Autor institucional:
Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente - REBRAENSP - Polo RS
Resumo:
O objetivo do presente manual é oferecer aos profissionais e serviços de atenção à saúde informações úteis, baseadas em evidências e atualizadas, que sejam aplicáveis e exequíveis na rotina diária e que subsidiem o cuidado seguro a todos os pacientes. O Manual compreende 12 estratégias que visam à prevenção de danos e promoção da segurança do paciente. As estratégias foram selecionadas a partir dos desafios globais formulados pela Aliança Mundial para a Segurança do Paciente – Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura e Cirurgias Seguras Salvam Vidas, respectivamente em 2005-2006 e 2007-2008. A escolha resultou, também, do julgamento dos integrantes dos Núcleos da REBRAENSP – Polo RS, com base na sua extensa e sólida experiência profissional em diversos tipos de serviços de atenção à saúde e na formação de profissionais.
As estratégias que compõem o Manual são as seguintes: Higienização das Mãos; Identificação do Paciente; Comunicação Efetiva; Prevenção de Queda; Prevenção de Úlcera por Pressão; Administração Segura de Medicamentos; Uso Seguro de Dispositivos Intravenosos; Procedimentos Cirúrgicos Seguros; Administração Segura de Sangue e Hemocomponentes; Utilização Segura de Equipamentos; Pacientes Parceiros na sua Segurança; e Formação de Profissionais da Saúde para a Segurança do Paciente.
Cada estratégia está estruturada em três seções e é complementada pelas referências. A seção inicial, Aspectos Relevantes, traz informações básicas sobre o tema e sua contextualização na Segurança do Paciente. Na seção de Recomendações, apresentam-se ações de prevenção de danos e promoção da segurança reconhecidamente eficazes; e, na última, Lembre, acrescentam-se informações que servem de suporte ou são requisitos para o sucesso das ações recomendadas.
Quanto às referências utilizadas nas seções, é importante informar que se buscou fundamentar o Manual no posicionamento e nas recomendações de instituições e autores nacionais e internacionais com reconhecida credibilidade na área da Segurança do Paciente, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Organização Mundial da Saúde (OMS), Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e Joint Commission Internacional (JCI), entre outras.
O Manual ainda oferece aos leitores a oportunidade de conhecer a história da formação, bem como o modo de trabalho da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, alinhada com o movimento mundial iniciado pela Organização Mundial da Saúde, em 2004, com o lançamento da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. A Aliança conclama não só profissionais e serviços de atenção à saúde, mas também os países e seus governos a darem atenção ao tema e desenvolverem iniciativas para a segurança do paciente.
Tanto o Manual como um todo quanto as estratégias em particular não têm a pretensão de serem exaustivos, mas de serem uma fonte de consulta confiável e rápida para profissionais e serviços de atenção à saúde. É um documento que se soma a outros já existentes no Brasil, ampliando os recursos disponíveis para subsidiar a construção da cultura de segurança na atenção à saúde.
Os Protocolos Básicos de Segurança do Paciente foram criados pela Organização Mundial da Saúde baseando-se nos assuntos que não recebem investimentos suficientes para serem implantados e que geram diversos erros e eventos adversos.
Estes Protocolos ditam normas e devem ser utilizados nas instituições como guias para a promoção da Segurança do Paciente. Conheça os 6 Protocolos Básicos:
1. Protocolo de Úlcera por Pressão:
O surgimento de alterações na pele é comum durante internações longas em hospitais. A Úlcera por Pressão (UPP) é um exemplo destas lesões decorrente de uma pressão ou fricção na pele. A UPP pode resultar em:
- Prolongamento da estadia
- Riscos de infecções graves
- Dores
- Sepse
- Mortalidade
Estas consequências são, em sua maioria, evitáveis. Por esta razão, criou-se o Protocolo com objetivo de “promover a prevenção da ocorrência de úlcera por pressão (UPP) e outras lesões da pele”, seguindo 6 etapas:
- Avaliação de úlcera por pressão na admissão de todos os pacientes;
- Reavaliação diária de risco de desenvolvimento de UPP de todos os pacientes internados;
- Inspeção diária da pele;
- Manejo da Umidade: manutenção do paciente seco e com a pele hidratada;
- Otimização da nutrição e da hidratação;
- Estratégias de monitoramento e indicadores.
2. Protocolo de Higiene das Mãos:
A higiene das mãos é fundamental no cuidado à saúde, uma vez que o profissional lida com diferentes pacientes, em diferentes condições e com diferentes necessidades. Esse ato de segurança refere-se a higienização das mãos a fim de prevenir a transmissão de microorganismos e doenças.
Assim, o Protocolo expõe os 5 momentos em que a higienização das mãos devem ser feitas:
- Antes do contato com o paciente;
- Antes da realização do procedimento;
- Após a exposição a fluídos corporais;
- Após o contato com o paciente;
- Após o contato com áreas próximas ao paciente.
Assim, o Protocolo enfatiza a importância em higienizar as mãos com sabonete líquido e água, ou com preparação alcoólica a fim de de “prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde”.
3. Protocolo de Cirurgia Segura:
Estudos mundiais apontam que, anualmente, uma em cada 25 pessoas passa por um procedimento cirúrgico grande e um em cada 150 pacientes morre devido a um incidente hospitalar.
Desta forma o Protocolo foi criado com objetivo de “determinar as medidas a serem implantadas para reduzir a ocorrência de incidentes, eventos adversos e a mortalidade cirúrgica”, focando na utilização da Lista de Verificação de Cirurgia Segura da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual contém três etapas:
- Antes da indução anestésica
- Antes da incisão cirúrgica
- Antes do paciente sair da sala cirúrgica
Leia mais em: Família como parceira na Segurança do Paciente: fatores positivos e barreiras
4. Protocolo de Segurança na Prescrição, uso e Administração de Medicamentos:
Anualmente, 400 mil eventos adversos evitáveis (relacionados à medicação) são registrados nos Estados Unidos. Destes incidentes, 7 mil resultam na mortalidade do paciente.
Assim, o Protocolo tem o objetivo de “promover práticas seguras no uso de medicamentos em estabelecimentos de saúde” a fim de reduzir estes indicadores, por meio do/a:
- Acesso a informação medicamentosa pelos profissionais
- Desenvolvimento de um padrão interno de treinamento
- Padronização dos processos
- Uso de equipamentos tecnológicos
- Educação permanente
5. Protocolo de Identificação do Paciente:
Nos Estados Unidos, em torno de 850 enfermos recebem transfusão de sangue que era destinada a outro paciente, sendo que em 3% destes casos, o paciente morre.
Por esta razão o Protocolo busca “garantir a correta identificação do paciente, a fim de reduzir a ocorrência de incidentes”, garantindo que o paciente certo, receba o tratamento certo no momento certo.
Neste contexto, sugere-se as seguintes intervenções pelos profissionais:
- Identificação do paciente;
- Educação do paciente/acompanhante/familiar/cuidador;
- Confirmação da identificação do paciente antes de receber o cuidado.
Para o cumprimento destas diretrizes, o Protocolo reforça a importância da existência de mecanismos de monitoramento (a curto e longo prazo) nas instituições.
6. Protocolo de Prevenção de Quedas:
As quedas dos enfermos resultam em danos em 30 a 50% dos casos, sendo que 6 a 44% destes danos são graves. Entre as consequências estão:
- Aumento da estadia hospitalar
- Aumento dos custos assistenciais
- Diminuição da credibilidade da instituição
- Complicações legais
Assim o Protocolo pretende “reduzir a ocorrência de queda de pacientes nos pontos de assistência e o dano dela decorrente”, identificando os fatores físicos e do ambiente relacionados ao incidente e sugerindo intervenções:
- Avaliação do risco de queda;
- Identificação do paciente com risco com a sinalização à beira do leito ou pulseira;
- Agendamento dos cuidados de higiene pessoal;
- Revisão periódica da medicação;
- Atenção aos calçados utilizados pelos pacientes;
- Educação dos pacientes e dos profissionais;
- Revisão da ocorrência de queda para identificação de suas possíveis causas.
Todos estes Protocolos são sistêmicos e gerenciados, a fim de:
- Aprimorar a comunicação
- Construir uma assistência à saúde segura
- Promover o trabalho em equipe
- Monitorar riscos
Além disso, dentre os Protocolos estruturados pelo Ministério da Saúde, há também a diretriz que visa a melhoria da comunicação entre profissionais de saúde. Cada organização de saúde deve estruturar e implantar seus protocolos de prevenção de riscos baseando-se nos riscos que foram identificados e priorizados (de acordo com ferramentas específicas).
Conheça estes Protocolos mais a fundo no nosso curso de “Gerenciamento de Riscos e Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente”, que ocorrerá nos dias 03 e 04 de setembro em São Paulo/SP. Inscreva-se em:
//www.ibes.med.br/cursos/gerenciamento-de-riscos-e-implantacao-do-nucleo-de-seguranca-do-paciente-sao-paulo-sp/
Neste episódio Aléxia Costa comenta a importância da segurança do paciente mesmo na atenção primaria:
Referência:
Ministério da Saúde. Protocolos Básicos de Segurança do Paciente. 2017.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Protocolos – Arquivos. 2009.