Quais são os principais tipos de insegurança alimentar explique um deles?

O sistema alimentar é uma complexa teia de atividades envolvendo a produção, processamento, transporte, consumo e o descarte de alimentos. Às vezes, esses sistemas podem sofrer alguns desequilíbrios, como a falta de acesso a alimentos saudáveis e a oferta massiva de alimentos ultra processados e isso gera problemas na segurança alimentar.

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De forma simples nós vamos mostrar para você os componentes desse sistema e como eles atuam para melhorar cada vez mais a produção global de alimentos. 

Muitos componentes e interações formam o sistema alimentar

Quando comemos um alimento, às vezes não paramos para pensar em tudo o que está envolvido, para que esse alimento chegue até o nosso prato.

Nesse processo, as etapas vão além da cadeia de produção: plantio, colheita, armazenamento e distribuição. Do campo ao prato, é preciso também considerar os processos que o alimento passa, o uso de recursos naturais, as pessoas, a infraestrutura e as leis que regem tudo ao nosso redor. A junção da cadeia produtiva e todos esses outros elementos formam o sistema alimentar. 

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O sistema alimentar, portanto, inclui não apenas os elementos básicos de como levamos nossa comida da fazenda à mesa, mas também todos os processos e infraestrutura envolvidos na alimentação de uma população. E, como o nosso comportamento como sociedade, afeta na disponibilidade de alimentos para o mundo.

As questões relativas ao sistema alimentar também incluem a governança e a economia da produção, sua sustentabilidade, o grau de desperdício de alimentos e o impacto dos alimentos na saúde individual e populacional.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) organizou isso de uma forma circular, para mostrar como os processos estão interligados. Nessa roda, a extremidade se dá pelos componentes macro, que são os elementos naturais, e fazem parte de todo o sistema.

Já no centro da roda, estão os pilares e o objetivo principal das alterações do sistema alimentar, que é oferecer alimentos e uma melhor nutrição para as pessoas, garantindo assim a segurança alimentar. Ou seja, as interações entre os componentes do sistema são todas centradas nas pessoas, e para que elas possam se alimentar e ter uma vida mais saudável, conforme imagem abaixo:

Quais são os principais tipos de insegurança alimentar explique um deles?

 

É preciso também levar em conta a sustentabilidade, nos seus três pilares: social, ambiental e econômico. E todo o desenvolvimento e as ações do sistema alimentar precisam seguir as condutas da sustentabilidade, para alcançar seu objetivo.

Ou seja, um sistema alimentar sustentável é aquele que oferece segurança alimentar e nutricional para todos, de forma que as bases econômicas, sociais e ambientais para as gerações futuras não sejam comprometidas. 

Isso significa que:

  • precisa ser totalmente rentável, garantindo a sustentabilidade econômica, 
  • ter amplos benefícios para a sociedade, garantindo a sustentabilidade social, e
  • ter um impacto positivo ou neutro sobre o meio ambiente e recursos naturais, protegendo a sustentabilidade do meio ambiente.

Desafios de um sistema alimentar sustentável

Atualmente, nosso sistema alimentar está contribuindo e sendo afetado por eventos climáticos extremos associados às mudanças climáticas, degradação da terra e perda de biodiversidade.

Além disso, uma série de pressões, incluindo rápido crescimento populacional, urbanização, aumento da riqueza e consequentes mudanças nos padrões de consumo, estão desafiando a capacidade do nosso sistema alimentar de fornecer alimentos nutritivos e de contribuir para melhorar as oportunidades de subsistência de uma forma ambientalmente sustentável. 

Embora o progresso na redução da fome nas últimas décadas tenha sido substancial, ainda existem cerca de 800 milhões de pessoas sem acesso a alimentos suficientes, muitos em estados decadentes e zonas de conflito; outros dois bilhões de pessoas carecem de micronutrientes essenciais, particularmente ferro, zinco, vitamina A e iodo (isso é conhecido como “fome oculta”).

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Com isso, o sistema alimentar está apresentando dificuldades em atender às necessidades das pessoas. E mudanças são necessárias, levando em consideração as interações socioculturais, as questões de equidade e, em particular, as necessidades das pessoas de maior vulnerabilidade social, que gastam a maior parte de sua renda em alimentos.

Enquanto há melhora na eficiência da distribuição e entrega de alimento às pessoas, a natureza mutável do sistema alimentar nas diferentes regiões do planeta ganha novos desafios e preocupações com o crescimento de uma alimentação baseada ultra processados e com crescentes níveis de perda e desperdício de alimentos.

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Responder a esses desafios requer uma abordagem baseada em ações que contemplem a variedade e a complexidade da realidade atual, de uma maneira holística e sustentável. E isso já vem ocorrendo. 

O que fazer para superar os desafios?

São necessários esforços conjuntos para promover sistemas alimentares sustentáveis que proporcionem segurança alimentar e nutricional para todos, de forma a apoiar o desenvolvimento econômico, resultados sociais positivos e proteção do meio ambiente.

Enfrentar este desafio global requer uma abordagem multidisciplinar dos sistemas alimentares, considerando não apenas a agricultura e os padrões de consumo, mas também outros componentes do sistema alimentar, incluindo governo, varejistas, processadores de alimentos, fornecedores de tecnologia e instituições financeiras.

É possível começar nas comunidades, em um sistema alimentar local e/ou regional. Mas a oferta e disponibilidade de produtos vai aumentando quando são trazidos de outras regiões produtoras. Os alimentos básicos são muito importantes para a estabilidade, mas a diversidade ainda é essencial.

A união de diferentes sistemas alimentares, estruturados, irá desempenhar um papel crítico na construção da riqueza e oferta de alimentos. Exemplo disso é poder contar com um melão produzido na Bahia, em um supermercado no Rio de Janeiro. Ou, o arroz que vem do Rio Grande do Sul esteja distribuído em todo o Brasil.

Fortalecer os elos da produção aumentando as oportunidades econômicas nos setores agrícola e alimentar, por meio de empregos e produção em fazendas além de empresas de apoio à agricultura, processamento, transporte, comercialização, distribuição e varejo de alimentos, junto com outras áreas relacionadas.

Enxergar o todo e alterar para melhor

Precisamos de equilíbrio e valorização para todos os componentes que estão ligados no sistema. Tanto a nível macro, quanto a nível local, os sistemas alimentares precisam estar alinhados, para conseguir atender toda a sociedade.

Os alimentos básicos são muito importantes para a estabilidade alimentar, mas a diversidade ainda é essencial. Por isso, para ser sustentável, o desenvolvimento do sistema alimentar precisa gerar valor positivo simultaneamente nos três pilares da sustentabilidade. E você pode fazer sua parte ser um participante ativo dos sistemas alimentares, veja alguns exemplos abaixo.

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Na dimensão econômica, um sistema alimentar é considerado sustentável se as atividades realizadas por cada componente do sistema alimentar ou prestador de serviços de apoio forem comerciais ou fiscalmente viáveis. As atividades devem gerar benefícios, ou valor econômico agregado para todas as categorias de interessados: salários para os trabalhadores, impostos para os governos, lucros para as empresas e melhorias no abastecimento de alimentos para os consumidores.

Na dimensão social, um sistema alimentar é considerado sustentável quando há equidade na distribuição do valor econômico agregado, levando-se em consideração grupos vulneráveis categorizados por gênero, idade, raça etc. De importância fundamental, as atividades do sistema alimentar precisam contribuir para o avanço de resultados socioculturais importantes, como nutrição e saúde, tradições, condições de trabalho e bem-estar animal.

Na dimensão ambiental, a sustentabilidade é determinada garantindo que os impactos das atividades do sistema alimentar no ambiente natural envolvente sejam neutros ou positivos, tendo em consideração a biodiversidade, água, solo, saúde animal e vegetal, pegada de carbono, pegada hídrica, alimentos perda e desperdício e toxicidade.

Na prática, precisamos mudar

A evolução dos sistemas alimentares tem sido impulsionada por uma combinação de mudanças nas demandas e preferências dos consumidores, cada vez mais expressas por meio de crescentes preocupações com saúde e sustentabilidade e movimentos sociais.

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É claro que uma abordagem para o desenvolvimento de sistemas alimentares mais sustentáveis, inclusivos e resilientes exigirá um conjunto de ações, implementadas por uma gama mais ampla de atores. No lugar de mudanças com impactos localizados, há necessidade de alterações sistêmicas que têm impactos em escala.

Ainda assim, é preciso entender como o sistema alimentar está sendo organizado, para a partir dele, desenvolver ações concretas de mudança. No entanto, podemos citar algumas delas, de diferentes atores do sistema alimentar, que a curto, médio e longo prazos, poderão trazer impactos expressivos. 

Ações do setor público, por exemplo, podem criar um ambiente favorável e forte para as empresas que se concentram na produção e distribuição de alimentos sustentáveis e nutritivos por meio de medidas fiscais, legais e políticas (por exemplo, investimento territorial em infraestrutura ou regulamentos ambientais para refletir custos reais do sistema alimentar).

Os governos também podem influenciar as demandas dos consumidores por meio de novos requisitos de rotulagem de alimentos e programas de educação e conscientização do consumidor.

As ações dos consumidores, podem ser em apoio a sistemas alimentares mais sustentáveis assumindo duas formas inter-relacionadas: 

  1. os consumidores podem escolher comprar alimentos que sejam mais nutritivos, socialmente responsáveis ou mais verdes quando esses tipos de alimentos são acessíveis, baratos e suficientemente atraentes para eles; e 
  2. podem participar de associações de consumidores, redes ou fóruns que defendem medidas do setor público ou privado para promover produtos alimentícios mais sustentáveis.

Ações do setor privado, que da fazenda ao varejo, é o principal fornecedor de alimentos e, como tal, diretamente responsável pelas ações que determinam os impactos econômicos, sociais e ambientais da forma como os alimentos chegam ao consumidor. 

Esses impactos incluem não apenas aqueles relacionados à disponibilidade de alimentos nos mercados, mas também o impacto indireto no conjunto mais amplo de produtos alimentícios que as famílias podem acessar por meio de caminhos de renda (salários, fazendas e rendas de pequenas empresas).

Tais abordagens exigirão melhores ferramentas de avaliação de desempenho e análises que enfoquem o comportamento do consumo, as causas dos problemas, os pontos de alavancagem no sistema, para a indicação de soluções simultaneamente, em cada setor do sistema alimentar.

 

Principais fontes:

FAO, Sustainable food systems: Concept and framework. 2018. Disponível em: www.fao.org/sustainable-food-value-chain. Acesso em 30 mar. 2021.

ONU, Food Systems: Definition, Concept and Application for the UN Food Systems Summit. 2021. Disponível em:

Quais são os tipos de insegurança alimentar?

TIPOS E EXEMPLOS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR.
Insegurança alimentar leve. Ocorre quando existe incerteza sobre a capacidade para conseguir alimentos..
Insegurança alimentar moderada. ... .
Insegurança alimentar grave..

Quais são as principais causas da insegurança alimentar?

O que causa insegurança alimentar O estudo feito pela FAO destaca que os principais fatores para o aumento da insegurança alimentar e a desnutrição são os conflitos, as temperaturas extremas no clima e as crises econômicas.

O que é insegurança alimentar e suas consequências?

A falta de alimentos em quantidade ou qualidade necessária traz impactos para a saúde, como enfraquecimento do corpo, prejuízos no desenvolvimento físico e mental e aumento da probabilidade de doenças, o que torna a camada mais pobre da população ainda mais vulnerável à Covid-19.