Quais problemas ambientais podem surgir com a diminuição das populações de abelhas?

O número de abelhas diminui a cada dia e a consequência é um impacto negativo na agricultura

Quais problemas ambientais podem surgir com a diminuição das populações de abelhas?

Foto: Bob Peterson

Por Daiane Tadeu e Mariane Borges

Apesar desses pequenos animais serem lembrados apenas pelo mel que produzem – ou então pela dor da sua picada – , a relevância deles para a natureza é muito maior. As abelhas são fundamentais no processo de polinização. Sua importância é tão grande que, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 85% das plantas com flores das matas e florestas e 70% das culturas agrícolas dependem dos polinizadores. Sem elas, as plantas não seriam capazes de se reproduzir e gerar frutos.

Estima-se existir 20 mil espécies de abelhas, e o desaparecimento desses insetos deve-se ao aumento da taxa de mortandade desses animais no campo. Uma possível explicação para esse fato é o uso intenso de agrotóxicos na agricultura.

O professor Osmar Malaspina, em sua pesquisa desenvolvida pelo Centro de Estudos de Insetos Sociais (CEIS) da UNESP de Rio Claro – SP, busca compreender o fenômeno do desaparecimento desses insetos.

Segundo Malaspina, a mortandade de abelhas aumenta com o uso de agrotóxicos, visto que a maior parte desses produtos é inseticida. Dessa forma, apesar de não serem os alvos, as abelhas acabam sendo contaminadas e morrem. Isso pode ocorrer devido ao contato direto com o produto, ou pela ingestão de pólen e néctar contaminados.

Quais problemas ambientais podem surgir com a diminuição das populações de abelhas?

Foto: Austin Valley

O professor afirma que existem inúmeros impactos causados na agricultura devido a diminuição do número de abelhas. O primeiro é a redução na quantidade de produtos gerados por elas, reduzindo os ganhos econômicos dos apicultores. O segundo é a diminuição de agentes polinizadores, tendo como consequência a redução drástica na quantidade de alimentos produzidos em toda cadeia produtiva ligada às diversas culturas.

O terceiro impacto é a redução na manutenção da biodiversidade das diferentes espécies vegetais, uma vez que a diminuição de polinizadores, pode levar ao desaparecimento de algumas espécies que são totalmente dependentes desses insetos.

Malaspina observa que dentre as possíveis soluções para este problema está o estabelecimento de políticas públicas, visando a proteção dos polinizadores, como a mais importante. Várias ações desse tipo podem ser propostas, como a utilização correta dos inseticidas, principalmente a diminuição da quantidade e concentração em sua aplicação. E também o desenvolvimento de produtos mais específicos no controle das pragas.

O trabalho das ONGS

Visando atentar a população e criar medidas que ajudem na proteção da espécie, surgiram algumas ONGs dedicadas a isso. Uma delas é a Bee Or Not To Be, fundada pelo professor Lionel Gonçalves, idealizador da campanha “Sem Abelha Sem Alimento”. Para saber mais, clique na imagem abaixo.

Quais problemas ambientais podem surgir com a diminuição das populações de abelhas?

Recentemente, os apicultores detetaram uma grande redução no número de colónias de abelhas, especialmente nos países no Oeste da União Europeia (UE), como França, Bélgica, Espanha e Holanda. Contudo, muitos outros países no mundo, como os EUA, a Rússia e o Brasil, estão a experienciar o mesmo problema, o que significa que estamos perante uma crise global.

A ameaça da extinção dos polinizadores

Este tema tem atraído muita atenção, uma vez que as abelhas e outros insetos polinizadores são essenciais para os nossos ecossistemas e biodiversidade. Menos polinizadores é sinónimo de um declínio de várias espécies de plantas, que podem até desaparecer, por dependerem destes animais, direta ou indiretamente. Para além disto, a diminuição do número ou da diversidade das populações de polinizadores tem um impacto na segurança alimentar, com a queda do rendimento de algumas pastagens agrícolas.


Para lidar com este problema e complementar os esforços a nível nacional e da UE, a Comissão Europeia apresentou a primeira iniciativa a nível europeu nesta matéria - a “Ação da UE relativamente aos polinizadores”, em 2018, que dá particular atenção aos insetos polinizadores selvagens. A iniciativa pretende elucidar a população sobre o declínio destas espécies, travar as suas causas e sensibilizar para o assunto.


Poucas plantas têm a capacidade de autopolinização; a grande maioria depende de animais, do vento ou de água para se reproduzir. Para além das abelhas e de outros insetos, um grande número de outros animais, desde morcegos, até pássaros e lagartos, que procuram o néctar das flores, até macacos, roedores ou esquilos, podem ser polinizadores. Com diminuição das populações de abelhas, os apicultores de várias regiões do mundo começaram a polinizar manualmente os seus pomares.

Abelhas na Europa

Na Europa, os polinizadores são, maioritariamente, abelhas e sirfídeos, mas também borboletas, traças, alguns besouros e vespas. A abelha ocidental doméstica é a espécie mais conhecida, e normalmente está associada à produção de mel através da apicultura. Mas a Europa tem cerca de 2 mil espécies selvagens. A ideia de que estes “polinizadores domesticados” contribuíam para grande parte da polinização foi recentemente desafiada por estudos recentes, que mostraram que, pelo contrário, as abelhas complementam, mas não substituem os polinizadores selvagens.

Porque estão a desaparecer os polinizadores?


Atualmente, não há dados científicos que consigam clarificar a questão, mas as evidências apontam para um claro declínio das populações de polinizadores devido, sobretudo, a atividades humanas.

As duas espécies mais estudadas são as abelhas e as borboletas e as investigações mostram que uma em cada dez espécies de abelhas e borboletas está em risco de extinção na Europa. Os cientistas ainda não encontraram uma explicação para tal situação.

Os polinizadores são expostos a vários fatores que podem contribuir para este quadro. Entre as ameaças mais frequentes encontram-se as alterações na utilização dos solos, para a agricultura ou para a construção de edifícios, que resultam muitas vezes na perda ou degradação de habitats.

A agricultura intensiva torna as paisagens homogéneas e pode levar ao desaparecimento da flora, reduzir o número de alimentos ou os locais onde os pássaros podem fazer os seus ninhos. Os pesticidas e outros poluentes podem também afetar os polinizadores - diretamente (inseticidas e fungicidas) e indiretamente (herbicidas) - e, por esta razão, o Parlamento Europeu sublinhou a importância da sua redução como uma prioridade.

As espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças são particularmente perigosas para as abelhas. As alterações climáticas, que estão a provocar o aumento das temperaturas e eventos meteorológicos extremos, também contribuem para esta problemática.

Qual é a consequência da diminuição da quantidade de abelhas na natureza?

Sem a presença de polinizadores, a produção de alimento cairá significativamente, causando fome e consequentemente morte. Sem animais para dispersarem as sementes dos frutos que comeram, não há germinação de plantas, que não florescerão e não produzirão frutos, ou seja, é uma devastação em cadeia”, alerta.

Quais são os possíveis problemas para a redução da população das abelhas?

A partir das informações obtidas e analisadas na presente revisão, foi possível constatar que os desmatamentos, as queimadas, a urbanização, o manejo inadequado, as variações climáticas, os agentes patogênicos, as ondas magnéticas, as monoculturas e os agrotóxicos são relevantes como agentes causais no processo de ...

O que pode acontecer com a extinção das abelhas?

Como alertava Einstein “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”

O que poderia provocar a redução da população de abelhas polinizadoras?

O uso intensivo de fertilizantes químicos, a destruição e degradação de áreas florestais e o agravamento das mudanças climáticas são as causas do declínio das populações de insetos polinizadores, como abelhas, moscas e borboletas, ao redor do mundo.