Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

Reportagem de Renata Costa e Beatriz Levischi

As fronteiras na África foram determinadas entre os séculos 15 e 16, com a colonização européia. Como cada país europeu conquistou regiões diferentes, então as fronteiras respeitaram essa divisão.

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Como, no entanto, a marcação territorial não respeitou a distribuição dos povos que já viviam ali, alguns deles foram divididos em diferentes países ou, em alguns casos, grupos inimigos ficaram sob o mesmo governo.

"Não dá para dizer que todos os problemas que existem na África até hoje, como briga entre povos e, consequentemente, os milhões de refugiados, sejam consequência dessas fronteiras artificiais impostas, mas certamente isso teve um papel muito importante", afirma Juliano da Silva Cortinhas, professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasilia.

Os colonizadores vieram de diversos países - França, Portugal, Alemanha, Bélgica, só para citar alguns europeus. O primeiro momento de colonização do continente ocorreu entre 1880 e 1910 (veja o mapa abaixo).

Antes da chegada deles, o que existia eram sociedades tribais organizadas, e não estados nacionais. A África não foi o único continente onde esse tipo de imposição aconteceu. Na América Latina como um todo, incluindo o Brasil, sabe-se que os povos que não foram dizimados pelos colonizadores tiveram que viver segundo a organização imposta pelos estrangeiros.

"Na África não houve esse processo de destruição das populações, porque os europeus viam os africanos como mercadoria do tráfico de escravos", explica o professor.

"Somente dois países não foram colônias em nenhum instante: Libéria (que era um estado formado por escravos libertos dos Estados Unidos) e Etiópia (que foi dominada pela Itália entre 1936 e 1941)", afirma Luiz Arnaut, professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

A África hoje é composta por 54 países independentes e uma riqueza inumerável de idiomas, bem como de etnias, algumas, infelizmente, ainda em conflito.

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

A África Portuguesa compreende os territórios que foram colonizados pelos portugueses durante o século XV-XVI no continente africano.

Em consequência da expansão ultramarina foram dominados os territórios hoje pertencentes a Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique.

Além do passado colonial, estes países hoje compartilham a língua portuguesa como idioma oficial e fazem parte de organizações como Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Origem

A necessidade de estabelecer novas relações mercantilistas levaram Portugal a edificar um importante império na África.

Na busca por uma nova rota de chegada à Índia, os navegadores lusos percorreram a costa africana e estabeleceram o circuito de incursões que ficou conhecido como Périplo Africano.

As riquezas no território africano eram imensas, contudo, foi a exploração do tráfico negreiro a atividade que mais rendeu lucros à Coroa.

No processo cultural dos povos africanos, os dominantes escravizavam os dominados e esse fator contribuiu para o sucesso dos europeus em capturar com mais facilidade as pessoas que serviriam como propriedade nas demais colônias.

A mão de obra escrava era destinada aos engenhos de açúcar instalados na América Portuguesa, em São Tomé e na Ilha da Madeira.

Ocupação

No início, a Coroa instalou feitorias que consistiam em pontos no litoral africano onde os portugueses construíam fortes.

As feitorias eram essenciais para o abastecimento das caravelas que iam rumo às Índias e, mais tarde, seriam ponto de embarque de pessoas que seriam escravizadas na América.

Igualmente, tinham como objetivo a negociação de produtos com nativos da região

Angola

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

  • Nome Oficial: República de Angola
  • Capital: Luanda
  • Nº de habitantes: 28,82 milhões (2016)
  • Superfície:1.246.000 km2
  • Independência: 11 de novembro de 1975

O primeiro desembarque português na África continental ocorreu entre 1483 e 1485, quando Diogo Cão (1440-1486) chegou a Angola.

O processo de colonização só começou em 1575, quando cerca de 400 colonos liderados por Paulo Dias Novais (1510-1589) fundaram a cidade de São Paulo de Luanda.

Também se aliaram ao rei local Ngola Kiluanji Kiassamba e combatiam os rivais deste em troca de autorização para circular naquelas terra.

Como suporte ao povoamento, a Coroa estabeleceu em Angola os regimes de Capitanias Hereditárias e Sesmarias que, a essa altura, já eram aplicados no Brasil.

Angola era a mais rica das províncias ultramarinas portuguesas e onde foram encontrados diamantes, petróleo, gás, ferro, cobre e urânio.

Moçambique

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

  • Nome Oficial: República de Moçambique
  • Capital: Maputo
  • Nº de habitantes: 28,83 milhões (2016)
  • Superfície: 801 590 km2
  • Independência: 25 de junho 1975

A primeira investida portuguesa ao território de Moçambique ocorreu em 1490, sob o comando de Pero da Covilhã (1450-1530).

Situado na África oriental, na costa do Oceano Índico, os portugueses se instalaram na ilha de Moçambique e na cidade de Sofala fundada por Covilhã em 1505.

A interiorização se deu através da navegação pelo rio Zambeze onde foi criada da feitoria de Tete, em 1537, destinada a controlar o comércio local.

Assim como ocorreu com Angola, o transporte de escravos era o setor que mais rendia lucros à Coroa na região. Moçambique servia também como base para os portugueses combaterem os árabes que disputavam o mercado das Índias.

Somente no final do século XIX, entre 1890 e 1915, com a iminente colonização da África por ingleses e alemães, Portugal vai ocupar o território moçambicano.

Moçambique é rico em minérios, metais preciosos e importante reserva de gás natural.

Guiné-Bissau

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

  • Nome Oficial: República de Guiné-Bissau
  • Capital: Bissau
  • Nº de habitantes: 1,796 milhões (2016)
  • Superfície: 36 125 km2
  • Independência: 24 de setembro de 1975

Guiné-Bissau está localizada na África ocidental e foi o navegador Nuno Tristão (séc. XV) quem aportou no local logo após a transposição do Cabo do Bojador realizada por Gil Eanes em 1434.

Em Cacheu foi fundada a primeira feitoria em 1588 aonde se comercializavam os escravos. Hoje em dia, nesta cidade, há um museu e memorial sobre a escravatura e tráfico negreiro.

Estima-se que em Guiné-Bissau haja mais de 30 etnias que utilizam a língua crioula para comunicar-se entre si.

Atualmente, o português está perdendo espaço para o francês e calcula-se que apenas 10% da população o entenda.

Igualmente, a religião católica trazida pelos colonizadores portugueses, convive com o crescimento do islamismo e das religiões evangélicas.

O arroz é a base da alimentação da população, enquanto o principal produto de exportação é o caju. O turismo tem um grande potencial devido às belezas naturais e aos hipopótamos marítimos, no entanto, é pouco desenvolvido.

Cabo Verde

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

  • Nome Oficial: República de Cabo Verde
  • Capital: Praia
  • Nº de habitantes: 560 mil (2016)
  • Superfície: 4 033 km2
  • Independência: 5 de julho de 1975

O arquipélago de Cabo Verde está localizado no Oceano Atlântico e é composto por cerca de dez ilhas vulcânicas.

O desembarque português nas ilhas ocorreu inicialmente entre 1460 e 1462 e as terras estavam completamente desabitadas. A falta de nascentes de água doce explicam o motivo de nenhum ser humano ter povoado a região.

Dentre os primeiros navegantes que chegaram ali estão o veneziano Alvise Cadamosto (1429-1488) e o genovês Antonio Noli (1415-1491) que faziam parte dos exploradores a serviço do Infante Dom Henrique (1394-1460), na "escola" de Sagres.

O arquipélago recém-descoberto foi essencial na diplomacia entre o reino de Castela e Portugal, pois era o marco divisório do Tratado de Tordesilhas.

A primeira feitoria foi fundada na Ilha de Santiago e as demais ilhas foram usadas como escala para abastecer navios e ao tráfico de escravos.

A formação do povo local contou com cristãos, judeus, mouros e os escravos que eram transportados de Guiné-Bissau.

Com a proibição do tráfico negreiro e a gradual abolição da escravidão no Brasil, a economia cabo-verdiana foi entrando em decadência.

Hoje, o país depende principalmente do turismo e dos investimentos externos para sobreviver.

São Tomé e Príncipe

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

  • Nome Oficial: República Democrática de São Tomé e Príncipe
  • Capital: São Tomé
  • Nº de habitantes: 158 mil (2016)
  • Superfície: 1011 km2
  • Independência: 12 de julho de 1975

Distribuído em uma área de 964 quilômetros quadrados, São Tomé e Príncipe foi reconhecido pela primeira vez em 1470, pelos navegadores Pero Escobar, Fernão Pó e João de Santarém. As terras estavam desabitadas e o povoamento começou 15 anos depois, sob o comando de Álvaro de Caminha.

Caminha foi donatário das ilhas e introduziu a plantação de cana de açúcar e iniciou a ocupação da mesma com filho de judeus recém conversos, degredados e negros escravizados para as plantações.

Serviu ainda de entreposto de escravos que seguiam para a América Portuguesa e parada das caravelas rumo às Índias.

A partir do século XIX é introduzido o cultivo de cacau e já em 1900, o arquipélago chegou a ser o maior produtor de cacau do mundo e hoje ainda figura como um grande exportador. O turismo também traz divisas às ilhas.

Independência

A independência das antigas colônias portuguesas deve ser entendida no contexto do mundo pós Segunda Guerra e da Guerra Fria.

Em 1945, com a fundação da ONU e diante das atrocidades cometidas no conflito, a sociedade havia mudado sua percepção sobre o termo “colonização”.

Assim, este organismo passa a pressionar os países que ainda possuíam colônias para que lhes concedessem a independência.

Para driblar esta imposição, muitos países imperialistas mudam os status de seus territórios. O Reino Unido reúne uma parte de suas colônicas na Commonwealth; e a França, Holanda e Portugal os transformam em "províncias ou territórios de ultramar".

Portugal, particularmente, não aceita a resolução da ONU e mesmo trocando o nome das colônias para Províncias do Ultramar continua a ter uma relação de metrópole-colônia com seus territórios africanos.

No entanto, houve territórios que não se encaixaram em nenhuma das alternativas oferecidas pelas suas metrópoles e entraram em guerra para garantir sua autonomia

Este movimento era acompanhado com grande interesse por Estados Unidos e União Soviética, sempre cuidadosos em marcar sua influência na periferia do mundo.

África Portuguesa

Neste momento, Portugal vivia sob a ditadura de Antônio Salazar (1889-1970) que era contrário à política de descolonização. Declara as colônias como territórios ultramarinos e começa a dotá-las de infraestruturas como escolas e hospitais. Igualmente estimula a imigração de portugueses.

Essas medidas, contudo, não bastam para as populações locais. Os nacionalistas do territórios de língua portuguesa na África, por inspiração do cabo-verdiano Amílcar Cabral (1924-1973), unem-se para fazer frente a um adversário comum.

Assim foi fundada a Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das colônias portuguesas, em 1960. Estava integrado por Angola, Cabo Verde, Guineia-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Revolução dos Cravos

Foi, contudo, a Revolução dos Cravos em 25 de abril de 1974, ocorrida em Portugal, que impulsionou o reconhecimento à liberdade desses estados africanos.

Com a instalação do governo de transição instituído após a deposição de Marcello Caetano, são reconhecidas as independências das províncias ultramarinas portuguesas.

O primeiro desses estados a conseguir a independência foi Guiné, em 1974. O processo de liberdade do Moçambique Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Angola viriam no decorrer de 1975.

Após a independência de Angola e Moçambique entraram numa sangrenta guerra civil.

Leia mais:

  • África Pré-colonial
  • Economia da África
  • Expansão Marítima Europeia

Quais as principais características da colonização do continente africano e suas consequências?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Quais as principais consequências da colonização na África?

Esse processo foi marcado por muita violência e intensa exploração das riquezas dos países africanos que, após conquistarem a independência, ficaram instáveis politicamente e economicamente, visto que os colonizadores simplesmente abandonaram a região em meio a diversos conflitos étnicos e separatistas.

Quais foram as principais características da colonização do continente africano?

A colonização da África teve como características o eurocentrismo, desrespeito pelos limites "naturais" entre os países e pela superexploração dos povos nativos. Foi eurocêntrica na medida que atendeu aos interesses econômicos e políticos das nações industrializadas europeias.

Quais as consequências com o processo de colonização e descolonização trouxe para o continente africano explique duas delas?

Depois da Independência O custo da luta para a independência foi elevado, em consequência de guerras coloniais que ocasionaram na vida de milhões de pessoas e minaram a capacidade produtiva dos países. Após o fim da descolonização da África, a maioria dos novos países entra em guerra civil.

Como se deu o colonialismo na África e quais foram as consequências desse processo no continente?

Resposta: O colonialismo europeu na África se deu a partir do processo de crescimento industrial vivenciado pela Europa após a Segunda Revolução Industrial. Essa prática visava a exploração de possibilidades econômicas que alí habitava.