Explique como era a divisão Internacional do trabalho durante a etapa do capitalismo comercial

A DIT (Divisão Internacional do Trabalho) é uma divisão produtiva em âmbito internacional. Os países emergentes ou em desenvolvimento que obtiveram uma industrialização tardia e que possuem economias ainda frágeis e passíveis de crises econômicas oferecem aos países industrializados um leque de benefícios e incentivos para a instalação de indústrias, tais como a isenção parcial ou total de impostos, mão-de-obra abundante, entre outros. A Divisão Internacional do Trabalho direciona uma especialização produtiva global, já que cada país fica designado a produzir um determinado produto ou partes do mesmo, dependendo dos incentivos oferecidos em cada país. Esse processo se expandiu na mesma proporção que o capitalismo. Nesse sentido, um exemplo que pode ser usado é a montagem de um automóvel realizada na Argentina, porém com componentes oriundos de diferentes países, como parte elétrica e eletrônica de Taiwan, borrachas da Indonésia e assim por diante. Isso ocorre porque cada país oferece certos atrativos. Desta forma, o custo do produto final será menor, aumentando os lucros. A Divisão Internacional do Trabalho provoca desigualdades. Os países emergentes ou em desenvolvimento, como México, Argentina, Brasil e outros, adquirem tecnologias a preços altos, enquanto que os produtos exportados pelos países citados não atingem preços satisfatórios, favorecendo os países ricos. A DIT corresponde a uma especialização das atividades econômicas em caráter de produção, comercialização, exportação e importação entre distintos países do mundo. Antes desse processo vigorar no mundo, mais precisamente na década de 50, os bens manufaturados eram oriundos restritamente dos países industrializados, como Estados Unidos, Canadá, Japão e nações européias. Os países já industrializados tinham suas respectivas produções primeiramente destinadas ao abastecimento do mercado interno, e depois, o restante direcionado ao fornecimento de mercadorias industrializadas aos países subdesenvolvidos que ainda não haviam ingressado efetivamente no processo de industrialização.
Os países subdesenvolvidos tinham a incumbência de gerar matéria-prima com a finalidade de fornecê-la aos países industrializados.

Após a Segunda Guerra Mundial, muitas empresas, sobretudo norte-americanas, começaram a instalar filiais em diferentes países do mundo. Isso foi intensificado com o processo da globalização, que transformou muitos países subdesenvolvidos, que no passado eram meros produtores primários, em exportadores também de produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam até então. Apesar da modificação apresentada na configuração econômica, os países da América Latina, Ásia e África, ainda ocupam destaque na produção de produtos primários.

O que os mantêm como produtores primários é principalmente o modo como os países subdesenvolvidos foram industrializados. Grande parte das empresas e indústrias existentes em países pobres é de nações desenvolvidas e ricas. Diante desse fato, todos os lucros adquiridos durante o ano não permanecem no território no qual a empresa se encontra, e sim, migra para o país de origem da mesma. Em outras palavras, as empresas transnacionais sempre buscam os interesses próprios sem considerar as causas sociais, econômicas e ambientais de onde suas empresas estão instaladas.

O capitalismo comercial, também chamado de capitalismo mercantil ou mercantilismo, foi a primeira fase do sistema capitalista. Se inicia no final do século XV, com a decadência do feudalismo e se encerra no século XVIII, com o fortalecimento da industrialização.

Conhecida também como fase pré-capitalista, o capitalismo comercial se originou com o surgimento dos Estados Nacionais e marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

O capitalismo é um sistema econômico que busca a acumulação de riquezas. Nessa fase, o acúmulo do capital era resultado das trocas comerciais - principal atividade econômica na Europa naquele momento.

O capitalismo comercial tem como principais características o protecionismo, o controle estatal da economia, o metalismo e a balança comercial favorável.

As fases seguintes desse sistema econômico são o capitalismo industrial e o capitalismo financeiro - fase atual do sistema.

Principais características do capitalismo comercial

  • Controle do Estado sobre a economia: o mercantilismo era marcado por uma forte intervenção do Estado na economia. Os Estados absolutistas controlavam os mercados e determinavam a quantidade de impostos.
  • Protecionismo: os impostos e tarifas alfandegárias protegiam a entrada de produtos importados nos países, com o intuito de proteger as indústrias e manufaturas nacionais.
  • Metalismo: a riqueza de um país era determinada pela quantidade acumulada de metal precioso (ouro e prata). Grande parte desses metais foi retirada das colônias e enviada às metrópoles nesse período.
  • Balança Comercial Favorável: os países esforçavam-se para que suas exportações superassem as importações, de modo que a situação financeira do país se mantivesse positiva.

História do capitalismo comercial

Uma das principais mudanças que marcam o fim do feudalismo e o início do capitalismo comercial é a relação do trabalho com o capital. Ao invés da relação servil dos feudos, surge aqui o trabalho livre e assalariado.

Esse é também o momento das grandes navegações, quando os europeus descobrem e passam a colonizar terras nos continentes africano e americano. Essa colonização se deu, em grande parte, pela exploração dos recursos naturais e humanos em benefício da metrópole.

Explique como era a divisão Internacional do trabalho durante a etapa do capitalismo comercial
Explique como era a divisão Internacional do trabalho durante a etapa do capitalismo comercial
Embarcações portuguesas no final do século XV.

Em geral, o que acontecia nessas colonizações era a exploração e envio de matéria-prima da colônia para a metrópole, que produzia e vendia mercadorias mais caras e com isso, acumulava capital. Muitas dessas mercadorias eram compradas pela própria colônia, garantindo à metrópole vultosos lucros.

O acúmulo de riquezas, era, portanto, obtido por meio das trocas comerciais e consequente obtenção de metais preciosos.

Nessa época, a riqueza de uma nação era medida pela quantidade de metais preciosos acumulados. Por isso a busca incessante dos europeus por esses metais em suas colônias - nesse período, quantidades imensas de prata e ouro foram retiradas do continente americano.

O tráfico e a comercialização de escravos também foi um tipo de negócio bastante lucrativo para os países colonizadores nesse período.

O capitalismo comercial foi uma fase importante para o desenvolvimento do capitalismo nos séculos seguintes, pois permitiu a acumulação de capital que possibilitou, posteriormente a Revolução Industrial.

Leia mais sobre o mercantilismo, capitalismo e Revolução Industrial.

Surgimento do capitalismo comercial

Antes do início do capitalismo comercial, o sistema de produção vigente na Europa era feudal. O feudalismo era uma forma de organização social, política, econômica e cultural que estava baseada na posse de terras.

Era uma sociedade de estamentos, formada pela nobreza, pelo clero e pelos servos e não havia mobilidade social. Isto é, não era possível que uma pessoa mudasse de uma camada social à outra.

A nobreza era formada pelos senhores feudais, o clero era composto por membros da Igreja Católica e os servos eram os trabalhadores, que recebiam alimentação e lugar para viver em troca de trabalho nas terras dos senhores, mas não recebiam salário.

A economia feudal era autossuficiente e toda a produção era destinada ao consumo local.

Porém, com o crescimento das cidades e o desenvolvimento marítimo, iniciam-se as atividades comerciais e as feiras livres - espaços onde as pessoas levavam seus produtos para serem comercializados.

Com a intensificação do comércio, os comerciantes - que representavam a classe burguesa - começaram a acumular capital. O capital passou a ser a fonte de riqueza dessa sociedade, em substituição à terra no feudalismo.

Saiba mais sobre o feudalismo e entenda o significado de capital da economia.

Divisão internacional do trabalho no capitalismo comercial

Um conceito importante que explica a organização produtiva mundial a partir desse período é a divisão internacional do trabalho. Segundo essa teoria, cada parte do mundo desempenha determinada função na organização produtiva global.

Durante o mercantilismo, vigorou a divisão internacional do trabalho colonial, representada pela divisão entre colônia e metrópole. Nesse esquema, a colônia oferecia especiarias, metais preciosos e matérias-primas para a metrópole e essa produzia bens manufaturados.

Veja também as seguintes fases do sistema capitalista: capitalismo industrial e capitalismo financeiro.

Juliana Bezerra

Professora de História

O Capitalismo Comercial ou Mercantil é considerado o pré-capitalismo, uma vez que representou a primeira fase do sistema econômico capitalista.

Ele surge no final do século XV, marcando o fim da Idade Média e o início a Idade Moderna, o qual durou até o século XVIII, quando desponta a Revolução Industrial.

O capitalismo comercial foi empregado nas colônias da América, África e Ásia, donde a metrópole buscava riquezas e produtos nas novas terras, intensificando cada vez mais as relações comerciais.

O Capitalismo acompanhou o desenvolvimento da sociedade e está dividido em três fases:

Características do capitalismo comercial ou mercantil

As principais características do capitalismo comercial são:

  • Surgimento da moeda como valor de troca
  • Produção de manufaturas
  • Divisão Internacional do Trabalho
  • Mercantilismo como sistema econômico
  • Balança comercial favorável (superavit)
  • Protecionismo (taxas alfandegárias)
  • Metalismo (acúmulo de metais preciosos)

Contexto histórico: resumo

A Idade Média foi um longo período que durou do século V ao XV na Europa. Nesse período o capitalismo ainda não existia, sendo o sistema feudal o regulador das relações sociais, culturais, econômicas e políticas do período.

Baseada na posse da terra, o feudalismo apresentava dois grandes grupos sociais: os senhores feudais, donos das terras que obtinham poderes absolutos sobre elas, e os servos, os indivíduos que trabalhavam nos feudos.

Esse tipo de sociedade é conhecida como sociedade estamental (dividida em estamentos), donde a mobilidade social foi praticamente inexistente. Ou seja, se a pessoa nascia nobre, morreria nobre, ou se nascia servo, viveria até o final de sua vida nessas condições.

Acima dos senhores feudais, estavam os Reis e a Igreja, portanto, os senhores estavam submetido às suas vontades e pagavam impostos à eles, entretanto, possuíam todo tipo de poder (político, econômico, social) nas suas terras.

Entretanto, com a expansão marítima comercial, a exploração de novas terras, o desenvolvimento do comércio (propulsionada pelas feiras livres ao redor dos burgos), o aumento da população e o surgimento de uma nova classe social (burguesia) transformariam definitivamente esse cenário feudal.

Foi nesse período que os portugueses encontraram o Brasil, cujos produtos extraídos da colônia eram comercializados pela metrópole. Em outras palavras, enquanto a colônia exportava matérias-primas, as metrópoles produziam e vendiam as mercadorias.

Os interesses econômicos, sociais e políticos da nova classe que surgia, a burguesia, levou a decadência do sistema feudal, os quais buscavam o enriquecimento por meio da acumulação de metais preciosos, uma das principais características do sistema econômico do mercantilismo, denominada “metalismo”.

Foi dessa forma que o sistema capitalista comercial surgiu, visando principalmente o lucro sobre as mercadorias comercializadas, mediados por uma economia centrada nas trocas comerciais com o aumento de taxas alfandegárias (protecionismo) e a busca do superávit (balança comercial favorável).

Destarte, o capitalismo comercial ou mercantil foi fortalecido por meio das trocas e vendas de escravos, manufaturas, metais preciosos, vendas de especiarias e de produtos agrícolas.

Isso foi determinante para a formação do modo de produção capitalista.

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