Quais os cuidados básicos ao cateter vesical de demora?

Indivíduos que vivem com um cateter vesical de demora ou tem indicação de cateterismo intermitente, bem como seus cuidadores, podem ter dúvidas quanto ao funcionamento dos dispositivos e quanto à realização do procedimento. No cateterismo intermitente, os usuários e cuidadores podem sentirem-se inseguros quanto a técnica de realização e periodicidade da troca. A equipe de saúde deve estar atenta para fornecer as orientações necessárias, visando promover a confiança na realização do procedimento e a adesão a longo prazo da técnica adequada [1]. No cateterismo contínuo, podem haver dúvidas quanto à fixação e o esvaziamento da bolsa coletora, além de cuidados gerais com o catéter. Os usuários e/ou cuidadores devem receber informações de como conviver com um cateter de demora e seus possíveis problemas. Escuta, observação e avaliação qualificadas podem contribuir para o bom manejo dos cateteres. Além disso, os usuários devem receber orientações sobre quando buscar a equipe de saúde ou o serviço de emergência e sobre quais sinais e sintomas de alarme devem ficar atentos [1,2]. 

É importante orientar que o cateterismo vesical é uma possibilidade de drenagem de urina quando não há esvaziamento vesical espontâneo adequado, excluindo-se os casos de suspeita de trauma de uretra [3]. O manejo da retenção urinária, aguda ou crônica, como por exemplo causada pela bexiga neurogênica consiste na utilização de cateteres urinários, seja de forma intermitente ou contínua [4].

Abaixo estão descritas orientações específicas para pessoas em uso de cateter vesical contínuo ou intermitente.

Cateter vesical contínuo

O cateterismo vesical contínuo consiste na inserção de um cateter uretral ou supra-púbico (cistostomia) permanente. Pessoas em uso de cateter vesical contínuo devem observar  os cuidados diários a seguir [2]:

  • Higienizar o meato uretral ou o orifício da cistostomia com água e sabão durante o banho diário. É desnecessária a utilização de qualquer produto desinfetantes ou antibacteriano no local;
  • Lavar as mãos antes e depois de manipular o sistema de cateterismo;
  • Evitar desconectar o cateter da bolsa coletora desnecessariamente;
  • Esvaziar a bolsa coletora periodicamente, observar a indicação do nível máximo de armazenamento de acordo com o fabricante.  Ao esvaziar, evitar o contato da torneira de drenagem com o vaso sanitário ou outro recipiente coletor;
  • Garantir a perviedade do sistema – orientar atenção especial a dobras no cateter, no tubo que conecta o cateter até a bolsa ou na própria bolsa coletora. O coletor deve ser sempre posicionado abaixo do nível da bexiga (como referência utiliza-se a sínfise púbica) para evitar refluxo de urina.

O vazamento de urina ao redor do cateter pode ser causado por obstrução ou por incompatibilidade entre a uretra e o tamanho do cateter [4].

Não há evidência definitiva na literatura sobre intervalo ótimo para troca da sonda vesical de demora (via uretral ou via suprapúbica) nos pacientes que necessitam do uso da sonda por longo período. Por essa razão, não há recomendação de intervalo fixo para a troca. Para saber mais, acesse aqui.Cateter vesical intermitente

O cateterismo intermitente consiste em esvaziamento vesical, com intervalos programados, sendo o cateter retirado imediatamente após a drenagem de todo o volume de urina. Pessoas em regime de cateterismo vesical intermitente devem observar os cuidados diários a seguir [1]:

  • utilizar técnica limpa;
  • o procedimento pode ser realizado pelo próprio paciente (se houver destreza manual e cognitiva) ou por um cuidador;
  • realizar a sondagem em intervalos regulares, geralmente 4 a 6 vezes ao dia, mantendo volumes 300 a 500 ml. O intervalo deve ser diminuído se o volume drenado for superior a 500mL, para evitar hiperdistensão vesical.

Não há consenso sobre a possibilidade de reutilização de cateteres em pessoas que encontram-se em ambiente domiciliar. Os dados disponíveis não fornecem evidências claras da superioridade do uso único. A decisão deve ser baseada no julgamento clínico e em decisão conjunta com o paciente [3]. Caso se opte pela reutilização, um mesmo cateter pode ser utilizado por até 7 dias, quando respeitados os cuidados de higiene e armazenamento [5].

Orientar [5]:

  • lavar o cateter, por fora, com água e sabão e deixar correr água por dentro durante 10 segundos;
  • secar com uma toalha limpa;
  • guardar dentro da geladeira em um pote com tampa, seco e limpo;
  • não colocar no congelador ou freezer;
  • observar a integridade do cateter.

O paciente deve ser orientado a buscar atendimento ou comunicar equipe de saúde caso apresente algum dos sintomas abaixo, que podem ser indicativos de infecção [6], ou  ainda em caso de trauma resultante da sonda:

  • dificuldade na sondagem;
  • sangramento uretral ou na urina;
  • febre ou calafrios;
  • dor lombar;
  • dor supra-púbica.

Urina turva e mal cheirosa pode ser indicativo de estase urinária ou baixa ingesta hídrica. Não deve ser utilizada como critério para diagnóstico de infecção [4,6]. Na ausência de sintomas clínicos de infecção, orienta-se aumentar a ingesta hídrica e intensificar a rotina de sondagens [2,7].

Acesse aqui o informativo para ser disponibilizado às pessoas que convivem com cateteres vesicais.

Referências:

  1. Vahr S, Cobussen-Boekhorst H, Eikenboom J, Geng V, Holroyd S, Lesteret M, et al. Catheterisation Urethral intermittent in adults Dilatation, urethral intermittent in adults. Arnhem: European Association of Urology Nurses; 2013. Disponível em: https://nurses.uroweb.org/wp-content/uploads/2013_EAUN_Guideline_Milan_2013-Lr_DEF.pdf.
  2. Geng V, Cobussen-Boekhorst H, Lurvink H, Pearce I, Vahr S. 2016 Evidence-based Guidelines for Male external catheters in adults European Association of Urology Nurses Male external catheters in adults. Arnhem: European Association of Urology Nurses; 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/333825234_2016_Evidence-based_Guidelines_for_Male_external_catheters_in_adults_European_Association_of_Urology_Nurses_Male_external_catheters_in_adults.  
  3. Blok B, Pannek J, Castro-Diaz D, Del Popolo G, Groen J, Hamid R, et al. European Association of Urology (EAU) guidelines on neuro-urology. Arnhem: European Association of Urology; 2018. Disponível em: https://uroweb.org/guideline/neuro-urology/. 
  4. Schaeffer AJ. Placement and management of urinary bladder catheters in adults [Internet]. Waltham (MA: UpToDate; [atualizado em 24 Mar 2021, citado em 21 Dez 2020]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/placement-and-management-of-urinary-bladder-catheters-in-adults.
  5. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Serviço de Enfermagem em Saúde Pública. Manual de orientações Cateterismo intermitente. Vol.35. Porto Alegre: HCPA; 2015.
  6. Fekete T.Catheter-associated urinary tract infection in adults [Interne]. Waltham (MA): UpToDate; [atualizado em 24 Mar 2021, citado em 13 Jan 2021]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/placement-and-management-of-urinary-bladder-catheters-in-adults. 
  7. Assis GM. Cateterismo intermitente limpo: manual ilustrado de orientação ao usuário (adulto). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Hospital de Clínicas; 2015.

Como citar esse documento:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS). Como orientar sobre o uso de cateter vesical? Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS; Jun 2021 [citado em dia, mês abreviado e ano]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/como-orientar-sobre-o-uso-de-cateter-vesical/

Quais os cuidados do cateter vesical de demora?

Orientações de alta ao paciente em uso de Sonda Vesical de Demora.
Lava bem as mãos com água e sabão antes e depois de manusear a sonda..
Sempre deixar sua sonda presa na coxa com fita (esparadrapo ou micropore) para que não ocorra tracionamento da mesma..
Nunca deixar a bolsa coletora no chão..

Quais os cuidados a serem tomados na manutenção dos cateteres urinários?

Manutenção do cateter urinário Manter o fluxo de urina desobstruído; Esvaziar a bolsa coletora regularmente; Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga; Não realizar irrigação do cateter com antimicrobianos nem usar antissépticos tópicos ou antibióticos aplicados ao cateter, uretra ou meato uretral.

Qual o manuseio correto do cateter vesical?

– Não deixar o sistema aberto, para evitar contaminação, e clampear o sistema somente para movimentação do paciente, ou se houver risco de refluxo urinário. No caso de transporte, manter o clamp aberto e o sistema de drenagem abaixo do nível da bexiga (mesmo que o coletor tenha válvula anti-refluxo);

Qual a indicação da SVD sonda vesical de demora e quais os cuidados de enfermagem?

1 – Observar o aspecto e a quantidade de urina drenada;.
2 – Manter uma boa fixação da sonda, intercalando as fixações a cada troca;.
3 – Realizar troca da fixação a cada 24 horas ou quando for necessário;.
4 – Manter a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga, para que a drenagem seja feita de forma adequada;.