua situação social e econômica no curto prazo", diz.

O professor reforça pontos que a pandemia trouxe à tona e que podem contribuir para essa mudança no perfil sociológico da cidade.

"Temos questões importantes, que serão levadas para frente e melhor direcionadas. Uma delas é a questão sanitária, que deve ser olhada com mais atenção por parte das instituições", comenta.

No entanto, nem todos os pontos são positivos. Além da atenção à saúde e o desenvolvimento de um olhar mais empático com relação ao próximo, a pandemia também enfatizou vulnerabilidades que devem perpetuar pelos anos seguintes.

"Ainda enfrentamentos muito, principalmente no Brasil, o baixo nível educacional da população, além da vulnerabilidade ao negacionismo e outras questões. E isso ainda certamente vai perpetuar por muito tempo. É uma realidade triste, mas que precisa ser combatida", diz.

*A base de dados é abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos registrados nos Cartórios de Registro Civil do País. Os números ainda podem ser alterados, uma vez que o Portal da Transparência do Registro Civil tem um prazo legal de até 14 dias para lançar os registros de óbitos na plataforma.

Como é chamado a diferença entre o número de nascimento é o número de mortes?

O crescimento vegetativo refere-se à diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade ao longo de um ano. É também conhecido como crescimento natural. Somado ao índice migratório, é possível calcular o crescimento demográfico do local em questão.

Como chama a diferença entre o número de nascimentos é mortes em um local em determinado período?

O crescimento vegetativo representa a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. É também chamado de crescimento natural.

Qual é a diferença entre a taxa de natalidade é mortalidade?

A taxa de natalidade representa o número de nascidos vivos, enquanto a taxa de mortalidade indica o número de óbitos de um determinado local. ... → Maiores taxas de natalidade e de mortalidade do mundo..

O que é uma taxa de natalidade?

A taxa de natalidade, juntamente com a taxa de mortalidade, determina o crescimento demográfico da população de um país. Basicamente, são dados estatísticos que consideram o número de nascimentos e de mortes por mil habitantes no período de um ano.