Como trabalhar desigualdade social na sala de aula?

Abstract

Resumo: O presente estudo tenciona questões sobre a importância da Interação entre Escola e Família e pela descentralização do trabalho de sala de aula, para menorizar a desigualdade social e conhecer de perto a pobreza existente na comunidade, que vai além de ensinar os alunos, pois se entende que seja necessário, a partir dos trabalhos na escola, na família e na comunidade escolar, fazer a diferença, respeitando a existência de tempos e modos diversos de ser, viver e produzir. A mera constatação da estreita correlação entre mundo familiar e mundo escolar não basta para mudar o quadro tão antigo e atual da conversão das desigualdades sociais em desigualdades escolares. Na perspectiva de uma educação de qualidade para todos, essa situação precisa ser enfrentada, pois a escola pública eficaz deve ser capaz de ajudar a garantir a cada um de seus alunos, independentemente das condições de seu grupo familiar, o direito de aprender. Asseverar que a educação básica de qualidade é uma das principais estratégias para romper o ciclo da pobreza e reduzir as desigualdades sociais, desmistificar e quebrar alguns paradigmas, retratando de forma simples e clara a prática docente, como meio de investigação de novas possibilidades de superação dos entraves e dos desafios a serem enfrentados para um ensino mais eficaz e inovador. A metodologia utilizada será baseada na experiência docente e na pesquisa bibliográfica, buscando reunir algumas abordagens significativas e refletir sobre autores contribuintes com o tema.

As desigualdades do nosso país

Objetivos

1) Analisar criticamente a realidade social do Brasil nos níveis local, regional e nacional como forma de posicionamento em relação ao seu meio;

2) Compreender que o atual território - com suas fronteiras -, o atual povoamento e a estrutura político-espacial são realidades interligadas e derivadas de um processo histórico que remonta à colonização;

3) Reconhecer que a organização atual do espaço geográfico decorre especialmente da divisão territorial do trabalho gerada pela industrialização;

4) Analisar a urbanização brasileira como um produto de uma forma específica do desenvolvimento capitalista;

5) Compreender que a unidade do Brasil consiste na integração entre diversidades locais, regionais e nacionais.

Estratégias

1) Leitura do texto Concentração de renda, no site Educação.

2) Exposição oral do professor, como uso de mapas do Brasil, localizando diferentes regiões e apontando alguns exemplos de disparidades sociais e econômicas entre as regiões.

3) O professor deve conduzir a leitura do texto propondo que os alunos realizem-a em casa e façam um levantamento daquilo que não foi compreendido. Em sala de aula, as dúvidas deverão ser expostas e esclarecidas por meio de exposições e discussões.

4) Projeção de filmes, com explicação do professor e debates. (Sugestões de filmes: A hora da estrela; O homem que virou suco; Central do Brasil; Bye Bye Brasil, entre outros).

5) Promover uma discussão entre os alunos apontando como as transformações no espaço geográfico têm lados positivo e negativo e como isso pode afetar as relações entre as pessoas.

6) O aluno deverá pesquisar temas surgidos a partir das discussões em sala de aula.

Sugestão de atividade

Elaborar um mural construído a partir de fotos, artigos de jornais, reportagens, mapas etc., que ilustrem as desigualdades do país. O mural poderá ficar exposto em sala de aula ou na escola e os alunos que o criaram poderão responder às questões feitas pelos visitantes.

Habilidades e competências

Consiste na capacidade de avaliar, localizar, descrever, relacionar, analisar, explicar e generalizar a partir de textos, mapas, gráficos, quadros, tabelas e fotografias sobre conteúdos atuais e geográficos. Recomenda-se o uso de um Atlas geográfico no desenvolvimento do estudo e das atividades.

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Quem escreve

Como trabalhar desigualdade social na sala de aula?

Jornalista de educação desde 1996. Autor dos livros 'O Ponto a Que Chegamos: Duzentos anos de atraso educacional e seu impacto nas políticas do presente'; 'Quatro Décadas de Gestão Educacional no Brasil', e 'Líderes na Escola'.

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Centro e periferia

Por Antônio Gois

12/04/2021 04:30

A desigualdade educacional no Brasil é construída de múltiplas formas. Algumas delas são fáceis de serem percebidas, caso do acesso diferenciado a escolas de maior ou menor qualidade. Há, porém, aquelas mais sutis, que necessitam de uma observação profunda e qualificada para serem identificadas e compreendidas. É sobre este segundo grupo de causas que trata o livro “A Cultura da Repetência”, da antropóloga Maria de Lourdes Sá Earp, que acaba de ser lançado pela editora Appris.

O trabalho é fruto da tese de doutorado da autora na UFRJ, realizada a partir de pesquisas durante dois anos em escolas públicas na cidade do Rio. A pesquisadora, também uma professora, acompanhou várias aulas e conselhos de classe e identificou uma estrutura que ela denominou de “centro e periferia” da sala de aula. 

No centro estão os alunos nos quais o professor concentra a atenção. Na periferia ficam os demais, que recebem menos atenção por serem aqueles que “não sabem nada”, “não se interessam” e “não têm jeito”. A autora observa que as perguntas dos alunos da ‘periferia’ costumam ficar sem respostas, sendo comum os docentes justificarem essa prática com o argumento de que não é sua responsabilidade “ensinar coisas da base” a quem já deveria saber aquele conteúdo.

Outra constatação da pesquisa é de que na primeira série do ensino fundamental há muito mais alunos no ‘centro’ do que na ‘periferia’. No final do percurso escolar, a situação se inverte. “A seleção que constrói os ‘bons alunos’ é produzida na escola e na sala de aula. O filtro é a reprovação”, afirma Sá Earp na conclusão do livro.

Como argumentei no início desse texto, os caminhos que levam à produção de desigualdade no sistema escolar são múltiplos no Brasil. Eles começam no acesso diferenciado a escolas públicas e privadas, mas não se resumem a isso. Mesmo dentro da rede estatal, oportunidades são também distribuídas de forma desigual, com alunos de menor nível socioeconômico tendo menos acesso às escolas de maior investimento público, caso das federais, militares ou redes técnicas.

Os mecanismos de segregação não param por aí. Estudos do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da UFRJ, analisando a rede municipal carioca, já mostraram que crianças de menor renda e escolaridade têm maiores probabilidades de serem direcionados para estabelecimentos de menor procura pelas famílias ou para o turno da tarde.

A desigualdade se constrói também dentro da escola, como demonstram, por exemplo, os questionários respondidos pelos diretores no Sistema de Avaliação da Educação Básica, que revelam que a forma mais comum de atribuição de turmas é o professor mais experiente ter primazia na escolha, em vez de ser priorizada a necessidade dos alunos.

Como se vê, há todo um sistema que reproduz e naturaliza desigualdades e que precisa ser combatido com políticas públicas adequadas em todas as suas etapas. Se quisermos enfrentar esse problema para valer, o caminho menos produtivo será o de buscar culpados individuais. Como afirma Maria de Lourdes Sá Earp em sua pesquisa, “não se trata de acusar ou culpabilizar o corpo docente, orientadores educacionais ou administrados escolares, mas sim lhes fornecer o acesso aos mecanismos dessas interações escolares no sentido de ajudá-los a modificar suas práticas”.

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