O Sistema Solar é formado não somente pelo Sol e os planetas que o orbitam, mas também por diversos asteroides, cometas e objetos menores. Com a era espacial, iniciada no fim da década de 1950, uma série de missões já foram lançadas para investigarmos o que existe na nossa vizinhança — e, por que não, o que existe além dela, na região do espaço interestelar. Mas, afinal, quais planetas já foram explorados por missões espaciais? Show
Por séculos, os astrônomos observaram pontos de luz que pareciam se mover em meio às estrelas. Estes pontos foram chamados de planetas pelos antigos gregos, termo que significa "estrela errante". Desde a antiguidade, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno já são conhecidos, e a invenção do telescópio depois nos revelou Urano, Netuno, Plutão, além de diversas luas e o Cinturão de Asteroides. Desde então, uma grande quantidade de missões foram lançadas para explorar nossa vizinhança, e isso sendo feito por diversos países. Saiba mais sobre as missões que conseguiram explorar nossa vizinhança espacial e quais foram os planetas que receberam sondas e landers — até o momento. Quais planetas já foram explorados de pertoMercúrioComo Mercúrio exige bastante energia das espaçonaves para ser alcançado, pouquíssimas delas já foram para lá. Mesmo assim, a primeira a se aventurar foi a missão Mariner 10, lançada em 1973 pela NASA para estudar a atmosfera, superfície e características físicas de Mercúrio. Como a espaçonave passou primeiro por Vênus, ela se tornou a primeira a explorar dois planetas em uma só missão. Depois, em 2004, a agência norte-americana lançou a missão MESSENGER, com o objetivo de orbitar o planeta e estudá-lo. Agora, a missão BepiColombo será a próxima a visitar Mercúrio. Lançada em 2018 e realizada em uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a JAXA, a agência espacial do Japão, a sonda deverá chegar lá em 2025. VênusA União Soviética realizou o programa Venera, a partir de 1961, para tentar enviar as primeiras naves para Vênus — a nação teve sucesso com a Venera 7, que se tornou a primeira a pousar em outro mundo, enquanto a Venera 9 ficou marcada como a primeira a registrar imagens do planeta infernal. A NASA iniciou a exploração do planeta entre as décadas de 1960 e 1970, com os programas Mariner e Pioneer, respectivamente. Enquanto a Mariner 2 foi a primeira nave dos Estados Unidos a chegar a Vênus com sucesso, as sondas Pioneer o orbitaram por quase 14 anos. Depois, em 1990, a sonda Magellan produziu o primeiro mapa global da superfície do planeta e de seu campo gravitacional. Já em 2005, a ESA lançou a missão Venus Express, que se manteve na órbita do planeta por oito anos. Hoje, Vênus é orbitado somente pela sonda japonesa Akatsuki, e recebe sobrevoos da sonda BepiColombo para obter assistência gravitacional e seguir viagem. Conheça outras missões que foram lançadas para Vênus, ou que fizeram sobrevoos por lá:
MarteA exploração de Marte começou com os soviéticos, que lançaram a missão Mars 2, a qual contava com um orbitador e um lander — embora este tenha se chocado contra a superfície do planeta ao tentar pousar, ele foi o primeiro objeto humano a chegar em nosso vizinho. Depois, a missão Mariner 9 foi lançada pela NASA em 1971, tornando-se a primeira espaçonave a orbitar outro planeta. Aliás, ela deverá continuar na órbita de Marte até 2022. Já as espaçonaves Viking 1 e 2, também da NASA, tinham um orbitador e um lander cada uma. A primeira pousou seu lander em 20 de julho de 1976, realizando o primeiro pouso de sucesso por lá. O lander da Viking 2 pousou em 3 de setembro de 1976 e, em 1997, o planeta recebeu o rover Pathfinder, seguido do rover Sojourner, os primeiros veículos com rodas a se deslocarem em Marte. Já em 2003, chegou a vez dos rovers Spirit e Opportunity, que passaram longos percorrendo o terreno marciano. Depois, em 2012, chegou por lá o rover Curiosity, ainda operacional. A ESA, por sua vez, lançou a sonda Mars Express, que foi a primeira missão de exploração planetária da agência. Apesar de ter finalizado sua missão em 2005, a nave continua ativa até hoje, e seu instrumento High Resolution Stereo Camera (HRSC) continua produzindo imagens do Planeta Vermelho. No mesmo ano, a NASA lançou a missão Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que chegou ao planeta no ano seguinte para uma missão de dois anos de duração e hoje está na fase estendida de sua missão. Neste ano, chegaram por lá as missões Hope Mars, Tianwen-1 e Mars 2020, dos Emirados Árabes, China e Estados Unidos, respectivamente. A Tianwen-1 pousará neste mês o rover Zhurong, enquanto a Mars 2020 pousou o rover Perseverance, levando consigo o helicóptero Ingenuity para testar tecnologia de voo em outro mundo. Confira outras missões que foram lançadas com sucesso para Marte:
JúpiterO gigante gasoso do Sistema Solar recebeu algumas espaçonaves: enquanto seguia para os limites do Sistema Solar, a missão Pioneer 10 sobrevoou Júpiter em 1973, a 200 mil km acima das nuvens jovianas. No ano seguinte, foi a vez da Pioneer 11 realizar um sobrevoo por lá, que permitiu estudar o campo magnético e atmosfera de Júpiter. Já a sonda Galileo, lançada em 1989, chegou à órbita do planeta somente em 1995 e, ali, tornou-se a primeira espaçonave a orbitar o gigante gasoso. Outra sonda que sobrevoou Júpiter foi a Ulysses, que, apesar de ter o objetivo de estudar o Sol, precisou da assistência gravitacional joviana para chegar lá. Para isso, ocorreram breves passagens pelo planeta em 8 de fevereiro de 1992 e em 2003 e 2004. No final dos anos 1970, a NASA iniciou o programa Voyager, em que as sondas gêmeas Voyager 1 e 2 foram lançadas para estudar Júpiter e Saturno e, depois, seguir viagem pelo Sistema Solar e rumo ao espaço interestelar. A primeira chegou ao ponto mais próximo de Júpiter em 5 de março de 1979, enquanto a outra passou pelo planeta em 9 de julho do mesmo ano. Júpiter também recebeu rapidamente as sondas Cassini-Huygens e New Horizons, que precisaram de assistência gravitacional. Em 2022, a ESA deverá lançar a missão JUICE, que será focada nas luas jovianas. SaturnoSomente 4 espaçonaves já chegaram a Saturno: a primeira foi a Pioneer 11, da NASA, que sobrevoou o planeta pela primeira vez. Depois, veio a missão Cassini-Huygens, feita em conjunto pela ESA e NASA, que passou 13 anos explorando Saturno e suas luas. A sonda Cassini realizou observações conjuntas com a Galileo, enquanto a Huygens foi até a superfície da lua Titã. Conforme avançavam, as sondas Voyager também sobrevoaram Saturno: a Voyager 1 passou pelo planeta em 12 de novembro de 1980, enquanto a outra o alcançou em 25 de agosto do ano seguinte. Ambas produziram grandes quantidades de imagens do planeta, suas luas e seus anéis. Além disso, elas também proporcionaram a descoberta de três novas luas, além de revelar informações sobre a atmosfera e o campo magnético do planeta. Agora, a NASA planeja enviar a missão Dragonfly para a lua Titã em 2026. UranoPois é, a Voyager 2 foi a única espaçonave que já alcançou Urano. Aproveitando um alinhamento planetário que só acontece a cada 175 anos, ela visitou este planeta gelado em 1986 e, durante a passagem, descobriu novas luas e anéis, além de coletar medidas do campo magnético de Urano. Apesar de ter quase 30 luas em sua órbita, a única que pôde ser observada foi Miranda, porque as demais tinham órbitas desfavoráveis em relação à trajetória da Voyager. Desde então, nenhuma outra sonda foi enviada para se aventurar nas proximidades de Urano e além. Contudo, isso pode mudar: no ano passado, um artigo apoiado por mais de 100 autores solicitava uma missão com destino ao planeta, para estudar Urano e suas luas. Eles argumentaram que a missão deveria ser lançada até a próxima década, para aproveitar o impulso gravitacional proporcionado por Júpiter. NetunoSe Urano era um planeta ainda mais misterioso até a chegada da Voyager, saiba que Netuno é o planeta menos explorado do Sistema Solar, já que foi visitado somente pela Voyager 2, que o alcançou em agosto de 1989. Os instrumentos revelaram uma temperatura atmosférica de -220 ºC, somada a ventos de 2.100 k/h, além de realizar observações dos anéis e tempestades do planeta. Mesmo com o conhecimento proporcionado ali, várias perguntas relacionadas ao planeta e suas luas continuaram sem resposta. Futuramente, isso pode mudar: a missão Trident é uma candidata ao programa Discovery, da NASA e, se for selecionada, irá estudar toda a superfície da lua Tritão. Missões que foram a outros mundosPlutãoAs explorações de mundos distantes não se restringiram somente aos planetas do Sistema Solar: a missão New Horizons, por exemplo, foi lançada em 2006 pela NASA, para realizar o primeiro reconhecimento de Plutão e se aventurar no Cinturão de Kuiper, uma relíquia distante da formação da nossa vizinhança que fica entre 30 e 50 unidades astronômicas do Sol (cada unidade corresponde à distância entre a Terra e nossa estrela). Após passar por Júpiter para obter assistência gravitacional e realizar estudos científicos em 2007, a missão alcançou Plutão e suas luas em 2015, sendo que o momento de maior aproximação ocorreu em julho daquele ano, com um sobrevoo a 7.800 km acima da superfície plutoniana. Além de coletar dados sobre este mundo gelado, a sonda também observou suas luas, produzindo dados que ainda serão analisados por muitos anos. ArrokothA noite de Ano Novo de 2019 foi especial: depois de sobrevoar Júpiter e visitar o sistema de Plutão, a New Horizons chegou ao Arrokoth, um objeto que fica no Cinturão de Kuiper e que, anteriormente, era chamado de Ultima Thule. A sonda chegou três vezes mais perto dele do que de Plutão, produzindo imagens bastante detalhadas. Vale lembrar, contudo, que os objetivos da missão estendida vão bem além do Arrokoth, já que a New Horizons está funcionando como uma plataforma de observações no Cinturão para estudar diversos objetos de várias formas que, na Terra, seriam inviáveis. Asteroide ItokawaEm 2003, a JAXA lançou a missão Hayabusa, com o objetivo de coletar amostras do asteroide Itokawa, que tem 4,6 bilhões de anos. A coleta foi feita com sucesso e a missão se tornou a primeira a trazer amostras de um asteroide à Terra. As amostras chegaram por aqui em 2010, e as análises mostraram que o Itokawa é uma "pilha de entulhos" que se formou com os detritos que sobraram após colidir com outro asteroide há 1,5 bilhões de anos, em um evento violento que quase o destruiu. Além disso, cientistas britânicos identificaram água e compostos orgânicos nas amostras. Asteroide RyuguJá a missão Hayabusa-2, sucessora da Hayabusa-1 e também lançada pela JAXA, visitou o asteroide Ryugu para coletar amostras dele. Trata-se de um asteroide de 900 m de largura, que é também um excelente aliado para entendermos melhor a formação do Sistema Solar, já que ele é um objeto que restou da formação da nossa vizinhança. Lançada em 2014, a sonda chegou à órbita do asteroide Ryugu em 2018. Amostras de diferentes partes do objeto foram coletadas, e o material veio para a Terra no ano passado — foi ali que a Hayabusa-2 se tornou a segunda missão a trazer amostras de um asteroide na história. Asteroide BennuA NASA lançou a missão OSIRIS-REx em 2016 rumo ao asteroide Bennu, para tocar a superfície do asteroide e coletar amostras para serem trazidas à Terra. Este asteroide, que tem quase 500 m de diâmetro, chama a atenção porque, além de ser mais um objeto importante da formação do Sistema Solar, pode ajudar no enigma sobre as origens da vida, já que ele parece conter moléculas importantes para a formação das formas de vida como conhecemos. Asteroides Ceres e VestaEm 2007, a NASA lançou a sonda Dawn, que orbitou inicialmente o asteroide Vesta, mas depois foi para a órbita de Ceres, o maior objeto do Cinturão de Asteroides. Além de proporcionar informações importantes sobre o nascimento do Sistema Solar, a sonda mostrou que Ceres era brilhante por ter carbonato de sódio em sua superfície, enquanto a visita a Vesta permitiu estudos mais detalhados de sua superfície. TitãA sonda Huygens foi desenvolvida pela ESA como uma parceira da Cassini, da NASA, mas com o objetivo de estudar a lua Titã, o maior satélite natural de Saturno. Graças aos estudos que a Huygens fez de Titã, descobrimos que é possível que existam lagos de hidrocarbonetos, vulcões congelados e rios de metano líquido por lá. Além disso, a sonda registrou as primeiras imagens da lua, e conseguiu até realizar uma transmissão de 153 minutos de duração. Cometa 67PA Agência Espacial Europeia fez história com a missão Rosetta, que foi lançada em 2004 com destino ao cometa periódico 67P/Churyumov-Gerasimenko, que segue em sua órbita entre a Terra e Júpiter. Essa sonda chegou ao cometa somente em 2014, e se manteve próximo do núcleo dele conforme se movia para mais perto do Sol para observar as mudanças que iriam ocorrer pelo calor da luz solar. Em novembro de 2014, a missão lançou um pequeno lander na superfície do misterioso e gelado mundo, e seguiu com os estudos até 2016. Enquanto ficou por lá, a Rosetta nos proporcionou diversas informações sobre os cometas periódicos. Bônus: missões que foram à Lua e ao SolO SolAs sondas Pioneer 6, 7, 8 e 9 , lançadas entre 1965 e 1968, tiveram o objetivo de coletar as primeiras medidas detalhadas do vento solar, campo magnético solar e raios cósmicos, além de medir fenômenos magnéticos e partículas no espaço interplanetário. Já a missão Solar Maximum Mission, lançada em 1980, foi designada para investigar o Sol no auge de seu ciclo, que é quando as manchas solares e ejeções de massa coronal ficam mais frequentes. Enquanto isso, as missões Ulysses, fruto de uma parceria entre a NASA e a ESA, foram criadas para analisar a heliosfera. A sonda passou 18 anos orbitando o Sol, e revelou pela primeira vez a tridimensionalidade das partículas energéticas produzidas nas tempestades e vento solar. Hoje, ambas as agências espaciais seguem colaborando na missão Solar and Heliospheric Observatory (SOHO). Lançada em 1995, essa sonda tem o objetivo de estudar o Sol amplamente, desde seu núcleo até o vento solar. Hoje, o Sol vem sendo estudado pelas sondas Parker Solar Probe, da NASA, e Solar Orbiter, da ESA. Conheça outras missões enviadas para investigar nossa estrela:
A LuaEm 1959, no início da Corrida Espacial, a antiga União Soviética lançou a missão Luna 2, a sonda que se tornou o primeiro objeto a entrar em contato com outro corpo planetário. O primeiro pouso controlado ocorreu somente em 1966 com a sonda soviética Luna 9. Quatro meses depois, os Estados Unidos acompanharam o feito soviético com a Surveyor 1, que pousou com sucesso e produziu imagens da superfície lunar. Já em 1969, os EUA lançaram a Apollo 11, a missão que levou os primeiros humanos à superfície lunar. Enquanto os norte-americanos seguiam com as missões tripuladas, a URSS lançou a missão Luna 16 em 1970, que foi a primeira a descer na superfície lunar, recolher amostras e retorná-las com sucesso. O Programa Apollo durou até 1972 e, clicando aqui, você lê mais sobre todas as missões Apollo, conhecendo mais detalhes sobre cada uma delas. Outras agências espaciais lançaram suas missões para nosso satélite natural: a primeira da ESA foi a sonda SMART-1, que entrou na órbita lunar em novembro de 2004. Já em 2007, a JAXA lançou a missão SELENE, também conhecida como Kaguya. A China, por sua vez, lançou a Chang'e 1 em 2007, sua primeira missão para além da Terra. O ano seguinte foi a vez da missão indiana Chandrayaan-1 partir em direção à órbita lunar. Recentemente, a missão chinesa Chang'e 5 coletou amostras da Lua e as retornou com sucesso para a Terra, enquanto a Chandrayaan-2 não teve sucesso na tentativa de pousar na superfície lunar, mas seu orbitador está ao redor da Lua fazendo alguns estudos. Conheça as outras missões que já foram lançadas para a Lua:
Fonte: Sociedade Planetária (1, 2, 3), NASA (1, 2, 3, 4), ESA, Space.com (1, 2, 3, 4), EarthSky |