Compare os processos de unificação das monarquias francesas e inglesas durante a Idade Média

A formação das monarquias europeias ocorreu durante a Idade Média e consolidou-se no início da Idade Moderna. Sabemos que cada uma dessas monarquias desenvolveu-se a partir das mesclas culturais dos povos bárbaros, que ocuparam o território europeu durante o esfacelamento do Império Romano, e do cristianismo, que, por meio da instituição da Igreja Católica, conseguiu dar certa unidade a esses povos. A Monarquia Nacional Inglesa foi uma das primeiras a formar-se. Seu processo de constituição ocorreu entre os séculos XI e XIII.

Até o século XII, as ilhas que formam o atual Reino Unido não possuíam unidade política. Constituíam um bloco de quatro reinos independentes, herdeiros dos povos anglo-saxões. Entretanto, já na segunda metade do século XI, os normandos, que também haviam ocupado territórios ingleses, formaram uma nobreza propensa a uma administração central. Assim sendo, o processo efetivo de centralização monárquica começou com o rei Henrique II (1133-1189).

Entretanto, o sucessor de Henrique II, Ricardo Coração de Leão (1157-1199), permaneceu boa parte de seu reinado fora do seu centro de poder, fosse em guerra contra os franceses ou nas campanhas das Cruzadas no Oriente Médio. As dispendiosas batalhas do rei Ricardo, somadas à sua ausência, provocavam enorme insatisfação na nobreza inglesa, que cuidou para que seus sucessores tivessem limitações nas decisões políticas.

A medida encontrada pelos nobres para que houvesse maior equilíbrio sobre as decisões que pudessem atingir o âmbito de toda a sociedade foi a elaboração da Magna Carta, assinada no dia 15 de junho de 1215 pelo rei João Sem Terra. Os sessenta e três artigos da Magna Carta foram propostos a João Sem Terra como forma de acordo feudal entre o monarca e os nobres. Contudo, nos séculos seguintes, esse documento passou a ser símbolo do parlamentarismo moderno e da divisão entre os poderes.

Também no século XIII, após o advento da Magna Carta, foi criado o Parlamento Inglês, que passou a ser formado por duas câmaras: a Câmara dos nobres leigos e dos clérigos e a Câmara dos comuns, constituída pelos membros da baixa nobreza. A instituição do parlamento deu maior consistência política à Inglaterra, sobretudo após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando os nobres tornaram-se ainda mais influentes e mais poderosos.

Todavia, no século XV, houve um fenômeno de recuo do poder do parlamento na Inglaterra. Esse recuo ocorreu em virtude da ascensão da dinastia Tudor ao poder em 1485. Essa ascensão deveu-se às graves consequências da Guerra das Duas Rosas (1455-1485) entre as famílias nobres dos Lancasters e dos Yorks. Henrique Tudor, o primeiro rei da nova dinastia, promoveu novamente o fortalecimento da monarquia (com amplo apoio popular), o que provocou o enfraquecimento do poder parlamentar. 

A formação da Monarquia Nacional Francesa ocorreu entre os séculos XVI e XVII, tornando a França um dos países mais poderosos da Idade Moderna.

Por Me. Cláudio Fernandes

Com o advento das Reformas Religiosas no século XVI, a Europa entrou em uma verdadeira convulsão de guerras civis. Nas mais variadas regiões, desde as ilhas britânicas até a França e a Espanha, as guerras por sucessão de tronos entre casas aristocráticas, engrossadas pelas divergências religiosas, deram o tom dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos do início da modernidade. Nessa mesma época ocorriam as Grandes Navegações e a montagem dos sistemas coloniais no continente americano. No fim do século XVI e na primeira metade do século XVII, o modelo do absolutismo monárquico sobreveio como resposta à crise instalada pelas guerras civis religiosas. Esse modelo encontrou sua forma mais bem acabada com a Formação da Monarquia Nacional Francesa.

A formação do Estado Absolutista Francês, ou da Monarquia Nacional Francesa, está ligada à ascensão da defesa do modelo do absolutismo na França, cujo principal arquiteto foi Armand Jean Du Plessis, o Cardeal Richelieu (1585-1642). Richelieu tornou-se ministro da França em 1624, nomeado pela rainha Maria de Médice. A partir de então, Richelieu passou a empreender uma profunda reforma no sistema político francês, endurecendo o poder executivo, acentuando a doutrina da origem divina do poder do rei e rechaçando os aristocratas que se interpunham ao seu projeto, incluindo a rainha.

Apesar de assentar as bases do Estado Francês, o poder do cardeal Richelieu passou pela provação da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Como se sabe, essa foi uma guerra de principados e nações modernos contra a autoridade do Sacro Império Romano-Germânico, que buscava a unidade de todos os tronos europeus. A guerra foi extremamente dispendiosa para os envolvidos e só terminou com a chamada Paz de Westfália.

A França foi uma das vencedoras da guerra, entretanto, sua economia estava em frangalhos. Após a morte de Richelieu, outro ministro ficou encarregado de reformar os quadros econômicos do país, o cardeal Mazanino. No entanto, as medidas tomadas por Mazarino foram demasiadamente impopulares, como o aumento de impostos. Essas medidas acabaram levando à revolta popular, expressa nas “Frondas de Paris”, isto é, levantes populares que acarretaram a ocupação do Palácio Real do Louvre.

A situação do Estado Francês só retornou à estabilidade com a ascensão de Luís XIV ao trono em 1661. Com Luís XIV, o absolutismo reencontrou sua estrutura bem acabada na França. Esse foi o monarca que também ficou conhecido como Rei Sol. Com Luís XIV, a doutrina do direito divino dos reis entrou em seu vigor máximo. Sua estrutura política era baseada em seu grupo de conselheiros, que, com o tempo, foram tornando-se governadores das províncias. Toda a fonte de poder emanava da figura do rei.

A marinha mercante e a de guerra da França tornaram-se muito poderosas nessa época, sobretudo por causas das ações do ministro da Fazenda, Colbert.

Compare os processos de unificação das monarquias francesas e inglesas durante a Idade Média
Compare os processos de unificação das monarquias francesas e inglesas durante a Idade Média

Juliana Bezerra

Professora de História

A Formação das Monarquias Nacionais ocorreu durante o período da Baixa Idade Média, entre os séculos XII e XV, nos países da Europa Ocidental.

Os principais exemplos de monarquias nacionais são a portuguesa, espanhola, francesa e inglesa.

O processo ocorreu de maneira similar nos países europeus, mas em tempos distintos. Em Portugal teve início no século XII, com a Dinastia de Borgonha (ou Afonsina), sendo mais tarde consolidada pela Dinastia de Avis. Por sua parte, na Espanha, França e Inglaterra, a formação dos Estados Nacionais teve início no século XV.

Na Espanha ocorreu a partir da união dos reinos de Aragão e Castela e seu apogeu aconteceu durante o reinado dos Habsburgo. Ambos os países, Portugal e Espanha, começaram o processo de formação dos estados nacionais após a expulsão dos mouros (muçulmanos).

Na França, considerada o modelo do absolutismo europeu, esse processo se deu ao longo do reinado das Dinastias Capetíngia e Valois. No entanto, será a Dinastia Bourbon que consolidará os monarcas absolutistas da França.

Por fim, na Inglaterra, através das Dinastias Plantageneta e Tudor.

As monarquias nacionais podem ser chamadas de Estado Absolutista, Monarquias Absolutistas ou ainda Estado Moderno.

Contexto histórico

O crescimento demográfico, o surgimento da burguesia e o desenvolvimento do comércio, a partir da expansão das rotas marítimas, fizeram com que o modelo feudal já não funcionasse como antes.

Desta maneira, o novo desenvolvimento econômico precisava de outro modelo político. Assim, os países europeus foram centralizando o poder nas mãos de um rei e este se torna uma das figuras importantes ao lado da Igreja e da nova classe que surgia: a burguesia.

Junto a isso, os ideais mercantilistas conquistam os mercadores, comerciantes e profissionais burgueses. O dinheiro passa a ser mais importante que a terra e isto origina o nascimento de um novo sistema econômico: o capitalismo.

No entanto, quando este sistema surgiu era diferente daqueles que temos hoje em dia. Por isso, os historiadores o chamam de capitalismo primitivo.

Nesta época, se defendia o monopólio comercial, protecionismo alfandegário (proteção da economia pela entrada de produtos estrangeiros), e o metalismo (acúmulo de metais preciosos).

Enfim, o sistema feudal (administrado pelos senhores feudais), foi sendo substituído pelo sistema capitalista. Neste momento, verifica-se crescimento das cidades (burgos) e a intensificação do comércio e das feiras livres pela classe burguesa. Este período ficou conhecido como Renascimento Comercial e Urbano.

Diante disso, os senhores feudais, que possuíam poder na Idade Média, começam a perder sua posição. Por seu lado, o Rei torna-se a figura responsável por administrar a política, a economia, a justiça e o exército.

Todas essas características mediante o poder centrado numa única figura soberana, o Rei, ficou conhecida como Absolutismo Monárquico.

Leia mais: Burguesia

Estado Nacional

A partir disso, foram criados os Estados Nacionais, também chamado de Estado Moderno, com fronteiras definidas e um exército nacional (com o fim dos exércitos particulares dos senhores feudais). No âmbito econômico, as monarquias nacionais visavam a unificação dos padrões monetários e também um sistema de cobrança dos impostos.

Esse aumento de poder ao Monarca foi obtido pelo apoio de parte da nobreza e, sobretudo, dos burgueses, a nova classe social que enriquecia com o desenvolvimento do comércio.

Com o surgimento da burguesia, esta passou a lutar pela autonomia das cidades que ainda eram dominadas pelos senhores feudais. Este movimento ficou conhecido como Movimento Comunal e era um compromisso entre várias cidades de constituir uma defesa única frente um ataque.

Em suma, a união dos interesses políticos dos Reis e os interesses econômicos da burguesia, foram essenciais para formação das Monarquias ou Estados Nacionais. Assim, foram se extinguindo o domínio dos senhores feudais do período medieval, dando início a Era Moderna.

Para saber mais:

  • Absolutismo
  • Estado Absolutista
  • Questões sobre Absolutismo
  • Renascimento Urbano