Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão?

Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão?

Aluno

História - Brasil

Porque a Inglaterra exigiu a abolição da escravatura durante o reconhecimento da independência do Brasil? Quais os benefícios q ela receberia com isso?

Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão?

Monitor

Ola Elcana,tudo certo? vamos lá tirar sua dúvida?

Os interesses do Governo da Inglaterra em relação à extinção do tráfico negreiro intercontinental/abolição da escravidão estiveram presentes no Brasil desde a instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro. A princípio a Inglaterra agiu buscando restringir as áreas de atuação do tráfico que entendia ser ilícito.

A emancipação política do Brasil fez a Inglaterra, mediadora na questão do reconhecimento, tomar uma série de medidas restritivas ao tráfico negreiro.

Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão? Certamente não apenas a pressão da opinião pública ou razões puramente humanitárias. Haviam importantes interesses econômicos. A proibição inglesa do tráfico de escravos para suas colônias nas Antilhas, produtoras de açúcar, ocasionou a diminuição da mão-de-obra e, conseqüentemente, o encarecimento do açúcar ali produzido. O açúcar do Brasil, beneficiado pela manutenção do tráfico e pelo uso da mão-de-obra escrava, obteria preços mais baixos no comércio internacional e as colônias inglesas seriam prejudicadas. E também tem o fato de que com os escravos livres,aumenta a mão de obra assalariada, e consequentemente o mercado consumidor.

Espero ter ajudado,forte abraço.

Extinguir ou não a escravidão? Talvez essa tenha sido a questão mais relevante discutida no Brasil no século 19. José Bonifácio, já na época da Independência, alertava que a construção da nação dependia, em grande parte, da libertação dos escravos.

Após a Guerra do Paraguai, o problema voltou a chamar a atenção da sociedade de forma intermitente até que, durante a década de 1880, concentrou os debates que resultaram na decretação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Apesar das inúmeras pressões, o Brasil foi o último país a tornar ilegal uma das obras mais nefastas criadas pelo homem.

Desde a Independência, a Inglaterra vinha exigindo do governo brasileiro ações explícitas para acabar com o tráfico. Como resposta, foi aprovada, em 1831, uma "lei para inglês ver", que declarava livres os africanos desembarcados em portos brasileiros após aquele ano. Essa lei, naturalmente, foi desrespeitada milhões de vezes, com a cumplicidade cínica das elites políticas e das autoridades do governo, o que ajudou a consolidar a tradição que vigora até hoje no Brasil, segundo a qual a violação da regra é a regra.

Em 1845, esgotou-se a paciência dos ingleses. Eles aprovaram o Bill Aberdeen e passaram a reprimir o tráfico internacional de escravos. O Brasil ainda resistiu por alguns anos, mas, em 1850, depois de várias ações inglesas contra navios brasileiros, foi aprovada a Lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico para o Brasil.

A extinção do tráfico tornou o fim da escravidão uma questão de tempo. Os fazendeiros começaram a tentar utilizar o trabalho livre do imigrante. Depois de alguns fracassos iniciais, o sistema do colonato se consolidou como uma alternativa segura e eficiente.

A abolição da escravatura nas colônias da França e depois nos EUA jogou por terra o último argumento da aristocracia escravista brasileira em defesa do regime.

As elites alegavam que o fim da escravidão representava o colapso da economia do país. Identificavam assim seus interesses particulares com os da nação. Entretanto, a realidade internacional mostrava o contrário: nos países em que a escravidão fora extinta, o desenvolvimento se acelerara. O "terrorismo" das elites aristocráticas não tinha amparo na realidade.

As pressões do Movimento Abolicionista desferiram o golpe final contra o regime. A escravidão acabou e o fim do mundo não veio, como previam as elites decadentes e retrógradas.

O Bill Aberdeen foi uma lei inglesa aprovada em 1845, que concedia direitos à Marinha Real britânica de atuar de maneira rígida contra o tráfico negreiro, que trazia milhares de africanos para o Brasil anualmente. Essa medida drástica foi tomada pela Inglaterra por conta da falta de iniciativas do governo brasileiro em pôr fim ao tráfico de escravos.

Acesse também: Entenda como funcionou a escravidão ao longo de três séculos no Brasil

Tópicos deste artigo

  • 1 - Contexto histórico
  • 2 - O que foi o Bill Aberdeen?
  • 3 - Reações ao Bill Aberdeen
  • 4 - Lei Eusébio de Queirós

Contexto histórico

A questão do fim do tráfico negreiro foi um assunto de grande relevância tanto para Portugal quanto para o Brasil e desde o começo do século XIX, a Inglaterra esteve atuando diplomaticamente para obter dos dois países garantias de que o tráfico ultramarino de escravos teria fim. O primeiro acordo nesse sentido deu-se em 1810, com o Tratado de Amizade e Aliança com a Grã-Bretanha.

Esse acordo foi assinado quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa e aconteceu no contexto da vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. Nesse acordo, d. João, regente de Portugal e futuro d. João VI, comprometeu-se em cooperar com os ingleses na questão referente ao comércio de escravos.

Em 1815, um novo acordo foi realizado, e ingleses e portugueses chegaram ao consenso de que o tráfico estava definitivamente proibido no Hemisfério Norte. Esse acordo foi substituído por outro assinado em julho de 1817. A partir de 1822, o Brasil conquistou sua independência, e as negociações que eram realizadas com Portugal estenderam-se ao Brasil.

Acesse também: Conheça algumas curiosidades a respeito da independência do Brasil

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A independência do Brasil só foi reconhecida pelos ingleses mediante um compromisso realizado pelo Brasil de que medidas para impor o fim do tráfico seriam tomadas. O compromisso brasileiro foi realizado por meio do Tratado Anglo-Brasileiro de 1826 e assegurava que medidas nesse sentido seriam tomadas até 1830.

Desse acordo foi aprovado no Brasil a Lei Feijó, em 7 de novembro de 1831. A Lei Feijó, basicamente decretava o fim do tráfico negreiro no Brasil e todos os africanos que adentrassem o território brasileiro, a partir da sua data de aprovação, seriam considerados livres. Essa lei, porém, ficou conhecida como “lei para inglês ver”, frase que sugere a pouca efetividade dela no combate ao tráfico negreiro.

Alguns anos após essa lei, o tráfico negreiro no Brasil aumentou consideravelmente e entre 1831 e 1845 cerca de 470 mil africanos foram trazidos ilegalmente ao Brasil|1|. Isso porque a opinião pública era abertamente favorável à continuidade do comércio de escravos no Brasil e as autoridades políticas foram condescendentes e faziam vista grossa aos milhares de africanos trazidos para cá.

A situação era tão escancarada que na Câmara dos Deputados existiam projetos que estipulavam o fim da lei de 1831. Essa situação incomodava profundamente os britânicos, sobretudo, porque o primeiro-ministro inglês Robert Peel vinha sofrendo fortes críticas por conta do crescimento do tráfico negreiro a partir da segunda metade da década de 1830.

Essa situação levou os britânicos a agirem mais energicamente contra o Brasil e por meio de Lorde Aberdeen foi aprovada uma lei que mexeu com os brios brasileiros e acirrou os ânimos entre os dois países: a lei Bill Aberdeen.

O que foi o Bill Aberdeen?

Qual seria o motivo do interesse inglês em defender o fim do tráfico e da escravidão?

O Bill Aberdeen foi uma lei elaborada por George Hamilton-Gordon, conhecido como Lorde Aberdeen, e aprovada em agosto de 1845.

Bill Aberdeen foi uma lei inglesa, promulgada no dia 8 de agosto de 1845 no Parlamento inglês e foi elaborada por George Hamilton-Gordon, também conhecido como Lorde Aberdeen, na época, secretário do Estado para os Assuntos Estrangeiros. Essa lei concedia direitos à Marinha Real britânica a monitorar o Atlântico Sul à procura de embarcações que traficassem africanos.

Todas as embarcações brasileiras que fossem encontradas traficando africanos escravizados seriam acusadas de pirataria e os membros dessas embarcações seriam julgados, de acordo com as determinações da lei inglesa. Os navios capturados pelos ingleses poderiam ser vendidos, os escravos seriam libertos e reencaminhados ao continente africano.

Essa lei ficou conhecida também como Slave Trade Supression Act ou Aberdeen Act e gerou fortes reações no Brasil. Representantes brasileiros manifestaram sua forte oposição à ação dos ingleses e os discursos surgidos após a lei inglesa foram carregados de teor nacionalista. Isso aconteceu porque essa lei permitia que as embarcações inglesas invadissem as águas territoriais do Brasil.

A lei inglesa utilizava como argumento o tratado assinado entre Brasil e Inglaterra, em 1826, e o fato de o Brasil ter assumido o compromisso, mas de ter realizado poucas ações para efetivar o cumprimento desse acordo. Uma análise de todas as determinações do Bill Aberdeen, o coloca como uma lei dura e intransigente por parte da Inglaterra.

Acesse também: Entenda como ficou a vida dos ex-escravos com a Lei Áurea

Reações ao Bill Aberdeen

Como mencionado, a lei inglesa gerou fortes reações no Brasil e inúmeros representantes manifestaram sua insatisfação perante essa lei. Um dos argumentos levantados era que cidadãos brasileiros não poderiam ser levados a julgamento pela justiça britânica. Outra insatisfação era pelo fato de os ingleses equipararem o tráfico negreiro com a pirataria.

Essa situação acirrou os ânimos entre Brasil e Inglaterra e reforçou discursos nacionalistas no país. A grande questão era a invasão das águas territoriais brasileiras por embarcações inglesas e a possibilidade de guerra entre os dois países assustava a muitos e atemorizava aqueles que acreditavam nas consequências negativas que isso teria para o país.

A intolerância das ações inglesas, no que se refere ao fim do tráfico negreiro, acabou desagradando mesmo aqueles que defendiam o fim desse comércio. Os discursos sempre evocavam sentimentos nacionalistas e a situação agravou-se por conta de um incidente que aconteceu em 1850. Nessa ocasião, um forte instalado na costa paranaense abriu fogo contra uma embarcação britânica, resultando na morte de um marinheiro inglês. Os ingleses reagiram e incendiaram navios negreiros brasileiros.

A situação poderia ter levado o país à guerra contra a Inglaterra ou ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países. A situação a longo prazo seria prejudicial ao Brasil e, além disso, o país estava isolado internacionalmente, pois o tráfico negreiro era impopular no mundo. A única saída encontrada era proibir definitivamente o tráfico negreiro.

Lei Eusébio de Queirós

Foi nesse contexto que se propôs a Lei Eusébio de Queirós, que proibia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil. A lei, porém, não tinha caráter humanitário, mas visava, unicamente, a resguardar a posição do Brasil internacionalmente. Com essa lei, uma guerra contra os britânicos seria evitada e, além disso, a economia brasileira não sofreria com possíveis sanções tomadas pela Inglaterra.

Isso fica evidente, principalmente, porque se analisado a quantidade de africanos enviados para o Brasil, entre 1845-1850, percebeu-se que a entrada dos africanos no Brasil continuou elevada (a média anual estava em torno de 40 mil africanos). O Bill Aberdeen, portanto, falhou no seu ponto essencial – impedir a entrada de africanos no Brasil – mas, por outro lado, conseguiu pressionar o Brasil e colocá-lo em uma situação em que ele foi forçado a proibir o tráfico definitivamente.

O Brasil, portanto, não acabou com o tráfico, porque a ação inglesa havia prejudicado esse negócio e por ter sido convencido da crueldade dessa atividade, mas o fez, exclusivamente, por temer uma guerra contra os ingleses ou sanções econômicas. Os interesses internos relacionados com a soberania e economia do país é que levaram à proibição do tráfico negreiro.

|1| ARAÚJO, Carlos Eduardo Moreira de. Fim do tráfico. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 232.

Por Daniel Neves
Graduado em História

Qual era o interesse dos ingleses com o fim do tráfico negreiro e da escravidão?

Resposta: O interesse da Inglaterra era lucrar com o salário que agora eles ganhavam com a vinda da lei no Brasil.

Qual era o objetivo Inglês para o fim da escravidão?

No século XIX houve muita pressão da Inglaterra para que se desse fim à escravidão no Brasil. Os objetivos dos ingleses eram de caráter econômico, o capitalismo se consolidava na Inglaterra e também no restante da Europa.

O que levou o governo inglês a combater o tráfico e a escravidão?

A decisão da Inglaterra de lutar contra o tráfico de escravos foi mais por causa dos interesses econômicos do que por motivos humanitários.

Por que os ingleses queriam o fim do tráfico negreiro entre os países da América em especial o Brasil e a África?

O Fim do Tráfico de Escravos Africanos foi motivado por razões econômicas, humanitárias e religiosas. Ao longo do século XIX várias nações europeias proibiram o tráfico de escravos e aboliram a escravidão nas suas colônias devido a mudança de mentalidade e do modo de produção.