Qual o questionamento feito na letra da música de Gonzaguinha O Que É o Que É?

No país dos banguelas, a cantora carioca tem fome de igualdade e justiça social, assuntos recorrentes no repertório do 34º álbum dessa artista cuja dureza na queda é reafirmada nos versos quase clichês da letra da Virei o jogo (2019).

Música inédita escrita por Pedro Luís para Elza, Virei o jogo é ouvida em gravação cujos vocais remetem à arquitetura sonora do álbum anterior da cantora, Deus é mulher (2018), cuja composição-título também é da lavra de Pedro. "Se vem de não / Eu vou de sim / Afirmação até o fim", brada Elza na penúltima faixa do disco Planeta fome.

Capa do álbum 'Planeta fome', de Elza Soares — Foto: Ilustração de Laerte

Elza Soares se afirma mesmo quando martela negativas como "Eu não vou sucumbir", lema de Libertação (Russo Passapusso, 2019), pancadão formatado pela BaianaSystem com músicos da Orkestra Rumpilezz e o vocal (mal aproveitado) de Virgínia Rodrigues.

Álbum (bem) produzido por Rafael Ramos, cuja assinatura é reconhecível na pressão do mix de guitarras e batuque que dá o tom de boa parte do disco, Planeta fome somente não vira o jogo a favor da cantora porque Elza Soares já vem de dois álbuns extremamente vitoriosos, o impactante A mulher do fim do mundo (2015) e o igualmente incisivo Deus é mulher (2018).

O que a produção de Planeta fome fez foi deslocar geograficamente o eixo criativo que alimenta a fome de Elza por discos relevantes que dialoguem com o Brasil. Saiu a trupe paulistana orquestrada pelo produtor Guilherme Kastrup sob a direção artística de Romulo Fróes – arquitetos dos dois álbuns anteriores da cantora – para que Planeta fome pusesse em órbita compositores, produtores e músicos que gravitam na cena carioca.

Elza Soares rima desigualdades e paradoxos sociais na música 'Brasis' — Foto: Marcos Hermes / Divulgação

Nessa órbita carioca, Elza sacia apetites próprios e alheios, dando vez e voz a (alguns) compositores sedentos do status de ter música eternizada pela cantora nesse momento glorioso da carreira. Planeta fome é álbum pleno de Brasil, cheio de explícitos significados políticos expressados já na (confusa e poluída) imagem da capa criada pela cartunista Laerte Coutinho para o álbum que chega ao mundo numa sexta-feira 13, deste mês de setembro de 2019, em edição da gravadora Deck.

Planeta fome é álbum cheio de divagações sobre um Brasil ainda do futuro, assunto da utópica e esquemática visão vislumbrada em País do sonho (Chapinha da Vela e Carlinhos Palhano, 2013), samba que Elza transformou em rock com o toque envenenado da guitarra de Rafa Barreto.

Em Brasis (Gabriel Moura, Jovi Joviniano e Seu Jorge, 2006), a guitarra de Guilherme Monteiro subverte o passo do frevo – ritmo da gravação original da composição na voz de Gabriel Moura – enquanto Elza rima desigualdades e paradoxos do país de meninos carentes que, na selva das cidades, lutam um com o outro.

Elza Soares apresenta música de própria autoria, 'Menino', no álbum 'Planeta fome' — Foto: Patrícia Lino / Divulgação Deck

Música de autoria da própria Elza, compositora eventual desde os anos 1970, Menino é lamento em que a cantora, com lágrima na voz, clama por paz e união entre esses garotos que são o futuro da nação. Com meros 46 segundos, a gravação começa a capella até que, nos 15 segundos finais, um batuque se faz ouvir, evocando a África matricial que gera riquezas espirituais e culturais comumente ignoradas pelos governantes do planeta fome.

Voz que diz o que se cala, Elza Soares – cantora moldada por mil nações musicais – apresenta álbum que demole fronteiras rítmicas. Tanto que a pulsação do reggae suaviza a cadência dura do samba Comportamento geral (Gonzaguinha, 1972) em contraste com a ironia corrosiva da letra infelizmente atual.

De Gonzaguinha (1945 – 1991), compositor que levantou a voz ao longo dos anos 1970 e 1980, Elza também reaviva outro petardo, Pequena memória para um tempo sem memória (1980), celebrando, no sopro do trompete de Jessé Sadoc, a legião dos esquecidos pelo povo de país em que lutar por direitos pode matar. A marcação quase marcial da bateria de Pupillo embasa este hino extraoficial de exaltação a brasileiros que caíram na luta por Brasil melhor.

Elza Soares canta duas músicas de Gonzaguinha no 34º álbum da carreira, 'Planeta fome' — Foto: Marcos Hermes / Divulgação

Elza jamais mascara a realidade social do país dos banguelas em Planeta fome. Mas o álbum concilia indignação com sopro de esperança no futuro. O mash-up com Chega (Gabriel O Pensador, DJ Memê e André Gomes, 2016), Blá blá blá (Pedro Loureiro, 2019), Me dê motivo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1983) – canção-de-corno que adquire sentido político na faixa, na voz opaca de Pedro Loureiro – e Rap do BNegão (BNegão, 2019) sopra tanto indignação quanto esperança entre a batida do rock e a prosódia do rap.

É na batida do rap que Rafael Mike entra em cena como autor e convidado de Não tá mais de graça (2019) para exaltar com Elza o redimensionamento do valor da carne negra em letra que dialoga explicitamente com o refrão de A carne (Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti, 1998), música que a cantora tomou para si desde que a gravou em 2002.

Por tudo que expressa e carrega em quase 90 anos de vida punk, o canto de Elza Soares pesa uma tonelada. Sem peso para essa voz emblemática, Lírio rosa (Luciano Mello e Pedro Loureiro, 2019) exala romantismo desconectado da politização que pauta o álbum Planeta fome.

Elza Soares cita música de Chico Buarque na gravação de 'Não recomendado' — Foto: Patrícia Lino / Divulgação

Livre até para desconsiderar a razão, Elza se joga no turbilhão de Tradição (Sergio Britto e Paulo Miklos, 2019), faixa pontuada pela opulência das cordas orquestradas por Felipe Pacheco.

No fecho do disco, a cantora hasteia a bandeira da diversidade sexual ao dar voz a Não recomendado (Caio Prado, 2014), citando Geni e o Zepelim (Chico Buarque, 1978), além de Comida, nessa gravação de grande pressão.

Elza Soares quer inteiro, e não pela metade, o que justifica a fartura de ideologias que alimentam Planeta fome. (Cotação: * * * *)

Qual questionamento feito na letra da música de Gonzaguinha O Que É o Que É?

Os Ensinamentos da Canção de Gonzaguinha Para início de conversa, o título da música já revela um questionamento que embora não esteja explícito, traz a expressão “O que é, o que é?” e que, na verdade está perguntando qual é o significado que cada um dá para a sua vida.

O que significa a música do Gonzaguinha O Que É o Que É?

A canção reflete sobre a forma como cada um pode encarar seu dia a dia, sobre os prazeres e as dores de se estar e de se sentir vivo, além da esperança por dias melhores. Fala que a felicidade está na maneira como se vê a vida, como as crianças, que, em sua pureza, dizem: “é bonita, é bonita e é bonita!”.

Qual a contradição da música O Que É o Que É?

03 – De que contradição a canção fala? Da contradição que existe na vida de todas as pessoas, a alegria de estar vivo e as dores e sofrimentos porque passamos quando decidimos dar intensidade à nossa existência.

O que é o que é meu irmão?

O que é, meu irmão? Que nem dá um segundo, Há quem fale que é um divino mistério profundo, É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.