Por que o salario minimo aumenta

Um aumento de R$ 10 a mais no salário mínimo poderia provocar um rombo de R$ 3,5 bilhões nos cofres públicos

Victor Meira -   Publicado em 13/01/2022, às 15h19

No final de 2021, o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou a MP 1.091/21 (Medida Provisória) para atualizar o salário mínimo em 2022. O valor passou de R$ 1,1 mil para R$ 1.212. Para as remunerações vinculadas ao salário mínimo, os valores de referência diário e por hora serão de R$ 40,40 e R$ 5,51, respectivamente. Embora o aumento seja o maior dos últimos sete anos, ele não conseguiu acompanhar as perdas inflacionárias do ano passado. 

Por que o salario minimo aumenta
Valor do salário mínimo desde 1994

Na última terça-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números oficiais da inflação no Brasil em 2021, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor. O primeiro é o indicador oficial da inflação no país, enquanto que o segundo é utilizado para realizar reajustes em salários e benefícios sociais.

De acordo com o IBGE, o IPCA fechou o ano de 2021 com uma alta de 10,06%, bem acima da meta do Banco Central, que era de 3,75%. Já o INPC registrou um leve crescimento em relação ao índice acima, que ficou em 10,16%. Assim, pela metodologia adotada pelo governo, o salário mínimo de 2022 deveria ser de R$ 1.213,54 para repor a inflação.

Vale ressaltar que o INPC tem o objetivo de analisar o poder de compra das remunerações dos trabalhadores, principalmente das famílias que recebem até cinco salários mínimos mensais

A Constituição relata que o salário mínimo deve preservar o poder aquisitivo das pessoas. Porém, nos casos em que há uma diferença pequena no índice usado para o reajuste, é possível fazer a reposição no ano seguinte. Desta forma, a previsão é que em 2023 o salário sofra um aumento maior que a inflação.

Como o governo antecipou o reajuste, ele usou como base o período de janeiro a novembro de 2021 do INPC, além das projeções de dezembro, para calcular o novo valor do salário mínimo. O índice ficou em 10,02%, portanto um pouco abaixo do IPCA e do INPC.

Em nota, o Ministério da Economia afirma que "historicamente, a diferença, seja negativa ou positiva, entre a estimação e o dado realizado do INPC é restabelecida na composição do salário mínimo do ano posterior".

Por que o governo segura tanto o aumento do salário mínimo?

O salário mínimo é referência do governo federal em realizar os pagamentos para os servidores públicos, benefícios sociais como aposentadorias, pensões e outros que são pagos pelo INSS, seguro-desemprego, abono do PIS e Benefício da Prestação Continuada (BCP-Loas). Portanto, o reajuste aumenta consideravelmente os gastos do governo. 

Com a Emenda Constitucional 95/2016, também conhecida como Teto de Gastos, a União não deve ultrapassar o limite de despesas primárias, que são disponibilizadas no PLOA do ano vigente (Projeto de Lei Orçamentário Anual). A legislação tem a função de evitar gastos desnecessários, em muitos casos eleitoreiros, para não provocar uma crise fiscal.

De acordo com as estimativas da equipe econômica, para cada aumento de R$ 1,00 no salário mínimo, as despesas obrigatórias do governo com benefícios sociais elevam-se em aproximadamente R$ 364,8 milhões em 2022. Assim, caso o salário tivesse um acréscimo de R$ 10 representaria um gasto de R$ 3,64 bilhões. 

Salário mínimo 2022 não terá aumento real

Apesar do aumento do salário mínimo ser o maior dos últimos anos, isso não significa que este crescimento irá melhorar as condições de vida dos brasileiros devido à falta de ganho real. 

Os economistas explicam que a atualização com base na inflação é para manter o nível de compra da remuneração mínima, uma vez que a inflação diminui o consumo das famílias. Portanto, o ganho real ocorre apenas quando o reajuste fica acima da inflação. 

O Ministério da Economia explica que o reajuste não pode ser acima da inflação porque o governo não tem os recursos necessários e isso geraria uma crise fiscal, além do rompimento do teto de gastos. 

Brasil

O novo salário mínimo para 2016 passará de atuais 778 reais, de 2015, para 880 reais. Pelas regras estipuladas por lei, o salário mínimo deve ser reajustado todo o ano para repor a

inflação

do ano anterior (medida pelo INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor), além de garantir um aumento adicional que reflete o crescimento da

economia

no ano retrasado (no caso, 2014). Dessa forma, o poder de compra do salário mínimo cresce junto com a economia. (O aumento aprovado supera o valor previsto por essa regra. A justificativa é que a inflação de dezembro será maior do que no resto do ano. Ou seja, o próprio governo não confia em sua capacidade de controlar a inflação, mas isso fica para outro texto, vamos focar no problema principal.) Estamos em recessão, com a economia encolhendo. E o salário mínimo está sendo reajustado de acordo com o crescimento de 2014, que foi positivo, apesar de bem pequenino (0,1%). Quais os impactos dessa medida? Ela de fato beneficia alguns indivíduos que ganham um salário mínimo por mês ou algo próximo disso – mas não todos esses indivíduos, como veremos a seguir. Para quem consegue manter seu emprego, trata-se de uma notícia boa. É a garantia de um aumento capaz de repor a inflação e um pouquinho a mais (chamado ganho real, acima da inflação). Essas pessoas se dão muito bem com uma eventual elevação salarial como esta por estarem entre os mais pobres. Mas nem todos esses trabalhadores conseguem manter seus empregos com o aumento do salário mínimo. Por quê? Porque a medida aumenta o custo salarial para as empresas que os empregam. E muitas delas já estão em dificuldades. Lembre-se: as vendas dessas empresas estão despencando. Nesse cenário, se uma medida eleva salários acima da inflação, provavelmente uma parte desses trabalhadores será mandada embora. Sem isso, as empresas não têm condições de manter abertas as suas portas. Esse perfil de trabalhadores perde – e muito – num momento difícil como o atual. Em economia, as coisas não ocorrem como num passe de mágica. O aumento no salário mínimo não eleva, por si só, a produtividade do trabalhador. Aumenta-se o custo para a empresa, sem que isso traga uma elevação correspondente de lucratividade. Resultado: alguns desses trabalhadores são demitidos. O salário médio no Brasil é muito baixo? Sem dúvida. Isso reflete em grande parte a baixa qualificação média de nossa mão de obra. É efeito de anos e anos de descaso com a educação básica nacional. Nas últimas décadas, o Brasil passou por avanços consideráveis na elevação do nível educacional médio de nossa população. Mas há ainda enormes desafios. A qualidade da educação permanece muito baixa. E somente aumentar o salário mínimo não ajuda em nada sob essa dimensão. E há mais outro problema: o custo fiscal dessa medida. Principalmente por causa do impacto sobre os gastos com a

Previdência

. No Brasil, aposentados que ganham o salário mínimo têm seus benefícios automaticamente reajustados com a medida. E isso coloca mais pressão sobre as contas públicas. O Brasil passa por um momento complicado em suas contas públicas: arrecadação em queda livre, um ajuste fiscal (reformas para gastar menos que arrecada) que não sai do papel e a dívida pública alcançando níveis perigosos. Temos, sim, um problema de curto prazo. Nos últimos anos o governo aumentou seus gastos e cortou impostos para estimular (sem sucesso) a economia e isso impulsionou o crescimento da dívida. Mas há também um problema de longo prazo, associado à Previdência Social. No nosso sistema previdenciário, trabalhadores pagam impostos cujos valores sãos transferidos para os aposentados e pensionistas. Mas a população brasileira está envelhecendo rapidamente. O que quer dizer isso? Que a fração de aposentados na população tende a aumentar consideravelmente. Haverá, portanto, cada vez menos trabalhadores para serem taxados com o objetivo de garantir o pagamento mensal a aposentados e pensionistas. Isso coloca bastante pressão no sistema. O aumento no salário mínimo entorna ainda mais esse caldo, já o cálculo de boa parte das aposentadorias é feito de acordo com o salário mínio. Quando ele sobe, a aposentadoria acompanha. Aumentar os benefícios dessa faixa significativa de aposentados eleva com força os custos do sistema. E isso complica ainda mais nosso problema fiscal não só hoje, mas também das décadas que estão por vir.

O novo salário mínimo para 2016 passará de atuais 778 reais, de 2015, para 880 reais. Pelas regras estipuladas por lei, o salário mínimo deve ser reajustado todo o ano para repor a inflação do ano anterior (medida pelo INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor), além de garantir um aumento adicional que reflete o crescimento da economia no ano retrasado (no caso, 2014). Dessa forma, o poder de compra do salário mínimo cresce junto com a economia. (O aumento aprovado supera o valor previsto por essa regra. A justificativa é que a inflação de dezembro será maior do que no resto do ano. Ou seja, o próprio governo não confia em sua capacidade de controlar a inflação, mas isso fica para outro texto, vamos focar no problema principal.) Estamos em recessão, com a economia encolhendo. E o salário mínimo está sendo reajustado de acordo com o crescimento de 2014, que foi positivo, apesar de bem pequenino (0,1%). Quais os impactos dessa medida? Ela de fato beneficia alguns indivíduos que ganham um salário mínimo por mês ou algo próximo disso – mas não todos esses indivíduos, como veremos a seguir. Para quem consegue manter seu emprego, trata-se de uma notícia boa. É a garantia de um aumento capaz de repor a inflação e um pouquinho a mais (chamado ganho real, acima da inflação). Essas pessoas se dão muito bem com uma eventual elevação salarial como esta por estarem entre os mais pobres. Mas nem todos esses trabalhadores conseguem manter seus empregos com o aumento do salário mínimo. Por quê? Porque a medida aumenta o custo salarial para as empresas que os empregam. E muitas delas já estão em dificuldades. Lembre-se: as vendas dessas empresas estão despencando. Nesse cenário, se uma medida eleva salários acima da inflação, provavelmente uma parte desses trabalhadores será mandada embora. Sem isso, as empresas não têm condições de manter abertas as suas portas. Esse perfil de trabalhadores perde – e muito – num momento difícil como o atual. Em economia, as coisas não ocorrem como num passe de mágica. O aumento no salário mínimo não eleva, por si só, a produtividade do trabalhador. Aumenta-se o custo para a empresa, sem que isso traga uma elevação correspondente de lucratividade. Resultado: alguns desses trabalhadores são demitidos. O salário médio no Brasil é muito baixo? Sem dúvida. Isso reflete em grande parte a baixa qualificação média de nossa mão de obra. É efeito de anos e anos de descaso com a educação básica nacional. Nas últimas décadas, o Brasil passou por avanços consideráveis na elevação do nível educacional médio de nossa população. Mas há ainda enormes desafios. A qualidade da educação permanece muito baixa. E somente aumentar o salário mínimo não ajuda em nada sob essa dimensão. E há mais outro problema: o custo fiscal dessa medida. Principalmente por causa do impacto sobre os gastos com a Previdência. No Brasil, aposentados que ganham o salário mínimo têm seus benefícios automaticamente reajustados com a medida. E isso coloca mais pressão sobre as contas públicas. O Brasil passa por um momento complicado em suas contas públicas: arrecadação em queda livre, um ajuste fiscal (reformas para gastar menos que arrecada) que não sai do papel e a dívida pública alcançando níveis perigosos. Temos, sim, um problema de curto prazo. Nos últimos anos o governo aumentou seus gastos e cortou impostos para estimular (sem sucesso) a economia e isso impulsionou o crescimento da dívida. Mas há também um problema de longo prazo, associado à Previdência Social. No nosso sistema previdenciário, trabalhadores pagam impostos cujos valores sãos transferidos para os aposentados e pensionistas. Mas a população brasileira está envelhecendo rapidamente. O que quer dizer isso? Que a fração de aposentados na população tende a aumentar consideravelmente. Haverá, portanto, cada vez menos trabalhadores para serem taxados com o objetivo de garantir o pagamento mensal a aposentados e pensionistas. Isso coloca bastante pressão no sistema. O aumento no salário mínimo entorna ainda mais esse caldo, já o cálculo de boa parte das aposentadorias é feito de acordo com o salário mínio. Quando ele sobe, a aposentadoria acompanha. Aumentar os benefícios dessa faixa significativa de aposentados eleva com força os custos do sistema. E isso complica ainda mais nosso problema fiscal não só hoje, mas também das décadas que estão por vir.

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

Por que o salario minimo aumenta

Por que o salario minimo aumenta

Por que o salario minimo aumenta

Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.