Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

A (des)igualdade de género no mundo do trabalho

A mulheres têm uma escolaridade média superior à dos homens, mas entram no mercado de trabalho em condições piores do que os últimos. Esta é uma das conclusões do estudo "Igualdade de Género ao longo da Vida", apresentado em princípios de 2018.

Os salários inferiores ao dos homens prolongam-se pela vida fora, registando-se ainda saídas precoces do mercado de trabalho, pensões baixas e um maior risco de pobreza.

Este estudo concluiu ainda que as mulheres gastam mais do dobro do tempo do que os homens em trabalho não pago, sobretudo trabalhos em casa.

Nesta reportagem pode ouvir as declarações da coordenadora do estudo,  Anália Torres, e também de homens e mulheres sobre o o tema da igualdade de género.

Ficha Técnica

  • Título: Estudo Igualdade de Género
  • Tipologia: Reportagem
  • Autoria: Ana Luísa Rodrigues
  • Produção: RTP
  • Ano: 2018

1 INTRODU��O

Desde o final do s�culo XX tem-se um novo contexto internacional marcado por inova��es tecnol�gicas, globaliza��o, reestrutura��o econ�mica. Um s�culo tamb�m marcado pela busca de igualdade de g�nero. Naturalmente, houveram diversas mudan�as significativas no mundo dos neg�cios e, nesse contexto, se inclui a participa��o das mulheres (YANNOULAS, 2002).

De acordo com a Teoria Econ�mica, a discrimina��o pode ser definida como o tratamento desigual de indiv�duos que est�o envolvidos em uma certa rela��o de trabalho, baseada em crit�rios alheios com a atividade que est�o envolvidos. Sendo assim, h� discrimina��o salarial no mercado de trabalho a partir do momento que indiv�duos com a mesma produtividade, recebem remunera��o diferente ou, tratamentos diferenciados devido ao g�nero ou ra�a para realizarem tarefas id�nticas (UHR et al., 2014).

A desigualdade de g�nero, no mundo, est� presente em v�rias esferas sociais e, vai desde a fam�lia, educa��o, sa�de, trabalho, entre outros. Os homens, desde os prim�rdios estavam respons�veis pelo sustento da fam�lia, como representa��o de for�a e seguran�a, por isso assumem pap�is e responsabilidades no dom�nio p�blico. J� as mulheres assumiam aos pap�is de dom�nio privado, cuidado com os filhos e tarefas dom�sticas, atividades que envolvem a parte relacional e emocional (MONTEIRO, AGOSTINHO e DANIEL, 2015; SALVAGNI e CANABARRO, 2015).

Vale salientar que o debate em rela��o a desigualdade de g�nero no trabalho est� presente em praticamente todos os pa�ses do mundo. As disparidades de renda entre o homem e a mulher ainda despertam o interesse de pesquisadores e � necess�rio que haja um esfor�o de investiga��o e interpreta��o na literatura econ�mica, bem como, sociol�gica (SANTOS, 2008). Em rela��o a este contexto, recentemente a segunda maior e mais importante cidade dos Pa�ses Baixos, conhecida como Roterd�o ou Roterd� inovou, apresentando um planejamento modernista, explicitando interven��es espaciais concretas da pol�tica p�blica, apontando a necessidade de produzir uma cidade mais feminina, visando sair de um espa�o de produ��o t�o masculino e dando maior aten��o a quest�es como g�nero, classe e ra�a, objetivando um futuro p�s-industrial (VAN DEN BERG e CHEVALIER, 2017).

Na �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas, de acordo com Bruschini e Lombardi (2011), a presen�a das mulheres j� ultrapassa a quantidade de homens, tendo em vista que as mulheres est�o ingressando de maneira significativa na �rea, desde a d�cada de 80. Grande parte das mulheres assume cargos de apoio administrativo, as demais, n�veis intermedi�rios de chefia na administra��o, contabilidade, finan�as, dentre outras �reas (BRUSCHINI e LOMBARDI, 2011).

Empresas que possuem uma sistem�tica de contrata��es e remunera��o que adv�m da antiguidade ou do pr�prio sistema interno de promo��o e, s�o suscept�veis de apresentarem lacunas salariais por g�nero, empregando assim, menos administradoras, gestoras do g�nero feminino (KAWAGUCHI, 2015). As mulheres ainda s�o muito menos propensas a ocupar os melhores cargos nas organiza��es (ZENG, 2010).

A Contabilidade tem sido tradicionalmente descrita como uma profiss�o de g�nero. Contudo, recente- mente algumas empresas buscam promover uma maior igualdade de g�nero e lutam para reter mulheres, especialmente as que possuem ensino superior (KORNBERGER, CARTER e ROSS-SMITH, 2010).

O presente estudo busca contribuir com as discuss�es acerta da tem�tica de desigualdade de g�nero, para tal focaliza tr�s �reas distintas que atuam em similar contexto organizacional e est�o ligadas � mesma �rea de conhecimento. Trata-se das profiss�es de administrador, contador e economista que comp�em a �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas. Nesse contexto, diversos estudos nacionais e internacionais foram realizados com o intuito de analisar as desigualdades de g�nero. Os estudos nacionais de Mota e Souza (2013), Uhr et al. (2014), Nascimento e Alves (2014) e recentemente por Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015), Souza, Voese e Abbas (2015), Brighenti, Jacomossi e Silva (2015) e Silva, Dal Magro e Silva (2016), s�o da �rea da Contabilidade. Os estudos internacionais sobre a tem�tica foram os de Hull e Umansky (1997), Barker e Monks (1998), Abidin et al. (2009) e Kornberger, Carter e Ross-Smith (2010) na �rea de Contabilidade. Na �rea da Administra��o, localizaram-se os estudos de Uhr et al. (2014) nacional e Cohen e Huffman (2007), Cohen Huffman, Knauer (2009), Zeng (2010), Kawaguchi (2015), Mihal ov�a, Pružinsk�a e Gontkovi ov� (2015) e Fitzsimmons e Callan (2016) no contexto internacional. J� na Economia tem-se os estudos de O’Keefe e Wang (2013), Takahashi e Takahashi (2015) e Krawczyk e Smyk (2016).

Salienta-se que n�o se identificou evid�ncias de estudos que analisaram as desigualdades de g�nero em rela��o as tr�s �reas que comp�em as Ci�ncias Sociais Aplicadas, em um s� estudo. Conforme Dreher, Gehring e Klasen (2015) � importante essa investiga��o, pois a desigualdade � um dos principais indicadores de bem-estar e pode afetar muitos pa�ses em desenvolvimento. Al�m disso, Souza, Voese e Abbas (2015) ressaltam que a an�lise da desigualdade de g�nero no Brasil ainda � escassa e, deve incentivar atitudes proativas das empresas, visando a elabora��o de formas de trabalho flex�veis para as mulheres. Diante disso, percebe-se que h� uma lacuna de pesquisa e que o tema merece investiga��o, devido a sua relev�ncia e impacto a n�vel mundial.

Frente ao exposto, o estudo tem como prop�sito responder a seguinte quest�o: quais aspectos evidenciam a desigualdade de g�nero na �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas no mercado de trabalho brasileiro? Com o intuito de responder a esta quest�o, tem-se como objetivo analisar os aspectos que evidenciam a desigualdade de g�nero na atua��o de profissionais ligados � �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas no mercado de trabalho brasileiro.

Este estudo justifica-se, tendo em vista que ainda s�o escassas as pesquisas emp�ricas sobre a discrimina��o de g�nero no mercado de trabalho brasileiro, em uma classe espec�fica (UHR et al., 2014). Para Brighenti, Jacomossi e Silva (2015), mesmo que no pa�s o mercado de trabalho j� possui evid�ncias da desigualdade de g�nero e que est� reduzindo ao longo dos �ltimos anos, a discrimina��o continua sendo not�vel na realidade social do Brasil. Para tanto, se faz necess�ria novas investiga��es para ampliar o entendimento e obter uma melhor vis�o em rela��o �s desigualdades de g�nero no mercado de trabalho brasileiro (BRIGHENTI; JACOMOSSI; SILVA, 2015).

Al�m disso, Teixeira (2010) justifica a import�ncia de analisar essa tem�tica no contexto nacional, pois as discuss�es e questionamentos acerca dos temas igualdade e desigualdade envolvem diversos aspectos e constantemente revelam novas dimens�es, bem como, possibilidades para novos estudos. De forma espec�fica, a desigualdade de g�nero tem sido objeto de discuss�es na esfera pol�tica e acad�mica desde o �ltimo s�culo e permeia at� os dias de hoje.

O estudo pode ser justificado ainda por Mihalčov�a, Pružinsk�a e Gontkovičov� (2015), tendo em vista que o problema da desigualdade de g�nero n�o � apenas a quest�o da equidade social ou contribui��o �s tend�ncias cient�ficas modernas, mas, um dos principais problemas econ�micos. As despropor��es de g�nero na esfera organizacional s�o um problema presente em todos os pa�ses a �mbito mundial e merecem ser investigadas para sua poss�vel resolu��o ao longo dos anos.

O estudo merece investiga��o, tendo em vista que ainda existem diferen�as salariais entre homens e mulheres. Mesmo que no ano de 2014, a m�o de obra feminina tenha ultrapassado, pela primeira vez, o patamar de 70% dos rendimentos masculinos. Contudo, os homens continuam recebendo mais que as mulheres (BRASIL, 2016), sendo assim, estratificar a an�lise em �reas espec�ficas contribui para ampliar o entendimento e promover a��es para reverter tal situa��o.

Al�m disso, as mudan�as substanciais para a resolu��o das quest�es referentes � desigualdade de g�nero s� ser�o minimizadas a partir do momento em que o Governo, organiza��es e comunidade agirem juntas. Para tanto, � preciso compreender, reconhecer e mudar as for�as consideradas com- plexas e interligadas, que dificultam e/ou, impedem as mulheres de conduzir as grandes corpora��es (FITZSIMMONS e CALLAN, 2016).

2. FUNDAMENTA��O TE�RICA

No referencial te�rico abordou-se inicialmente a desigualdade de g�nero e ap�s, evidenciou-se os estudos anteriores nacionais e internacionais que analisaram a desigualdade de g�nero nas �reas de Administra��o, Ci�ncias Cont�beis e Economia com o intuito de embasar o estudo.

2.1 DESIGUALDADE DE G�NERO

Hoffmann e Leone (2009) destacam que a participa��o das mulheres nas atividades econ�micas intensificou-se na d�cada de 1970, com vistas a expans�o da economia e um acelerado processo de industrializa��o, bem como, a urbaniza��o. No entanto, segundo os autores, predominavam trabalhadoras jovens, solteiras e com baixa escolaridade. Contudo, 30 anos mais tarde.

Para Matthews e Nee (2000) e Cavazotte, Oliveira e Miranda (2010), devido a sociedade capitalista moderna na qual as mulheres est�o inseridas, estas ocupam vagas de emprego limitadas e com remunera��o inferior � dos homens. Yannoulas (2002) salienta que essa discrimina��o ocorre desde o recrutamento, na qual mulheres normalmente devem passam por processos seletivos, diferente dos homens, que entram na empresa sem nenhum processo espec�fico e, na maioria dos casos, permanecem ao longo de toda a vida no mesmo emprego.

Embora as �ltimas d�cadas tenham sido marcadas por um crescimento constante na escolaridade e na participa��o feminina no Brasil, bem como, em toda a Am�rica Latina, ainda h� s�rios problemas no que tange a inser��o e perman�ncia das mulheres no mercado de trabalho em condi��es de igualdade em rela��o aos homens (ABRAMO, 2007). � recorrente e persuasiva a vis�o da mulher como for�a de trabalho secund�ria para a sociedade em geral, empresas, sindicatos, entidades governamentais e at� mesmo, na mente das mulheres. A desvaloriza��o da mulher como trabalhadora continua sendo forte, mesmo diante das mudan�as que est�o ocorrendo no mercado de trabalho (ABRAMO, 2007).

Segundo Cambota e Pontes (2007), no contexto brasileiro, uma das caracter�sticas marcantes do mercado de trabalho � a diferen�a salarial entre g�neros e ra�as, que apresenta discrimina��o salarial pura ou segrega��o ocupacional. A primeira se refere a indiv�duos que s�o igualmente produtivos e recebem rendimentos distintos. A segunda est� voltada aos trabalhadores igualmente produtivos, por�m, que n�o tem chances de ocupar cargos de maior remunera��o.

Por mais que ainda h� muitas mulheres ocupando cargos com menor remunera��o, Santos (2008) e Cramer et al. (2012) destacam que, no segmento informal e mais desprotegido, tamb�m houve o aumento da participa��o das mulheres em cargos que remuneram mais, cargos de comando, profiss�es de prest�gio e at� mesmo, acabam tomando a frente dos neg�cios como propriet�rias no com�rcio e em servi�os.

Percebe-se que nos �ltimos anos h� uma disputa acirrada no mercado de trabalho entre homens e mulheres, estes que buscam igualar as oportunidades por cargos e posi��es hier�rquicas, com o intuito de se destacarem e serem reconhecidas na profiss�o. Nesse processo de construir uma nova identidade e buscar reconhecimento e igualdade, as mulheres buscam quebrar os estere�tipos sociais e culturais que foram constru�dos ao longo dos anos e que permanecem at� hoje (CRAMER et al., 2012; SALVAGNI e CANABARRO, 2015).

Nas tr�s �reas analisadas, pertencentes as Ci�ncias Sociais Aplicadas (Administra��o, Ci�ncias Cont�beis e Economia), ainda � not�vel a desigualdade de g�nero. Em rela��o ao curso de Administra��o, o espa�o das mulheres no ambiente corporativo � limitado e retra�do no Brasil. Mesmo ocupando 60% das vagas nas universidades, as mesmas ocupam apenas 11% das vagas em conselhos administrativos nas maiores empresas do pa�s, sendo estas nos cargos iniciais, como aprendizes e estagi�rias. Diante disso, algumas empresas como a Coca-Cola e Walmart j� adotam metas globais de incentivo � mulher no Brasil. Ainda, os homens t�m vinte vezes mais chances de chegar a um cargo de presid�ncia, em compara��o as mulheres (EXAME, 2013).

Na Contabilidade, a participa��o das mulheres tamb�m tem se acentuado nos �ltimos anos. A perspectiva � de que em breve, as mulheres dominem a �rea, at� porque, atualmente 69% vagas nas faculdades que oferecem o curso de Ci�ncias Cont�beis, s�o assumidas por mulheres (CFC, 2016). Nesse mesmo sentido, Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015) afirmam que as desigualdades na �rea cont�bil tamb�m levam a assimetrias na distribui��o da renda, prest�gio social e poder. Entretanto as mudan�as j� est�o ocorrendo, mesmo que de forma lenta. Na �rea da Economia esse cen�rio tamb�m est� mudando e as mulheres est�o se destacando (EXAME, 2014).

� n�tido na sociedade americana que as mulheres s�o minoria e est�o sub-representadas entre os gerentes, principalmente quando se trata de executivos de alto n�vel (ZENG, 2010). Conforme Mihalčov�a, Pružinsk�a e Gontkovičov� (2015), preconceitos e ideias convencionais sobre as caracter�sticas e pap�is sociais de homens e mulheres s�o denominados por como estere�tipos de g�nero. Contudo, � engano considerarmos os mesmos como um dado biologicamente institucionalizado. A for�a dos estere�tipos � muitas vezes relacionada a associa��es negativas, principalmente quando se trata de mulheres, estas que s�o consideradas indiv�duos incapazes de tomar decis�es r�pidas, que n�o tem pensamento l�gico, s�o d�ceis e sens�veis. Por outro lado, os homens s�o vistos como indiv�duos que apresentam um pensamento l�gico e racional, independentes e possuem maior status social.

Diante desse cen�rio e mesmo havendo mudan�as e evolu��es no cotidiano de homens e mulheres, o desequil�brio entre homens e mulheres � duradou-ro. Isso pode ser comprovado, por exemplo, pela desigualdade no sal�rio e m� representa��o das mulheres nos maiores cargos hier�rquicos. Sendo assim, devido ao fato das mulheres acabarem sendo subestimadas, muitas vezes n�o conseguem fazer esfor�os extras para alcan�ar o objetivo almejado. Uma das barreiras mais �bvias no caso das mulheres � a fam�lia (MIHALČOV�A, PRUŽINSK�A e GONTKOVIČOV�, 2015).

2.2 ESTUDOS ANTERIORES

Diversos pesquisadores t�m dedicado aten��o �s quest�es de g�nero. Tais estudos associam um conjunto vari�vel de fatores coma desigualdade. Na �rea da Administra��o, Cohen e Huffman (2007) verificaram em seu estudo a desigualdade de g�nero e, sugerem que havendo maior representa��o das mulheres na gest�o, h� tamb�m, restri��o de diferen�a salarial entre os g�neros. A partir dos resultados verificaram que a promo��o de mulheres em cargos administrativos pode beneficiar todas as mulheres que ocupam outros cargos. Por mais que ainda haja desigualdade salarial entre os g�neros, os efeitos de mulheres gerentes com status elevado s�o muito mais positivos.

Para Cohen Huffman, Knauer (2009), a entra- da das mulheres nas ocupa��es administrativas, como gestoras diminuiu de forma acentuada na d�cada de 1990. Contudo, verificaram que uma maior segrega��o coincidiu com a diminui��o da lacuna relativa a remunera��o entre os g�neros, mas continua existindo uma desigualdade relacionada aos ganhos substanciais de gestores que trabalham em cargos de domina��o feminina.

Zeng (2010) buscou analisar as transi��es em n�veis de autoridade para homens e mulheres de tr�s grandes grupos raciais: brancos, asi�ticos americanos. Os resultados indicam que visivelmente que h� um “teto de vidro”, que demonstra que as mulheres encontram um obst�culo inquebr�vel na busca por posi��es de topo, mesmo depois de j� terem passado pela gest�o de n�vel m�dio.

Uhr et al. (2014) verificaram se existe discrimina��o salarial de g�nero e ra�a no mercado de trabalho

brasileiros. Utilizaram para o estudo, m�todos estat�sticos e dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domic�lios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), para o per�odo de 2002 a 2012. Os resultados evidenciaram ocorr�ncia de discrimina��o salarial entre os g�neros no mercado de trabalho dos administradores.

Os resultados do estudo de Kawaguchi (2015) indicaram que as empresas que apresentam um sistema antigo de contrata��o, ou at� mesmo um sistema interno de promo��o, s�o suscept�veis de ter grandes disparidades salariais por g�nero, acabam empregando menos trabalhadoras do g�nero feminino em tempo integral e t�m menos mulheres na gest�o.

A partir da pesquisa de Mihalčov�a, Pružinsk�a e Gontkovičov� (2015), os autores aduzem que a desigualdade de g�nero continua a ser um fator que afeta o status de homens e mulheres na sociedade, mesmo j� havendo progressos significativos, devido a algumas medidas introduzidas nos �ltimos anos. O que ainda est� no cerne das organiza��es � o fato de olharmos para os homens com um olhar de que s�o l�deres, ambiciosos, racionais e de pensamento l�gico. J� as mulheres s�o vistas como cuidadoras do lar, da fam�lia, o que de certa forma, compromete as oportunidades para obter sucesso no recrutamento nos cargos gerenciais. Ficou comprovado a partir dos resultados do estudo que o efeito dos estere�tipos de g�nero, resultam em baixa representa��o de mulheres nos n�veis s�niores de ger�ncia.

Em rela��o as mulheres na administra��o, Fitzsim-mons e Callan (2016) recentemente desenvolveram um estudo, no qual verificaram que mulheres ainda n�o est�o progredindo para cargos executivos, de CEOs ou como conselheiras. Contudo, o cotidiano das mulheres limita a capacidade destas de acederem, progredindo para cargos executivos em empresas. H� um estere�tipo criado pela sociedade de que “as meninas n�o s�o boas” nos cursos relacionados � ci�ncia, tecnologia, engenharia e matem�tica, influenciando muitas jovens de se afastarem j� no ensino m�dio, destes cursos.

Na Economia, O’Keefe e Wang (2013) estudaram a conex�o entre a produtividade e a compensa��o (sal�rio) de economistas acad�micos da Universidade da Calif�rnia e identificaram que cada publica��o em revista top 10 tem um efeito positivo e significativo no sal�rio anual de 1,5% ou U$ 2,05. As mulheres representam 18% da universidade e seus sal�rios brutos s�o cerca de 9% menores se comparados aos de seus colegas do sexo masculino.

Takahashi e Takahashi (2015) analisaram as diferen�as de dura��o nas promo��es de g�nero nos departamentos de economistas acad�micos japoneses, e identificaram que o per�odo de tempo da nomea��o inicial � promo��o para o professor associado � maior no caso das mulheres, se comparado aos homens, em fun��o principalmente do menor grau acad�mico. As diferen�as de g�nero nas promo��es de professor associado para professor titular s�o mais complexas, visto que, as mulheres sem filhos s�o promovidas mais rapidamente se comparadas aos homens sem filhos. No entanto, casamento e filhos s�o pontos negativos para as mulheres, o que dificulta a promo��o na carreira, se comparadas com os homens casados e com filhos.

Na academia nos tempos contempor�neos, Krawczyk e Smyk (2016) propuseram que especialistas em economia realizassem um experimento para avaliarem estudos cient�ficos, com uma amostra de conte�dos de conhecimento da �rea, para avaliar um artigo escrito por pessoas do sexo feminino e masculino. Sendo assim, as autoras mulheres eram vistas como menos competentes do que os autores homens.

J� na Contabilidade, Hull e Umansky (1997) testaram hip�teses relacionadas aos g�neros como uma explica��o para a segrega��o do trabalho na Contabilidade P�blica. Os resultados indicaram que, por mais que exista discrimina��o com rela��o ao g�nero feminino na Contabilidade P�blica, existem casos em que os homens foram menos valorizados, sendo que as mulheres apresentaram estilos de lideran�a considerados “masculinos”, ou seja, parecidos com os estilos dos homens. Os resultados podem ser interpretados de forma otimista, como uma tend�ncia de aumento de participa��o das mulheres na Contabilidade P�blica.

No estudo de Barker e Monks (1998), os autores compararam o progresso da carreira de homens e mulheres contabilistas da Irlanda e examinaram se as mulheres contadoras. Os resultados evidenciaram que as mulheres enfrentam obst�culos na progress�o da carreira em Contabilidade e que essa � frequente no caso de mulheres que deixam de lado sua vida pessoal.

Objetivando identificar as poss�veis raz�es para as mulheres contabilistas da Mal�sia, deixarem as organiza��es, o estudo de Abidin et al. (2009) utilizou-se de hip�teses e vari�veis relacionadas a participa��o da mulher no �mbito profissional e familiar. O estudo apontou que as mulheres re- presentavam 44,5% da popula��o ativa do pa�s, sendo t�o qualificadas quanto os homens, ocu- pando diversos cargos de confian�a e de gest�o nas organiza��es. Os resultados revelaram que as mesmas entram nas organiza��es com uma faixa et�ria maior que a dos homens e trabalham em um n�vel, cargo inferior. O estudo tem implica��es pr�ticas para os empregadores, considerando as necessidades e problemas das mulheres contabilistas na for�a de trabalho.

Com o objetivo de fornecer informa��es sobre como as pr�ticas das organiza��es constituem e s�o constitu�das por realidades de g�nero, Kornberger, Carter e Ross-Smith (2010) exploraram os efeitos de uma iniciativa de trabalho flex�vel desenvolvida por uma grande empresa de contabilidade, buscando criar um melhor local de trabalho profissional para mulheres. Verificaram que uma das pr�ticas organizacionais adotadas foi o programa de flexibilidade, com vistas a melhorar a progress�o e reten��o de mulheres talentosas em n�veis seniores. Diante disso, tais mulheres poderiam trabalhar em um “ambiente hostil”.

Mota e Souza (2013) descreveram a evolu��o da mulher enquanto profissional da �rea cont�bil e sua contribui��o como agente de transforma��o da sociedade. Para alcan�ar os objetivos propostos tiveram como universo de pesquisa as mulheres com registro no Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRC/MG). O estudo apontou que a mulher tem se destacado ao quebrar paradigmas, vencer preconceitos e superar seus limites, ocupando, assim, seu lugar na sociedade e fazendo a diferen�a no mercado de trabalho.

Outro estudo realizado em rela��o �s diferen�as de g�nero na profiss�o cont�bil foi o de Nascimento e Alves (2014). Os autores investigam se as percep��es entre homens e mulheres atuantes na profiss�o cont�bil s�o divergentes. O estudo foi realizado com 59 contadores p�blicos do Estado do Rio de Janeiro que ingressaram a partir de concurso nos �ltimos tr�s anos. As vari�veis analisadas foram: adequa��o da remunera��o, satisfa��o com a chefia e motiva��o priorit�ria para escolha do concurso realizado. Os resultados apontaram que n�o foi poss�vel perceber diferen�as significativas entre os g�neros.

Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015) realizaram uma pesquisa com o intuito de identificar e entender como os processos de feminiliza��o (predomin�ncia num�rica de mulheres) e feminiza��o (associa��o de atividades como naturalmente femininas) na �rea cont�bil s�o influenciados pelos estere�tipos de g�nero. Os autores realizaram a pesquisa em um escrit�rio de contabilidade, o qual apresentava um quadro bem feminino de funcion�rios (82,5%). A popula��o do estudo compreendeu 33 mulheres e a amostra foi composta por 28 destas. Os resultados evidenciaram que as mulheres possuem uma prepara��o melhor para realizarem as atividades operacionais da �rea, visto que s�o mais detalhistas e flex�veis. Conclu�ram que mesmo com o crescente n�mero de mulheres na profiss�o, a desigualdade de g�nero ainda � mantida na Contabilidade.

Com o objetivo de verificar se as contadoras paranaenses est�o rompendo o glassceiling, Souza, Voese e Abbas (2015) realizaram uma an�lise comparativa entre as mulheres contadoras “jovens” e “maduras”. As informa��es foram coletadas, com aux�lio da plataforma Google Docs, a partir de um question�rio que resultou em 63 respondentes formadas em duas Institui��es de Ensino Superior (IES) do Estado do Paran�. Conclu�ram que, apesar do movimento em dire��o a uma maior igualdade de direitos na sociedade em termos de responsabilidades dom�sticas e familiares e a maior possibilidade de escolha das mulheres, seu progresso profissional ainda tem sido limitado.

Brighenti, Jacomossi e Silva (2015) investigaram evid�ncias de desigualdade de g�nero na atua��o de contadores e auditores no mercado de trabalho do Estado de Santa Catarina. A amostra foi com- posta por 6.861 profissionais de Contabilidade e Auditoria, com inscri��o ativa em 31 de dezembro de 2013 no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Os resultados demonstraram que, mesmo com faixa m�dia de escolaridade igual � dos homens, a remunera��o m�dia das mulheres � inferior, o que sugere evid�ncias de desigualdade de g�nero no contexto do merca- do de trabalho cont�bil catarinense. Em rela��o a remunera��o, constataram ind�cios de desigualdade de g�nero, considerando que os atributos faixa et�ria, tempo de emprego, escolaridade e tamanho de empresa podem justificar as diferen�as nas remunera��es recebidas entre os g�neros.

Silva, Dal Magro e Silva (2016) identificaram as diferen�as de g�nero na profiss�o cont�bil sob a abordagem glassceiling. A pesquisa foi descritiva, documental e quantitativa. Os dados foram extra�dos da Rela��o Anual de Informa��es Sociais (RAIS), em rela��o ao ano de 2013. A popula��o compreendeu os funcion�rios que atuavam na �rea cont�bil em empresas situadas na regi�o Sul do Brasil. J� a amostra foi composta por 34.886 observa��es. Os resultados indicaram que os cargos superiores nas profiss�es de Auditor Cont�bil e de Contador s�o exercidos, predominantemente por homens. Al�m disso, os mesmos recebem remunera��o superior, se comparado as mulheres em fun��es semelhantes. Conclu�ram que existe predomin�ncia do g�nero masculino na �rea cont�bil em empresas de grande porte e, do g�nero feminino em empresas de pequeno e m�dio porte. Al�m disso, que os homens tendem a permanecer mais tempo em cargos da profiss�o cont�bil, em uma mesma empresa.

Os estudos de Mota e Souza (2013) e Nascimento e Alves (2014), ambos da �rea cont�bil, foram as �nicas pesquisas identificadas que abordaram que as mulheres quebraram barreiras e n�o sofrem mais com as desigualdades de g�nero. Diante desse contexto, verifica-se a import�ncia de investigar se ainda h� desigualdades em rela��o ao g�nero na �rea da Ci�ncia Social Aplicadas, em especial nos cursos de Administra��o, Contabilidade e Economia.

3 M�TODO DE PESQUISA

A popula��o da pesquisa � composta pelos profissionais graduados em tr�s cursos ligados � �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas (Administra��o, Ci�ncias Cont�beis e Economia) que constam no Cadastro Brasileiro de Ocupa��o (CBO), mais especificamente aqueles contratados para atuarem como Administrador (CBO 2521.05), Contador (CBO 2522.10) e Economistas (CBO 2512.05) do Brasil perfazendo um total de 143.468 observa��es. J� a amostra compreende 134.532 observa��es de todos os Estados deste pa�s, que possu�am todos os dados necess�rios para a realiza��o deste estudo. O per�odo da pesquisa foi de tr�s 2013 a 2015. Nas Tabelas 1 a seguir � poss�vel verificar a distribui��o da popula��o por ano e por �rea profissional.

Tabela 1

Popula��o do estudo

Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Fonte: Dados da pesquisa.

� poss�vel verificar que a maior popula��o se concentra na �rea profissional de Administra��o, seguida de Contabilidade e por fim, Economia com um n�mero menor em rela��o aos demais. Al�m disso, o ano de 2014 foi o ano que compreendeu o maior n�mero de contrata��es. A seguir, na Tabela 2, evidencia-se a amostra do estudo.

Tabela 2

Amostra do estudo

Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Fonte: Dados da pesquisa.

A amostra do estudo diminuiu significativamente na �rea de profissionais de Administra��o, at� por que, tamb�m compreendeu o maior n�mero de admiss�es em todos os anos analisados, seguido de Contabilidade. Percebe-se ainda, que essa diferen�a � not�vel no ano de 2015. O Quadro 1 descreve as vari�veis do estudo, indicando a categoriza��o n�o m�trica, categoriza��o m�trica e indicando estudos correlatos que adoram a mesma vari�vel.

Quadro 1

Categoriza��o das vari�veis, em ordem alfab�tica

Vari�veis Categoriza��o n�o m�trica Categoriza��o m�trica Autores
Cargo Administrador Contador Economista 01 02 03 Hull e Umansky (1997); Abidin et al. (2009); Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015); Souza, Voese e Abbas (2015); Brighenti, Jacomossi e Silva (2015); Silva, Dal Magro e Silva (2016).
G�nero Masculino Feminino 01 02 Hull e Umansky (1997); Barker e Monks (1998); Abidin et al. (2009); Mota e Souza (2013); Uhr et al. (2014); Nascimento e Alves (2014); Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015); Souza, Voese e Abbas (2015); Brighenti, Jacomossi e Silva (2015); Silva, Dal Magro e Silva (2016).
Idade Em anos 19 a 89 Hull e Umansky (1997); Abidin et al. (2009); Mota e Souza (2013); Uhr et al. (2014); Souza, Voe- se e Abbas (2015); Brighenti, Jacomossi e Silva (2015); Silva, Dal Magro e Silva (2016).
Remunera��o mensal Valores monet�rios R$ 218,00 a R$ 100.000,00 Barker e Monks (1998); Abidin et al. (2009); Nas- cimento e Alves (2014); Uhr et al. (2014); Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015); Brighenti, Jaco- mossi e Silva (2015); Silva, Dal Magro e Silva (20165).

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Para an�lise dos dados utilizou-se o Teste t para comparar amostras emparelhadas no intuito de relacionar o g�nero em cada uma das profiss�es com a remunera��o e idade. Por fim, efetuou-se ainda uma compara��o entre as tr�s profiss�es (Administrador, Contador e Economista), para verificar qual apresenta a maior desigualdade de g�nero, a partir de tabelas e gr�ficos. Vale ressaltar que para rodar o Teste t utilizou-se o software estat�stico SPSS� ano a ano, dentro de cada profiss�o analisada. Foram considerados apenas os emprega- dos admitidos da Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), dispon�veis no s�tio do Minist�rio do Trabalho e Emprego (TEM), na base de Micro dados da Rela��o Anual de Informa��es Sociais (RAIS).

Vale ressaltar que a RAIS foi institu�da pelo Decreto n� 76.900, de 23 de Dezembro de 1975 e tem por objetivo, suprir as necessidadesde controle da atividade trabalhista no Pa�s, prover de dados para a elabora��o de estat�sticas relacionadas ao trabalho e, disponibilizar informa��es do mercado de trabalho para as entidades governamentais (RAIS, 2016).

4 AN�LISE DOS RESULTADOS

Esta se��o apresenta a an�lise e discuss�o dos resultados da pesquisa. Com o intuito de verificar a diferen�a de m�dias do g�nero feminino e masculino com a idade e remunera��o, inicialmente separou-se a an�lise por anos (2013 a 2015) de cada �rea, seguido do resultado das tr�s �reas que comp�em a amostra deste estudo. Inicialmente, � apresentado o Teste t para cada um dos per�odos analisados, na sequ�ncia, procede-se a an�lise comparativa temporal e entre as profiss�es. A Tabela 3 cont�m os resultados do Teste t de m�dias, das tr�s �reas, referentes ao ano de 2013.

Tabela 3

Teste T de M�dia 2013, em ordem alfab�tica de profiss�o

Classifica��o M�dia do per�odo Diferen�a de m�dia Sig.
Administrador
Idade – Masculino 33,02 1,916 0,000*
Idade - Feminino 31,10
Remunera��o - Masculino 3.879,03 932,08 0,000*
Remunera��o - Feminino 2.946,95
Contador
Idade - Masculino 35,09 2,657 0,000*
Idade - Feminino 32,43
Remunera��o - Masculino 4.513,89 1.194,05 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.319,85
Economista
Idade - Masculino 32,41 1,411 0,000*
Idade - Feminino 31,00
Remunera��o - Masculino 5.187,47 1.419,26 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.768,20
Administrador/Contador/Economista
Idade - Masculino 33,67 2,181 0,000*
Idade - Feminino 31,49
Remunera��o - Masculino 4.129,95 1.043,63 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.086,32

Legenda: * Signific�ncia a 5%

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se que houve diferen�a de m�dia para todas as �reas analisadas no ano de 2013 e, signific�ncia estat�stica ao n�vel de 5%. Sendo assim, entende-se que h� desigualdade de g�nero em rela��o a idade e remunera��o dos profissionais nas tr�s �reas de Ci�ncias Sociais Aplicadas.

No que diz respeito � vari�vel idade, os resultados demonstraram que a maior diferen�a de m�dias neste ano � na profiss�o do Contador, pois homens possu�am uma m�dia de 35 anos (35,09) e as mulheres de 32 anos (32,43). Para tanto, a diferen�a de m�dias foi de 2,657. Contudo, percebe-se que essa diferen�a � pequena, mesmo sendo a maior entre as tr�s �reas. Nesse mesmo sentido, � poss�vel verificar que a m�dia da idade de todos os Administradores, Contadores e Economistas variou de 31 a 35 anos, ou seja, existe um pequeno intervalo entre os mesmos.

Tais resultados s�o diferentes do encontrado por Abidin et al. (2009) que verificaram que as mulheres entram nas organiza��es com uma faixa et�ria maior que os homens. J� o estudo de Brighen-ti, Jacomossi e Silva (2015) corrobora, visto que identificaram que mesmo com idade pr�xima a dos homens, a remunera��o m�dia das mulheres � inferior, o que sugere que h� desigualdade de g�nero no contexto do mercado de trabalho cont�bil catarinense, sendo no presente estudo, esse resultado foi verificado no contexto brasileiro, para as tr�s �reas.

Em rela��o aos Economistas, neste ano, foi a que apresentou a maior m�dia de remunera��o, tanto para homens (5.187,47) quanto para as mulheres (R$ 3.768,20), assim como a maior diferen�a de m�dias, de R$ 1.419,26. A profiss�o de Administrador foi a que menos remunerou, por�m, � a que evidenciou a menor diferen�a de m�dias, isto �, a menor desigualdade de g�nero entre os homens e mulheres. No caso, a remunera��o m�dia das mulheres contratadas como administradoras foi 24% inferior � dos homens.

No geral, ao analisar conjuntamente as tr�s �reas, a discrep�ncia entre os sal�rios de homens e mulheres � amenizada, embora estatisticamente significativa. No caso a diferen�a de m�dia foi de 1.043,63, isto �, em m�dia, homens recebiam R$ 1.043,63 a mais, o que representa 25% do que as mulheres, sendo que a remunera��o m�dia foi de R$ 4.129,95 para os homens e de R$ 3.086,32 para as mulheres. Na sequ�ncia a Tabela 4 evidencia-se o Teste t de m�dia para o ano de 2014.

Tabela 4

Teste T de M�dia 2014, em ordem alfab�tica de profiss�o

Classifica��o M�dia do per�odo Diferen�a de m�dia Sig.
Administrador
Idade - Masculino 32,83 1,661 0,000*
Idade - Feminino 31,17
Remunera��o - Masculino 4.055,84 954,30 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.101,54
Contador
Idade - Masculino 34,89 2,319 0,000*
Idade - Feminino 32,57
Remunera��o - Masculino 4.697,73 1.235,42 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.462,31
Economista
Idade - Masculino 30,81 0,768 0,000*
Idade - Feminino 30,05
Remunera��o - Masculino 5.112,91 1.108,10 0,000*
Remunera��o - Feminino 4.004,81
Administrador/Contador/Economista
Idade - Masculino 33,52 1,871 0,000*
Idade - Feminino 31,65
Remunera��o - Masculino 4.312,47 1.066,03 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.246,43

Legenda: * Signific�ncia a 5%.

Fonte: Dados da pesquisa.

Constata-se que houve diferen�a de m�dia na ida- de e na remunera��o das tr�s �reas analisadas. No que tange a idade, � poss�vel verificar que a maior diferen�a de m�dias (2,319) continua sendo para a �rea de Contador, como j� verificado no ano de 2013, sendo que novamente os homens s�o, em m�dia, dois anos mais velhos que as mulheres (2,319).

J� em rela��o a remunera��o, percebe-se que a maior diferen�a de m�dia foi a do Contador (1.235,42), isto �, h� maior desigualdade de g�nero neste ano, se comparar com as outras duas �reas, pois homens recebiam R$ 4.697,73 e mulheres R$ 3.462,31. Por sua vez, a profiss�o do Economista novamente apresentou o maior sal�rio no geral, sendo verificado no g�nero masculino. Se analisar o g�nero feminino, nota-se que o sal�rio das Economistas foi o maior, se comparado com o sal�rio das mulheres nas outras �reas analisa- das. Ressalta-se que a profiss�o do Administrador, mais uma vez foi a menor remunera��o e a menor discrep�ncia de m�dias entre homens e mulheres.

Ao analisar as tr�s �reas que compreendem a amostra, nota-se que houve diferen�a de m�dia em rela��o a idade, mas que foi inferior a dois anos.

A remunera��o do g�nero masculino e feminino, apresentou uma diferen�a de m�dias significativa (1.066,03). Dessa forma, entende-se que homens recebiam em m�dia, R$ 1.066,03 a mais que as mulheres em 2014, o que representa uma varia��o de 25%. Isso por que, a remunera��o m�dia foi de R$ 4.312,47 para os homens e R$ 3.246,43 para as mulheres. A seguir, a Tabela 5 apresenta-se o Teste t de m�dia do ano de 2015.

Tabela 5

Teste T de M�dia 2015, em ordem alfab�tica de profiss�o

Classifica��o M�dia do per�odo Diferen�a de m�dia Sig.
Administrador
Idade - Masculino 33,43 1,564 0,000*
Idade - Feminino 31,87
Remunera��o - Masculino 4.249,50 859,85 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.389,66
Contador
Idade - Masculino 34,97 2,160 0,000*
Idade - Feminino 32,81
Remunera��o - Masculino 4.832,95 1.170,66 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.662,29
Economista
Idade - Masculino 32,01 1,747 0,000*
Idade - Feminino 30,26
Remunera��o - Masculino 5.453,46 1.128,21 0,000*
Remunera��o - Feminino 4.325,25
Administrador/Contador/Economista
Idade - Masculino 33,94 1,774 0,000*
Idade - Feminino 32,17
Remunera��o - Masculino 4.481,66 981,01 0,000*
Remunera��o - Feminino 3.500,65

Legenda: * Signific�ncia a 5%.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se que houve diferen�a de m�dia para todas as �reas analisadas no ano de 2015 e signific�ncia estat�stica. A vari�vel idade evidenciou que houve maior diferen�a de m�dias na profiss�o do Contador, pois homens possu�am uma m�dia de 35 anos (34,97) e as mulheres de 33 anos (32,81), o que resulta em uma diferen�a de m�dias de idade de 2,160. Contudo, nota-se que essa diferen�a � pequena, mesmo sendo a maior entre as tr�s �reas. Nesse mesmo sentido, � poss�vel verificar que a m�dia da idade de todos os Administradores, Contadores e Economistas variou de 30,26 a 34,97 anos, ou seja, diferen�a de 5 anos.

Em 2015, a �rea de Contador, novamente, demonstrou a maior diferen�a de m�dias (1.170,66), bem como a �rea de Economista continuou a apresentar a maior remunera��o m�dia da amostra, sendo de R$ 5.453,46 para homens e R$ 4.325,25 para as mulheres. Destaca-se que a profiss�o de Administrador novamente foi a que menos remunerou e, apresentou a menor diferen�a de m�dias entre os g�neros, ou seja, a menor desigualdade entre os homens e mulheres.

Ao analisar conjuntamente as tr�s �reas, nota-se que houve diferen�a de m�dia em rela��o a ida- de, sendo que este resultado foi significativo. Em rela��o a remunera��o entre homens e mulheres, percebe-se uma diferen�a significativa de m�dia (981,01), indicando que os homes possuem uma remunera��o, em m�dia, 22% superior � das mulheres que atuam nestas �reas de Ci�ncias Sociais Aplicadas, sendo que a remunera��o varia de R$ 4.481,66 para os homens para R$ 3.500,65 para as mulheres.

Na sequ�ncia, apresenta-se uma an�lise qualitativa dos dados, em que se demonstra graficamente a evolu��o da desigualdade de g�nero entre os anos de 2013 a 2015. A Figura 1 ilustra a evolu��o da desigualdade de g�nero em rela��o a remunera��o dos profissionais contratados para atuarem na �rea de Administra��o.

Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Figura 1
Desigualdade de G�nero do Administrador
Fonte: Dados da pesquisa.

No Gr�fico 1, verifica-se que a desigualdade de g�nero dos profissionais da Administra��o, em rela��o a remunera��o, se manteve nos anos de 2013, 2014 e 2015, sendo que a diferen�a da m�dia foi de 932,08, 954,30 e 859,84 respectivamente. Percebe-se que mesmo se mantendo, houve uma pequena redu��o de desigualdade (8%) entre os anos de 2013 a 2015.

Por mais que tenha havido uma pequena redu��o da desigualdade, percebe-se que essa ainda se faz presente no cotidiano dos profissionais formados em administra��o. Sendo assim, os resultados corroboram com o estudo de Cohen e Huffman (2007), estes que destacam que por mais que hajam mulheres na gest�o, tamb�m h� diferen�a salarial entre os g�neros, na qual as mulheres continuam recebendo menos que os homens. Cohen, Huffman e Knauer (2009) tamb�m verificaram que houve uma diminui��o da lacuna relativa a remunera��o entre os g�neros, da mesma forma que os achados do presente estudo, mas afirmam que continua existindo desigualdade. O estudo de Zeng (2010) tamb�m corrobora com os achados dessa pesquisa, visto que identificam que h� um “teto de vidro” na �rea da administra��o, o que demonstra que as mulheres encontram obst�culos dif�ceis de serem superados ao buscarem posi��es de topo. O resultado de Uhr et al. (2014) tamb�m vai ao encontro dos resultados desta pesquisa pois, verificaram que h� discrimina��o de g�nero no mercado de trabalho dos administradores.

Recentemente, os achados dos estudos continuam demonstrando essa desigualdade de g�nero da administra��o. Kawaguchi (2015) verificou que empresas com um sistema antigo de contrata��o, ou at� mesmo um sistema interno de promo��o, apresentam maiores disparidades salariais por g�nero, empregam menos trabalhadoras do g�nero feminino em per�odo integral e possuem menos mulheres na gest�o. Da mesma forma, Mihalcov�a, Pružinsk�a e Gontkovicov� (2015) tamb�m identificaram a baixa representa��o de mulheres nos n�veis s�niores de ger�ncia. Fitzsimmons e Callan (2016) identificaram que h� um estere�tipo criado pela sociedade de que “as meninas n�o s�o boas” em alguns cursos, como a administra��o, fazendo com que o interesse nesse curso fosse reduzido. Da mesma forma, o Conselho Regional de Administra��o do Rio Grande do Sul (2016) frisa que em rela��o � essa �rea, o espa�o das mulheres ainda � limitado e retra�do no Brasil, o que caracteriza essa desigualdade de g�nero. Na sequ�ncia, a Figura 2 ilustra a desigualdade salarial entre g�nero em rela��o aos profissionais de Ci�ncias Cont�beis.

Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Figura 2
Desigualdade de G�nero do Contador
Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da Figura 2, nota-se que a desigualdade de g�nero dos profissionais da �rea de Ci�ncias Cont�beis, no que tange a remunera��o, reduziu do ano de 2013, 2014 e 2015, sendo que a diferen�a da m�dia foi de 1.194,04, 1.235,42 e 1.170,66 respectivamente. Dessa forma, � poss�vel verificar que mesmo havendo um pequeno aumento (3%) na desigualdade no ano de 2014, no ano de 2015 houve uma diminui��o de 5,5% em rela��o ao ano anterior, sendo que esse ano apresentou a menor desigualdade de g�nero.

Os achados v�o ao encontro do resultado de Barker e Monks (1998), pois verificaram que as mulheres enfrentam obst�culos na sua carreira. Al�m disso, conforme Souza, Voese e Abbas (2015) o progresso profissional das mulheres ainda tem sido limitado. Lemos J�nior, Santini e Silveira (2015) salientam que, mesmo com o crescente n�mero de mulheres na profiss�o, a desigualdade de g�nero ainda � mantida na Contabilidade, o que vai ao encontro com os resultados dessa pesquisa. Da mesma forma, Silva, Dal Magro e Silva (2016) verificaram que homens recebem remunera��o superior, se comparado as mulheres em �reas semelhantes, o que caracteriza a desigualdade tamb�m identificada neste estudo.

O resultado em rela��o a desigualdade de g�nero do Contadorvai ao encontro dos achados de Cavalieri e Fernandes (1998), visto que a desigualdade entre os g�neros ainda � not�vel atualmente e, aos achados de Brighenti, Jacomossi e Silva (2015), pois a discrimina��o continua sendo not�vel na realidade social do Brasil.

Na Figura 3, apresenta-se a desigualdade de g�nero dos profissionais da �rea de Economia nos anos analisados.

Por que ainda há desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Figura 3
Desigualdade de G�nero do Economista
Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a Figura 3, percebe-se que houve uma diminui��o acentuada da desigualdade de g�nero em rela��o a remunera��o dos profissionais da Economia, visto que reduziu 21% de 2013 a 2015. O resultado aponta que a diferen�a da m�dia foi de 1.419,27 em 2013, 1.108,10 em 2014 e 1.128,21 no ano de 2015. Diante disso, nota-se que mesmo havendo uma acentuada diminui��o de 2013 a 2014, que representa 22%, houve um pequeno aumento de 2014 a 2015, de apenas 1% na desigualdade de g�nero. Para tanto, este acha- do pode ser explicado pois na Economia, esse cen�rio est� mudando e as mulheres est�o se destacando cada vez mais (EXAME, 2014).

Nesse sentido, os resultados de Cramer et al. (2012) e Salvagni e Canabarro (2015) podem explicar este fato, pois nos �ltimos anos h� uma disputa acirrada no mercado de trabalho entre homens e mulheres, que buscam igualar seus cargos e posi��es hier�rquicas, com o intuito de se destacarem e serem reconhecidas na profiss�o. Consequente- mente, reduzindo a desigualdade e quebrando os estere�tipos constru�dos ao longo dos anos.

Os achados v�o ao encontro do encontrado por O’Keefe e Wang (2013), no qual verificaram que as mulheres apresentam sal�rios 9% mais baixos que dos homens. Nesse sentido, Takahashi e Takahashi (2015), identificaram que ainda h� uma prefer�ncia por homens na academia. Muito disso se deve ao fato de as mulheres terem filhos e fam�lia para cuidar. Ainda, verificaram que as mulheres sem filhos s�o promovidas mais rapidamente se comparadas aos homens sem filhos. Outro estudo que vem ao favor dos resultados da presente pesquisa � o de Krawczyk e Smyk (2016), o qual as autoras mulheres s�o vistas como menos competentes do que os autores homens, o que certa- mente impactar� em outros julgamentos e tomada de decis�es.

A partir desse resultado percebe-se que em todas as �reas analisadas houve a diminui��o da desigualdade de g�nero no per�odo. Contudo, destaca-se que os Economistas apresentaram uma diminui��o significativa em rela��o a desigualdade entre homens e mulheres. No entanto, os achados no geral, se diferem dos resultados obtidos no es- tudo de Nascimento e Alves (2014), no qual n�o foi poss�vel perceber diferen�as significativas entre os g�neros, no que tange a remunera��o.

5 CONSIDERA��ES FINAIS

Este estudo objetivou analisar os aspectos que evidenciam a desigualdade de g�nero na atua��o de profissionais ligados � �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas no mercado de trabalho brasileiro nos per�odos de 2013, 2014 e 2015. A �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas, nesse estudo,� representada pelos profissionais formados nas �reas de Administra��o, Ci�ncias Cont�beis e Economia.

Para atender a quest�o de pesquisa, se h� desigualdades de g�nero na �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas no mercado de trabalho brasileiro, o es- tudo analisou as vari�veis idade e remunera��o dos contratados para atuarem como Administrador, Contador e Economista nos anos de 2013 a 2015 por meio do m�todo estat�stico Teste t de m�dias. Optou-se pelos contratados, para que n�o houvesse influ�ncia no resultado do tempo de em- presa, se considerado o tempo que do profissional nesta �ltima empresa, visto que quando analisado o momento da contrata��o, normalmente n�o h� nenhuma influ�ncia interna na promo��o salarial por m�rito.

Os resultados apontaram signific�ncia nas duas vari�veis, nos tr�s anos e nas tr�s �reas analisadas. Com rela��o a vari�vel idade, o estudo apontou nos tr�s anos analisados, maior varia��o de idade entre os g�neros da �rea cont�bil, menor varia��o de idade entre os g�neros da �rea da Administra��o no ano de 2015 e menor entre os g�neros da �rea da Economia nos anos 2013 e 2014. A partir desse resultado, pode-se perceber como o merca- do v�m se comportando em rela��o a contrata��o de novos empregados.

Com rela��o a vari�vel remunera��o, o estudo apontou que o Administrador possui menor desigualdade de g�nero em todos os anos analisados, o Contador apresentou maior desigualdade em 2014 e 2015 e o Economista apresentou maior desigualdade em 2013. O estudo apontou tamb�m que se comparado 2013 com 2015, todas as �reas mantiveram um decr�scimo na desigualdade dos g�neros, por�m os profissionais da Economia apresentaram diminui��o dessa desigualdade ao longo dos anos analisados.

Al�m disso, o resultado deste estudo apontou que o Economista possui o maior sal�rio m�dio no �ltimo ano analisado, tanto para o g�nero feminino quanto masculino. O Administrador foi o profissional que apresentou menor sal�rio m�dio neste mesmo ano, em ambos os g�neros.

Diante dos resultados conclui-se que, em rela��o ao problema de pesquisa e o objetivo, h� desigualdades de g�nero na �rea profiss�es investigadas ligadas � �rea de Ci�ncias Sociais Aplicadas do mercado de trabalho brasileiro, contudo, contatou-se uma redu��o no ano de 2015, comparativamente aos demais anos. O fato de ainda existir desigualdade � condizente com estudos anteriores. J� a redu��o da desigualdade, indica que algumas a��es desenvolvidas pelo Governo, podem estar surtindo efeitos positivos, no campo profissional estudado.

O estudo contribui com a literatura, visto que a desigualdade � um dos principais indicadores de bem-estar e pode afetar diversos pa�ses em desenvolvimento (DREHER, GEHRING e KLASEN, 2015). Como um exemplo para esta redu��o da desigualdade, tem-se a cidade de Roterd�, considerada uma cidade feminina devido as pol�ticas p�blicas adotadas, colocando as mulheres como s�mbolo de uma nova economia (VAN DEN BERG e CHEVALIER, 2017).

As limita��es da mulher na vari�vel remunera��o podem estar relacionadas a sua experi�ncia. Foram identificadas outras limita��es do estudo, sendo estas a utiliza��o da fonte de coleta dos dados (CAGED), o per�odo analisado. Para tanto, sugere-se expandir essa pesquisa para os anos sub- sequentes, no intuito de verificar se a diferen�a de g�neros na �rea de Ci�ncias Sociais e Aplicadas continua diminuindo ao longo dos pr�ximos anos. Sugere-se tamb�m relacionar os resultados com a experi�ncia, a fim de verificar se h� desigualdade pode ser explicada por esse fato.

REFER�NCIAS

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Notas

[1] Artigo aprovado e apresentado no Congresso de Administra��o, Sociedade e Inova��o – CASI, Universidade Federal de Juiz de Fora-Faculdade de Administra��o e Ci�ncias Cont�beis - 2016

O que falar sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Uma pesquisa realizada pela Catho em 2021 mostra que as mulheres ganham menos que homens em todos os cargos de liderança, cuja diferença média é 34%. Além de salários inferiores, elas ainda se deparam com obstáculos em algumas áreas. Em tecnologia, por exemplo, ocupam apenas 19% dos cargos.

Quais são os principais motivos que contribuem com a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho?

Veja a seguir 4 fatores que contribuem para as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho: Inferioridade salarial. Cargos de liderança. Afazeres domésticos.

Qual a desigualdade da mulher no mercado de trabalho?

Em 2019, as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens. A desigualdade atinge proporções maiores nas funções e nos cargos que asseguram os maiores ganhos. Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens.