Quais as consequências do uso indiscriminado dos agroquímicos para o meio ambiente?

Resumo

O presente artigo busca demonstrar que os diretos fundamentais à alimentação saudável, à saúde e ao meio ambiente estão sendo violados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e que tal prática causa prejuízo à previdência social. Inicialmente, se discorrerá sobre o histórico dos agrotóxicos e sua definição legal, após essa análise, apresenta-se que tal prática acaba por contaminar a água, o solo e os alimentos, causando grandes problemas à saúde e ao meio ambiente e finalmente, demonstra-se os problemas causados à saúde do ser humano, pelo uso indevido dos agrotóxicos, consequências ao cofre da Previdência Social, vez que acabam por aumentar seus gastos. PALAVRAS-CHAVE: Agricultura; Agrotóxico; Meio ambiente; Direitos fundamentais, Previdência social.

FINOM- FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS

IVALDIR DONIZETTI DAS CHAGAS

OS IMPACTOS DOS AGROQU�MICOS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Ivaldir Donizetti das Chagas

MUZAMBINHO

2009

FINOM- FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS

Ivaldir Donizetti das Chagas

OS IMPACTOS DOS AGROQU�MICOS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Artigo apresentado ao curso de p�s gradua��o lato sensu da FINOM/PROMINAS como requisito parcial para conclus�o do curso de Educa��o Ambiental e obten��o do t�tulo de Especialista.

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MUZAMBINHO

2009

OS IMPACTOS DOS AGROQU�MICOS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Ivaldir Donizetti das Chagas1

RESUMO

Este artigo evidencia a utiliza��o de agentes qu�micos na agricultura (agroqu�micos), que sem d�vida acarreta uma s�rie de impactos ambientais quando usado de maneira indevida e p�e em risco a sa�de e a vida humana, al�m de ressaltar alguns dos poss�veis problemas que o ecossistema enfrenta diante do uso indiscriminados destes produtos. Este artigo ainda procura mostrar os leitores atrav�s de uma pesquisa bibliogr�fica as graves conseq��ncias que este uso indiscriminado de agroqu�micos pode trazer ao meio ambiente e a import�ncia da consci�ncia ambiental para um futuro melhor.

Palavras Chave: Meio Ambiente, Agroqu�micos, Agricultura.

Introdu��o

O trabalho agr�cola pode ser considerado uma pr�tica perigosa na atualidade. Dentre os v�rios riscos ocupacionais, destacam-se os agroqu�micos que s�o relacionados a intoxica��es dos seres vivos e diversos outros danos ambientais.

Este trabalho procura levar informa��es aos leitores sobre a import�ncia do uso correto de agroqu�micos e da consci�ncia ambiental j� que, o uso indiscriminado e, muitas vezes incorreto de agroqu�micos no Brasil, assim como em outros pa�ses resulta em n�veis severos de polui��o do meio ambiente e intoxica��o a vida humana.

Partes dos agricultores desconhecem os riscos impostos por esses produtos, conseq�entemente, negligenciam algumas normas b�sicas indispens�veis para a seguran�a no trabalho, partindo desse ponto este trabalho tem a finalidade de mostrar aos leitores a import�ncia do uso correto desses agroqu�micos para preserva��o do meio ambiente e da sa�de humana.

Os agroqu�micos classificam-se em:

1. Os BACTERICIDAS destinam-se ao controle de doen�as causadas por bact�rias.

2. Os NEMATICIDAS s�o destinados ao controle de nemat�ides.

3. Os HERBICIDAS s�o os defensivos destinados ao controle do mato.

4. Os FUNGICIDAS s�o usados no controle de doen�as causadas por fungos.

5. Os INSETICIDAS destinam-se ao controle dos insetos.

6. Os ACARICIDAS s�o os defensivos destinados ao controle de �caros.

O presente artigo apresenta como esse uso indevido e inadequado dos agroqu�micos podem causar grandes danos econ�micos e ambientais � sociedade.Quando usado incorretamente, este causa contamina��o da �gua e dos solos, pois se desloca no meio ambiente, atrav�s dos ventos e �gua da chuva para locais distantes do local aplicado. Ele ainda pode ser respons�vel pelos altos �ndices de intoxica��o verificados entre os produtores e trabalhadores rurais, al�m de provocar a contamina��o dos alimentos.

O uso de agroqu�micos no campo atinge primordialmente os trabalhadores rurais, que manuseiam e aplicam estes compostos. A Organiza��o Mundial de Sa�de estima que ocorreram no mundo at� 2000 cerca de quatro milh�es de intoxica��es agudas causadas por esses compostos, com cerca de 220 mil mortes por ano. Cerca de 70% dos casos registrados ocorreram em pa�ses em desenvolvimento (JEYARATNAM, 1990, p.207).

O uso de equipamentos de prote��o adequados pelo agricultor pode reduzir em at� 100 % a exposi��o (BONSAL, 1985, p.13). Entretanto, devido a quest�es econ�micas, culturais ou desinforma��o quanto ao risco, o uso desses equipamentos, muitas vezes, � prec�rio ou inexistente.

Alguns fatores inter-relacionados atuam como determinantes da amplifica��o e da redu��o do impacto que o uso do agroqu�mico pode acarretar sobre a sa�de das popula��es humanas, tais como: a) o baixo n�vel de escolaridade; b) a falta de uma pol�tica de acompanhamento/aconselhamento t�cnico mais eficiente; c) as pr�ticas explorat�rias de propaganda e venda, por parte das ind�strias produtoras e centros distribuidores de agrot�xicos; d) o desconhecimento de t�cnicas alternativas e eficientes de cultivo; e) a pouca aten��o dada ao descarte de rejeitos e de embalagens; f) a utiliza��o/exposi��o continuada dos agrot�xicos; g) o teor eminentemente t�cnico do material informativo dispon�vel �s popula��es rurais; h) as dificuldades de comunica��o entre t�cnicos e agricultores; i) aus�ncia de iniciativas governamentais eficientes para prover assist�ncia t�cnica continuada aos trabalhadores rurais; e j) a falta de estrat�gias governamentais eficientes para o controle da venda agrot�xicos.

Desenvolvimento

Os Defensivos Agr�colas

O homem vem aprendendo desde a pr�-hist�ria, a praticar a agricultura de uma maneira mais produtiva com a finalidade de assegurar o seu sustento. No entanto ele convive com o problema das pragas que destroem as plantas, as colheitas e os alimentos armazenados, geralmente em grandes quantidades. O combate �s pragas � antigo. Os chineses h� cerca de 1.000 anos atr�s, j� utilizavam compostos de ars�nio, como o sulfeto de ars�nio.

Com objetivo de proteger a sua colheita, o homem desenvolveu os agroqu�micos tamb�m denominados pesticidas, praguicidas ou defensivos agr�colas, etc. Estes produtos qu�micos, ou mistura destes, s�o destinados ao uso, armazenamento e beneficiamento de produtos agr�colas, nas pastagens, na prote��o das florestas e outros ecossistemas urbanos, h�dricos e industriais, a fim de preserv�-las da a��o danosa de seres vivos considerados nocivos, tamb�m empregados como subst�ncias e produtos desfolhantes, dessecantes, estimuladores, inibidores do crescimento e fertilizantes para as plantas.

Sua aplica��o indiscriminada acarreta in�meros problemas, tanto para sa�de dos aplicadores e dos consumidores, como para o Meio Ambiente, contaminando o solo, a �gua, levando � morte plantas e animais.

A agricultura brasileira cada vez mais tem feito uso desses insumos qu�micos, principalmente de agrot�xicos, e isso acarreta numa serie de problemas ecol�gicos.

Segundo Ferrari (1985, p.110) "ate os anos 50 as atividades da agricultura estavam direcionadas para gera��o de produtos (caf� e algod�o, principalmente) para o autoconsumo da popula��o residente no meio rural e alguns poucos n�cleos urbanos". mas com o aumento da popula��o urbana houve a necessidade de aumentar a produ��o agr�cola para abastecer os centros urbanos, utilizando agrot�xicos para combater as pragas mesmo sem saber quais as conseq��ncias que poderiam ser geradas por estes produtos.

De acordo com Ferrari (1985, p.111) a contamina��o de alimentos, polui��o de rios, eros�o de solos e desertifica��o, intoxica��o e morte de agricultores e extin��o de esp�cies animais, s�o algumas da mais graves conseq��ncias da agricultura qu�mica industrial e do uso indiscriminado de agrot�xicos largamente estimulados nos �ltimos 25 anos.

Devido � contamina��o ambiental e aos res�duos de agrot�xicos nos alimentos, podemos tamb�m estimar que as popula��es residentes pr�ximas a �reas de cultivo e os moradores urbanos tamb�m est�o significativamente expostos aos efeitos nocivos destes agentes qu�micos (CARVALHO et al, 2005, p 223).

O Impacto Ambiental

O consumo de agrot�xicos gera um c�rculo vicioso: quanto mais se usa, maiores s�o os desequil�brios provocado e maior a necessidade de uso, em doses mais intensas, de formula��es cada vez mais t�xicas.

A fauna e a flora tamb�m s�o amplamente afetadas com o uso de insumos qu�micos indiscriminados. De acordo com Ferrari (1985, p.112), as terras carregadas pelas �guas das chuvas levam para os rios, lagoas e barragens, os res�duos de agrot�xicos, comprometendo a fauna e a flora aqu�tica, al�m de comprometer as �guas captadas com a finalidade de abastecimento.

Podem tamb�m provocar o aumento das pragas ao inv�s de combat�-las, pois na medida em que se usam insumos qu�micos as pragas tornam-se mais resistentes, necessitando de agrot�xico cada vez mais forte, desse modo, agredindo ainda mais o ambiente dizimando at� os pr�prios predadores naturais das pragas.

Agricultura Industrial, rotulada de moderna e avan�ada, fundamentada na economia e nos imediatos resultados � prote��o das plantas cultivadas contra a a��o das pragas, pat�genos e ervas daninhas invasoras, tem falhado constantemente.

Para a Agricultura Industrial, o objetivo � meramente a produtividade, deixando de lado o equil�brio ecol�gico, tais como: a estabilidade dos sistemas agr�colas: a conserva��o dos recursos naturais (�gua, solo e ar) e a qualidade dos alimentos.

Contamina��o dos Recursos H�dricos pelo excesso de �gua aplicada

O excesso de �gua aplicada na irriga��o retorna aos rios, por meio do escoamento superficial e subsuperficial ou vai para os dep�sitos subterr�neos, por percola��o profunda, arrastando consigo res�duos de fertilizantes, de defensivos, de herbicidas e de outros elementos t�xicos, denominados de sais sol�veis. Os recursos h�dricos assim contaminados requerem tratamento apropriado quando destinados ao suprimento de �gua pot�vel.

A contamina��o das �guas superficiais, notadamente de rios e c�rregos � r�pida e acontece imediatamente ap�s a irriga��o. Tem-se verificado s�rios problemas decorrentes da aplica��o de herbicidas na irriga��o por inunda��o; na irriga��o por sulco, a �gua aplicada carreia, al�m de herbicidas, fertilizantes, defensivos e sedimentos. Tamb�m pode ocorrer de forma mais lenta, por meio do len�ol fre�tico subsuperficial, que recebe fertilizantes, defensivos e herbicidas dissolvidos na �gua aplicada. Essa contamina��o pode ser agravada se houver sais sol�veis no solo, pois, ao se infiltrar, a �gua j� contendo os sais aplicados na lavoura, ainda dissolver� os sais do solo, tornando-se mais prejudicial.

A contamina��o da �gua subterr�nea � bem mais lenta. O tempo necess�rio � percola��o at� o len�ol subterr�neo aumenta com o decr�scimo da permeabilidade do solo e com a profundidade do len�ol. Para atingir um len�ol fre�tico situado a cerca de 30 m de profundidade, dependendo da permeabilidade do solo, podem ser necess�rios de 3 a 50 anos. A� reside um s�rio problema, pois s� muito tempo ap�s � que se saber� que a �gua subterr�nea vem sendo polu�da; esse problema se agrava os poluentes s�o sais dissolvidos, nitratos, pesticidas e metais pesados.

Um estudo geol�gico pr�vio pode revelar concentra��o de sais sol�veis no perfil do solo e indicar as �reas mais favor�veis, ou seja, com menor potencial de contamina��o dos recursos h�dricos. Quanto maiores �s perdas por percola��o e por escoamento superficial na irriga��o, maiores ser�o as chances de contamina��o dos mananciais e da �gua subterr�nea. Torna-se necess�rio, cada vez mais, dimensionar e manejar os sistemas de irriga��o com maior efici�ncia, bem como dosar corretamente os fertilizantes, herbicidas e defensivos.

De acordo com IBGE (1993), 96% da �gua distribu�da no Brasil � analisada e recebe algum tipo de tratamento, como filtra��o e adi��o de cloro e fl�or. Dos 25% da popula��o do pa�s domiciliados em �reas rurais, apenas 9,3% t�m rede de abastecimento de �gua, 57,9% utilizam �gua de po�o ou nascente e 32,8% t�m outra forma de abastecimento. Quanto �s instala��es sanit�rias apenas 1,8% s�o favorecidos pela rede geral, 7,0% utilizam fossa s�ptica, 34,7%, fossa rudimentar, 7,4% usa outro escoadouro e 49,0% n�o disp�em de instala��o sanit�ria. Tamb�m de acordo com o IBGE (1993), 11,2% dos moradores de �reas rurais disp�em de servi�o de coleta do lixo domiciliar, 33,4% queimam ou enterram o lixo e 55,4% o disp�em em terrenos baldios e outros. Outro agravante que age como poluente difuso � o uso de fertilizantes e agrot�xicos no pa�s.

De acordo com dados do GARDA et al. (1996, p.137), das 3.186.276 T de agrot�xicos usadas, 300.000 T cumprem a sua fun��o. O restante contamina o solo e a �gua. Para os fertilizantes, das 1.832.658 T distribu�das, 750.000 T s�o aproveitadas, sendo o restante carreado por �guas de chuva, chegando a atingir o len�ol fre�tico.

Conclus�o

Com esta pesquisa pode-se concluir que todos os impactos causados pelo uso incorreto dos agrot�xicos resultam em danos diretos ou indiretos ao homem. A contamina��o dos solos, ar, �gua, fauna e flora ocasionada pelo seu uso incorreto traz in�meros problemas tanto para o meio ambiente quando para a sa�de dos seres vivos

Como base no exposto, fica evidente a necessidade e import�ncia de uma educa��o o do p�blico em geral, no sentido do uso correto dos defensivos t�m a sua parcela grande de import�ncia na forma��o de uma atitude cultural adequada dos usu�rios.

REFER�NCIAS

BONSALL, J.L. Measurement of occupational exposure to pesticide.In: Occupational Hazards of Pesticides Use. Ed. Turnbull, G.S.; Francis and Taylor, London, pp. 13-33, 1985. Traduzido por Eur�pedes Malavolta, 1987.

CARVALHO R e PERES F. Neoliberalismo, el Uso de Pesticidas y la Crisis de Soberan�a Alimentaria en el Brasil. In: Breilh J, organizador. Informe Alternativo Sobre La Salud en America Latina. Quito: CEAS; 2005. p. 223-224.

FERRARI, Antenor. Agrot�xico: a praga a domina��o. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. p. 110-112.

GARDA, E. C. et al. (1996). Atlas do meio ambiente do Brasil. 2a ed. Bras�lia, EMBRAPA p.137-138 .

IBGE (2003). Desenvolvimento sustent�vel.Dispon�vel. em URL: http://www.ibge.gov.br/home/. Acessado 10/09/2009.

JEYARATNAM, J. Occupational health issues in development countries. In: Organiza��o Mundial da Sa�de. Public Health impact of pesticides used in agriculture, Geneva,207. 2000. Traduzido por OMS, 2000.

MATUO, T. T�cnicas de aplica��o de defensivos agr�colas. Jaboticabal: FUNEP, 1990. 139 p.

WHO.World Health Organization. Dispon�vel. em URL: http://www.cdc.gov/niosh/pestsurv/default.html#mmwr. Acessado 10/09/2009.

Autor: Ivaldir Chagas

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Quais as consequências do uso indiscriminado dos agroquímicos para o ambiente?

111) a contaminação de alimentos, poluição de rios, erosão de solos e desertificação, intoxicação e morte de agricultores e extinção de espécies animais, são algumas da mais graves conseqüências da agricultura química industrial e do uso indiscriminado de agrotóxicos largamente estimulados nos últimos 25 anos.

Quais são as consequências do uso de agroquímicos?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, compilados no Dossiê da ABRASCO, as principais doenças relacionadas à intoxicação por agrotóxicos são: arritmias cardíacas, lesões renais, câncer, alergias respiratórias, doença de Parkinson, fibrose pulmonar, entre outras.

Quais as principais consequências do uso indiscriminado de agrotóxicos?

Se por um lado essas transformações geram aumento da produtividade, por outro provocam a exclusão social, migração rural, desemprego, concentração de renda, empobrecimento da população rural e danos à saúde e ao meio ambiente – desmatamento indiscriminado, manejo incorreto do solo, impactos do uso de agrotóxicos, ...

Quais as consequências do uso de agrotóxicos em relação à viabilidade ambiental?

Seu uso pode desencadear contaminação e poluição do solo, água e até mesmo do ar, sendo extremamente nocivo para os seres vivos. Essa contaminação não é perceptível imediatamente, pois só gera consequências ao longo do tempo e, por isso, continuam sendo usados indiscriminadamente nos campos do país.