Monarquia Constitucional é um sistema político no qual há um rei ou uma rainha e seus poderes são limitados pela Constituição. As primeiras monarquias eram absolutistas, isto é, nelas o soberano tinha o poder absoluto.
A Monarquia Constitucional surge como um contraponto a esse modelo, ao determinar que o rei, assim como os outros governantes e toda a população, deve seguir a lei.
Esse sistema político, também conhecido como Monarquia Parlamentar, é composto por um chefe de governo e um chefe de Estado.
- Chefe de Estado: representado pelo monarca, seus poderes são mais simbólicos.
- Chefe de governo: é o Primeiro-Ministro, responsável pelo Poder Executivo no país.
A maior parte dos países que adota a Monarquia Constitucional possui um Parlamento, que é o Poder Legislativo.
Monarquia é um sistema de governo no qual o chefe de Estado - rei ou rainha - permanece no poder até o final da sua vida ou de sua abdicação. Normalmente é um cargo hereditário, ou seja, para ocupá-lo é preciso nascer na família real.
A Monarquia difere da República - sistema político adotado no Brasil - no qual o chefe de Estado é eleito pelo povo e exerce um mandato limitado.
Quando surgiu a monarquia constitucional?
Entre os séculos XVIII e XIX a ideia de um soberano concentrar o poder e tomar as decisões conforme a sua vontade começa a ser questionada pela sociedade. Essa mudança de pensamento está relacionada aos ideais iluministas, que defendiam a liberdade política e econômica e se opunham ao absolutismo.
A primeira Monarquia Constitucional surge em 1688, com a Revolução Gloriosa na Inglaterra. A classe burguesa, em ascensão nesse período, estava insatisfeita com os poderes ilimitados dos monarcas e a falta de participação nas decisões do Estado.
Após a revolução, foi implantado o modelo de Monarquia Parlamentarista, no qual o poder deixa de estar concentrado nas mãos do soberano e passa a ser exercido pelo Parlamento, que é eleito pelo povo. A Inglaterra é, até hoje, a principal nação que adota esse sistema de governo.
Inspiradas na experiência da Inglaterra, as sociedades de outros países de sistemas absolutistas iniciam revoltas pela mudança do regime. A Revolução Francesa foi outra famosa movimentação antiabsolutista, porém nesse caso, o sistema adotado após a vitória dos revolucionários foi a República.
Os representantes na monarquia constitucional
As Monarquias Constitucionais ou Parlamentares podem ser diferentes em cada país, mas normalmente esse sistema é representado por um chefe de Estado e um chefe de governo.
O chefe de Estado é uma espécie de personificação do Estado, um símbolo de poder e representatividade do país. No caso da Inglaterra, por exemplo, a chefe de Estado é a Rainha Elizabeth II. Na teoria, ela possui vários poderes, como convocar e dissolver o Parlamento e autorizar o uso das forças armadas.
Na prática, quem toma as decisões no país é o Primeiro-Ministro, que é o chefe de governo, e o Parlamento. Como o Parlamento é escolhido pelo povo e o Primeiro-Ministro é recomendado por esses parlamentares, não aceitar uma recomendação deles, seria desrespeitar as próprias escolhas da população.
O chefe de governo é o representante do Poder Executivo nas Monarquias Constitucionais. Esse cargo tem a liderança no planejamento e execução das políticas públicas no país, como por exemplo políticas de saúde e educação.
Monarquia Constitucional no Brasil
O Brasil foi uma Monarquia Constitucional entre os anos 1822 e 1889 e se iniciou com a Proclamação da Independência por Pedro, que viria a se denominar de imperador Dom Pedro I. Imperador é outro nome dado ao soberano em um regime monárquico.
O reinado de Dom Pedro I foi até 1831, quando abdicou do trono. Seu sucessor, Dom Pedro II, tinha 5 anos à época e até que tivesse a maioridade proclamada, o país foi governado por uma regência. Segundo e último imperador no país, Dom Pedro II ficou no poder até 1889, quando um golpe de Estado instaurou a República.
Países que adotam a Monarquia Constitucional
Além do Reino Unido, outras nações adotam esse sistema de governo. Veja alguns exemplos:
- Arábia Saudita
- Bélgica
- Canadá
- Dinamarca
- Espanha
- Emirados Árabes
- Jamaica
- Japão
- Marrocos
- Nova Zelândia
- Suécia
- Tailândia
Veja também o significado de monarquia, parlamentarismo e absolutismo.
A Revolução Gloriosa ocorreu na Inglaterra em 1688.
Foi um movimento impulsionado pelo Parlamento e o príncipe Guilherme de Orange contra a proteção do rei Jaime II à religião católica.
A Revolução Gloriosa é considerada o fim da Revolução Puritana.
Resumo
Os ingleses viviam um período de descontentamento. Desde a ascensão ao trono de Jaime II, em 1685, a Inglaterra passou a ser governada por um rei católico que defendia o absolutismo.
O problema é que o anglicanismo e outras variações da religião protestante já estavam consolidadas na Inglaterra.
O rei Jaime II valorizava o catolicismo em detrimento do protestantismo, pois o considerava uma religião falsa. Assim, numa posição privilegiada, disponibilizou cargos do reino, bem como da Universidade de Oxford, para homens católicos.
Os católicos começaram a ameaçar os protestantes, os quais receavam que a sua crença fosse perseguida.
Igualmente, aqueles que haviam adquirido propriedades pertencentes à Igreja Católica temiam perdê-las, caso o catolicismo fosse restaurado.
Saiba mais:
- Revolução Puritana
- Absolutismo
- Reforma Protestante
- Catolicismo
Restauração Monárquica
Alegoria sobre o Novo Estado da Inglaterra junto aos reis Guilherme e Maria
Guilherme Orange, sobrinho e genro do rei Jaime II, era protestante, assim como sua esposa, a princesa Maria. Fiéis a sua crença uniram-se a um grupo de protestantes com o objetivo de destituir o rei inglês e assumir o trono.
Apoiado por um exército, Guilherme Orange invadiu a Inglaterra. O rei Jaime II, por sua vez, ainda faz uma tentativa de manter-se no trono, mas é derrotado na Batalha de Boyne, em 1690.
Desta manira fugiu para a França, onde foi acolhido pelos seus parentes franceses e católicos.
Após a fuga de Jaime II, Guilherme e Maria foram coroados reis da Inglaterra e, posteriormente, da Escócia.
Guilherme receberia o título de Guilherme III da Inglaterra e II da Escócia e assim passou à história como Guilherme III e II. Isto se deve ao fato que Inglaterra e Escócia eram reinos independentes no século XVII.
Consequências
A Revolução Gloriosa propiciou várias mudanças na Inglaterra:
- A Igreja Anglicana se consolidou como a igreja oficial do Estado;
- Os católicos foram afastados da vida pública;
- Outras formas de protestantismo não seriam toleradas.
Igualmente, surgiu uma nova forma de governo - a chamada monarquia parlamentar em detrimento do absolutismo.
Deste modo é aprovado o Bills of Rights (Declaração dos Direitos), documento que garante:
- o poder do Parlamento frente ao soberano,
- veto aos católicos ascenderem ao trono e à posições privilegiadas.
Revolução Industrial e Revolução Francesa
A Revolução Gloriosa possui duas características marcantes: a forma pacífica como se desenvolveu e o marco do fim do absolutismo.
Em decorrência do fim do absolutismo e a ascensão do poder da burguesia, algumas décadas depois tem início o processo de Revolução Industrial Inglesa. Desta maneira, se estabelece finalmente a supremacia burguesa.
Cem anos depois da Revolução Gloriosa acontece, por sua vez, a Revolução Francesa. Esta será impulsionada pela burguesia e tinha como um dos objetivos limitar o poder do rei.
A França, tal como a Inglaterra e a Espanha, foi um dos principais países absolutistas. O país também aspirava ao crescimento econômico, enquanto que a rival Inglaterra vivia, justamente, o processo de Revolução Industrial.
Leia mais:
- Revolução Inglesa
- Carta Magna
- Contrato Social
- Estado Absolutista
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.