Por que a França Inglaterra iniciaram tardiamente as navegações?

O processo de colonização europeia da América, entre os séculos XVI e XVIII, está intimamente ligado à expansão marítima e comercial, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política mercantilista.

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Na expansão europeia, a partir do século XV, encontramos na história, o pioneirismo das nações ibéricas, Portugal e Espanha, ambas, foram as primeiras nações a lançarem-se nas Grandes Navegações. Suas nobrezas, estavam fortalecidas e conseguiram financiar o projeto de expansão marítima. 

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Quer saber mais desta longa viagem na história? Segue a leitura que este artigo foi feito para você.

Contexto Histórico

A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVIII, contribuiu para que o continente europeu superasse a crise gerada ao longo dos dois últimos séculos – XIV e XV -, provocada, principalmente pela fome, que assolava a Europa devido às mudanças climáticas, dentre outros fatores.

A crise neste período também era marcada pela violência das guerras, sendo a mais famosa, a ”Guerra dos Cem Anos”, conflito entre os ingleses e franceses que durou de 1337 a 1453. 

Por outro lado, a  peste negra foi outra “praga” que havia assolado o continente nesta época, provocando a morte de mais de 50 milhões de pessoas.

Então, por meio das Grandes Navegações, há uma grande expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais no continente europeu.

Neste momento, inicia-se o contato comercial entre todas as partes do mundo – Europa, Ásia, África e América – tornando possível a construção de uma história em escala mundial, favorecendo a ampliação dos conhecimentos geográficos, e o contato entre diferentes culturas.

Quais foram os motivos da expansão marítima?

A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, por esse motivo, tem-se a definição deste processo como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial, entre seus fatores essenciais, estavam as formações de Estados Nacionais.

Motivos econômicos

Dentre os motivos econômicos para esta expansão, podemos citar:

  • a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; 
  • a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas;
  • o rompimento do monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo ­que contribuiu para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; 
  • a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, que encareceu ainda mais os produtos vindos do Oriente.

Motivos políticos

  • Formação do Estado Nacional e a centralização política: as Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político. Nesta época, era necessária uma complexa estrutura material de navios, armas, homens e recursos financeiros.
  • Além disso, a aliança entre rei e burguesia possibilitou o alcance desses objetivos, tornando viável a expansão marítima.

Motivos Religiosos

  • A expansão marítima possibilita a conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

Motivos culturais

A expansão marítima também só foi possível devido aos avanços técnicos na arte aeronáutica, que se deu através do:

  • aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; 
  • desenvolvimento de instrumentos náuticos – bússola, astrolábio, sextante – e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as caravelas.

Motivos sociais

  • O enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.

Expansão Ultramarina

Portugal

Portugal, foi a primeira nação a realizar a expansão marítima, devido ao fato do país contar com uma posição geográfica privilegiada, além de uma paz interna e a presença de uma forte burguesia mercantil.

O pioneirismo português também é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para as Grandes Navegações. A formação do Estado Nacional português está relacionada à “Guerra de Reconquista”, uma luta entre cristãos e muçulmanos pela península Ibérica.

A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha (a partir de 1143), caracterizada pelo processo de expansão territorial interna, e entre os anos de 1383 e 1385, o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis, que realiza a centralização do poder político.

Esta centralização se deu por meio da aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é caracterizada pela expansão externa de Portugal ou como chamamos, expansão marítima.

A expansão marítima portuguesa, não interessava apenas a monarquia, que buscava seu fortalecimento, mas também a nobreza, interessada na conquista de terras e a Igreja Católica, que via a expansão como possibilidade de catequizar outros povos. 

O crescimento territorial também era interesse da burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros. Confira adiante, as principais etapas da expansão de Portugal:

  • 1415 – tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África.
  • 1420 – ocupação das Ilhas da Madeira e Açores no Atlântico.
  • 1434 – chegada ao Cabo Bojador.
  • 1445 – chegada a Cabo Verde.
  • 1487 – Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas.
  • 1498 – Vasco da Gama atinge as Índias (Calicute).
  • 1499 – viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Espanha

A Espanha seria um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, membros de dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra da Reconquista.

No ano de 1492, o último reduto mouro, Granada, foi conquistado pelos cristãos. Mesmo ano em que Cristóvão Colombo oferece seus serviços aos reis da Espanha, pois acreditava que navegando para o Oeste, atingiria o Oriente.

O navegante Colombo, recebeu três navios e sem saber, chegou a um novo continente, a América. 

Confira a seguir, a principais etapas da expansão espanhola:

  • 1492 – Chegada de Colombo à América.
  • 1504 – afirmação por Américo Vespúcio de que a terra descoberta por Colombo era um novo continente.
  • 1519 a 1522 – Fernão de Magalhães realiza a primeira viagem de circunavegação do globo.

Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram assinar em 1494, o acordo conhecido como Tratado de Tordesilhas. O tratado traçava uma linha de demarcação meridional a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde, dividindo os territórios. 

Ao leste do meridiano, as terras pertenceriam a Portugal e ao oeste, à Espanha, o que não foi bem aceito pelas demais nações europeias.

França

O atraso na centralização política justifica o atraso de França, Inglaterra e Holanda na expansão marítima. Além disso, era de esperar que seus governos recusassem o reconhecimento da partilha de terras pelas nações ibéricas, de forma que iriam em busca da conquista de novos territórios.

Ademais, França e Inglaterra haviam se envolvido na Guerra dos Cem Anos e, após este longo conflito, a nação francesa, enfrentava um período de lutas no reinado de Luís XI (1461-1483). Somente após esses conflitos, sob o reino de Francisco I, a França iniciou sua expansão marítima.

Inglaterra

Além de ter se envolvido na Guerra dos Cem Anos com a França, após essa batalha, a Inglaterra passa por uma guerra civil, a Guerra das Duas Rosas (1455-1485). Assim, apenas durante o reinado de Elizabeth I (1558-1603), que os ingleses iniciam sua expansão marítima.

Holanda

A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol, posto isso, apenas após o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência, é que os Países Baixos iniciaram sua expansão marítima.

Consequências

As Grandes Navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade, houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra, e uma verdadeira Revolução Comercial a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos. 

Confira adiante, alguns dos principais efeitos da expansão marítima:

  • Decadência das cidades italianas;
  • Mudança de eixo econômico, do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico;
  • Formação de um Sistema Colonial;
  • Enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América;
  • Retorno do escravismo em moldes capitalistas;
  • Eurocentrismo ou a hegemonia europeia sobre o mundo;
  • Processo de acumulação primitiva de capitais, originado na organização da formação social do capitalismo.

Colônias e Imperialismo

Imperialismo foi a política de expansão territorial, bem como sua dominação e influência política, militar, econômica e cultural implementadas por Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda após a expansão marítima.

No conjunto de relações, que ficou conhecido como Sistema Colonial, as colônias, zonas ocupadas pelas nações europeias, foram dominadas e ficaram subordinadas às metrópoles (países colonizadores).

Com a intenção de explorar  os países colonizados, os imperialistas construíram em seus territórios, estradas de ferro e criaram empresas industriais, que asseguraram o abastecimento de matérias-primas e gêneros alimentícios as metrópoles, usando muitas vezes, da mão de obra escrava.

Contudo, essas nações, interessadas na manutenção do atraso econômico das colônias, não deixaram elas se desenvolverem, e elas sem autonomia para se desenvolverem sozinhas, continuaram sendo países agrários.

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Confira abaixo, alguns exercícios para fixar o conteúdo em sua mente:

1 – (PUC – Campinas) O processo de colonização europeia na América entre os séculos XVI e XVIII, está ligado à:

a) Expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política mercantilista.

b) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do comércio bilateral. 

c) Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de produção e à política liberal.

d) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de mão-de-obra livre.

2 – Portugal e Espanha foram as primeiras nações a se lançarem nas Grandes Navegações, isto deve-se ao fato:

a) da enorme quantidade de capitais acumulados nestas duas nações desde o renascimento comercial na Baixa Idade Média.

b) do processo de centralização política favorecido pela Guerra de Reconquista.

c) de que diferentemente de outras nobrezas, a nobreza portuguesa e espanhola estavam fortalecidas e conseguiram financiar o projeto de expansão marítima.

d) do desenvolvimento industrial da península Ibérica, que forçou estas nações a buscarem mercados consumidores e fornecedores.

3 – Dentre as consequências da expansão marítima, não encontramos:

a) a formação do Sistema Colonial.

b) a expansão do regime assalariado da Europa para a América.

c) o início do processo de acumulação de capitais, impulsionando o modo de produção capitalista.

d) a introdução do trabalho escravo na América.

Respostas:

1 – A

2 – C

3 – B

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Por que a França demorou para iniciar as navegações?

O motivo pelo qual a França obteve um atraso nas navegações foi devido à centralização monárquica que era complicado pela nobreza. Em 1534 Jacques Cartier chegou ao rio São Lourenço e fundou a colônia de Nova França.

Por que a Inglaterra e a França iniciaram o processo de expansão marítima depois dos países ibéricos?

Nesse contexto, a expansão marítima europeia teve como finalidade principal a superação da crise econômica dos séculos XIV e XV e o desenvolvimento da economia mercantil com a conquista de novos mercados.

O que foram as navegações tardias da Inglaterra França e Holanda?

São chamadas de navegações tardias as expedições patrocinadas pelos países como Inglaterra, França e Holanda, os motivos para esse atraso são: A Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França. A luta pela independência da Holanda em relação a Espanha.

Quando os franceses iniciaram o processo das Grandes Navegações?

Os Franceses iniciaram a sua expansão ultramarina no final do século XVI, após uma fase de intensos ataques de corso e pirataria, que resultaram, por vezes, em instalações efémeras em vários pontos da África e da América (por exemplo, no Brasil).