Partindo do pressuposto de que para medir o avanço de uma população não se deve considerar somente os aspectos econômicos, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) criou o conceito de Desenvolvimento Humano e de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é a base do Relatório de Desenvolvimento Humano publicado desde 1990, em dezenas de idiomas e em mais de 100 países. Show
Idealizado pelo economista paquistanês Mahbud ul Haq (1934-1998), com a colaboração do indiano Amartya Sem, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado para medir o avanço dos países, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e, ao mesmo tempo, ser uma medida geral, sintética do desenvolvimento humano. Naturalmente, não pode abranger todos os aspectos do desenvolvimento, nem representar um "índice de felicidade" das pessoas, nem muito menos indicar qual é o melhor lugar do mundo para se viver. Como funciona o IDHO IDH varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total. Um índice até 0,499 significa um baixo desenvolvimento humano. De 0,5 a 0,799 representa um desenvolvimento médio e, quando ultrapassa 0,8, o desenvolvimento é considerado alto. O cálculo do IDH leva em conta o PIB per capita, depois de corrigido pelo poder de compra da moeda de cada país, mas também considera dois outros componentes: a educação e a longevidade. A educação é avaliada a partir da taxa de analfabetismo e de matrícula em todos os níveis de ensino. Para aferir a longevidade, utilizam-se os números de expectativa de vida ao nascer. Convém notar que o item longevidade não mostra somente a quantidade de anos que uma pessoa nascida em determinada localidade, num ano de referência, deve viver. Ele também sintetiza as condições de saúde e de salubridade no mesmo local, já que a expectativa de vida é diretamente proporcional às condições sanitárias e ao número de mortes precoces. Referência mundialAos poucos, o IDH se tornou uma referência mundial e permitiu a criação de um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) que permite aferir as condições de vida no interior de um mesmo país, de modo a orientar as políticas públicas para o desenvolvimento dos locais mais atrasados. No Brasil, por exemplo, existe um "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil", elaborado pela seção brasileira do PNUD. Mas não se pode deixar de dizer que o IDH, amplamente utilizado como principal instrumento de medida em vários países, é visto com reservas por muitos especialistas. Por limitar sua abordagem a apenas três variáveis (educação, longevidade e PIB per capita), o IDH, segundo os estudiosos, sempre resultou somente numa avaliação sintética do desenvolvimento do país. Além disso, sua utilização indiscriminada fez com que o IDH se transformasse, do ponto de vista da opinião pública, num mero instrumento de classificação dos países e não uma medida de orientação de políticas públicas.
PROCESSO PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS DADOS E INDICADORES DE SAÚDEConteúdoCritérios, processos, participação de atores envolvidos e estratégias práticas para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde. ObjetivoAnalisar estratégias para avaliação de indicadores de saúde de boa qualidade. AO FIM DESTE CAPÍTULO, O LEITOR SABERÁ DEFINIR:
Voltar ao menu principal 4.1 INTRODUÇÃONo Capítulo 1 foram detalhados os atributos de um bom indicador. Recordando, um indicador deve ser mensurável, factível, válido, oportuno, reprodutível e sustentável, relevante e compreensível. Além disso, é preferível que os indicadores estejam estratificados por indivíduo, espaço e tempo. Neste capítulo são examinadas as estratégias práticas para avaliar a qualidade dos indicadores de saúde. Convém ressaltar que dispor de fontes de dados de boa qualidade ajudar a criar indicadores de boa qualidade. Também deve ser mencionado que, além da qualidade das fontes e dados, o desempenho do indicador deve medir o que se supõe que deva medir. 4.2 DEFINIÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO INDICADOR DE SAÚDE A SER AVALIADOPara poder avaliar um indicador, seu propósito e atributos precisam ser bem definidos. Ter uma definição clara do indicador vai além de conhecer e descrever adequadamente o numerador e o denominador (se assim for construído). Algumas publicações (RIPSA, UNAIDS e a Lista de Referência Global da OMS de 100 Indicadores Essenciais) são referências úteis para esta análise (1-3).
Exemplos: Model of a technical file for defining and characterizing health indicators from the PAHO Strategic Plan (Anexo) e indicadores selecionados da Lista Global de Referência de 100 Indicadores Básicos (Planilha Excel). 4.3 PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SAÚDEA avaliação dos indicadores de saúde deve envolver, se possível, os responsáveis pela produção, análise e interpretação dos dados e informação. Estes responsáveis devem conhecer os processos a serem realizados para monitorar as tendências e os contextos locais, regionais e nacionais. Convém lembrar que a maioria dos dados e informação em saúde é produzida ao nível local por pessoal de saúde local que conhece melhor as características, pontos fortes e as limitações desses dados e a informação derivada. Sempre possível, o pessoal local deve participar da primeira fase do processo. Os geradores, gerenciadores e usuários dos dados devem estimular uma cultura que valorize a informação e incentive a coleta e gerenciamento de dados. As iniciativas de capacitação em andamento sobre coleta, gerenciamento, avaliação e análise de dados são muito importantes para melhorar a capacidade nacional, sobretudo ao nível local. Como salientado anteriormente, a qualidade dos indicadores depende da qualidade dos dados e de suas fontes. Deve-se incentivar todos os principais atores envolvidos, inclusive os que geram os dados e os administradores dos sistemas de informação, tanto usuários como avaliadores, a conhecer os pontos fortes e fragilidades do sistema. Os sistemas de informação em saúde que não conseguem proporcionar as bases para tomada de decisão em saúde contribuem para o desperdício dos escassos recursos e falta de informação confiável. Um sistema de informação em saúde eficiente gera produtos que têm valor cada vez maior para gerar melhorias na atenção de saúde. A necessidade de dispor de informação em saúde de qualidade de forma contínua é um forte motivo para fortalecer e usar sistemas nacionais de informação em saúde e fazer recomendações sobre as limitações inerentes destes sistemas de informação. Como o setor de saúde é influenciado por uma ampla variedade de fatores, muitos dos quais não estão vinculados à prestação de serviços de saúde, é importante colaborar com outros setores (como outras agências governamentais, universidades e os centros de pesquisa). Parte dos principais interesses desses setores requer definir, elaborar, analisar e usar indicadores de saúde. Portanto, a colaboração intersetorial melhora e otimiza a qualidade e a relevância dos indicadores de saúde e incentiva a tomada de decisão baseada em evidências em todos os setores. 4.4 ETAPAS PARA AVALIAR A QUALIDADE DOS INDICADORES DE SAÚDEAlguns autores formularam diretrizes para a avaliação dos dados e indicadores de saúde (3-4). Contudo, existem alguns aspectos fundamentais que podem ser aplicados na avaliação de indicadores de saúde, descritos nas etapas a seguir. Passo 1. Examinar a integridade dos dados completos e válidos que compõem o indicador
Do passo 2 a 5 são avaliados os valores observados e esperados para o indicador em diferentes situações, segundo as características do indivíduo, espaço e tempo. Com esta avaliação, serão respondidas as três perguntas a seguir:
Passo 2. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de indivíduo O indicador é consistente com as características do indivíduo? Analisar a consistência considerando do indicador, considerando as variáveis do indivíduo (sexo, idade etc.) provenientes da fonte de dados, por categorias relevantes para o indicador considerado. Observar os valores do indicador segundo essas variáveis e analisar se fazem sentido. Os resultados são consistentes com o que se espera obter para esses subgrupos da população? Por exemplo, se o indicador for a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, a distribuição observada desse indicador segundo sexo e idade deve, no mínimo, refletir maior risco em certos grupos (por exemplo, indivíduos do sexo masculino com idade mais avançada). A verificação de que a magnitude mais alta destes indicadores é consistente com os grupos esperados de ter maior risco de doença reforça a credibilidade na qualidade do indicador. Passo 3. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de espaço O indicador é consistente no espaço? Realizar uma análise, se possível, da distribuição espacial do indicador (por municípios, estados, área de residência urbana versus rural). A maioria dos indicadores tem um padrão espacial esperado segundo a distribuição conhecida dos principais fatores de risco (por exemplo, pobreza, população jovem ou idosa, áreas mais ou menos urbanizadas). Examinar se o padrão do indicador considerado condiz com o que seria esperado ou relevante para suspeitar da qualidade. A Tabela 4 apresenta a média de indicadores selecionados para as sub-regiões da Região das Américas. Estes valores podem ser usados como referência para avaliar a consistência dos indicadores nos países. Ao fim deste capítulo há um link para a lista dos indicadores básicos publicados pela OPAS e suas tendências. Tabela 4. Indicadores selecionados da Região das Américas e sub-regiões
* UAD = último ano disponível Passo 4. Examinar a consistência do indicador estimado quanto aos atributos de tempo O indicador é consistente no tempo? Realizar uma análise, sempre que possível, das tendências do indicador no tempo (anos, meses, semanas, entre outros). Vários indicadores têm um caráter cíclico conhecido, ou seja, apresentam variação cíclica ou tendências históricas esperadas que podem servir como referência para a análise da uniformidade. A maioria dos indicadores também apresenta flutuações lentas nas tendências temporais, com aumento ou declínio discreto sem variação brusca, exceto em situações especiais. Grandes flutuações temporárias dos indicadores no tempo podem indicar:
Passo 5. Examinar a plausibilidade da magnitude do indicador estimado segundo outras fontes de dados Comparar a magnitude obtida para o indicador com as informações existentes e as evidências obtidas de outras fontes de dados. O resultado da mensuração do indicador é plausível considerando o que se sabe a respeito? A magnitude é plausível considerando as estimativas feitas com outros métodos (métodos indiretos, pesquisas ou outras fontes de dados)? A magnitude é plausível considerando o contexto atual da população em que foi estimado o indicador? A magnitude é plausível considerando os fatores de risco presentes nesta população? E considerando os valores para o mesmo indicador estimados em outros países, estados ou municípios em condições melhores ou piores? Por exemplo, a observação de baixa razão de mortalidade materna em países com atendimento precário de saúde da mulher na gravidez, parto e puerpério e qualidade limitada dos sistemas de vigilância nacionais limitados levantam dúvidas sobre a qualidade do indicador. A comparação deste indicador com o de outros países com um nível de atenção de saúde mais alto ajuda a esclarecer a disparidade percebida. 4.5. AVALIAÇÃO DOS DADOS DE MORTALIDADEUm dos trabalhos mais recentes é o de AbouZahr et al. (4), que propõe 10 passos para avaliar os dados de mortalidade, a saber:
LINKS DE INTERESSE
REFERÊNCIAS1. Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA). Indicadores básicos para a saúde no Brasil. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf 2. Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Indicator Standards: operational guidelines for selecting indicators for the HIV response. Disponível em inglês em: http://www.unaids.org/sites/default/files/sub_landing/files/4_3_MERG_Indicator_Standards.pdf 3. Organização Mundial da Saúde (OMS). Global Reference List of 100 Core Health Indicators, 2014. Disponível em inglês em: https://www.who.int/healthinfo/indicators/2015/en/ [consultado em março de 2017]. 4. AbouZahr, C. et al. Mortality statistics: a tool to enhance understanding and improve quality. Pacific Health Dialog. 2012;18(1):247-70. Disponível em inglês em: http://www.getinthepicture.org/sites/default/files/resources/Mortality%20statistics%20a%20tool%20to%20improve%20understanding%20and%20quality.pdf [consultado em março de 2017] Voltar ao menu principal Qual o indicador mais adequado para saber a qualidade de vida de uma população?O IDH é a medida do desenvolvimento humano com base na qualidade de vida da população de um país.
Qual é o indicador é mais adequado para saber a qualidade de vida de uma população PIB ou PIB per capita Justifique sua resposta?Quanto maior o PIB, maior é a renda de um determinado lugar, portanto, por vezes, o PIB está relacionado com a qualidade de vida.
Qual é o principal indicador da qualidade de vida?IDH – Índice de Desenvolvimento Humano (1990). Tem por base: expectativa de vida, escolaridade média, índice de alfabetização de adultos e PIB per capita.
Quais são os 3 indicadores da qualidade de vida?Conclui-se que o IDH reflete a expectativa de vida de uma população, através da "longevidade" ; a educação ,pelo "conhecimento"; e o poder de compra, através do "padrão de vida".
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