A manteiga é um alimento que resulta de um processo de fabrico simples, antigo e artesanal feito atualmente em maior escala, mas respeitando a forma natural com que sempre foi feito: o bater da nata temperada com um pouco de sal. Por outro lado, a margarina resulta da transformação de óleos vegetais após um processo artificial impossível de recriar em casa.
Sabemos que os nutrientes fornecidos pelos óleos vegetais incluem ácidos gordos e vitamina E, os quais são muito benéficos para a nossa saúde.
No entanto, a extensa lista de ingredientes usados no fabrico das margarinas mostra a dificuldade de transformar os óleos vegetais numa pasta adequada a barrar.
É interessante relembrar que o leite, fonte da manteiga, é o único alimento que um mamífero bebé tem à disposição para crescer e desenvolver-se nos primeiros tempos de vida. Tal significa que o leite – enquanto alimento de grande complexidade – é, por si só, rico em vários nutrientes.
A manteiga contém naturalmente vitamina A, vitamina D e vitamina E, que são vitaminas lipossolúveis provenientes do leite, bem como, em doses muito pequenas, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ferro e zinco.
Ao invés, os óleos vegetais que estão na base das margarinas, como os de girassol, soja ou amendoim, na verdade não contêm nenhum sal mineral e apenas uma única vitamina, o caroteno (vitamina E), que impede que o fruto/leguminosa rance na natureza, visto ser tão rico em gordura (cerca de 99%).
O óleo de milho, sendo um cereal, partilha estas características, tendo além disso uma porção quase insignificante de vitamina A. O valor nutricional das margarinas é, à partida, relativamente baixo (para além das gorduras que fornece), mas de uma forma geral as marcas juntam como aditivo, a vitamina A e a D, tornando-se artificialmente mais semelhantes à manteiga.
Por tudo isto, a manteiga é um alimento naturalmente mais rico do que a margarina. No momento de escolher, dê preferência à manteiga. Sem adição de corantes nem conservantes, quando consumida como moderação, esta é uma escolha mais natural e saudável. E, se possível, escolha uma manteiga feita com leite de vacas alimentadas à base de pastagem, um método mais natural e com o sabor original.
As explicações são da nutricionista Maria Paes de Vasconcelos.
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Feita a partir do leite ou da nata, a manteiga é um produto de origem animal (Foto: Freepik / Bedneyimages / CreativeCommons)
Na hora de fazer a lista do supermercado já bateu aquela dúvida e você se perguntou se deveria escolher a manteiga ou a margarina? Os alimentos podem até ser parecidos, mas têm composições muito diferentes.
A nutricionista Adriana Stavro explica que a principal diferença entre os alimentos é a composição: a manteiga é um alimento lácteo, feito a partir do leite ou da nata. O líquido é batido e a gordura se separa do leite, formando assim uma substância sólida, composta por 80% de gordura – a manteiga.
A margarina, por sua vez, é produzida através de um processo químico chamado de hidrogenação. No processo de composição, o hidrogênio é acrescentado ao óleo vegetal. Assim, ele passa a ser a gordura, e com a hidrogenação, eles se solidificam e dão origem a base da margarina: a gordura hidrogenada. "O corpo encontra dificuldade para processar a margarina porque não reconhece essas gorduras e torna a digestão mais difícil", explica a nutricionista.
A gordura trans presente na margarina reduz o bom colesterol (HDL) e eleva o mau colesterol LDL – e isso é um risco para o coração. "Precisamos ficar atentos com o alto colesterol LDL, porque ele aumenta o risco de doenças cardiovasculares", conta Adriana. A endocrinologista Paula Pires complementa: "o aumento do colesterol implica no aumento da mortalidade cardiovascular. É importante lembrar que quanto menos industrializado um alimento é, melhor para saúde."
Manteiga e margarina são algumas das opções favoritas do café da manhã do brasileiro (Foto: Freepik / CreativeCommons)
A nutricionista Nádia Lemos não recomenda o uso da margarina por tratar-se de um produto alimentício, altamente modificado – e com reações químicas –, e não de um alimento: "a composição [da margarina] pode conter solventes de petróleo, ácido fosfórico, ácidos clorhídrico ou sulfúrico, altas temperaturas e catalisação com níquel, que deixa o produto parcialmente hidrogenado. Costumo dizer para os meus pacientes que nem os insetos consomem margarina", diz.
Atualmente, o processo de interesterificação foi acrescentado à fabricação da manteiga. Isso impede a formação de gordura trans e mantém a textura cremosa, de acordo com Stavro. Apesar de passar por esse novo processo, a profissional explica que a margarina ainda é um óleo vegetal modificado quimicamente. Além disso, as novas versões da margarinas contém muito ômega 6, que é altamente inflamatório e prejudicial para saúde quando consumido em excesso.
A manteiga é o coringa em muitas receitas (Foto: Pexels / Markus Spiske / CreativeCommons)
Por serem gorduras, é recomendado que as duas sejam consumidas com moderação. Mas entre elas, a opção menos prejudicial para saúde é a manteiga. "Ainda assim, recomendo que meus pacientes não excedam a quantidade de 1 colher de café do alimento no café da manhã. Recomendo substituir por exemplo por um queijo branco, que contêm gordura saturada", diz Adriana.
Vale lembrar que, o maior problema não é o consumo em si, mas sim o excesso e os maus hábitos alimentares de cada indivíduo. "Alimentos industrializados e ultraprocessados são perigosos quando consumidos em excesso, então é preciso ter cuidado com a quantidade de todos eles. Também não adianta cortar totalmente uma gordura trans e não acrescentar nenhuma fruta ou legume na alimentação", explica Paula.
Tenha cuidado com os excessos! Eles são o principal inimigo da saúde (Foto: Pexels / Ravi Kant / CreativeCommons)
Uma opção saudável e que pode ser usada com mais tranquilidade é a versão vegana da manteiga (clique aqui e confira o passo a passo ensinado pela nutricionista Adriana Stavro). Ela pode substituir os alimentos tanto no preparo de receitas, como acompanhamento dos pães e bolachas.
Outras alternativas saudáveis, segundo Lemos, são as manteiga ghee e as veganas, como a de coco, de amendoim ou até mesmo o tahine e creme de abacate. "O ideal mesmo é fazer em casa, pois fica mais barato e é muito mais saudável", finaliza.