O GRANDE MILAGRE
INICIO DO MILAGRE
- �Sobe Filho Meu o menor, ao alto da colina, l� onde me viste e onde te revelei a Minha Palavra. L� encontrar�s flores variadas. Corta-as e as re�nem todas juntas. Depois desce aqui, trazendo as flores a Minha Presen�a�.
Juan Diego obedeceu. Chegando ao alto da colina se espantou admirado com a not�vel variedade de maravilhosas e perfumadas flores. N�o era a esta��o das flores, estava em pleno m�s de Dezembro, quando o frio e a neve destroem toda a vegeta��o. E por outro lado, aquele n�o era o lugar para se encontrar alguma flor, pois o solo era arenoso, com muito pedregulho, abrolhos, espinhos e cactos. Ent�o, somente um milagre da M�E DE DEUS poderia fazer nascer naquele solo flores t�o lindas e perfumadas.
Juan Diego compreendeu aquela realidade e cheio de emo��o colheu-as cuidadosamente, juntando as flores na dobra de seu pobre manto, uma tilma feita de fibras vegetais, que usava para transportar cargas. Desceu transportando as flores e apresentou a SANT�SSIMA VIRGEM MARIA. Ela se aproximou e tomou-as nas m�os, arrumou-as de maneira graciosa e colocou-as novamente na dobra do manto de Diego. E disse:
- �Meu filhinho, esta variedade de flores � o sinal de comprova��o que levar�s ao senhor Bispo. De Minha Parte dir�s a ele que veja nas flores o Meu Desejo e que seja feita a Minha Vontade. E tu, Juantzin, que �s o Meu mensageiro, em ti deposito a Minha confian�a. E por isso, te mando que somente na presen�a do Bispo estendas o teu manto. Somente na presen�a dele. E lhe contar�s tudo detalhadamente, como te mandei subir ao cimo da colina de �Tepeyac� e cortar as flores. Conta cada coisa que viste e admiraste para que possa mudar o cora��o do Bispo. E assim, ele far� imediatamente o que lhe compete, para erguer a Casa Sagrada que Eu pedi no lugar onde desejo ouvir todos os Meus filhos. Vai filhinho, o Meu menor�!
LEVANDO AS PRECIOSIDADES PARA O SENHOR BISPO
Juan Diego seguiu feliz para se encontrar com o senhor Bispo, levando-lhe aquela especial e preciosa carga. Chegando ao pal�cio episcopal encontrou logo um servidor no port�o, e quando come�ou a falar, logo apareceram outros servidores, que olharam para ele e entre si comentaram alguma coisa, que ele n�o entendeu. A verdade � que nenhum deles lhe deu a menor aten��o, deram-lhe as costas e voltaram para os seus afazeres. Diego percebeu a m� vontade dos servidores, que
deixava transparecer estarem combinados em n�o lhe dar qualquer aten��o. Mas decidido, certo de que possu�a a prote��o da M�E DE DEUS, foi atr�s de um deles falando em voz alta que tinha muita urg�ncia em falar com o senhor Bispo. Mas o tal servidor n�o lhe deu nenhuma aten��o. Ent�o o �ndio parou, e ali ficou est�tico perto do port�o de entrada segurando cuidadosamente o seu manto com as flores. As pessoas passavam e vendo-o naquela posi��o ficavam curiosos em saber o que ele trazia para o
senhor Bispo. At� que dois se aproximaram e colocaram os olhos no manto. Diego
E disseram ao Bispo que o �ndio estava no port�o desde cedo trazendo algo em seu manto e desejava v�-lo.
Dom Juan de Zum�rraga estava sobrecarregado de servi�os, solucionando serias dificuldades em sua administra��o. Todavia, quando ouviu aquelas palavras: �o �ndio trazia algo em seu manto�... Com um racioc�nio r�pido, diante dos servidores assustados, exclamou em voz alta: �� o sinal�! E mandou que trouxessem imediatamente o �ndio.
Juan Diego entrou, e como de costume, inclinou-se profundamente. O Bispo em sil�ncio de p�, olhava para ele. O �ndio falou:
�Senhor meu, Governador Bispo, fiz aquilo que o senhor mandou. Falei com a Senhora, a Menina Celestial Santa Maria, a amada M�e de DEUS, que o senhor Bispo pedia uma prova para acreditar que era a Senhora que desejava se fizesse uma Casa l� onde a Senhora me apareceu pela primeira vez, no alto da colina �Tepeyac�. Aqui est� � prova senhor Bispo, digne-se a receb�-la�!
Juan Diego desdobrou lentamente o seu manto e as flores iam caindo ao ch�o, exalando um perfume inigual�vel e mostrando uma beleza surpreendente e encantadora, enquanto no pr�prio manto do �ndio apareceu gravada em cores vivas a amada imagem da VIRGEM SANTA MARIA, a M�E DE DEUS. � a mesma imagem gravada na forma e na figura no
Quando o Bispo viu a imagem da Senhora no manto do �ndio, num impulso de carinho, imediatamente caiu de joelhos ao ch�o, num gesto de amor, respeito e humildade, honrando e homenageando a SANT�SSIMA VIRGEM por aquele milagre admir�vel. Atitude que prontamente foi acompanhada por todas as pessoas presentes que estavam perplexas e admiradas com aquela manifesta��o Divina. E com os olhos repleto de l�grimas e as m�os unidas a altura dos l�bios, suplicou a NOSSA SENHORA que lhe perdoasse a sua descren�a, de n�o ter acreditado e providenciado, desde inicio, atendendo o desejo Dela. Tamb�m ele, Juan Diego, permanecia im�vel e at�nito com o sinal da VIRGEM fixada em seu manto.
Depois de algum tempo, o senhor Bispo se levantou e delicadamente desamarrou o manto no pesco�o de Juan Diego e em sil�ncio, sem nada falar, os dois de perfeito acordo, colocaram o manto com a imagem gravada na Capela do pal�cio. E depois, carinhosamente conversando com o �ndio, Dom Juan de Zum�rraga pediu-lhe que permacesse aquele dia na companhia dele, pois sua emo��o tinha sido muito grande e tamb�m porque n�o queria ficar sozinho com aquela preciosidade. E assim, conversando sobre as min�cias e detalhes dos encontros do �ndio com a VIRGEM, ali ambos permaneceram Juan Diego feliz e contente, e o penitente Bispo, venerando a imagem e rezando, ambos surpreendidos por aquele maravilhoso sinal.
NO DIA SEGUINTE
Logo que amanheceu, o senhor Bispo pensando nos fatos ocorridos, preocupado em organizar provid�ncias para atender a M�E DE DEUS, chamou Juan Diego, que j� se encontrava na Capela desde a madrugada:
- �Vamos, Juan Diego, mostra-me o lugar onde a Rainha do C�u quer que seja constru�da a sua Casa. Irei contigo, guia-me at� o local certo�.
Os dois sa�ram do pal�cio seguido por diversos servidores da diocese e v�rios homens que souberam do ocorrido. At� os Padres de �Tlatelolco� se juntaram a eles, quando por l� passaram. Muitos dos �ndios que vinham para �Tlatelolco�, admirados com aquela singular prociss�o, curiosos e querendo participar, davam meia-volta e se juntavam a Juan Diego na caminhada. E a prociss�o se definia com os �ndios na frente seguindo Diego, os Padres e Bispo no meio e as demais pessoas que aderiram, vinham atr�s. Mas Juan n�o se descuidava do Bispo, dando-lhe a m�o e amparando para ultrapassar os pedregulhos, os espinheiros e cactos, at� que todos chegaram ao alto da colina de �Tepeyac�. Falou Juan:
- �� aqui! Este � o lugar em que Ela deseja a sua casinha. � aqui onde a M�E DE DEUS quer ser a M�e de nossa gente e de toda humanidade, dos que nessa terra vivem e daqueles que com confian�a suplicam o seu maternal aux�lio. Esta foi a Sua palavra�.
O senhor Bispo que at� ent�o estava calado, observando todos os acontecimentos, falou a todos:
- �A partir de hoje mesmo trabalharemos sem parar e sem cansar, at� que aqui se erga a Casa que a M�E DE DEUS deseja. Todos que tem boa vontade coloquem m�os � obra�.
Ent�o foi uma agita��o, todos queriam fazer alguma coisa e todos queriam ajudar. Assim foram buscar ferramentas, aparelhos de medi��o, serras para cortar madeiras, enfim foi sendo articulados os servi�os, objetivando dar in�cio a obra. E os �ndios, os �n�huas�, mais que todos, mostravam a melhor e mais decidida disposi��o para o trabalho.
FOI VISITAR O TIO DOENTE
Depois, Juan Diego pediu licen�a ao senhor Bispo, para visitar o seu tio Juan Bernardino, que como ele j� havia narrado, estava muito mal com uma doen�a mortal para os �ndios, e ficou aos cuidados da M�E DE DEUS que disse: �Ele ficar� bom�. Alguns �ndios que passaram a admirar Juan Diego, em face dos acontecimentos, decidiram acompanh�-lo at� a aldeia para conhecerem o desfecho do caso.
Os moradores da aldeia �Cuauhtitl�n�, vendo aquela fila de homens que se aproximavam, foram ao encontro, e exatamente tendo a frente Juan Bernardino, tio do Diego, totalmente curado e muito risonho, falando em voz alta:
- �Juantzin, meu filho o menor, nada mais me d�i�!
Foi um abra�o forte e paterno entre o sobrinho e o tio. A alegria era geral, na casa, na aldeia, por toda a parte entre os �ndios. E no meio de tanto j�bilo, os dois tinham muito a conversar. E Juan Diego, se desculpando, descreveu para o tio a experi�ncia maravilhosa e impressionante, que ele tinha vivido. Bernardino, o tio, cheio de emo��o, falou:
- �Filhinho meu, tamb�m eu tive uma visita inesperada! Logo ao raiar da manh� daquele dia fiquei totalmente curado. Uma Senhora linda e brilhando como um Sol surgiu ao meu lado, toda ornada de flores de todos os tipos como se fosse perolas orvalhadas, iguais �s cores do arco-�ris, exalando um perfume suav�ssimo que trazia consolo e j�bilo a alma, ao mesmo tempo em que tamb�m ouvi uma encantadora melodia pelo chilrear de mil p�ssaros. Ao lado do meu leito, Ela tocou levemente o meu rosto, tomou a minha m�o e levantou-me, dizendo�:
- �Sou a M�E Daquele por Quem se vive, e a vossa M�e, tua e de todos os que nesta terra labutam e sofrem estas tribula��es. Eu vos curarei e vos consolarei�.
- �� Ela�! Exclamou o sobrinho Juan Diego radiante. �Ela vai nos conduzir � Terra Celestial, � Terra das flores, da m�sica, onde tudo existe com fartura�!
E completando a descri��o de seu encontro com a M�E DE DEUS, tio Bernardino trouxe uma nova revela��o:
- �Ela me disse o Seu Nome, como deseja ser invocada em nossa Terra. Disse-me que revelasse ao Governador Bispo para ele fazer a comunica��o oficial. Deveria descrever para ele tudo o que eu vi e escutei na Apari��o e como Ela deveria ser nomeada�.
Imediatamente Juan Diego compreendeu tudo, como sendo um segundo sinal da presen�a da VIRGEM: a cura do seu tio, a compaix�o pelo seu povo maltratado e a revela��o do nome como Ela deseja ser nomeada nesta Apari��o.
UMA PROCISS�O REPLETA DE ALEGRIA
E embora come�asse anoitecer, os �ndios munidos com tochas, formaram uma imensa prociss�o seguindo atrav�s dos morros e encostas, passando por �Tepeyac� e caminhando at� a pra�a central de �Tenochtitlan�, onde estava a Igreja Maior, a recente Catedral do Governador dos Sacerdotes. E ali amanheceram cantando e dan�ando como h� muito tempo n�o faziam.
Quando se fez dia e o sol brilhou sobre a cidade, Juan Bernardino acompanhado pelo sobrinho Juan Diego foram ao pal�cio para se encontrarem com o senhor Bispo. Logo foram reverenciados e conduzidos com toda honra. O senhor Bispo os recebeu com alegria e redobrada aten��o. Juan Diego, logo disse:
- �Senhor Governador, meu tio Juan Bernardino tem um sinal e uma mensagem da Senhora para lhe contar, com sua licen�a�.
O NOME DA VIRGEM
- �Ela quer que nesta terra seja nomeada: A Perfeita VIRGEM SANTA MARIA�, e o resto do nome a Senhora me disse em �n�huati� (idioma dos �ndios astecas), �Aquela que vem voando da regi�o da luz e da m�sica, entoando um canto, como a �guia de fogo, o Sol�.
O senhor Bispo tentou repetir o nome, mas se embara�ou. Tentou balbuci�-lo, mas em v�o. Chamou o tradutor da Diocese para ajud�-lo. Ele arrastou, mas com dificuldade conseguiu dizer no idioma ind�gena: �CUAUHTLAPCUPEUH�! (que significa: �Aquela que vem voando da regi�o da luz e da m�sica, entoando um canto, como a �guia de fogo, o Sol�)
A autoridade religiosa ficou admirada, porque aquelas palavras contidas no nome escolhido pela VIRGEM: a luz, a m�sica, o canto, a �guia de fogo, o Sol, faziam parte da poesia sagrada dos �ndios, com o seu pr�prio jeito de falar da �cria��o�, da verdade Divina.
O MANTO � LEVADO PARA A CATEDRAL
E assim, mesmo envolvido em denso mist�rio, como era a Vontade da M�E DE DEUS, o senhor Bispo acolheu aquele nome com muito carinho e respeito. E como todos aguardavam ansiosamente para conhecerem o �manto do milagre�, em solene prociss�o, o senhor Bispo o transportou at� a Catedral. E como era muita gente, e todos queriam ver o manto com a imagem da VIRGEM MARIA, ele n�o levou para dentro do templo. Na porta principal de entrada da Catedral, improvisou um estandarte com a imagem. E o povo emocionado e feliz, sorrindo com os bra�os abertos, manifestavam um afetuoso gesto de grande acolhimento, enquanto alguns choravam, outros batiam palmas e uma maioria gritava:
- �M�e �ndia! Querida M�e �ndia! Indiazinha nossa M�e�!
E o povo n�o cessava de aplaudir e louvar a �NDIA M�E DE DEUS. O Bispo queria dizer algumas palavras, mas tamb�m ele, envolvido em todos os acontecimentos, desfrutava de uma felicidade imensa, incontida, que nem o deixava falar, estava muito emocionado e chorava de alegria. O povo ind�gena n�o se afastava e com todas as demonstra��es de carinho e afeto, manifestavam a grandeza e pureza de um amor sincero e dedicado. O senhor Bispo ent�o se lembrou do Padre Tor�bio, que sempre atendia com presteza os �ndios, e por isso mesmo, at� recebeu deles o apelido de �Padre Motol�nea�, e tamb�m de �um dos nossos�. Mas ningu�m precisou ir muito longe atr�s do �Padre um dos nossos�, na verdade ele n�o precisou ser procurado, porque estava bem ali, emocionado e prazerosamente repleto de afeto filial, louvando a imagem milagrosa da VIRGEM MARIA.
Com a ordem do Bispo, ele se persignou inclinando profundamente diante da imagem no estandarte improvisado, e depois, com os bra�os elevados voltou-se para a multid�o, e falou:
A PALAVRA DO PADRE MOTOLINEA
- �Amados! N�o lestes na Sagrada Escritura: Quero Miseric�rdia e n�o Sacrif�cio? Sim foi com Amor e n�o
com
�Portanto, basta de sacrif�cios! Basta de mortes, de viol�ncias e de maus tratos. A Senhora � o �Novo Sol� que s� pede miseric�rdia em troca da Divina miseric�rdia. Ela � a ��guia que Sobe� inflamada de amor e bondade, para acender a chama da liberdade e espalhar a sua luz misericordiosa por toda a Terra. Ela � o �Tigre� que ronda pela noite, n�o como se estivesse de tocaia para agarrar a sua presa, mas como a M�e zelosa que caminhando pela noite, quer salvar com toda energia e ternura, os seus pobres filhos sem defesa. Ela ama as flores, a beleza das cores e dos perfumes, que traz alegria e enfeita a casa dos pobres, onde Ela � a Rainha. � a M�e de todos, para que todos sejam seus filhos e suas filhas. N�o ama o poder e nem o ouro, que estimula o dom�nio de um sobre os outros com cobi�a e viol�ncia. Ela est� em nosso meio para que nos lembremos que somos irm�os, e que DEUS continua, por meio Dela, a derrubar os poderosos de seus tronos e a exaltar os humildes. Ela confunde o racioc�nio dos s�bios e permite que s� os simples saibam compreend�-La. Porque Ela � a PERFEITA VIRGEM SANTA MARIA CUAUHTLAPCUPEUH, Aquela que vem voando da regi�o da luz e da m�sica, entoando um canto, como a �guia de Fogo, o Sol! M�e �ndia! Indiazinha nossa M�e�!
A multid�o prorrompeu em aplausos, acenos e gritos de �nossa M�e �ndia�. Padre Motolinea tinha terminado as suas palavras, e ele mesmo muito comovido, sentiu as l�grimas inundar os seus olhos. Girou lentamente e fixou o olhar na VIRGEM gravada no estandarte.
VISITA��O DA IMAGEM
Todos queriam chegar mais perto e admirar a imagem da SANTA M�E. Por isso, com esfor�o organizaram uma fila, permitindo que cada um ficasse no m�ximo, dois minutos diante da imagem, contemplando aquela face de �ndia Mesti�a, seu lindo manto de mulher que mal escondia os seus longos cabelos negros e lisos, como os das jovens indiazinhas. O manto era azul e verde turquesa, as cores do in�cio da cria��o do C�u e das pedras preciosas que existem sobre a Terra, as cores do universo! O seu vestido era vermelho r�seo, florido, como de uma m�e de fam�lia, discreta, caprichosa e digna. O seu olhar pousava sobre quem se colocasse debaixo de sua sombra, revelando autoridade e compaix�o. O Sol Lhe d� uma �urea de luz, o seu manto est� repleto de estrelas e a Lua aos seus p�s, com o valoroso �ndio guerreiro em asas de �guia sob sua prote��o: isto significa a uni�o de todos os povos da Terra, de todas as hist�rias, de todas as esperan�as e o fim das guerras. Ela anunciava a uni�o da fam�lia e a paz, num mundo reconciliado!
Depois o senhor Bispo mandou que o estandarte da VIRGEM fosse colocado dentro da Igreja e o templo permanecesse aberto, a fim de permitir a todos que desejassem ficar um tempo razo�vel diante da imagem da M�E DE DEUS.