O que fez com que acabasse oficialmente a perseguição aos cristãos?

Por 300 anos, os seguidores de Jesus foram forçados a negar suas crenças, torturados e mortos. Até aparecer um tal Constantino

Por Da Redação Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

Toda professora de catecismo adorava contar a seguinte historinha: na véspera de uma batalha decisiva contra seu maior rival, o general romano Constantino viu no céu uma cruz flamejante com os dizeres latinos In hoc signo vinces – algo como “Com este símbolo vencerás”. Não deu outra: Constantino mandou pintar a cruz nos escudos de seus soldados, derrotou de goleada seu inimigo Maxêncio e virou imperador. Como sinal de gratidão, no ano 312 da nossa era, ele declarou que os cristãos não seriam mais perseguidos em seu império e se converteu à fé em Jesus, abrindo caminho para que o cristianismo se tornasse a religião dominante do Ocidente. A lenda é bonitinha, mas será que tem algum apoio na realidade?

Por incrível que pareça, o fato é que não foram apenas as frias motivações políticas que levaram Constantino a favorecer os cristãos. Por um lado, é claro que não dá para provar que a visão da cruz flamejante aconteceu mesmo (na verdade, os relatos mais antigos falam das duas primeiras letras gregas do nome de Cristo, parecidas com o P e o X maiús-culos do nosso alfabeto, e não de uma cruz). Por outro, numa época em que religiões ligadas a um deus único estavam em ascensão, a fé de Constantino no Deus cristão não seria incomum.

MINORIA PODEROSA

Por volta do ano 300, apesar das perseguições esporádicas, mas sangrentas, os cristãos tinham virado uma minoria relativamente rica e influente no Império Romano. Entre 5 e 10% dos cidadãos da área era adeptos do cristianismo, e a religião tinha se infiltrado na nobreza, no funcionalismo público e no Exército. Há indícios de que membros da família de Constantino eram cristãos. Ao mesmo tempo, cultos monoteístas (ou seja, a um só deus) estavam cativando outras pessoas. Entre os mais populares estavam a veneração ao deus persa Mitra ou à sua versão ocidentalizada, o Sol Invicto. Veio então a morte do imperador Constâncio Cloro, pai de Constantino, e a guerra civil de sucessão. Constantino foi vencendo todos os rivais, um após outro, até assumir o controle absoluto dos territórios romanos no ano 324.

Continua após a publicidade

O novo governante naturalmente atribuiu o triunfo ao favorecimento divino, e é possível que, por seu ambiente familiar e cultural, tivesse identificado essa divindade com o Deus do cristianismo. Isso porque a liberdade religiosa proclamada por ele foi imediatamente seguida por doações generosas às igrejas cristãs e intervenções pessoais do imperador para resolver debates teológicos entre elas. Constantino queria a unidade do império e a unidade da fé – é impossível determinar onde, para ele, começava uma coisa e acabava outra.

O falso vira-casaca

Ninguém nunca disse que a história é justa, mas uma das maiores injustiças dela foi legar o apelidado de “o Apóstata” (ou seja, o vira-casaca) a Flávio Cláudio Juliano, sobrinho de Constantino que assumiu o poder imperial no ano 360. Juliano, o Apóstata, como ficou conhecido, tentou restaurar o paganismo como religião dominante no Império Romano, mas nunca foi cristão de verdade para merecer o título de vira-casaca.

O que acontece é que, com o predomínio recém-conseguido dos cristãos, Juliano e os demais membros juniores da família imperial receberam uma ferrenha educação religiosa para se adaptar aos novos tempos, mas o futuro imperador odiava tudo aquilo e preferia mesmo estudar os filósofos e poetas pagãos da Grécia antiga, como Homero e Platão. Ao subir ao poder, reverteu boa parte das reformas religiosas de Constantino, mas o cristianismo já tinha se tornado tão poderoso que, com sua morte sem herdeiros numa guerra contra os persas, o paganismo deixou de vez de ser uma força política em Roma.

Estimativas sobre o número de cristãos mortos pelos romanos variam de 10 mil a 100 mil mártires executados do ano 30 ao ano 313.

Para o imperador Diocleciano os cristãos representavam um perigo para a unidade do império. Procurando reabilitar as antigas tradições religiosas proibiu o culto cristão, mandou destruir igrejas e perseguiu os que desobedeciam.

Foi no dia 23 de fevereiro do ano 303 que o imperador Diocleciano tomou a primeira medida do que viria a ser a fase derradeira, e mais severa, perseguição aos cristãos no Império Romano: ordenou a destruição da igreja de Nicomédia (atual Izmit, na Turquia), dos objetos de culto, das escrituras cristãs e o confisco dos bens.

Aparentemente, a data foi escolhida por ser o dia dedicado ao deus romano Terminus, o deus das fronteiras, assinalando deste modo uma fronteira, uma nova etapa. No dia seguinte, emitiu um édito que ordenava a proibição do culto cristão e a destruição de todas as igrejas, objetos e documentos usados nas cerimónias cristãs.

 

  • Quanto tempo durou e que impacto teve?

Ao longo dos meses seguintes foram emitidos vários éditos que completavam o sentido do primeiro: prisão de bispos e sacerdotes, confisco de bens e a obrigação dos crentes fazerem sacrifícios aos deuses do panteão romano, sob pena de prisão ou morte.

O efeito destes éditos, que supostamente deveriam abarcar todo o Império, teve impactos diferentes nas diversas províncias, porque a sua aplicação e o seu maior ou menor rigor ficavam ao critério das autoridades e dos juízes de cada região.

Houve perseguições, prisões e condenações à morte, sobretudo nas províncias orientais do Império. Na Gália e na Bretanha a sua aplicação parece ter sido muito mais suave.

Isto estava também relacionado com o facto de o Império Romano estar dividido em quatro grandes porções e o poder imperial estar repartido e não concentrado nas mãos de um único imperador.

A perseguição aos cristãos durou pouco tempo. Com a abdicação de Diocleciano, em 305, as perseguições foram suspensas e terminaram oficialmente em 311.

 

  • Quais os motivos para as perseguições religiosas no Império Romano?

De início, o cristianismo era apenas uma entre muitas religiões que existiam no império, mas à medida que se espalhou e deixou de ser uma religião de classes baixas, passou a constituir uma ameaça à paz social e, mais tarde, ao próprio poder imperial.

Os cristãos recusavam-se a participar nas celebrações coletivas, não prestavam culto aos deuses de Roma ou ao imperador e eram, portanto, encarados com suspeita e hostilidade pela generalidade dos cidadãos romanos.

As perseguições do reinado de Diocleciano prendem-se com as tentativas levadas a cabo pelo imperador para restaurar a unidade do império e reabilitar as antigas tradições religiosas, que os cristãos se recusavam a acatar.

Não era só, portanto, um problema religioso, mas sobretudo político. Apesar das diferenças, podemos traçar um paralelo com as perseguições aos cristãos ocorridas no Japão do século XVII.

Seja como for – e ao contrário do que aconteceu no Japão – os imperadores romanos acabaram por compreender que combater os cristãos era muito mais perigoso do que aceitá-los, o que veio a ser reconhecido pelo imperador Constantino no ano 313.

O que fez com que acabassem oficialmente as perseguições os cristões?

Em 306, Constantino foi aclamado imperador, e revogou os editos de perseguição. Pouco depois, Maxêncio foi proclamado imperador em Roma e, também rescindiu os editos. A perseguição foi oficialmente encerrada em 30 de abril de 311 pelo Edito de Galério, por reconhecer o insucesso das medidas.

Quando a perseguição dos cristãos acabaram?

Quantos foram os que perderam a vida nas perseguições? A tradição cristã falava em centenas de milhares, em milhões de cristãos que o Império Romano haveria vitimado entre a perseguição de Nero (ano 64 D.C.) e a revogação das leis de Diocleciano pelo edito de Milão, em 313.

Qual foi a medida adotada por Constantino para acabar com a perseguição dos cristãos no Império Romano?

O Édito de Milão, promulgado a 13 de junho de 313 pelo imperador Constantino (306-337), assegurou a tolerância e liberdade de culto para com os cristãos, alargada a todo o território do Império Romano.

Quando as perseguições aos cristãos acabaram levante pelo menos uma hipótese para explicar a transformação?

Resposta: as perseguições e legalização iniciou no século, em 310 o Imperador geta mandou perseguir os cristões, tortulalos e puni-los com a morte . perseguição continuou até que Constantino 1º chegasse ao poder , e em 313 legalizasse a religião cristã pelo edito de Milão , inicializando a paz na igreja .