Os XXIV Jogos Olímpicos de Inverno estão ocorrendo à todo vapor em Pequim, China. Beijing 2022, mais especificamente a modalidade de patinação no gelo estão reservando fortes emoções para os amantes de heavy metal, especialmente para nós, brasileiros. Isto porque a canção “Moonlight”, que encerra o glorioso álbum Theatre of Fate (1989), do Viper, o último da banda com os vocais de Andre Matos, serviu como trilha sonora para a apresentação da dupla Karina Safina e Luka Berulava, da Georgia. Originalmente, a dupla já havia utilizado a música do Viper nas eliminatórias, em setembro passado, que os classificou para disputar os jogos. Já dentro da competição olímpica, na sexta-feira, 4 de fevereiro, voltaram a usar a música do Viper, ficando na sexta colocação.
Outra música de heavy metal que foi ouvida nesta edição dos jogos foi um mix com as canções “I Was Made for Lovin’ You”, presente no álbum Dynasty (1979), “Forever”, do álbum Hot in The Shade (1989) e “Rock and Roll all Nite“, do álbum Dressed to Kill (1974), todos da veterana banda KISS. Desta fez, a empreitada foi realizada pela dupla Lilah Fear e Lewis Gibson, da Grã-Bretanha. Sobre a apresentação da dupla ao som do KISS, que os classificou para a próxima etapa, de acordo com o site Eurosport, Gibson declarou: “Nostalgia e vontade de entreter. É isso que amamos fazer. É realmente especial quando podemos sentir que o público está nos apoiando e entrando no programa, então realmente tivemos isso em mente quando estávamos escolhendo a música”. Assista abaixo as duas apresentações:
O dia 14 de setembro de 2022 ficará marcado para sempre na história da patinação artística. Na quarta-feira a noite, o americano Ilia Malinin completou o axel quádruplo, salto mais difícil da modalidade, em um torneio disputado disputado em Lake Placid, no estado de Nova York, nos Estados Unidos.
O salto quádruplo, como diz o nome, são quatro voltar em torno de sí. Mas o axel quádruplo envolve em começar o giro de frente e depois terminar para trás. Assim, na verdade, são quatro voltas e meia que o atleta tem que dar para completar o salto. O campeão olímpico Nathan Chen, por exemplo, já deu vários giros quádruplos, mas nunca um axel.
- Quando estou treinando, é muito fácil descobrir o tempo certo do salto e tudo para que seja uma boa execução. Fazer isso na competição é uma história diferente porque você tem nervos e pressão que podem atrapalhar isso. Então eu tenho que tratá-lo como se estivesse em casa, e é muito bom - disse o jovem de 17 anos.
1 de 1 Ilia Malinin faz salto histórico — Foto: Reprodução
Ilia Malinin faz salto histórico — Foto: Reprodução
Em fevereiro, o japonês Yuzuru Hanyu, um dos melhores da atualidade, quase completou o salto, mas acabou tendo uma queda no fim do quarto giro, ficando muito perto do feito.
O salto recebeu um valor base total de 12,50 pontos (o mais valioso para qualquer um dos seis saltos quádruplos, pois é o mais difícil, exigindo quatro voltas e meia), mais uma nota 1,00 de execução de um painel de juízes.
O atleta olímpico Adam Rippon ficou admirado com o feito: "É a coisa mais louca que eu já vi alguém fazer no gelo"
O caso da russa Kamila Valieva chamou a atenção do mundo durante as Olimpíadas de Inverno de Pequim, realizada em fevereiro de 2022. Erro atrás de erro, algumas quedas e o choro antes mesmo de saber o resultado na prova individual não condiziam com o talento de uma jovem com então 15 anos. Valieva havia sido provisoriamente banida das Olimpíadas por um teste positivo no exame antidoping com a substância trimetazidina (trimetazidine), um medicamento para angina que tem função vasodilatadora. Entretanto, com recursos, a jovem pôde participar da prova individual. Ainda assim, a competidora teve o desempenho técnico e emocional nitidamente abalados.
Diante das consequências causadas em uma atleta tão nova, a ISU - International Skating Union - votou e, com 100 países a favor e somente 16 contrários, a associação aprovou que a idade mínima para competidores em eventos seniores será de 16 anos para a temporada 2023-24 e 17 para 2024-25. O motivo foi justamente a busca pela "proteção da saúde física e mental e o bem-estar emocional" dos patinadores.
1 de 3 Kamila Valieva chora na pista em Pequim — Foto: Getty Images
Kamila Valieva chora na pista em Pequim — Foto: Getty Images
Eric Radford, ex-patinador artístico canadense e membro da Comissão de Atletas da ISU, comentou a decisão e se mostrou perplexo diante da comparação entre ganhar uma medalha em detrimento da saúde de um jovem atleta.
- A vida de um atleta é curta e intensa e sua experiência nesta curta fase define a base para o resto de suas vidas - fisicamente, espiritualmente emocionalmente. Enquanto eu ouço as preocupações de algumas nações sobre a dificuldade imediata que eles podem enfrentar com esta proposta sendo aprovada ... uma medalha realmente vale a vida de um jovem atleta? - disse Radford.
2 de 3 Eric Radford, patinação, PyeongChang — Foto: Carlos Gorito
Eric Radford, patinação, PyeongChang — Foto: Carlos Gorito
Relembre o caso Valieva
Tudo começou após a equipe do Comitê Olímpico Russo conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Dois dias depois do triunfo, os jornais russos RBC e Kommersant noticiaram que a estrela de apenas 15 anos havia sido pega no exame antipoding.
3 de 3 Kamila Valieva acabou fora do pódio em Pequim — Foto: Getty Images
Kamila Valieva acabou fora do pódio em Pequim — Foto: Getty Images
Imediatamente, o Comitê Olimpíco Internacional (COI) optou por adiar a cerimônia de premiação sem dar muitos detalhes, mas afirmando que atendia a um pedido formal da Federação Internacional de Patinação.
Dois dias depois da suspensão da entrega de medalhas, a Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês) confirmou o doping da patinadora russa. Valieva testou positivo em 25 de dezembro de 2021, em teste feito durante o Campeonato Russo de Patinação Artística. A contraprova feita com a mesma amostra, em 8 de fevereiro, também deu positivo para trimetazidina. A técnica da patinadora, Eteri Tutberidze, defendia a inocência da atleta, apesar de reconhecer que a situação era "muito controversa e difícil".
Do mesmo lado, a Rusada, a Agência Antidoping da Rússia, alegava um surto de ômicron na justificativa do atraso da contraprova. Entre idas e vindas, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) liberou a participação de Valieva na prova individual, quando a atleta competiu abalada pelo que estava acontecendo e cometeu diversos erros.