Quem ganhou a 1ª medalha olímpica para o Brasil e em que ano?

Esta segunda-feira marca o aniversário de 68 anos da primeira medalha do atletismo brasileiro em Jogos Olímpicos.

O feito aconteceu no dia 20 de julho de 1952, nas Olimpíadas de Helsinque. José Telles da Conceição atingiu a marca 1 metro e 98 centímetros no salto em altura e garantiu o bronze, a três centímetros do ganhador da medalha de prata, Kenneth Wiesner, e a seis do campeão Walter Buddy Davis, os dois representantes dos Estados Unidos.

Quem ganhou a 1ª medalha olímpica para o Brasil e em que ano?
Telles no pódio dos Jogos de 1952 (Foto: Museu do Esporte da Finlândia/COB)

Nascido no dia 23 de maio de 1931 no Rio de Janeiro, José Telles foi destaque também em outras modalidades do esporte. Atleta exímio, alcançou 23 recordes brasileiros em seis provas: 100m, 200m, 110m com barreiras, salto em altura, decatlo e integrou seis equipes recordistas no revezamento 4x100m.

No dia 17 de outubro de 1974, aos 43 anos, o medalhista foi assassinado na zona oeste do Rio, após reagir a um assalto.

Nos Jogos de Helsinque, o Brasil ainda ganharia ouro no salto triplo com Adhemar Ferreira da Silva, o primeiro título olímpico do atletismo brasileiro. Na mesma prova, Geraldo de Oliveira ficou em sétimo lugar. Já no salto em distância Ary Façanha de Sá terminou na quarta colocação.

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- Foi a primeira oportunidade do Brasil, participando de uma Olimpíada - recorda Cristina Ferraz, sobrinha neta de Afrânio da Costa.

- Desde aquela época a gente viu que o povo brasileiro é muito guerreiro. E, realmente, eles estavam com muita vontade de ganhar essa medalha - destaca o medalhista olímpica Felipe Wu.

Guilherme Paraense (2º da esq. para a dir.) e Afrânio da Costa (ao lado) com a equipe brasileira em Beverloo — Foto: COI

Eles estão falando da maior relíquia olímpica do país. A primeira medalha do Brasil. Conquistada há exatos 100 anos, na Bélgica, no dia 2 de agosto de 1920. Prata de Afrânio da Costa no tiro com pistola livre, calibre 22. A medalha e a arma repousam no museu do Fluminense. Um pedido do dono, tricolor de coração.

- É como se a medalha fosse do Fluminense. Tanto é que ele pediu que tudo que fosse referente a isso, à vida esportiva dele, todos os troféus, medalhas, documentos, tudo, as armas também, tudo fosse dado ao Fluminense, e assim foi. Tá tudo lá - revela a sobrinha neta de Afrânio.

Naquele mesmo 2 de agosto, outra conquista. Medalha de bronze por equipes na pistola livre com Afrânio da Costa, Guilherme Paraense, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade. Um dia depois, veio o ouro, também no tiro. O primeiro tenente do Exército Guilherme Paraense faturou a medalha no revólver, calibre 38.

Aqueles Jogos Olímpicos foram realizados logo após uma pandemia. A de gripe espanhola, que durou de 1918 a 1920. No Brasil, 35 mil pessoas morreram por causa do vírus. Entre elas, o presidente da República, Rodrigues Alves. Estima-se que cinquenta milhões de vidas foram perdidas no mundo, na maior pandemia do século 20.

Tudo isso logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, que havia cancelado os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1916. Aquele era o cenário para a realização das Olimpíadas da Antuérpia.

Guilherme Paraense carrega bandeira no desfile da cerimônia de abertura em Antuérpia — Foto: COI

- A Bélgica havia sido destruída pela Primeira Guerra Mundial. A Bélgica que era, naquele momento, um queijo suíço, porque ela era inteira atravessada pelas trincheiras abertas por soldados aliados e não aliados - recorda Kátia Rubio.

Os Jogos da Antuérpia foram a estreia do Brasil em Olimpíadas. E Afrânio Antonio da Costa foi o primeiro porta-bandeira do Brasil em Jogos Olímpicos. O jornal "O Paiz", do Rio de Janeiro, em sua edição de 3 de julho de 1920, deu destaque para a delegação brasileira.

- Vinte e um atletas, dez na natação e polo aquático, três no remo, um no salto em distância e os sete atiradores - destacava o periódico.

As longas distâncias naquele tempo eram percorridas de navio. Então, para chegar até a Bélgica, eles tiveram que cruzar o oceano Atlântico. Era uma viagem que demorava dias e não poupava passageiros e tripulantes de atrasos e de outros problemas em alto mar. Pois o roteirista da primeira viagem olímpica brasileira caprichou no quesito emoção.

Os relatos detalhados da viagem eram enviados pelo atirador Afrânio da Costa, o chefe da equipe brasileira de tiro. Em um dos primeiros textos, uma explicação sobre o que era ser um atleta olímpico naqueles tempos.

- A delegação brasileira seguiu para a Europa no dia 1 de julho de 1920. Deixava atrás de si as maledicências dos descrentes e dos invejosos, que se referiam às aspirações da equipe da seguinte forma: não vão arranjar nem pro bife - escreveu o futuro medalhista olímpico.

Atiradores no campo de Beverloo, nas Olimpíadas de 1920 — Foto: COI

- Nessa época, 1920, dentro do Brasil, não havia essa empolgação com o esporte, né? - diz o historiador Eduardo Ferreira, autor de um livro sobre a saga brasileira até as primeiras medalhas.

- Diziam que o esporte é para desocupado, para vagabundo que não quer trabalhar, não quer estudar - completa.

Na viagem, dormir foi uma prova de resistência.

– O navio Curvelo estava longe de ser um transatlântico de luxo. Tratava-se de um navio de três classes, sem o mínimo conforto, com seus camarotes mais se parecendo com uns cubículos, sem ar, sem mobiliário e ainda, acima de tudo, sem água. Diante disso, os atletas foram ao comandante Reis Júnior e pediram para dormir no bar, pois era mais amplo e mais arejado do que os camarotes - afirma Ferreira.

- Mas só podiam dormir no bar depois que as pessoas todas acabavam de beber, de ficar lá, e as pessoas não paravam de beber e eles não podiam dormir. Enfim, foi uma viagem terrível - relata a sobrinha neta de Afrânio.

Valéria, neta de Guilherme Paraense, que conquistaria o primeiro ouro brasileiro em Olimpíadas, ouviu do avô passagens da saga.

- O mais difícil era justamente a acomodação e não poder treinar, por causa do balanço. Cabines pequenas, abafadas, o calor que eles sentiram por ser muito pequena. Eles tinham muita dificuldade. Eles preferiam ficar no convés, que era muito difícil, mas tentaram o bar, que era mais fresco também. Meu avô também não passou bem com coisa de alimentação, teve problemas estomacais. A trajetória, ou melhor, a travessia não foi das melhores. Não foi prazerosa. Não foi para quem está numa expectativa de chegar numa competição com os melhores do mundo na época. Isso foi a parte ruim. Fora as outras, como a parte terrestre, que também não foi fácil. Aliás, nada foi fácil desde que eles saíram daqui. Acho que a parte mais fácil foi ganhar as medalhas - brinca Valéria.

Prova de tiro no campo de Beverloo — Foto: COI

Não bastassem as noites mal dormidas, veio uma notícia assustadora.

- No dia da chegada à Ilha da Madeira, em Portugal, o comandante informou que o Curvelo somente chegaria à Antuérpia no dia 5 de agosto, depois das provas de tiro. Como a bordo fora combinado, a equipe desceu em Lisboa, a fim de seguir por terra. A viagem, que de antemão sabíamos ser penosa, em muito ultrapassou à expectativa, e só organizações de grande rigidez poderiam resistir ao abalo sofrido e produzir o resultado obtido - escreveu Afrânio em seu relato.

Ali, a equipe de tiro se separou do resto da delegação brasileira.

- Eles desembarcam em Portugal. O cônsul brasileiro busca recursos pra eles irem de trem de lá até a Bélgica, enfim, é uma odisseia - resume Kátia Rubio.

Uma odisseia que parecia sem fim e que teve mais um imprevisto. Um assalto no meio do caminho.

- Ao partimos de Bruxellas, fomos roubados em alvos e quase toda munição 38, de forma que eu e o Paraense ficamos reduzidos a 100 balas cada um, para treinar uma semana e atirar nas provas oficiais 75 tiros. Foi este o estado de corpo e de espírito em que os nossos atiradores sem dormir e mal alimentados, debilitados ainda mais pelo frio, chegaram a Berverloo, a 26 de julho, ao meio dia - acrescentou mais um trecho do relato de Afrânio.

Chegaram e não tinha Vila Olímpica.

- Afrânio vai até o acampamento americano e quando ele chega no acampamento os atletas, o chefe da delegação estava jogando xadrez. E ele fica atrás do chefe e começa a cantar a jogada para o cara da delegação americana. E, aí, esse cara ganha a partida e fala assim: 'Quem é você?' Aí ele começa a contar a história brasileira... - retrata a professora da USP.

Afrânio da Costa, primeiro medalhista olímpico do Brasil — Foto: Arquivo pessoal

O próprio Afrânio relatou a "jogada de mestre":

- Lane e Backer, dois famosos campeões, jogavam uma partida de xadrez, fui peruar o jogo e arrisquei uma opinião na partida, acharam boas. Daí por diante entraram em franca camaradagem. Ao fim da noite, já haviam dado ali armas, cartuchos 38 e 50 alvos, material fabricado expressamente para o concurso.

Noventa e quatro competidores disputaram a categoria individual e 17 países a prova por equipes.

- Apesar das más condições que se disputaram as provas, com um abatimento moral e físico que lhe fez diminuir no conjunto cerca de 30% dos resultados obtidos no Rio de Janeiro, a equipe brasileira foi um dos conjuntos mais fortes de tiro durante os jogos olímpicos - relatou Afrânio.

Eram armas pesadas, com munição real. Bem diferentes de hoje em dia. Atualmente é uma pistola de ar comprimido, tem cerca de um quilo e meio, a empunhadura é feita sobre medida para a mão de cada atirador e tudo é regulável.

Nos Jogos do Rio em 2016, o tiro brasileiro voltou ao pódio. A primeira das 19 medalhas do Brasil nas Olimpíadas em casa saiu da moderna pistola de ar de Felipe Wu, 96 anos depois da conquista de Afrânio Costa.

- Desde que eu comecei no esporte eu já ouvia essa história do Guilherme Paraense e do Afrânio Costa. Essa nova conquista foi bastante importante pra relembrar toda essa história da conquista deles cem anos atrás, e também escrever a história daqui para frente - diz Wu.

A história dos atiradores de 1920 foi escrita com um final surpreendente. Aquele time que partiu pouco reconhecido para as Olimpíadas retornou ao Brasil valorizado pelos jornais da época.

- Eles são recebidos, sim, com festas no porto de Santos e no porto do Rio de Janeiro, mas não dá para a gente comparar o nível de popularização que o esporte tinha nessa época e com o que a gente tem hoje - pondera Katia Rubio.

Felipe Wu, que ganhou a medalha de prata no tiro esportivo em 2016, 96 anos após os primeiros pódios brasileiros — Foto: GETTY

O último relato de Afrânio da Costa sobre o Brasil nas Olimpíadas da Bélgica deixa claro que essa tremenda saga de nossa primeira medalha olímpica teve um final feliz:

- O retorno da equipe não foi mais no Curvelo, mas num navio descente, cheio de gente importante. Era justo reconhecimento pelo memorável feito. Inúmeras autoridades políticas e desportivas e uma multidão curiosa aguardavam ansiosamente para conhecer e abraçar o campeão e o vice-campeão olímpico. Os brasileiros sabem sempre cumprir o seu dever.

Em que ano o Brasil ganhou a primeira medalha de ouro?

Há 100 anos, no dia 3 de agosto de 1920, o Brasil subia ao topo do pódio olímpico pela primeira vez. O feito veio na categoria do tiro esportivo, nos Jogos da Antuépia, na Bélgica. Nesse dia, Guilherme Paraense conquistava a primeira medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Olímpicos.

Quem ganhou a primeira medalha?

Nas Olimpíadas da Antuérpia, em 1920, o país não só debutou na competição como também fez sua estreia no quadro de medalhas. Afrânio Antônio da Costa conquistou a primeira medalha olímpica brasileira, ao ganhar a prata no tiro esportivo.

Quem conquistou a primeira medalha olímpica para o Brasil na modalidade de atletismo?

Helsinque-1952 (1 ouro e 1 bronze) Foi na Finlândia que o Brasil conquistou suas primeiras medalhas no atletismo. Foram duas. O carioca José Telles da Conceição competia em provas de velocidade e de impulsão. No salto em altura, conquistou o bronze.