O setor primário da economia pode ser considerado como o ramo das atividades humanas que produz matérias-primas, que, por sua vez, são os bens e produtos extraídos diretamente da natureza, que podem ser consumidos enquanto tal ou serem transformados em mercadorias.
Essa importante área da economia é chamada por esse nome por ter sido a primeira a ser desenvolvida pela humanidade, sendo a prática constitutiva das civilizações. Foi no Período Neolítico que os seres humanos deixaram de ser nômades para formar os primeiros povoados, uma vez que aprenderam a cultivar os elementos da natureza para dela tirar o seu sustento. As atividades relacionadas com o setor primário são: agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, caça e pesca.
A agricultura pode ser considerada, atualmente, como a principal das atividades primárias. Ela basicamente consiste no cultivo da terra e dos vegetais para a produção organizada de alimentos e produtos primários, tais como o milho, arroz, feijão, soja, cana-de-açúcar e incontáveis outros exemplos. Já a pecuária consiste no cultivo de animais para o sustento humano, sendo, historicamente, um método substitutivo da prática da caça, ou seja, em vez de procurar os animais para abater e alimentar-se, o ser humano cultiva-os para o mesmo fim, mas também os utiliza para a produção de materiais, como o couro e a lã. Juntas, essas duas atividades formam a agropecuária.
O extrativismo consiste na retirada de elementos da natureza também para a alimentação ou para a transformação em mercadorias. Há, assim, dois tipos: o extrativismo vegetal, basicamente voltado para a extração de recursos de plantas e árvores, e o extrativismo mineral, voltado para a exploração de minérios e riquezas disponíveis no solo ou abaixo dele. Dentre os exemplos de extrativismo vegetal, citam-se: os seringais, que extraem o látex para a produção da borracha, e a extração do cacau e da castanha-do-pará, prática importante para o sustento das populações que habitam a região da amazônia brasileira.
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Extração de látex,
prática de extrativismo vegetal
A caça pode, de certa forma, ser considerada como uma espécia de “extrativismo animal”, pois ela basicamente consiste na utilização de animais e seres vivos existentes na natureza para alimentação e outros fins, como a produção de materiais e para o transporte. Essa prática era muito comum antes do desenvolvimento das sociedades modernas, tornando-se menos relevante com o tempo. Atualmente, ela é praticada para a captura comercial de animais de difícil domesticação.
A pesca, por sua vez, pode ser considerada como uma modalidade da caça, mas realizada com animais aquáticos. Atualmente, ela é mais voltada para espécies marinhas, cujo cultivo em série não é possível ou muito inviável economicamente. Países litorâneos, como o Japão e o Peru, possuem uma grande atuação econômica nesse setor.
A pesca ainda é uma importante prática econômica
O setor primário da economia, praticamente quase sempre no meio rural, já foi a principal área de atividade das sociedades, passando para um plano periférico em termos de geração de empregos com o advento da industrialização e os tempos sequentes de modernização. Atualmente, esse setor é altamente mecanizado, havendo uma intensa substituição de mão de obra por maquinários.
Em países desenvolvidos e, até mesmo, em alguns emergentes, o setor primário é sobreposto pelo secundário e, principalmente, pelo terciário. Em nações menos desenvolvidas, as práticas agropecuárias e extrativistas são consideradas ainda os principais cernes de sobrevivência e manutenção econômica.
Economia circular é um conceito que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.
A economia circular baseia-se em repensar a forma de desenhar, produzir e comercializar produtos para garantir o uso e a recuperação inteligente dos recursos naturais. Trata-se de um aperfeiçoamento do sistema econômico atual, que visa um novo relacionamento com os recursos naturais e a sua utilização pela sociedade.
É uma proposta de adição e retenção de valor dos recursos, e regeneração do meio ambiente, que busca produzir sem esgotar os recursos naturais, e sem poluir o meio ambiente, consequentemente, preservando o nosso planeta.
Uma definição mais atual para a economia circular está sendo desenvolvida no âmbito da Organização Internacional de Normalização (ISO). Segundo a entidade, “é um sistema econômico que utiliza uma abordagem sistêmica para manter o fluxo circular dos recursos, por meio da adição, retenção e regeneração de seu valor, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.”
Quais são as principais características da economia circular?
A economia circular ultrapassa o âmbito e o foco das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando um escopo mais amplo que engloba desde o redesenho de processos, produtos e modelos de negócio, até a otimização da utilização de recursos.
As principais características são: minimização da extração de recursos, maximização da reutilização, aumento da eficiência no desenvolvimento de processos e no uso de produtos.
Economia Regenerativa - Palestra de abertura - Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro
Qual é o objetivo da economia circular?
O objetivo da economia circular é gerar uma gestão mais eficiente dos recursos naturais existentes, ou seja, manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo, dentro de um escopo econômico de desenvolvimento sustentável.
Quais os benefícios de uma economia circular?
Como na economia circular, os materiais são aproveitados em cadeia de forma cíclica e os recursos naturais são
valorizados em todas as etapas produtivas, pois o objetivo é reduzir sua extração e ampliar sua disponibilidade.
Com isso, a economia circular tem potencial para reverter danos ambientais como o aquecimento global e a poluição, por exemplo.
O documento intitulado “Economia Circular: oportunidades e desafios”, elaborado e publicado pela CNI, elenca e explica algumas motivações para a transição para a economia circular. A escassez dos produtos gerada pelo modelo linear é um dos principais exemplos.
A sustentabilidade e a valorização dos recursos naturais resultam em melhores condições de saúde aos seres humanos. Assim, há benefícios para o ambiente, para o crescimento econômico e para a população.
Veja nossas publicações sobre economia Circular
Caminho Estratégico para a Indústria Brasileira
Uma Abordagem Geral no Contexto da Indústria 4.0
Oportunidades e Desafios para a Indústria Brasileira
Pesquisa sobre Economia Circular na Indústria Brasileira
A redução de custos e ganho de competitividade, queconsequentemente resulta em maior geração de valor, também é uma importante motivação destacada pela CNI.
Novas fontes para investimento, otimização da utilização de matérias-primas, menos desperdício, aumento da geração de empregos, maior eficiência operacional, crescimento econômico, conscientização da população, consumindo com mais cautela e consciência ambiental, e oportunidade para novos negócios e geração de empregos são outras vantagens do modelo circular.
Para as empresas, trata-se de um modo inteligente de dar uma nova utilidade aos recursos já existentes.
Além de tornar mais sustentável, a economia circular torna os processos mais lucrativos e busca restaurar os recursos físicos e regenerar as funções dos sistemas naturais, trazendo maiores oportunidades econômicas e sociais.
Para atingir esses objetivos é preciso observar três princípios fundamentais: adição, restauração e regeneração de valor dos recursos naturais. Isso é possível por meio da preservação e aprimoração do capital natural, com a restauração e a regeneração dos recursos naturais, com a maximização dos rendimentos de custos - que leva à redução de desperdícios e circularidades dos recursos - e também pelo estímulo da efetividade deste sistema.
Quais são os desafios e oportunidades para a indústria brasileira?
Para a Indústria, o grande desafio da implementação da economia circular é que as empresas desenvolvam novos modelos de negócio que agreguem valor ao produto/serviço.
Esse processo é possível buscando novos modelos que tenham vida útil, ou seja, que facilitem a transformação de produtos e serviços em matéria-prima para outros produtos em um ciclo contínuo.
No Brasil, um dos grandes desafios é ter um processo de reciclagem mais eficiente e de menor custo, uma vez que todo o processo de reciclagem acaba gerando novas tributações, atingindo um valor final mais caro do que um produto novo.
A criação de novas ações com o intuito de evoluir e propagar a reciclagem como algo vantajoso, não somente ao meio ambiente, mas também financeiramente, poderia ser uma solução para os desafios econômicos da reciclagem no país.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, no Brasil, a cada ano mais de R$ 8 bilhões em materiais vão para aterros e lixões em vez de serem reciclados. Esse é um cenário que pode ser revertido com a adoção da economia circular.
O modelo, por sua vez, traz grandes oportunidades estratégicas como a volatilidade no preço das matérias-primas e limitação dos riscos de fornecimento, novas e melhores relações com o cliente, efetividade na competitividade da economia e a contribuição para a conservação do capital natural e atividades sustentáveis, que gera ganho de valor na imagem da empresa.
Como a indústria brasileira atua na economia circular?
O modelo de economia circular, aliado à tecnologia, permite controlar os estoques finitos e equilibrar os recursos renováveis das empresas, propiciando sistemas industriais integrados, restaurativos e regenerativos.
No Brasil, foi implementada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma lei (Lei nº 12.305/10) que organiza a forma como o país lida com o lixo, exigindo dos setores transparência no gerenciamento de seus resíduos.
Assim, todos os envolvidos no ciclo produtivo se tornam responsáveis pela diminuição dos resíduos sólidos e pela adoção de práticas mais sustentáveis.
Dados da CNI de 2019 revelam que, no Brasil, 76% das empresas já desenvolvem alguma iniciativa de economia circular.
Práticas como reúso de água, reciclagem de materiais e logística reversa são as principais implementações no país.
A mesma pesquisa revela que mais de 88% dos empresários avaliam a economia circular como muito importante para a indústria brasileira.
A presença da economia circular na indústria se dá principalmente porque as empresas entendem que suas práticas podem contribuir para a geração de empregos na própria empresa e/ou na cadeia produtiva do setor.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, esse é o início para a inserção do Brasil na economia de baixo carbono: “Para isso, é imprescindível a ação articulada entre iniciativa privada, governo, academia e sociedade no sentido de criar novas formas de produzir e consumir”, diz ele.
Considerando a importância da implementação da economia circular na indústria, a CNI desenvolveu uma série de ações voltadas ao auxílio e construção deste modelo.
Veja algumas destas ações:
- Coordenação da Comissão de Estudo Especial de Economia Circular da ABNT, que vai definir posicionamentos do Brasil para elaboração da Norma Internacional sobre Economia Circular;
- Publicação de cartilha orientativa para inclusão de critérios de sustentabilidade nas compras
públicas;
- Acompanhamento das políticas públicas que estimulem as boas práticas de economia circular no setor privado;
- Realização da pesquisa Economia Circular na Indústria Brasileira, levantamento inédito, com abrangência nacional, que traz a percepção dos empresários brasileiros sobre a importância do assunto para a indústria nacional.