O que é enxaqueca crônica

A enxaqueca crônica atinge cerca de 31 milhões de brasileiros, especialmente os adultos, sendo as mulheres as mais afetadas. Esse problema compromete o bem-estar e a realização de tarefas rotineiras. Ainda, caracteriza-se por ser uma forma frequente de cefaleia, que pode começar fraca e aumentar gradativamente, algumas crises podem causar náuseas e vômito.

Geralmente, ela aparece depois de um tratamento inadequado à enxaqueca episódica. Também, algumas atitudes podem desencadear o seu surgimento, tais como o abuso de medicamentos analgésicos, questões emocionais e hábitos não saudáveis. Além disso, existem outros fatores que podem agravá-la.

Caso esteja passando por um quadro parecido, neste post vamos explicar melhor os detalhes dessa doença. Continue a leitura para entender sobre esse mal que atinge milhares pessoas.

O que é enxaqueca crônica?

A enxaqueca ou migrânea é uma dor que pode se iniciar fraca e ir aumentando. Ela ocorre quando o trigêmeo (5º nervo craniano) é estimulado. Esse nervo é responsável por enviar impulsos aos membros cranianos, podendo liberar substâncias que causam inflamação, provocando uma espécie de latejamento de um ou os dois lados da cabeça. Também, pode se manter em um grau de dor moderado ou forte.

As dores surgem por diversas reações químicas e elétricas que acontecem em nosso organismo, perturbando algumas funções como a visão, o equilíbrio, a coordenação muscular etc., e podem durar de 4 a 72 horas. Pessoas predispostas, que possuem um sistema nervoso mais sensível, desenvolvem os sintomas quando são expostas a uma série de gatilhos como, por exemplo:

  • a falta de sono;
  • a mudança de clima;
  • excesso de estimulação de sentidos (exposição a sons, luzes e odores);
  • fome;
  • mudanças na rotina;
  • exposição ao ar condicionado.

Alguns alimentos também podem influenciar nesse problema, vejamos:

  • cafeína, inclusive a presente no chocolate;
  • alimentos industrializados que contém o glutamato monossódico (GMS) — realçador de sabor—, como os temperos, caldos prontos e fast-food;
  • alimentos como queijos maturados, favas, peixe defumado ou desidratado. Pois eles têm tiramina, o excesso desse elemento faz com que a pressão sanguínea aumente;
  • alimentos contendo nitratos, como frios e a salsicha. O nitrato provoca a retenção de líquidos, dificultando a circulação sanguínea.

As mulheres são as mais afetadas. Pois acredita-se, por meio de estudos, que a variação do principal hormônio feminino — estrogênio — colabora com essas reações químicas e elétricas já explicadas.

Essa doença é difícil de ser diagnosticada por meio de exames como os de sangue, ressonância magnética, tomografia computadorizada etc., pois os resultados geralmente aparecem normais. Os médicos costumam avaliar o estado clínico do paciente, mas sempre incluem a necessidade desses exames para descartar outras doenças com grau de complexidade maior como, por exemplo, tumores cerebrais.

Como ela se diferencia da enxaqueca não crônica?

A constância da cefaleia é o que caracteriza a enxaqueca crônica. Atualmente, ela atinge cerca de 10% dos casos. Portanto, não é a intensidade da dor, e sim o número de dias que se convive com esse problema ao mês.

Dessa forma, a cronicidade pode ser uma evolução em consequência da cefaleia episódica, que foi diminuindo a intensidade das crises e se instalando de forma constante. Isso pode acontecer por diversos fatores, como o uso abusivo de analgésicos, o estresse, depressão, estafa, ansiedade, sedentarismo etc.

Quais os sintomas da enxaqueca crônica?

O que é enxaqueca crônica

A intensidade das dores variam de pessoa para pessoa, mas a característica principal é a constância da latência em um dos lados da cabeça, às vezes pode ocorrer nos dois lados frontais. Essa dor pode ser moderada, mas, em alguns casos, ela pode incapacitar o sujeito de realizar atividades rotineiras.

Alguns estímulos externos como a luz brilhante e sons altos podem piorar esse quadro, levando a busca por lugares escuros e silenciosos para repousar. Essas crises são frequentemente acompanhadas de náuseas.

Portanto, os sintomas mais comuns da enxaqueca são:

  • suor excessivo;
  • tonturas;
  • visão embaçada;
  • letargia;
  • irritabilidade;
  • alterações da pressão arterial;
  • fadiga.

Os estudos mostram que os critérios para o diagnóstico da enxaqueca crônica são:

  • dor de cabeça tipo enxaqueca por 15 dias ou mais ao mês, estendendo por 2 a 3 meses;
  • quando o paciente apresenta mais de 8 crises com características da enxaqueca em um mês;
  • não se pode classificar em outro tipo de cefaleia.

Como esse problema deve ser tratado?

Os médicos geralmente prescrevem uma medicação para esse tipo de doença. Atualmente, existem muitos remédios comprovadamente eficazes. Eles são recomendados de acordo com o perfil do paciente.

A avaliação é feita por meio da intensidade da dor, peso e altura, idade, alterações hormonais relacionadas ao gênero, o padrão de sono e, ainda, se a pessoa tem ansiedade, depressão ou outros sintomas psíquicos. A medicação pode variar ao longo do tratamento de acordo com a adaptação.

Em alguns casos, há meios do tratamento acontecer sem o uso de remédios. Dessa forma, o médico pode recomendar terapia cognitiva comportamental, meditação, mindfulness —técnica de atenção plena — e tratamento de relaxamento muscular.

Algumas atitudes diárias podem prevenir ou amenizar os sintomas da enxaqueca, tais como:

  • evitar ficar em jejum;
  • praticar exercícios;
  • não exagerar no uso de medicamentos, como os analgésicos;
  • o controle do estresse e das emoções, também pode ajudar;
  • dormir bem.

Para um diagnóstico preciso e consequentemente um tratamento adequado, é importante que a relação médico e paciente seja harmônica, pois é o histórico do paciente que vai determinar essa precisão.

Ainda, como essa doença é crônica, ela não tem cura. Portanto, a troca de tratamento, seja ele medicamentoso ou não, ao longo desse processo, será realizada inúmeras vezes. Por isso, é importante ter um bom relacionamento com o seu neurologista.

A enxaqueca crônica causa diversas alterações no humor, na visão e na atenção, o que pode atrapalhar muito uma rotina de tarefas. Ela também pode ser resultado de hábitos não saudáveis e tratamentos inadequados da enxaqueca episódica. Portanto, é muito importante que a pessoa compreenda a intensidade e a constância das dores para reportar ao médico de forma precisa.

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Você já ouviu falar sobre a enxaqueca crônica? Essa forte dor de cabeça é comum: 2% da população mundial sofre com os sintomas. Também chamada de cefaleia crônica diária, ela pode ser prolongada e frequente, a ponto de causar crises corriqueiras. 

Ela pode se iniciar como uma doença episódica e evoluir para as dores crônicas. Você sabe como identificar quando é cada caso especificamente? A seguir, confira as diferenças entre os dois tipos de dor e as formas de tratamento para enxaqueca

Quais são os critérios de enxaqueca?

Os critérios diagnósticos da enxaqueca trazem mais segurança para a identificação e remetem às principais características dessa doença, que vão além da dor de cabeça. No caso da enxaqueca episódica, os sintomas se iniciam com, pelo menos, 5 crises, com duração de 4 a 72h (não tratada ou tratada sem sucesso).

Geralmente, ela apresenta duas das seguintes características: ser unilateral (hemicraniana), pulsátil, de moderada a intensa (limitando as atividades rotineiras) e agravada por esforço físico habitual, como subir escadas. Também pode causar náusea e/ou vômito, fotofobia e fonofobia. 

A grande diferença entre a cefaleia episódica e a crônica é a frequência de dor. De forma simplificada, a primeira se caracteriza com menos de 15 dias de dor por mês. Quando o período é maior, ela se torna crônica.

Os sintomas de enxaqueca crônica são dores de cabeça (cefaleia do tipo tensional e/ou migranosa) por mais de 15 dias por mês, durante 3 meses. O diagnóstico também é feito pelos seguintes critérios: 

  • história de, pelo menos, cinco crises de cefaleia preenchendo os critérios de enxaqueca (com ou sem aura);
  • menos de oito ou oito dias por mês por, no mínimo, três meses de cefaleia com características migranosas e alívio de crises prévias com triptanos ou ergotamínicos.

Como mencionado previamente, a enxaqueca começa como episódica. Alguns quadros evoluem com o aumento da frequência da dor, caracterizando o tipo crônico. Esse processo é chamado de “transformação da enxaqueca”. 

Fatores de risco

Os fatores de risco definem o que pode ocasionar a transformação em enxaqueca crônica. Alguns não podem ser alterados, MAS outros são modificáveis, possibilitando que a evolução do quadro clínico não aconteça. Veja quais são eles! 

Não modificáveisModificáveis
Sexo femininoFrequência basal de dor alta
JuventudeUso abusivo de abortivos de crises
Fatores genéticosDepressão e ansiedade
História de TCERoncos e transtornos do sono
Eventos estressantesObesidade
Presença de alodíniaConsumo abusivo de café
Comorbidades (principalmente dor crônica)

Sendo assim, se os médicos agirem sobre os fatores modificáveis e tratarem bem a enxaqueca episódica (que não tem cura, mas tem controle), a transformação pode ser impedida.

Como é o tratamento dos quadros que evoluem para enxaqueca crônica?

Agora que você sabe o que causa enxaqueca crônica, vamos discutir sobre as formas de tratamento dessa dor frequente. O foco inicial dos cuidados deve ser baseado em três pilares: medidas não farmacológicas, tratamento medicamentoso profilático e evitação do uso abusivo de analgésicos.

O tratamento não farmacológico envolve atividade física regular, higiene do sono, alimentação em horários regulares e terapia cognitivo-comportamental. Ademais, pode se fazer neuroestimulação e acupuntura, evitando desencadeantes (jejum prolongado, privação de sono, tabagismo e etilismo).

Por outro lado, o tratamento medicamentoso profilático deve ser feito levando em consideração os pacientes de forma individualizada. Algumas opções farmacológicas de primeira linha são propranolol, amitriptilina, topiramato e ácido valproico (para homens e mulheres sem potencial ou desejo gestacional).

Com as doses adequadas desses medicamentos, espera-se que até 50% dos pacientes respondam com redução de aproximadamente 50% na frequência de dor após 3 meses de tratamento. 

Outros remédios de segunda linha são: venlafaxina, gabapentina, antagonistas do CGRP, toxina botulínica, verapamil, riboflavina e outros betabloqueadores. Ao iniciar a medicação, as doses devem ser baixas e aumentadas gradualmente até a dosagem-alvo. A falha da medicação pode ser considerada apenas após 8 semanas da dose-alvo atingida.

Por que evitar o analgésico?

É reconhecido que o excesso de analgésicos comuns (chamados de AINEs), opioides e triptanos causa complicações. Esse subtipo de cefaleia por abuso de analgésicos pode piorar dores primárias preexistentes (comumente, cefaleia tensional ou enxaqueca). 

Geralmente, a frequência e a duração da dor diminuem com a retirada desses analgésicos. O critério para o diagnóstico é a partir de 15 dias com dor e abuso regular (por mais de 3 meses) de uma ou mais medicações. 

O tempo de uso excessivo de remédios pode variar a partir de 10 dias por mês de ergotamínicos, triptanos, opioides, analgésicos combinados ou combinação dessas medicações (sem abuso de uma medicação específica isoladamente), além de mais de 15 dias por mês de analgésicos simples (dipirona, paracetamol, aspirina ou AINEs).

A abordagem dos pacientes que sofrem com essa cefaleia é diferente. Eles administram as medicações analgésicas justamente porque sentem dor ou medo de senti-la. Então, é difícil cessar o uso dos medicamentos. 

A estratégia para abordagem é feita por educação do paciente, suspensão do abuso de analgésicos de forma abrupta e terapia de ponte, quando for necessário, para o tratamento profilático começar a ter efeito. Para isso, algumas recomendações são:

  • naproxeno 550 mg 2 vezes por dia por 7 a 14 dias;
  • prednisona 60 mg 1 vez por dia por 5 dias;
  • clorpromazina 4%, de 3 a 10 gotas (iniciando com doses baixas e aumentando de acordo com a tolerabilidade), a cada 6 ou 8 horas, apenas se ocorrer dor de cabeça (essa medicação não está associada à cefaleia por abuso de analgésicos).

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