A desertificação do solo é dos problemas ambientais mais graves que afetam a região nordeste do Brasil, assim como de aproximadamente 15% das terras cultiváveis do globo terrestre. O processo de desertificação do Nordeste é encarado pelas autoridades e especialistas como um problema que precisa de uma solução imediata, uma vez que a desertificação do solo afeta a produtividade do setor agropecuário e a qualidade de vida das populações locais.
Há no Brasil um plano de combate à desertificação. Além de mapear os principais focos que sofrem com a desertificação no Nordeste e em outras regiões, o programa desenvolve estudos para identificar as causas e as possíveis soluções para o problema. O Plano Nacional de Combate à Desertificação (PNCD) atua em conjunto com diversas instituições de ensino e pesquisa na busca da melhor forma de controlar o avanço da desertificação no Brasil.
Estudos realizados pelo PNCD e por outras entidades mostram que as principais causas da desertificação no Nordeste são o desmatamento desenfreado para utilização das terras na agropecuária, além da mineração excessiva e a salinização provocada pela utilização de técnicas equivocadas de irrigação do solo nas regiões subúmidas e semiáridas do Nordeste brasileiro.
Além da influência humana na desertificação do Nordeste, há também influência de fatores naturais. A irregularidade nas precipitações de chuva na região é o principal fator natural que in influencia na desertificação do Nordeste brasileiro. A região é uma das que mais sofre com as mudanças climáticas globais, sendo que os períodos de seca na região costumam durar mais tempo do que a média de outras regiões. Isso força a população a buscar cada vez mais novas áreas para a agricultura e a pecuária, o que aumenta (ainda mais) o processo de desertificação.
Possíveis soluções para a desertificação
O próprio PNCD afirma que é difícil controlar o processo de desertificação do Nordeste, especialmente por conta da dificuldade em fiscalizar as áreas de mineração e pelo crescente uso das terras para a agropecuária. Para piorar a situação, as altas temperaturas da região causam queimadas e incêndios florestais que afetam ainda mais o solo.
Ações como o desenvolvimento de políticas públicas sobre uso do solo, a delimitação de áreas cultiváveis e a correta utilização do solo e sua irrigação podem controlar o processo de desertificação do Nordeste. Mas, para que isso ocorra, é necessária uma conscientização dos políticos responsáveis e uma reeducação ambiental da população como um todo.
Outro ponto a ser analisado e explorado é a educação a respeito do solo no Brasil. Muitas vezes, o solo é mal utilizado não por uma ação realmente predatória, mas por desconhecimento das técnicas corretas, principalmente pelos pequenos produtores. Para este problema, um processo de educação e ensino das técnicas corretas para os diferentes tipos de solo pode ser uma solução no controle da desertificação no Nordeste. No entanto, somente uma ação efetiva e duradoura do poder público pode reverter este problema crônico que é a desertificação do solo no Brasil.
Imagem: heckepics / iStock / Getty Images Plus
Publicidade
As dramáticas secas da região acontecem por duas razões principais. Primeiro, os ventos que refrescam o sertão não conseguem trazer a umidade que causa chuvas nas áreas vizinhas, seja o litoral do Nordeste, o Sudeste do país ou a região amazônica. Segundo, o semi-árido quase não tem lagos e rios volumosos, que poderiam induzir a formação de aguaceiros locais. Alguns estudiosos ainda relacionam os períodos de estiagem com a ocorrência do El Niño, o fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico que bagunça todo o clima global. Por aqui, a hipótese é que o efeito enfraqueceria a brisa do Atlântico Sul, fazendo com que ainda menos umidade chegasse ao sertão nordestino. “Mas não parece haver relação direta entre as duas coisas. Um levantamento feito entre 1849 e 1985 mostra que, para 29 anos de El Niño, só 12 foram associados com secas na região”, diz o pesquisador de clima José Antonio Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de Cachoeira Paulista (SP).
O sertão nordestino realmente recebe pouca chuva, concentrada principalmente nos meses de abril e maio. O índice médio fica entre 500 e 800 milímetros por ano – só para comparar, uma cidade como Brasília costuma ter 1 500 milímetros de chuva anualmente. As secas mais graves, que acontecem quando o índice médio cai pela metade, aparecem em registros históricos desde o século 16 e são comuns. Calcula-se que a cada 100 anos há entre 18 e 20 anos de falta de chuvas. Até agora, o século 20 foi um dos mais áridos, registrando nada menos que 27 anos de estiagem. A seca mais longa começou em 1979. Na “terra ardendo qual fogueira de São João”, 50% do gado morreu por falta dágua, a desnutrição explodiu e milhares de pessoas morreram de sede e fome. O verde da plantação só começou a brotar novamente com o retorno das chuvas cinco anos depois, em 1983.
LEIA MAIS
– O que é chuva ácida?
– De onde vem o cheiro de chuva?
Forno natural
Ventos fracos não levam ao sertão a umidade das regiões vizinhas
Continua após a publicidade
1. UMIDADE LOCALIZADA
O clima quente e a umidade abundante fazem da Amazônia a região mais úmida do país. A área de clima equatorial é cortada por rios volumosos que facilitam as constantes tempestades. Esse tipo de aguaceiro, porém, não tem força para chegar ao sertão nordestino. No máximo, os ventos úmidos alcançam o oeste do Maranhão. No resto do estado, o clima e a vegetação refletem a transição entre a floresta equatorial e a caatinga do semi-árido
2. SOPRO DESNUTRIDO
No litoral nordestino, o índice de chuvas é maior por causa da umidade que vem do oceano Atlântico. O mesmo vento poderia levar água para o sertão, já que o semi-árido nordestino não é cercado por cadeias de montanhas que barrem os ventos úmidos. Entretanto, a brisa marítima não é forte o suficiente para provocar chuvas numa região maior que os 100 quilômetros da faixa costeira
3. FRIO BLOQUEADO
Nas regiões Sul e Sudeste, as frentes frias que nascem no sul da América abaixam a temperatura rapidamente no inverno e causam torós poderosos na primavera e no verão. Entretanto, por causas de mudanças na circulação atmosférica, essas massas de ar ficam “presas” no Sul, descarregando toda a chuva nessa área. As frentes frias quase nunca chegam ao Nordeste as mais intensas atingem o sul da Bahia, mas são pouco freqüentes
4. PROCURAM-SE RIOS
A parte mais afetada pela falta de chuvas é o chamado Polígono das Secas, uma área de mais de 1 milhão de km2, espalhados por oito estados nordestinos (só o Maranhão fica fora) e pelo norte de Minas Gerais. Nessa região, onde vivem 27 milhões de pessoas, não há rios cauladosos ou grandes lagoas capazes de fornecer umidade para provocar chuvas locais
Continua após a publicidade
- Ambiente
- chuva
- Clima
- umidade
Por que chove tão pouco no Nordeste?
As dramáticas secas da região acontecem por duas razões principais
Superinteressante pelo menor preço do ano!
PRORROGAMOS A BLACK FRIDAY!
Ainda dá tempo de assinar um dos títulos Abril e também ter acesso aos
conteúdos
digitais de todos os outros*
Ciência, história, tecnologia, saúde, cultura e o que mais for interessante, de um jeito que ninguém pensou.
*Acesso digital ilimitado aos sites e às edições das revistas digitais nos apps: Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Placar, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH. **Pagamento único anual de R$52, equivalente à R$1 por semana.