Por que a alta do dolar

A alta do dólar é tema recorrente do dia-a-dia, presente na maior parte dos noticiários televisivos e jornais. Mas nem sempre a forma como a variação do dólar impacta a vida do brasileiro comum fica evidente.

A alta do dólar em relação à moeda brasileira pode afetar desde as coisas mais simples, como o preço do pão, até mais complexas como a atividade exportadora, o mercado financeiro e o PIB do Brasil.

O que é alta do dólar?

A alta no dólar consiste no aumento do preço do dólar frente ao real. Dessa forma, o preço do dólar em reais, ou seja, sua a cotação, é definida pela relação de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira. Dessa forma, quando há uma maior procura de dólares no Brasil, há uma alta no dólar.

O mercado de câmbio no Brasil, funciona sobre o regime de câmbio flutuante, portanto, em tese não há intervenção alguma nesse mercado. Esse regime faz com que a cotação do dólar varie livremente apenas sob a lei de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira.

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Quais os motivos da alta do dólar?

Vários fatores podem influenciar o aumento do dólar. Há fatores mais comuns, como por exemplo, gastos de turistas brasileiros no exterior. Visto que, para haver esses gastos, os turistas brasileiros compraram dólar e venderam reais.

No entanto, outros fatores de caráter mais estrutural também influenciam na desvalorização do real, como saldo negativo da balança comercial.

Esse resultado ocorre quando há mais importações do que exportações. Ou seja, mais moeda estrangeira saiu do país do que entrou.

Além disso, o nível da taxa básica de juros, tanto americana quanto brasileira, também influenciam a cotação do dólar. Visto que, quando a taxa de juros no Brasil cai ou nos EUA sobe, fica menos vantajoso investir no Brasil.

Sendo assim, os investimentos que estavam no Brasil acabam migrando para fora do país. Quando esse movimento ocorre, há venda de reais e compra de dólar, o que gera uma alta na cotação.

No entanto, em períodos de crise ou forte especulação contra o real, o governo brasileiro costuma intervir para controlar o mercado de câmbio. Essa intervenção é realizada para impedir uma valorização ou depreciação excessiva, tendo como nome flutuação suja do câmbio.

Quais são as consequências do dólar alto na economia brasileira?

As consequências da alta do dólar também chegam à microeconomia, uma vez que a moeda também está presente nas transações financeiras brasileiras.

Por exemplo: se o governo ou empresários têm empréstimos nessa moeda e há uma valorização da cotação, a dívida ficará maior em moeda nacional.

Além disso, empresas que necessitam de insumos provenientes do estrangeiro também são prejudicadas, uma vez que elas devem optar por passar os maiores custos de produção para o consumidor (o que pode diminuir as vendas) ou diminuir sua margem.

Contudo, a desvalorização do real não é sempre um fator negativo, principalmente em âmbito da macroeconomia.

Por exemplo, quando há uma apreciação da moeda americana em relação ao real, isso acaba por beneficiar o setor exportador. Isso ocorre porque o produto brasileiro fica mais barato em moeda americana, o que tende a levar a um aumento nas vendas lá fora.

Além disso, o real mais barato estimula o setor de turismo, pois turistas estrangeiros acham mais interessante vir ao país por conta dos menores custos.

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Quais os impactos da Alta do Dólar no dia a dia?

Apesar do dólar não ser a moeda corrente no Brasil, seu valor em reais possui um impacto direto na vida de todo consumidor brasileiro.

Sendo assim, ele ocorre, sobretudo, porque uma parte relevante dos produtos ou é importada ou têm alguma relação com produtos importados.

Dessa forma, quando a moeda americana está alta, a tendência é que isso gere inflação na economia brasileira.

A relação dos produtos consumidos no Brasil com o dólar é mais estreita do que aparenta. Por exemplo: o pão que a maioria dos brasileiros consome todos os dias é produzido por aqui.

Entretanto, o trigo, que é um insumo básico para a produção dos pães, é importado. Dessa forma, uma valorização do dólar pode acarretar na alta do preço do pão para o consumidor final.

Além disso, há outros casos nos quais essa relação é mais direta, como nos produtos eletrônicos, como celulares e computadores: esses itens são produzidos no exterior e o produto final é importado pelo Brasil.

Por fim, o preço da gasolina é outro fator que sofre influência do dólar, pois o valor varia de acordo com a variação da cotação internacional do barril de petróleo e com a variação do dólar.

Dessa forma, quando há um aumento no dólar, esse aumento será repassado no preço final da gasolina nos postos de abastecimento.

Qual a influência do dólar alto nos investimentos?

De fato, outro ponto positivo pode ser em relação aos investimentos realizados no Brasil oriundos do exterior: a valorização do dólar em relação ao real deixa a moeda brasileira mais barata.

Sendo assim, investidores de outros países podem investir em empresas brasileiras com mais segurança, fazendo com que a alta do dólar nos investimentos seja algo positivo.

Por outro lado, o investidor brasileiro que deseja investir no exterior também pode se beneficiar da valorização da moeda americana, pois seus investimentos podem valorizar com o aumento da cotação das empresas e por conta do câmbio.

Dessa forma, o investidor pode conseguir uma boa valorização com seus ativos, desde que escolha bem sua carteira de investimentos e pense em aplicações de longo prazo.

No entanto, é preciso avaliar, de acordo com o valor do dólar, se vale mais a pena investir em ativos no Brasil ou no exterior: em momentos de baixa, pode valer a pena investir em território brasileiro.

Entretanto, é importante avaliar cada situação para que se chegue à conclusão adequada a respeito de qual é a melhor opção.

Esse artigo ajudou você a entender como a alta no dólar impacta a vida dos brasileiros? Deixe suas dúvidas e comentários abaixo.

A sessão desta terça-feira (26) voltou a ser de forte alta para o dólar, que foi se acelerando ao longo do dia, batendo nos R$ 5. O avanço diminuiu após o Banco Central anunciar intervenção no mercado no meio da sessão através de leilão de swap cambial (equivalente a uma operação de venda futura de dólares) para conter a alta da moeda. Contudo, a divisa americana ainda fechou perto desse patamar, fechando em alta de 2,36%, a R$ 4,99 na compra e R$ 4,991 na venda, no maior valor desde 18 de março (quando fechou a R$ 5,0157).

Na véspera, o dólar já tinha voltado a registrar firme alta contra o real, fechando a última segunda-feira no maior patamar em mais de um mês, mais precisamente desde 22 de março de 2022.

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Ontem, o mercado até começou o dia vendendo dólares – na mínima, tocada ainda na primeira hora de negócios, a cotação caiu 0,17%, a R$ 4,7985. Mas começou a ganhar tração no exterior de forma com a deterioração dos mercados na Europa e à queda das matérias-primas por temores relacionados à economia chinesa e a um banco central nos EUA mais agressivo na política monetária.

Durante a tarde de segunda, a recuperação de Wall Street – onde os três principais índices fecharam em alta depois de quedas de até 1,66% – acalmou o nervosismo dos compradores de dólares, e a moeda se afastou das máximas sem necessidade de nova intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.

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De toda forma, a pressão sobre as cotações chamou atenção. Na mínima do dia, a R$ 4,95 por dólar, o real chegou a acumular perda de 6,69% desde o fechamento de quarta-feira passada e de 7,43% frente à mínima intradia de 5 de abril (R$ 4,582).

Em dois pregões, o real amargou o pior desempenho entre seus principais pares emergentes. A alta do dólar acumulada no em apenas duas sessões foi de 5,59%, passando de R$ 4,62 para perto dos R$ 4,90, a mais forte na mesma base de comparação desde 18 de maio de 2017 (alta de 9,48%). Apenas naquela data, o dólar disparou 8,15%, reagindo à delação de Joesley Batista, um dos sócios da JBS, que envolveu o então presidente da República Michel Temer.

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Apenas na sexta, o dólar já tinha avançado cerca de 4%, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ter afirmado que uma alta de 50 pontos-base está na mesa para a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Além disso, também na sexta a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, também disse em entrevista que “vê forte chance de alta de juros neste ano”.

“Há uma percepção, outrora de poucos, de que o Federal Reserve vai precisar subir os juros numa velocidade muito maior, com alguns analistas já prevendo altas de 75 pontos-base para o próximo Fomc, o que pode beneficiar o dólar”, comentou Alexandre Espirito Santo, economista-Chefe da Órama, na ocasião.

Além disso, ruídos de natureza política voltaram a pesar sobre o mercado nos últimos dias. Investidores tiveram de lidar com novas manchetes sobre chances de aumento de gastos com o Auxílio Brasil, num contexto em que investidores já questionam as políticas econômicas a serem adotadas pelo governo que tomar posse em 2023.

Crise entre Poderes

Paralelo a isso, a crise entre os Poderes voltou a ocupar os holofotes após o presidente Jair Bolsonaro anunciar na quinta-feira passada decreto concedendo perdão ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por crimes de coação no curso do processo e atentado ao ​Estado Democrático de Direito.

“Mais preocupante, contudo, foi a tensão criada entre o Ministro Barroso do STF e as Forças Armadas sobre a lisura das urnas eletrônicas. Este assunto cria um clima de instabilidade forte para o pleito de outubro, e este tema é central para muitos investidores internacionais que veem na estabilidade democrática um ponto fundamental pra investimentos de longo prazo”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

Para o economista, é difícil determinar se de fato as recentes questões políticas estão “formando preço” no mercado, mas ignorar estes temas não parece mais uma opção. “Está evidente que o mercado está de olho já na eleição, e as rusgas trocadas por um ministro do Supremo e as Forças Armadas não é um sinal alvissareiro”, finalizou.

Mas os fundamentos do real, amparados por melhora dos termos de troca, diferencial de juros ainda elevado a favor do Brasil e um juro real positivo, ainda endossam a visão benigna de Gustavo Menezes, gestor macro da AZ Quest, em relação à taxa de câmbio. Para ele, o cenário externo tem preponderado na dinâmica da formação do preço do dólar.

“Essa volatilidade, claro, traz alguns alertas, mas a gente sempre oscila dentro de posição comprada em real”, disse. “Esses ruídos (político-institucionais e eleitorais) acabam influenciando, mas a preocupação seria de ruptura, e tão perto já das eleições não devem preocupar”, completou.

Commodities e lockdowns na China

O Citi destaca que tanto a queda dos preços das commodities quanto as revisões para baixo no crescimento da China em meio às sinalizações de lockdowns mais fortes fizeram com que o real registrasse um forte movimento de queda, assim como os sinais de aperto monetário e a tensão entre o Judiciário e o Executivo no Brasil.

Enquanto os especialistas do banco não esperam que os preços das commodities caiam indefinidamente, a queda no curto prazo pode fazer com que o real chegue entre R$ 5,12 e R$ 5,20. Alguma força do real pode vir de uma aceleração do IPCA-15 divulgado pelo IBGE na quarta-feira, caso venha acima do esperado e aumente a expectativa de uma alta mais prolongada da Selic (atraindo mais capital para o Brasil e levando a uma fraqueza do dólar), mas o Citi nota que o Banco Central é um dos poucos bancos centrais que está perto de se aproximar do fim do ciclo de aperto de juros.

No médio prazo, a eleição deve pesar no real e nos ativos locais, avaliam. Assim, os fundamentos e os indicadores técnicos aumentam “o conforto” em possíveis posições compradas em dólar, com os analistas vendo a próxima resistência em R$ 4,96.

Camila Abdelmalack, economista na Veedha Investimentos, também destaca o impacto na economia chinesa, que afeta as commodities “e com isso há também uma retirada (de recursos) de investidor estrangeiro nesses últimos tempos”, “que vem trazendo a bolsa abaixo do patamar dos 110 mil pontos”, também afetando o câmbio.

(com Reuters)

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