Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

A verdade não é tão simples quanto os estereótipos de Hollywood. Entenda!

Cercada de mitos, a relação entre Igreja e ciência costuma ser caracterizada como uma oposição da religião ao progresso científico. Afinal, o teólogo e filósofo Giordano Bruno foi condenado à fogueira pela Inquisição, que censurou e perseguiu muitos outros cientistas.

De fato, a Inquisição julgava todos aqueles que eram considerados uma ameaça às doutrinas cristãs. E, muitas vezes, essas pessoas eram cientistas – como Nicolau
Copérnico e Galileu Galilei. Será?

Gente como o historiador americano Ronald Numbers, autor de Myths and Truths in Science and Religion: A Historical Perspective (Mitos e Verdades em Ciência e Religião: Uma Perspectiva Histórica), discorda. Segundo ele, o número de cientistas que perderam a vida por causa de suas concepções científicas foi zero.

Giordano Bruno foi queimado vivo “em razão de suas concepções heréticas em relação à divindade ou não divindade de Cristo, não porque ele acreditasse na infinitude do universo”.

A maioria dos historiadores contemporâneos refuta a ideia de que a Idade Média foi um período de pouco avanço científico. Ele, na verdade, lançou os fundamentos da ciência empírica moderna e proporcionou o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento.

Em The Sun in the Church: Cathedrals as Solar Observatories (O Sol na Igreja: As Catedrais como Observatórios Solares), o historiador John Heilbron afirma que a Igreja ofereceu mais financiamento ao estudo da astronomia do que qualquer outra instituição por mais de seis séculos, até o Iluminismo.

A produção de conhecimento ocorria em templos religiosos, por estudiosos que se dedicavam a várias áreas do saber, como matemática, geologia, biologia, física, agricultura e arquitetura.

Outros mitos ajudaram a consolidar a noção de que o cristianismo exterminou a ciência. O boato de que autópsias e dissecações eram proibidas pela Igreja, por exemplo, foi criado no século 19 a partir de narrativas de ficção, assim como aquele que diz que a religião pregava que a Terra era plana.

A melhor forma de caracterizar essa relação ainda é debatida pela comunidade acadêmica. Tensa e instável, ela é marcada por períodos de harmonia e outros de conflito.

No entanto, questões contemporâneas reprovadas pela Igreja, como a utilização de métodos contraceptivos e o uso de células-tronco na ciência, indicam que esses embates estão longe de acabar.


Saiba mais com a obra The Sun in the Church – Cathedrals as Solar Observatories, de  J L Heilbron (2001) - https://amzn.to/32l0eXl

Vale lembrar que os preços e quantidade disponível das obras condizem com os da data de publicação deste post. Além disso, a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

O QUE FOI A INQUISIÇÃO?

A Inquisição foi criada na Idade Média (século XIII) e era dirigida pela Igreja Católica Romana. Ela era composta por tribunais que julgavam todos aqueles considerados uma ameaça às doutrinas (conjunto de leis) desta instituição.

GIORDANO BRUNO:

Ele foi perseguido pela inquisição da igreja católica romana e condenado a morte de fogueira por cometer heresias (nega e diz contraria a doutrina estabelecida pela igreja) Bruno defende a infinitude do universo, como um conjunto dinâmico que se transforma continuamente, do inferior ao superior, e vice-versa, num movimento constante, por ser tudo uma só e mesma coisa, como manifestação da vida infinita e inesgotável.

GALILEU GALILEI:

Em 1609, construiu um telescópio muito melhor que os existentes e explorou os céus como nunca fora feito antes. A partir de suas descobertas astronômicas, defendeu a tese de Copérnico de que a Terra não ficava no centro do Universo. Como essa teoria era contrária as leis da Igreja, foi perseguido, processado duas vezes e obrigado a negar (abjurar) suas ideias publicamente. Foi banido para uma vila de Arcetri, perto de Florença, onde viveu em um regime semelhante à prisão domiciliar. Morreu em 8 de janeiro de 1642.

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

O Processo de Galileu Galilei (em italiano: Il processo a Galileo Galilei) foi uma sequência de eventos, começando em torno de 1610,[1] culminando com o julgamento e condenação de Galileu Galilei pela Inquisição Católica Romana em 1633 por sua defesa do heliocentrismo.[2]

Em 1610 Galileu publicou Sidereus Nuncius (Mensageiro Sideral), descrevendo suas observações surpreendentes feitas com o novo telescópio das fases de Vênus e das luas de Júpiter. Com estas observações divulgou a teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico (publicada em De revolutionibus orbium coelestium em 1543). As descobertas iniciais de Galileu vieram em oposição à Igreja Católica, e em 1616 a Inquisição declarou o heliocentrismo como formalmente herético. Os livros heliocêntricos foram banidos e Galileu recebeu ordens para abster-se de manter, ensinar ou defender ideias heliocêntricas.[3]

Galileu passou a propor uma teoria das marés em 1616 e dos cometas em 1619; ele argumentou que as marés eram evidências para o movimento da Terra. Em 1632 Galileu, agora um homem de idade avançada, publicou seu Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, que implicitamente defendia o heliocentrismo e era imensamente popular. Respondendo a uma controvérsia crescente sobre teologia, astronomia e filosofia, a Inquisição Romana julgou Galileu em 1633 e o acusou de "suspeito veementemente de heresia", condenando-o a prisão indefinida. Galileu foi mantido em prisão domiciliar até sua morte em 1642.

Controvérsias iniciais[editar | editar código-fonte]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

As luas de Júpiter, denominadas de Galileu. Galileu viu estas luas como um pequeno sistema copernicano dentro do sistema solar e as usou para defender o heliocentrismo

Galileu começou suas observações telescópicas na parte final de 1609, e por março de 1610 estava habilitado a escrever um pequeno livro, Mensageiro Sideral (Sidereus Nuncius), descrevendo algumas de suas descobertas: montanhas na Lua, algumas luas na órbita de Júpiter, e a resolução do que se pensava que eram massas com muitas nuvens no céu (nebulosas) em coleções de estrelas também difusas para ver individualmente sem um telescópio. Outras observações seguiram, incluindo as fases de Vênus e a existência de manchas solares.

As contribuições de Galileu causaram dificuldades para teólogos e filósofos naturais da época, pois contradiziam ideias científicas e filosóficas baseadas naquelas de Aristóteles e Ptolomeu e intimamente associadas à Igreja Católica. Em particular, as observações de Galileu das fases de Vênus, que a mostravam circundando o sol, e a observação das luas em órbita de Júpiter, contradiziam o modelo geocêntrico de Ptolomeu, apoiado e aceito pela Igreja Católica Romana,[4][5] e defendiam o modelo copernicano avançado por Galileu.[6]

Astrônomos jesuítas, especialistas em ensinamentos da Igreja, ciência e filosofia natural, foram primeiramente céticos e hostis às novas ideias; no entanto, dentro de um ano ou dois, a disponibilidade de bons telescópios permitiu-lhes a repetição das observações. Em 1611 Galileu visitou o Collegium Romanum em Roma, onde os astrônomos jesuítas por essa época repetiram suas observações. Christoph Grienberger, um dos estudiosos jesuítas da faculdade, simpatizou com as teorias de Galileu, mas foi convidado a defender o ponto de vista aristotélico por Claudio Acquaviva, o padre geral dos jesuítas. Nem todas as alegações de Galileu foram completamente aceitas: Cristóvão Clávio, o astrônomo mais distinto da época, nunca se reconciliou com a ideia de montanhas na Lua, e fora do colégio muitos ainda disputavam a realidade das observações. Em uma carta a Johannes Kepler de agosto de 1610,[7] Galileu queixou-se de que alguns dos filósofos que se opunham às suas descobertas se recusaram até a olhar através de um telescópio:[8]

Meu prezado Kepler, desejo que possamos rir da estupidez notável do rebanho comum. O que você tem a dizer sobre os principais filósofos desta academia que estão cheios da teimosia de uma víbora e não querem olhar os planetas, a lua ou o telescópio, apesar de eu ter oferecido livre e deliberadamente a oportunidade mil vezes? Verdadeiramente, assim como a víbora fecha seus ouvidos, esses filósofos fecham os olhos à luz da verdade.[9]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

Os geocentristas que verificaram e aceitaram as descobertas de Galileu tiveram uma alternativa ao modelo de Ptolomeu em um modelo geocêntrico (ou "geo-heliocêntrico) alternativo proposto algumas décadas antes por Tycho Brahe - um modelo no qual, por exemplo, Vênus circunda o sol. Brahe argumentou que a distância para as estrelas no sistema copernicano teria que ser 700 vezes maior que a distância do Sol a Saturno. Além disso, a única maneira de as estrelas serem tão distantes e ainda aparecerem com os tamanhos que elas tem no céu seria se mesmo as estrelas comuns fossem gigantes - pelo menos tão grandes quanto a órbita da Terra e, obviamente, muito maior que o Sol.

Galileu se envolveu em uma disputa sobre prioridade na descoberta de manchas solares com Christoph Scheiner, um jesuíta. Isso se tornou uma amarga disputa ao longo da vida. Nenhum deles, no entanto, foi o primeiro a reconhecer manchas solares - os chineses já estavam familiarizados com elas há séculos.[10]

Nesta época Galileu também se ocupou de uma disputa sobre os motivos pelos quais os objetos flutuam ou afundam na água, acompanhando Arquimedes contra Aristóteles. O debate não era amigável, e o estilo franco e às vezes sarcástico de Galileu, embora não extraordinário nos debates acadêmicos da época, tornou-os inimigos. Durante essa controvérsia um dos amigos de Galileu, o pintor Cigoli, informou-o que um grupo de opositores maliciosos, que Cigoli posteriormente se referiu de forma ridícula como "a Liga dos Pombos",[11] estava planejando causar-lhe problemas sobre o movimento da Terra, ou qualquer outra coisa que sirva o propósito.[12] De acordo com Cigoli, um dos conspiradores pediu a um sacerdote que denunciasse os pontos de vista de Galileu do púlpito, mas este recusou. No entanto, três anos depois, outro sacerdote, Tommaso Caccini, fez precisamente isso.

Argumento da Bíblia[editar | editar código-fonte]

No mundo católico antes do conflito de Galileu com a Igreja, a maioria das pessoas cultas admitia a visão geocêntrica aristotélica de que a Terra era o centro do universo e que todos os corpos celestes giravam em torno da Terra,[13] embora as teorias de Copérnico fossem usadas para reformar o calendário em 1582.[14]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

Pintura cristã de Deus criando o cosmos (Bíblia Moralisee, francês, século 13)

O geoestaticismo concordava com uma interpretação literal das Escrituras em vários lugares, como 1Chronicles 16:30, Psalm 93:1, Psalm 96:10, Psalm 104:5, Ecclesiastes 1:5 (mas veja interpretações variadas de Job 26:7). Heliocentrismo, a teoria de que a Terra era um planeta, que junto com todos os outros girava em torno do Sol, contradizia o geocentrismo e a posição teológica predominante da teoria.

Uma das primeiras sugestões de heresia com a qual Galileu teve de lidar ocorreu em 1613 pelo professor de filosofia, poeta e especialista em literatura grega, Cosimo Boscaglia.[15][16] Em conversação com o patrono de Galileu Cosme II de Médici e sua mãe Cristina de Lorena, Boscaglia disse que as descobertas telescópicas eram válidas, mas que o movimento da Terra era obviamente contrário às Escrituras:[17]

O Dr. Boscaglia falou com Madame [Christina] por um tempo, e embora tenha concedido todas as coisas que você descobriu no céu, ele disse que o movimento da Terra era incrível e não poderia ser, particularmente porque a Sagrada Escritura obviamente era contrária a tal movimento.

Galileu foi defendido no local por seu antigo aluno Benedetto Castelli, então professor de matemática e abade beneditino. A troca foi relatada a Galileu por Castelli, e Galileu decidiu escrever uma carta a Castelli,[18] expondo suas opiniões sobre o que ele considerava a maneira mais adequada de tratar passagens bíblicas que faziam afirmações sobre fenômenos naturais.[19] Mais tarde, em 1615, expandiu esta para a sua mais longa Carta à Grande Duquesa Cristina.[20]

Tommaso Caccini, um frade dominicano, parece ter feito o primeiro ataque perigoso contra Galileu. Pregando um sermão em Florença no final de 1614, denunciou Galileu, seus associados e matemáticos em geral (uma categoria que incluía astrônomos).[21] O texto bíblico para o sermão naquele dia foi Josué 10, em que Josué faz o Sol ficar quieto;[21][22] esta foi a história que Castelli teve que interpretar para a família Medici no ano anterior.[23] É dito, embora não seja verificável, que Caccini também usou a passagem de Atos 1:11, "homens da Galiléia, por que vocês estão olhando para o céu?".[24]

Primeiras reuniões com autoridades teológicas[editar | editar código-fonte]

No final de 1614 ou no início de 1615, um dos colegas dominicanos de Caccini, Niccolò Lorini, adquiriu uma cópia da carta de Galileu a Castelli. Lorini e outros dominicanos no Convento de São Marcos consideraram a carta de ortodoxia duvidosa, em parte porque pode ter violado os decretos do Concílio de Trento:

... para verificar os espíritos desenfreados, [o Conselho Sagrado] decreta que ninguém que confie em seu próprio julgamento deve, em questões de fé e moral relacionadas com a edificação da doutrina cristã, distorcendo as Escrituras de acordo com suas próprias concepções, presumir a interpretá-las contrariamente ao que a santa mãe Igreja ... manteve ou mantém ...

— Decreto do Concílio de Trento (1545-1563). Citado em Langford, 1992.[25]

Lorini e seus colegas decidiram levar a carta da Galileu à atenção da Inquisição. Em 16 de fevereiro de 1615 Lorini enviou uma cópia da carta ao Secretário da Inquisição, o cardeal Paolo Emilio Sfondrati, com uma carta de apresentação crítica dos apoiantes de Galileu:[26]

Todos os nossos padres do devoto Convento de São Marcos sentem que a carta contém muitas declarações que parecem presunçosas ou suspeitas, como quando afirma que as palavras da Sagrada Escritura não significam o que dizem; que, nas discussões sobre os fenômenos naturais, a autoridade das Escrituras deve ser a última ... [os seguidores de Galileu] estavam tomando sobre si mesmos para expor a Sagrada Escritura de acordo com suas luzes privadas e de uma maneira diferente da interpretação comum dos Padres da Igreja...

— Carta de Lorini ao Cardeal Sfrondato, Inquisidor em Roma, 1615. Citado em Langford, 1992.[25]

Em 19 de março Caccini chegou aos escritórios da Inquisição em Roma para denunciar Galileu pelo seu copernicanismo e várias outras alegadas heresias supostamente difundidas por seus pupilos.[27]

Galileu logo ouviu comentários de que Lorini tinha obtido uma cópia de sua carta para Castelli, e que alegava que a mesma continha muitas heresias. Ele também ouviu que Caccini tinha ido a Roma e suspeitava dele tentar provocar problemas com a cópia da carta.[28] À medida que 1615 transcorria ele ficou mais preocupado e, eventualmente, decidiu ir a Roma assim que a sua saúde permitisse, o que aconteceu no final do ano. Ao apresentar seu caso, ele esperava limpar seu nome de qualquer suspeita de heresia e persuadir as autoridades da Igreja a não suprimir as ideias heliocêntricas.

Ao ir para Roma Galileu estava agindo contra o conselho de amigos e aliados, e do embaixador da Toscana em Roma, Piero Guicciardini.[29]

Visão de Belarmino[editar | editar código-fonte]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

O cardeal Roberto Belarmino (1542–1621), que deliberou sobre os escritos de Galileu em 1615-1616, e ordenou-lhe que se abstivesse de realizar, ensinar ou discutir o copernicanismo

O cardeal Roberto Belarmino, um dos mais respeitados teólogos católicos da época, foi convocado para julgar a disputa entre Galileu e seus oponentes. A questão do heliocentrismo havia sido posta com o cardeal Belarmino, no caso de Paolo Antonio Foscarini, um padre carmelita; Foscarini publicou um livro, Lettera ... sopra l'opinione ... del Copernico, que tentou reconciliar Copérnico com as passagens bíblicas que pareciam estar em contradição. Belarmino expressou primeiramemente a opinião de não banir o livro de Copérnico, mas, no máximo, exigiria alguma edição, de modo a apresentar a teoria apenas como um dispositivo de cálculo para "salvar as aparências" (isto é, preservar a evidência observável).[30]

Foscarini enviou uma cópia de seu livro para Belarmino, que respondeu em uma carta de 12 de abril de 1615.[31] Galileu é mencionado pelo nome na carta, e uma cópia foi enviada logo para ele. Após algumas saudações preliminares e reconhecimentos, Belarmino começa dizendo a Foscarini que é prudente para ele e Galileu se limitarem a tratar o heliocentrismo como um fenômeno meramente hipotético e não fisicamente real. Além disso, ele diz que interpretar o heliocentrismo como fisicamente real seria "uma coisa muito perigosa, provavelmente não apenas para irritar todos os filósofos e teólogos escolásticos, mas também para prejudicar a Fé Sagrada ao tornar a Sagrada Escritura como falsa". Além disso, enquanto o tópico não era inerentemente uma questão de fé, as declarações sobre isso nas Escrituras eram assim em virtude de quem os dizia - o Espírito Santo. Ele admitiu que, se houvesse provas conclusivas, "então, seria necessário ter um grande cuidado em explicar as Escrituras que parecem contrárias e dizer que não as entendemos, do que o que é demonstrado é falso". No entanto, demonstrando que o heliocentrismo apenas "salvou as aparências" não poderia ser considerado suficiente para estabelecer que era fisicamente real. Embora ele acreditasse que o primeiro poderia ter sido possível, ele teve "grandes dúvidas" que o último poderia ser, e em caso de dúvida não era permitido afastar-se da interpretação tradicional das Escrituras. Seu argumento final era uma refutação de uma analogia que Foscarini havia feito entre uma Terra em movimento e um navio no qual os passageiros se percebem como aparentemente estacionários e a costa como aparentemente em movimento. Belarmino respondeu que, no caso do navio, os passageiros sabem que suas percepções são errôneas e podem mentalmente corrigi-las, enquanto que o cientista na Terra experimenta claramente que ela é estacionária e, portanto, a percepção de que o Sol, a lua e as estrelas estão se movendo não é em erro e não precisa ser corrigido.

Belarmino não encontrou nenhum problema com o heliocentrismo, desde que fosse tratado como um dispositivo de cálculo puramente hipotético e não como um fenômeno fisicamente real, mas ele não considerou que seja permitido defender o último, a menos que possa ser provado conclusivamente através dos padrões científicos atuais. Isso colocou Galileu em uma posição difícil, porque ele acreditava que a evidência disponível favorecia fortemente o heliocentrismo, e ele desejava poder publicar seus argumentos.[32]

Francesco Ingoli[editar | editar código-fonte]

Além de Belarmino, monsenhor Francesco Ingoli iniciou um debate com Galileu, enviando-lhe em janeiro de 1616 um ensaio disputando o sistema copernicano. Galileu afirmou mais tarde que acreditava que este ensaio tinha sido fundamental na ação contra o copernicanismo que se seguiu em fevereiro.[33] De acordo com Maurice Finocchiaro, Ingoli provavelmente foi contratado pela Inquisição para escrever uma opinião especializada sobre a controvérsia, e o ensaio forneceu a "principal base direta" para o banimento.[34] O ensaio centrou-se em dezoito argumentos físicos e matemáticos contra o heliocentrismo. Empregou principalmente os argumentos de Tycho Brahe, e mencionou de maneira notável o argumento de Brahe segundo o qual o heliocentrismo exigia que as estrelas fossem muito maiores do que o sol. Ingoli escreveu que a grande distância das estrelas na teoria heliocêntrica "prova claramente ... as estrelas fixas são de tal tamanho, pois podem superar ou igualar o tamanho do círculo da órbita da própria Terra".[35] Ingoli incluiu quatro argumentos teológicos no ensaio, mas sugeriu a Galileu que ele se concentrasse nos argumentos físicos e matemáticos. Galileu não escreveu uma resposta a Ingoli até 1624, em que, entre outros argumentos e provas, listou os resultados de experimentos, como soltar uma pedra do mastro de um navio em movimento.[36]

Inquisição e primeiro julgamento, 1616[editar | editar código-fonte]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

O Papa Paulo V (1552-1621), que ordenou que o julgamento de 1616 da comissão inquisitorial seja entregue a Galileu pelo cardeal Belarmino

Deliberação[editar | editar código-fonte]

Em 19 de fevereiro de 1616 a Inquisição perguntou à comissão de teólogos, conhecidos como qualificadores, sobre as proposições da visão heliocêntrica do universo.[37] Os historiadores do processo Galileu fornecem relatos diferentes de por que o assunto foi encaminhado para os qualificadores neste momento. Beretta ressalta que a Inquisição tomou um testemunho de Gianozzi Attavanti em novembro de 1615,[38] como parte de sua investigação sobre as denúncias de Galileu por Lorini e Caccini. Neste depoimento Attavanti confirmou que Galileu havia defendido as doutrinas copernicanas de um Sol estacionário e uma Terra móvel, e, como consequência, o Tribunal da Inquisição teria eventualmente necessário determinar o status teológico dessas doutrinas. No entanto é possível, como afirmou o embaixador da Toscana, Piero Guiccardini, em uma carta ao Grão-Duque,[39] que a referência real pode ter sido precipitada pela campanha agressiva de Galileu para evitar a condenação do copernicanismo.[40]

Julgamento[editar | editar código-fonte]

Em 24 de fevereiro os qualificadores entregaram seu relatório unânime: a proposição de que o Sol está parado no centro do universo é "tola e absurda na filosofia e formalmente herética, pois contradiz explicitamente em muitos lugares o sentido da Sagrada Escritura"; a proposição de que a Terra se move e não está no centro do universo "recebe o mesmo julgamento na filosofia, e ... em relação à verdade teológica é pelo menos errônea na fé".[41][42] O documento original do relatório foi amplamente disponível em 2014.[43]

Em um encontro dos cardeais da Inquisição no dia seguinte, o Papa Paulo V instruiu Belarmino para entregar este resultado a Galileu e ordenar que ele abandonasse as opiniões copernicanas; caso Galileu resistisse ao decreto, medidas mais fortes seriam tomadas. Em 26 de fevereiro Galileu foi chamado para a residência de Belarmino e ordenado,

abster-se completamente de ensinar ou defender essa doutrina e opinião ou de discutir ... abandonar completamente ... a opinião de que o Sol ainda está no centro do mundo e a Terra se move e, doravante, não manter, ensinar ou defendê-lo de qualquer maneira, seja oralmente, seja por escrito.

— The Inquisition's injunction against Galileo, 1616.[3]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

O Index Librorum Prohibitorum, uma lista de livros proibidos pela Igreja Católica. Seguindo o julgamento da Inquisição de 1616, as obras de Copérnico, Galileu, Kepler e outros que defendem o heliocentrismo foram banidas

Sem alternativas atraentes, Galileu aceitou as ordens entregues, ainda mais severas do que as recomendadas pelo Papa.[3][44] Galileu encontrou-se novamente com Belarmino, aparentemente em termos amigáveis; e no dia 11 de março se encontrou com o Papa, que assegurou que ele estava a salvo da perseguição enquanto ele, o Papa, estivesse vivo. No entanto, os amigos de Galileu, Giovanni Francesco Sagredo e Castelli, relataram que havia rumores de que Galileu tinha sido forçado a retratar-se e fazer penitência. Para proteger seu bom nome, Galileu solicitou uma carta de Belarmino esclarecendo a verdade do assunto. Esta carta assumiu grande importância em 1633, assim como a questão de saber se Galileu tinha sido ordenado a não "manter ou defender" as ideias copernicanas (o que teria permitido o seu tratamento hipotético) ou não ensiná-las de forma alguma. Se a Inquisição tivesse emitido a ordem de não ensinar o heliocentrismo, teria ignorado a posição de Belarmino.

No final, Galileu não persuadiu a Igreja a permanecer fora da controvérsia, mas viu o heliocentrismo declarado como formalmente falso. Por conseguinte, foi categorizado como herético pelos Qualificadores, uma vez que contradizia o significado literal das Escrituras, embora essa posição não fosse vinculativa para a Igreja.

Livros copernicanos proibidos[editar | editar código-fonte]

Seguindo a injunção da Inquisição contra Galileu, o Mestre do Sacro Palácio Apostólico ordenou que a Carta de Foscarini fosse banida, e o De revolutionibus de Copernicus suspenso até ser corrigido. A Congregação papal do índice preferiu uma proibição mais rigorosa, e assim, com a aprovação do Papa, em 5 de março a Congregação proibiu todos os livros que defendiam o sistema copernicano, que chamou de "a falsa doutrina pitagórica, em tudo contrária à Sagrada Escritura".[3]

Francesco Ingoli, consultor do Santo Ofício, recomendou que o De revolutionibus fosse alterado e não banido, devido à sua utilidade para o calendário. Em 1618 a Congregação do Índice aceitou sua recomendação e publicou sua decisão dois anos depois, permitindo que uma versão corrigida do livro de Copérnico fosse usada. O De revolutionibus não corrigido permaneceu no Índice de livros banidos até 1758.[45]

As obras de Galileu que defendem o copernicanismo foram, portanto, banidas, e sua sentença o proibiu de "ensinar, defender ... ou discutir" o copernicanismo. Na Alemanha as obras de Kepler também foram banidas pela ordem papal.[46]

Diálogo[editar | editar código-fonte]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

Em 1623 o Papa Gregório XV morreu e foi sucedido pelo Papa Urbano VIII, que mostrou maior favor a Galileu, particularmente depois que Galileu viajou para Roma para felicitar o novo pontífice.[47]

O Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo de Galileu, que foi publicado em 1632 para grande popularidade,[48] é um relato de conversas entre um cientista copernicano, Salviati, um estudioso imparcial e espirituoso chamado Sagredo e um ponderado aristotélico chamado Simplicio, que empregou argumentos conservativos em apoio da geocentridade, e foi retratado no livro como um idiota intelectualmente inepto. Os argumentos de Simplicio são sistematicamente refutados e ridicularizados pelos outros dois personagens, com o que Youngson chama de "prova inatacável" para a teoria copernicana (pelo menos em relação à teoria de Ptolomeu - como afirma Finocchiaro, "os sistemas copernicano e tychonico eram observacionalmente equivalentes e a evidência disponível poderia ser explicada igualmente bem por ambos"[49]) o que reduz Simplicio à raiva desconcertada e torna a posição do autor inequívoca.[47] Na verdade, embora Galileu declare no prefácio de seu livro que o personagem tenha o nome de um famoso filósofo aristotélico Simplício da Cilícia, o nome "Simplicio" em italiano também tem a conotação de "simplório".[50] Embora os autores Langford e Stillman Drake afirmem que Simplicio foi modelado nos filósofos Lodovico delle Colombe e Cesare Cremonini, a demanda do Papa Urbano para seus próprios argumentos para serem incluídos no livro resultou em Galileu colocando-os na boca de Simplicio. Alguns meses após a publicação do livro, o Papa Urbano VIII proibiu sua venda e fez o seu texto ser submetido para exame por uma comissão especial.[47]

Processo e segundo julgamento, 1633[editar | editar código-fonte]

Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?

Com a perda de muitos de seus defensores em Roma por causa do Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, Galileu foi condenado a ser julgado por suspeita de heresia em 1633, "por ter como verdade a falsa doutrina ensinada por alguns que o Sol é o centro do mundo", contra a condenação de 1616, uma vez que" foi decidido na Santa Congregação [...] em 25 de fevereiro de 1616 que [...] o Santo Ofício lhe daria uma liminar para abandonar esta doutrina, não para ensinar para os outros, não para defendê-la e não para tratar dela, e que, se você não concorda com esta liminar, você deve ser preso".[51]

Galileu foi interrogado enquanto ameaçado com tortura física.[46] Um painel de teólogos, composto por Melchior Inchofer, Agostino Oreggi e Zaccaria Pasqualigo, informou sobre o Diálogo. Suas opiniões foram fortemente defendidas em favor da visão de que o Diálogo ensinou a teoria copernicana.[52]

Galileu foi considerado culpado, e a sentença da Inquisição, emitida em 22 de junho de 1633,[53] foi expressa em três partes essenciais:

  • Galileu foi encontrado "veementemente suspeito de heresia", ou seja, ter mantido as opiniões de que o Sol está imóvel no centro do universo, que a Terra não está em seu centro e se move, e que alguém pode manter e defender uma opinião como provável depois de ter sido declarado contrário à Sagrada Escritura. Ele foi obrigado a "abjurar, curar e detestar" essas opiniões.[54]
  • Foi sentenciado à prisão formal pela disposição da Inquisição.[55] No dia seguinte isso foi comutado para prisão domiciliar, onde ele permaneceu pelo resto de sua vida.
  • Seu ofensivo Diálogo foi banido; e em uma ação não anunciada no julgamento, a publicação de qualquer de suas obras foi proibida, inclusive qualquer que ele possa escrever no futuro.[56]

De acordo com a lenda popular, após sua abjuração Galileu alegadamente murmurou a frase rebelde "e ainda assim se move" (Eppur si muove), mas não há evidências de que ele realmente tenha dito isso ou algo parecido. O primeiro relato da lenda data de um século após sua morte.[57] A frase "Eppur si muove" aparece, no entanto, em uma pintura da década de 1640 pelo pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo ou um artista de sua escola. A pintura retrata Galileu preso aparentemente apontando para uma cópia da frase escrita no muro de sua masmorra.[58]

Vista da área de Arcetri nas colinas acima de Florença, onde Galileu passou a vida a partir de 1634 em prisão domiciliar

Após um período com o amigável arcebispo Ascanio Piccolomini em Siena, Galileu foi autorizado a retornar à sua villa em Arcetri, perto de Florença, onde passou o resto da vida sob prisão domiciliar.[59] Continuou seu trabalho em mecânica, e em 1638 publicou um livro científico na Holanda. Sua posição permaneceria questionada em cada momento. Em março de 1641 Vincentio Reinieri, um seguidor e pupilo de Galileu, escreveu-lhe em Arcetri que um Inquisidor recentemente compeliu o autor de um livro impresso em Florença para mudar as palavras "Galileu mais distinguido" para "Galileu, homem de notável nome".[60]

No entanto, em parte em homenagem a Galileu, em Arcetri foi formada a primeira academia dedicada à nova ciência experimental, Accademia del Cimento, onde Francesco Redi realizou experiências controladas e muitos outros avanços importantes foram feitos, o que acabaria por ajudar a inaugurar o Iluminismo.

Historiografia[editar | editar código-fonte]

Há alguma evidência de que inimigos de Galileu persuadiram Urbano que Simplicio pretendia ser uma caricatura dele. Os historiadores modernos descartaram isso como muito improvável.[61]

Dava Sobel argumenta que durante esse período Urbano havia caído sob a influência de intrigas judiciais e problemas de estado. Sua amizade com Galileu começou a ocupar o segundo lugar de seus sentimentos de perseguição e medo por sua própria vida. O problema de Galileu foi apresentado ao papa pelos insiders do tribunal e pelos inimigos do Galileu, seguindo as reivindicações de um cardeal espanhol que Urbano era um pobre defensor da igreja. Esta situação não era um bom presságio para a defesa de Galileu de seu livro.[62]

Vários autores argumentaram que a Igreja Católica, em vez de Galileu, era cientificamente justificada na disputa sobre a localização e rotação do Sol e da Terra, com o conhecimento disponível no momento. Referindo-se à carta de Belarmino a Foscarini, o físico Pierre Duhem "sugere que, pelo menos em um aspecto, Belarmino se mostrou um cientista melhor do que Galileu, ao não permitir a possibilidade de uma "prova rigorosa do movimento da Terra", com base em que uma teoria astronômica meramente "salva as aparências" sem necessariamente revelar o que realmente acontece".[63]

Em seu livro de 1998, Scientific Blunders, Robert Youngson indica que Galileu lutou por dois anos contra o censor eclesiástico para publicar um livro promovendo o heliocentrismo. Ele afirma que o livro passou apenas como resultado da possível ociosidade ou descuido por parte do censor, que acabou por ser demitido. Por outro lado, Jerome K. Langford e Raymond J. Seeger afirmam que o Papa Urbano e a Inquisição deram permissão formal para publicar o livro, Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, Ptolomaico e Copernicano. Eles afirmam que Urbano perguntou pessoalmente a Galileu para dar argumentos a favor e contra o heliocentrismo no livro, para incluir argumentos de Urbano e para Galileu não defender o heliocentrismo.

Alguns historiadores enfatizam o confronto de Galileu não apenas com a igreja, mas também com a filosofia aristotélica, seja secular ou religiosa.[64][65][66]

Teoria de Redondi[editar | editar código-fonte]

De acordo com uma controversa teoria alternativa proposta por Pietro Redondi em 1983, o principal motivo da condenação de Galileu em 1633 foi seu ataque à doutrina aristotélica da matéria ao invés de sua defesa do copernicanismo.[67] Uma denúncia anônima, chamada "G3", descoberta por Redondi nos arquivos do Vaticano, argumentou que o atomismo defendido por Galileu em seu trabalho anterior, Il Saggiatore, de 1623, era incompatível com a doutrina da transubstanciação da eucaristia.[68] Na época a investigação desta queixa foi aparentemente confiada a um padre Giovanni di Guevara, que estava bem disposto em relação a Galileu, e que livrou Il Saggiatore de qualquer mancha de não-ortodoxia.[69] Um ataque semelhante contra Il Saggiatore por motivos doutrinais foi escrito pelo jesuíta Orazio Grassi em 1626 sob o pseudônimo de "Sarsi". De acordo com Redondi:

  • Os jesuítas, que já haviam ligado Il Saggiatore às ideias atomistas alegadamente heréticas, consideravam as ideias sobre a matéria expressas por Galileu nos Diálogos como evidência adicional de que seu atomismo era hereticamente inconsistente com a doutrina da eucaristia e protestaram contra isso por esses motivos;[70]
  • O Papa Urbano VIII, que havia sido atacado pelos cardeais espanhóis por ser muito tolerante com os hereges, e que também encorajava Galileu a publicar os Diálogos, teria sido comprometido se seus inimigos entre os Cardeais Inquisidores recebessem uma abertura para comentar seu apoio de uma publicação contendo heresias eucarísticas;
  • Urbano, depois de proibir a venda do livro, estabeleceu uma comissão para examinar os Diálogos,[47] com o objetivo de determinar se seria possível evitar o assunto à Inquisição e, como um favor especial ao patrono de Galileu, o Grande Duque da Toscana. O propósito real de Urbano, no entanto, era evitar que as acusações de heresia eucarística se referissem à Inquisição e arranjou a comissão com comissários amigáveis que poderiam ser invocados para não mencioná-lo em seu relatório. A comissão reportou contra Galileu.[47]

A hipótese de Redondi sobre os motivos ocultos por trás do julgamento de 1633 foi criticada, e principalmente rejeitada, por outros estudiosos de Galileu.[71] No entanto, foi apoiado recentemente pelo romancista e escritor de ciência Michael White.[72]

Pontos de vista da Igreja Católica Moderna[editar | editar código-fonte]

Em 1758 a Igreja Católica retirou a proibição geral dos livros que defendiam o heliocentrismo do Index Librorum Prohibitorum.[73] No entanto, não resolveu explicitamente as decisões emitidas pela Inquisição em seu julgamento de 1633 contra Galileu, ou levantou a proibição de versões não censuradas do De Revolutionibus de Copérnico ou do Dialogue de Galileu.[73] A questão finalmente chegou ao auge em 1820, quando o Mestre do Palácio Sagrado (o principal censor da Igreja), Filippo Anfossi, recusou-se a licenciar um livro de um cânone católico, Giuseppe Settele, porque tratou abertamente o heliocentrismo como fato físico.[74] Settele apelou ao Papa Pio VII. Depois que o assunto foi reconsiderado pela Congregação do Índice e pelo Santo Ofício, a decisão de Anfossi foi revogada.[74] O De Revolutionibus de Copernico e o Dialogue de Galileu foram posteriormente omitidos na próxima edição do Índice quando apareceu em 1835.[75]

Em 1979 o Papa João Paulo II expressou a esperança de que "os teólogos, eruditos e historiadores, animados por um espírito de colaboração sincera, estudarão o caso Galileu mais profundamente e, em reconhecimento leal de erros de qualquer lado que vierem".[76] No entanto, a Pontifícia Comissão de Estudos Interdisciplinares constituída em 1981 para estudar o caso não atingiu nenhum resultado definitivo. Por isso, o discurso do Papa em 1992 que encerrou o projeto era vago e não cumpriu suas intenções expressas em 1979.[77]

Em 15 de fevereiro de 1990, em um discurso pronunciado na Universidade de Roma "La Sapienza" em Roma,[78] o cardeal Ratzinger, o futuro Papa Bento XVI, citou algumas opiniões atuais sobre o caso Galileu como formando o que ele chamou de "um caso sintomático que ilustra a extensão a que as dúvidas da modernidade sobre si mesmo cresceram hoje em ciência e tecnologia".[79] Como evidência, ele apresentou os pontos de vista de alguns filósofos proeminentes, incluindo Ernst Bloch e Carl Friedrich von Weizsäcker, bem como Paul Feyerabend, a quem ele citou dizendo:

A Igreja na época de Galileu manteve-se muito mais perto da razão do que o próprio Galileu, e ela tomou em consideração as consequências éticas e sociais do ensino de Galileu também. Seu veredito contra Galileu foi racional e justo, e a revisão deste veredito só pode ser justificada com base no que é politicamente oportuno.[80]

Ratzinger não disse diretamente se ele concordou ou discordou com as afirmações de Feyerabend, mas disse no mesmo contexto que "seria uma tolice construir uma apologética impulsiva com base em tais pontos de vista".[79]

Em 1992 foi relatado que a Igreja Católica se voltou para vindicar Galileu:[81]

Graças à sua intuição como um físico brilhante e ao confiar em diferentes argumentos, Galileu, que praticamente inventou o método experimental, entendeu por que apenas o Sol poderia funcionar como o centro do mundo, como era então conhecido, isto é, como um sistema planetário. O erro dos teólogos da época, quando mantiveram a centralidade da Terra, era pensar que nossa compreensão da estrutura do mundo físico era, de alguma forma, imposta pelo sentido literal da Sagrada Escritura ....

— Papa João Paulo II, L'Osservatore Romano N. 44 (1264) - 4 de novembro de 1992

Em janeiro de 2008 estudantes e professores protestaram contra a visita planejada do Papa Bento XVI à Universidade de Roma "La Sapienza", afirmando em uma carta que as opiniões expressas do papa sobre Galileu "ofenderam-nos e humilharam-nos como cientistas leais à razão e como professores que dedicaram suas vidas para o avanço e disseminação do conhecimento".[82] Em resposta o papa cancelou sua visita.[83] O texto completo do discurso que teria sido dado foi disponibilizado alguns dias após a aparição cancelada do Papa Bento XVI na universidade.[84] O reitor da La Sapienza, Renato Guarini, e o ex-primeiro-ministro italiano Romano Prodi se opuseram ao protesto e apoiaram o direito do papa de falar.[85] Também foram notáveis ​​as contra-declarações públicas dos professores da La Sapienza Giorgio Israel[86] e Bruno Dalla Piccola.[82]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Aristarco de Samos
  • Giordano Bruno

Referências

  1. Blackwell (1991, p. 2). Blackwell (1991, p. 50) dates the start of the Galileo affair to 1610. Finocchiaro (1989, p. 1) puts it a few years later, in 1613.
  2. Finocchiaro (1989, p. 1): "By the 'Galileo affair' is meant the sequence of developments which began in 1613 and culminated with the trial and condemnation of Galileo Galilei by the Roman Catholic Inquisition in 1633."
  3. a b c d Heilbron (2010), p. 218
  4. a b Ashmand, J. M. (1936). Ptolemy's Tetrabiblos; Or, Quadripartite Being Four Books of The influence of the Stars. [S.l.]: Library of Alexandria. p. 1. ISBN 978-1-61310-429-3 Extract of page 1
  5. a b Kasting, James (2010). How to Find a Habitable Planet illustrated ed. [S.l.]: Princeton University Press. p. 4. ISBN 978-0-691-13805-3 Extract of page 4
  6. Drake, Stillman (1999). Essays on Galileo and the History and Philosophy of Science, Volume 1. Toronto: University of Toronto Press. 292 páginas. ISBN 9780802075857
  7. Drake (1978, p. 162), Sharratt (1994, p. 86), Favaro (1900, 10:421–423) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em latim).
  8. Galileo did not name the philosophers concerned, but Galileo scholars have identified two of them as Cesare Cremonini and Giulio Libri (Drake, 1978, pp. 162, 165; Sharratt, 1994, p. 87). Claims of similar refusals by bishops and cardinals have sometimes been made, but there appears to be no evidence to support them.
  9. Favaro, (1900, 10:423) Arquivado 2011-07-18 no Wayback Machine (em latim). Segue o original em latim: "Volo, mi Keplere, ut rideamus insignem vulgi stultitiam. Quid dices de primariis huius Gimnasii philosophis, qui, aspidis pertinacia repleti, nunquam, licet me ultro dedita opera millies offerente, nec Planetas, nec ☽, nec perspicillum, videre voluerunt? Verum ut ille aures, sic isti oculos, contra veritatis lucem obturarunt." Uma variedade de traduções de qualidade variável foram impressas—Bethune (1830, p. 29), Fahie (2005, p. 102), Lodge (2003, p. 106) e de Santillana (1976, p. 9), por exemplo.
  10. Sharratt (1994, p. 98).
  11. "La legha del Pippione" (Favaro, 1901, 11:476) (em italiano). "The Pigeon" ("il Pippione") was Cigoli's derisive nickname for the presumed leader of the group, Lodovico delle Colombe (Sharratt, 1994, p. 95; Favaro, 1901, 11:176, 11:228–29, Arquivado 2009-02-21 no Wayback Machine 11:502). It is a pun on Colombe's surname, which is the feminine plural form of the Italian word for "Dove." "Pippione" is a now obsolete Italian word with a triple entendre—besides meaning "young pigeon," it was also a jocular colloquialism for a testicle, and a Tuscan dialect word for a fool.
  12. Drake (1978, p. 180), Favaro (1901) 11:241–42) Arquivado 2009-02-21 no Wayback Machine (em italiano).
  13. Blackwell, Richard (1991). Galileo, Bellarmine, and the Bible. Notre Dame: University of Notre Dame Press. p. 25. ISBN 0268010242
  14. "The Gregorian calendar, first adopted in 1582, was in fact based on computations that made use of Copernicus' work." Thomas Kuhn (1957). The Copernican Revolution. [S.l.]: Harvard University Press. p. 125
  15. Four Treatises for the Reconsideration of the History of Science, Fabio J. a. Farina
  16. Heilbron (2010), p. 369
  17. Langford, Jerome J. (1992). Galileo, science, and the church (with foreword by Stillman Drake) 3rd ed. Ann Arbor: University of Michigan Press. p. 54. ISBN 0472065106 -Letter from Benedetto Castelli to Galileo, 1613–14
  18. Letter to Benedetto Castelli
  19. Sharratt (1994, p. 109).
  20. Sharratt (1994, pp. 112–26).
  21. a b Speller, Jules (2008). Galileo's Inquisition Trial Revisited. [S.l.]: Peter Lang. pp. 57–58. ISBN 9783631562291. Consultado em 11 de março de 2015
  22. Finocchiario, Maurice (2014). The Essential Galileo. [S.l.]: Hackett Publishing. pp. 168–72
  23. Mayer, Thomas (2012). The Trial of Galileo, 1612–1633. [S.l.]: University of Toronto Press. pp. 49–55. ISBN 9781442605190
  24. Naess, Atle (2006). Galileo Galilei – When the World Stood Still. [S.l.]: Springer Science & Business Media. pp. 89–91. ISBN 9783540270546. Consultado em 11 de março de 2015
  25. a b Langford (1992), p. 56-57
  26. Drake (1978, p. 240), Sharratt (1994, pp. 110–111), Favaro (1907, 19:297–298) (em italiano).
  27. Sharratt (1994, p. 111), Favaro (1907, 19:307–311) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em latim)(em italiano).
  28. Drake (1978, p. 241), Favaro (1895, 5:291–292) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em italiano).
  29. Langford, 1992, p. 79
  30. Blackwell (1991, p. 74), Sharratt (1994, p. 112) "Saving the appearances" meant that the theory could enable astronomers to accurately predict and explain all the empirically observed apparent motions of the Sun, Moon, stars and planets.
  31. Blackwell (1991, p. 265–67), Finocchiaro (1989, p. 67–9). A copy of Finocchiaro's translation of the letter is available on-line.
  32. Sharratt (1994, p. 115-25).
  33. Graney (2015, pp. 68–69) Ingoli's essay was published in English translation for the first time in 2015.
  34. Finocchiaro (2010, pp. 72)
  35. Graney (2015, pp. 71)
  36. Graney (2015, pp. 66–76, 164–175, 187–195)
  37. Fantoli (2005, p. 118), McMullin (2005b, p. 152), Favaro(1907, 19:320) (em italiano).
  38. Beretta (2005a, pp. 247–248), Favaro(1907, 19:318) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em italiano).
  39. McMullin (2005b, pp. 167–168), Drake (1978, p. 252), Sharratt (1994, p. 127), Favaro (1902,12:242) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em italiano).
  40. An inaccuracy in Guicciardini's letter has led some historians (e.g. Drake, 1978, p. 252; Sharratt, 1994, p. 127) to identify a meeting between Cardinal Orsini and the Pope as the specific incident which triggered the Copernican propositions' referral to the qualifiers. This cannot have been the case, however, because the meeting did not occur until several days after the propositions had been referred to them. (McMullin, 2005b, pp. 152, 153)
  41. «The Galileo Affair: A Documentary History». University of California Press. 1989. Consultado em 29 de outubro de 2014. Arquivado do original em 30 de setembro de 2007
  42. Graney, Christopher M. (março de 2014), The Inquisition's Semicolon: Punctuation, Translation, and Science in the 1616 Condemnation of the Copernican System (pdf), 1402, pp. arXiv:1402.6168, Bibcode:2014arXiv1402.6168G, arXiv:1402.6168
    Que motivos levaram a Igreja Católica a impedir a propagação de ideias como as de Giordano Bruno e Galileu Galilei?
    , consultado em 9 de agosto de 2016
  43. Domínguez, Nuño (fevereiro de 2014). «Una errata reproducida durante siglos cambia la censura de la Iglesia a Galileo». Materia (em espanhol). Consultado em 9 de agosto de 2016
  44. Drake (1978, p. 253).
  45. Finnochiario (2007), p. 154
  46. a b Finochiario, Maurice (2007). Retrying Galileo. [S.l.]: University of California Press
  47. a b c d e Youngson, Robert M. Scientific Blunders: A Brief History of How Wrong Scientists Can Sometimes Be; Carroll & Graff Publishers, Inc.; 1998; pp. 290–293
  48. Sobel, Dava. «Galileo's Dialogue». The Globe and Mail
  49. Finocchiaro (1997), p. 54)
  50. Finocchiaro (1997), p. 82); Moss & Wallace (2003), p. 11)
  51. Finocchiaro (1989, p. 288). A copy of this quotation, taken from Finocchiaro's translation of the Inquisition's judgement against Galileo is available online
  52. Sharratt (1994, pp. 172–3]).
  53. «Papal Condemnation (Sentence) of Galileo in 1633». University of Missouri–Kansas City. Consultado em 21 de junho de 2011
  54. Fantoli (2005, p. 139), Finocchiaro (1989, p. 288–293). Finocchiaro's translation of the Inquisition's judgment against Galileo is available online. "Vehemently suspect of heresy" was a technical term of canon law and did not necessarily imply that the Inquisition considered the opinions giving rise to the verdict to be heretical. The same verdict would have been possible even if the opinions had been subject only to the less serious censure of "erroneous in faith" (Fantoli, 2005, p. 140; Heilbron, 2005, pp. 282–284).
  55. Finocchiaro (1989, pp..38, 291, 306). Finocchiaro's translation of the Inquisition's judgement against Galileo is available on-line.
  56. Drake (1978, p. 367), Sharratt (1994, p. 184), Favaro (1905, 16:209, Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine 230) Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine(em italiano). When Fulgenzio Micanzio, one of Galileo's friends in Venice, sought to have Galileo's Discourse on Floating Bodies reprinted in 1635, he was informed by the Venetian Inquisitor that the Inquisition had forbidden further publication of any of Galileo's works (Favaro, 1905, 16:209) (em italiano), and was later shown a copy of the order (Favaro, 1905, 16:230) .(em italiano) When the Dutch publishers Elzevir published Galileo's Dialogues Concerning Two New Sciences in 1638, some five years after his trial, they did so under the pretense that a manuscript he had presented to the French Ambassador to Rome for preservation and circulation to interested intellectuals had been used without his knowledge (Sharratt, 1994, p. 184; Galilei, 1954 p.xvii; Favaro, 1898, 8:43 Arquivado 2007-09-27 no Wayback Machine (em italiano)). Return to other article: Galileu Galilei;Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo;Duas Novas Ciências
  57. Drake (1978, p. 356)
  58. Drake (1978, p. 357)
  59. On two occasions only during this period he was given permission to travel away from Arcetri. In October 1636 he was permitted to travel to Poggibonsi to meet the French ambassador to Rome, François de Noailles (Sharratt,1994, p. 184; Favaro 1905, 16:507[ligação inativa] (em italiano)). In March 1638 he was permitted to travel to Florence for medical treatment, where he spent several months before returning to Arcetri (Sharratt,1994, p. 186; Favaro 1905, 17:290,[ligação inativa] 310–11)[ligação inativa](em italiano)).
  60. Drake (1978, p. 414)
  61. See Langford (1966, pp. 133–134), and Seeger (1966, p. 30), for example. Drake (1978, p. 355) asserts that Simplicio's character is modelled on the Aristotelian philosophers, Lodovico delle Colombe and Cesare Cremonini, rather than Urban. He also considers that the demand for Galileo to include the Pope's argument in the Dialogue left him with no option but to put it in the mouth of Simplicio (Drake, 1953, p. 491). Even Arthur Koestler, who is generally quite harsh on Galileo in The Sleepwalkers (1959), after noting that Urban suspected Galileo of having intended Simplicio to be a caricature of him, says "this of course is untrue" (1959, p. 483)
  62. Sobel, Dava (2000, pp. 223–225) [1999]. Galileo's Daughter. Londres: Fourth Estate. ISBN 1-85702-712-4.
  63. McMullin (2008)
  64. Jules Speller (2008). Galileo's Inquisition Trial Revisited. [S.l.]: Peter Lang. pp. 55–56. ISBN 9783631562291. Consultado em 6 de outubro de 2014. Inside the Catholic domain, the first difficulties worth mentioning begin to arise when, toward the end of 1610 or the beginning of 1611, appears the manuscript of an essary written by Lodovico (or Ludovico) delle Colombe Contro il moto della terra. The author is a fierce Aristotelian attacking almost everything coming from Galileo, himself known to be very critical of Aristotelians of his age and having criticized a book of delle Colombe in 1604 (Drake 1980, 50; Blackwell 1991, 59–61).
    ...
    Thus the whole "Galileo affair" starts as a conflict initiated by a secular Aristotelian philosopher, who, unable to silence Galileo by philosophical arguments, uses religion to achieve his aim.
  65. Riper, A. Bowdoin Van (15 de setembro de 2011). A Biographical Encyclopedia of Scientists and Inventors in American Film and TV since 1930. [S.l.]: Scarecrow Press. 21 páginas. ISBN 9780810881297. Consultado em 6 de outubro de 2014. Galileo did not simply reject the Aristotelian model of the universe: he offered concrete evidence that it was wrong. In 1609 and 1610 his use of a telescope for astronomical observation—the first in history—revealed spots on the sun and mountains on the moon that undermined the Aristotelian belief in celestial perfection ... Galileo made enemies with ease—a result of his quick wit, sharp tongue, and distrust of authority. Many of them were priests, as well as astronomers and mathematicians, and found reason to dislike Galileo in both capacities.
  66. John Lennox (2009). God's Undertaker. [S.l.]: Lion Books. p. 26. ISBN 9780745953717. Consultado em 6 de outubro de 2014. Finally, another lesson in a different direction, but one not often drawn, is that it was Galileo, who believed in the Bible, who was advancing a better scientific understanding of the universe, not only, as we have seen, against the obscurantism of some churchmen, but (and first of all) against the resistance (and obscurantism) of secular philosophers of his time who, like the churchmen, were also convinced disciples of Aristotle.
  67. Redondi (1983).
  68. Redondi (1983) attributed authorship of this document to Orazio Grassi, the target of attacks by Galileo in The Assayer. However, according to Sergio Pagano (1984, p. 44), a handwriting expert, Fr. Edmondo Lamalle, S.J., who compared its handwriting with that of contemporaneous documents known to have been written by Grassi, declared it "absolutely not sustainable" ("non è assolutamente sostenibile") that they could be of the same hand.
  69. Wallace (1991, pp. VII 81–83).
  70. Redondi acknowledges that there are no surviving documents in which these protests were made explicit. His conclusions are based on complex inferences from indirect evidence.
  71. Ferrone and Firpo (1986) and Westfall (1989, pp. 58–93) provide comprehensive overviews of some of the criticisms that have been levelled at Redondi's theory. Briefer criticisms can be found in Pagano (1984, pp. 43–48), Gosselin (1985), Westfall (1987), Baumgartner (1989), Drake (1990, p. 179—footnote), Blackwell (1991, pp. 154–155, footnote 47), Wallace (1991, pp. VII pp. 67, 81–84), Sharratt (1994, p. 149), Artigas et al. (2005, pp. 214, 222, 225–227), and Beretta (2005b, pp. 192, 202–203).
  72. White (2007)
  73. a b Heilbron (2005, p. 307).
  74. a b Heilbron (2005, pp. 279, 312–313)
  75. Finocchiaro (2005, p.198)
  76. Segre, Michael (1997). «Light on the Galileo Case?». Isis. 88 (3): 484–504. doi:10.1086/383771
  77. Segre, Michael (1999). «Galileo: A 'rehabilitation' that has never taken place». Endeavour. 23 (1): 20–23. doi:10.1016/s0160-9327(99)01185-0
  78. An earlier version had been delivered on December 16, 1989, in Rieti, and a later version in Madrid on February 24, 1990 (Ratzinger, 1994, p. 81). According to Feyerabend himself, Ratzinger had also mentioned him "in support of" his own views in a speech in Parma around the same time (Feyerabend, 1995, p. 178).
  79. a b Ratzinger (1994, p. 98).
  80. Ratzinger (1994, p. 98). A partly browsable on-line copy of Ratzinger's text is available at Amazon.com. The page containing the quotation can be obtained by searching on a short extract. An alternative translation (Allen, 2008) Arquivado 2008-05-15 no Wayback Machine is also available on the web. However, Allen's attribution of his translation to a speech supposedly given by Ratzinger in Parma on March 15, 1990 contradicts the attribution given by his source—namely, Ratzinger's speech at La Sapienza on February 15.
  81. Daniel N. Robinson citing John Paul II in Human nature in its wholeness: a Roman Catholic perspective edited by D. N. Robinson, G. M. Sweeney and R. Gill, Front Cover
  82. a b «Sapienza Academics Reject Pope's University Address». Corriere della Sera (English edition). 15 de janeiro de 2008
  83. «Papal visit scuppered by scholars». BBC News. 15 de janeiro de 2008
  84. «The speech Pope Benedict did not deliver». Catholic World News. 19 de janeiro de 2008
  85. Fisher, Ian (16 de janeiro de 2008). «Pope cancels speech at university in Rome». Boston Globe
  86. «Rejection of Pope's speech is fear of dialogue between faith and reason, professor says». Catholic News Agency. 15 de janeiro de 2008; «WHEN RATZINGER DEFENDED GALILEO AT "LA SAPIENZA"» This last citation is a reprint of the original article that appeared in L'Osservatore Romano on January 15, 2008. Scroll down for access.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Artigas, Mariano; Martínez, Rafael; Shea, William R. (2005). «New Light on the Galileo affair?». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. pp. 213–233. ISBN 0-268-03483-4
  • Beretta, Franchesco (2005). «Galileo, Urban VIII, and the Prosecution of Natural Philosophers». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. pp. 234–261. ISBN 0-268-03483-4
  • Beretta, Franchesco (2005). «The Documents of Galileo's Trial: Recent Hypotheses and Historical Criticisms». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. pp. 191–212. ISBN 0-268-03483-4
  • Baumgartner, Frederic J. (1989). «Galileo Heretic (Book Review)». The Sixteenth Century Journal. XX (2): 309–10. JSTOR 2540675. doi:10.2307/2540675
  • Bowler, Peter J.; Morus, Iwan Rhys (2005). Making modern science: a historical survey. Chicago IL: University of Chicago Press. ISBN 0-226-06860-9
  • Bethune, John Elliot Drinkwater (1830). The life of Galileo Galilei, with illustrations of the advancement of experimental philosophy. London: [s.n.]
  • Blackwell, Richard J. (1991). Galileo, Bellarmine, and the Bible. Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press. ISBN 0-268-01024-2
  • Domínguez, Nuño (28 de fevereiro de 2014). «Una errata reproducida durante siglos cambia la censura de la Iglesia a Galileo». EsMateria.com
  • Drake, Stillman (1978). Galileo At Work. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0-226-16226-5
  • Drake, Stillman (1990). Galileo: Pioneer Scientist. Chicago, MI: University of Toronto Press. ISBN 0-8020-2725-3
  • Fahie, John (2005). Galileo His Life and Work. Whitefish, MT: Kessinger. ISBN 1-4179-6999-7
  • Fantoli, Annibale (2005). «the Disputed Injunction and its role in Galileo's Trial». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. pp. 117–149. ISBN 0-268-03483-4
  • Favaro, Antonio, ed. (1890–1909). Le Opere di Galileo Galilei, Edizione Nazionale [The Works of Galileo Galilei, National Edition] (em italian). Florence: Barbera. ISBN 88-09-20881-1 A searchable online copy is available on the Institute and Museum of the History of Science, Florence, and a brief overview of Le Opere is available at Finn's fine books, and here.
  • Ferrone, Vincenzo; Firpo, Massimo (junho de 1986). «From Inquisitors to Microhistorians: A Critique of Pietro Redondi's Galileo eretico». The Journal of Modern History. 58 (2): 485–524. doi:10.1086/243016
  • Feyerabend, Paul (1995). Killing Time: The Autobiography of Paul Feyerabend. Chicago, MI: University of Chicago Press. ISBN 0-226-24531-4
  • Finocchiaro, Maurice (2010), Defending Copernicus and Galileo: Critical Reasoning in the two Affairs, ISBN 978-9048132003, Springer
  • Finocchiaro, Maurice A. (1989). The Galileo Affair: A Documentary History. Berkeley, CA: University of California Press. ISBN 0-520-06662-6
  • Finocchiaro, Maurice A. (2005). Retrying Galileo, 1633–1992. Berkeley, CA: University of California Press. ISBN 0-520-24261-0
  • Graney, Christopher M. (2015), Setting Aside All Authority: Giovanni Battista Riccioli and the Science against Copernicus in the Age of Galileo, ISBN 978-0268029883, University of Notre Dame Press
  • Galileo Galilei (1953). Dialogue Concerning the Two Chief World Systems. Berkeley, CA: University of California Press. ISBN 0-520-00449-3
  • Galileo Galilei; Finocchiaro, Maurice A. (1997). Galileo on the World Systems: A New Abridged Translation and Guide. Berkeley, CA: University of California Press. ISBN 0-520-20548-0
  • Galileo Galilei (1954) [1638–1914]. Dialogues Concerning Two New Sciences. New York, NY.: Dover Publications Inc. ISBN 0-486-60099-8
  • Gosselin, Edward A. (1985). «Galileo Eretico (Book Review)». The Sixteenth Century Journal. XVI (4): 523–24. JSTOR 2541227. doi:10.2307/2541227
  • Heilbron, John L. (2010). Galileo. Oxford: Oxford University Press. ISBN 9780199583522. OCLC 642283198
  • Heilbron, John L. (2005). «Censorship of Astronomy in Italy after Galileo». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. ISBN 0-268-03483-4
  • Koestler, Arthur (1990) [1959]. The Sleepwalkers: A History of Man's Changing Vision of the Universe. [S.l.]: Penguin. ISBN 0-14-019246-8 Original edition published by Hutchinson (1959, London).
  • Langford, Jerome K., O.P. (1998) [1966]. Galileo, Science and the Church third ed. [S.l.]: St. Augustine's Press. ISBN 1-890318-25-6. Original edition by Desclee (New York, NY, 1966)
  • Lodge, Oliver (2003) [1893]. Pioneers of Science. Whitefish, MT: Kessinger. ISBN 0-7661-3500-4
  • McMullen, Emerson Thomas, Galileo's condemnation: The real and complex story (Georgia Journal of Science, vol. 61(2) 2003)
  • McMullin, Ernan, ed. (2005). The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. ISBN 0-268-03483-4. Reference-McMullin-2005
  • McMullin, Ernan (2005). «The Church's Ban on Copernicanism, 1616». In: McMullin, Ernan. The Church and Galileo. [S.l.]: University of Notre Dame Press, Notre Dame. pp. 150–190. ISBN 0-268-03483-4
  • McMullin, Ernan (2008). «Robert Bellarmine». In: Gillispie, Charles. Dictionary of Scientific Biography. Scribner & American Council of Learned Societies
  • Moss, Jean Dietz; Wallace, William (2003). Rhetoric & dialectic in the time of Galileo. Washington D.C.: CUA Press. ISBN 0-8132-1331-2
  • Pagano, Sergio M. (ed); (in collaboration with Luciano, Antonio G.) (1984). «I Documenti del Processo di Galileo Galilei». Pontificiae Academiae Scientiarum Scripta Varia, no.53, Vatican City. Consultado em 22 de julho de 2005. Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2006 ISBN 88-85042-11-2.
  • Ratzinger, Joseph Cardinal (1994). Turning point for Europe? The Church in the Modern World—Assessment and Forecast. San Francisco, CA: Ignatius Press. ISBN 0-89870-461-8. OCLC 60292876
  • Redondi, Pietro (1987) [1983]. Galileo Heretic. Princeton, NJ: Princeton University Press. ISBN 0-691-08451-3
  • de Santillana, Giorgio (1976) [1955]. The Crime of Galileo. Chicago, Ill: University of Chicago Press. ISBN 0-226-73481-1
  • Seeger, Raymond J. (1966). Galileo Galilei, his life and his works. Oxford: Pergamon Press
  • Segre, Michael (2011–2012). «Four centuries later: how to close the galileo case?». Physis Riv Int Stor Sci. 48 (1–2)
  • Speller, Jules, Galileo's Inquisition Trial Revisited , Peter Lang Europäischer Verlag, Frankfurt am Main, Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Wien, 2008. 431 pp. ISBN 978-3-631-56229-1 / US-ISBN 978-0-8204-8798-4
  • Sharratt, Michael (1994). Galileo: Decisive Innovator. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-56671-1
  • Wallace, William A. (1991). Galileo, the Jesuits and the Medieval Aristotle. Great Yarmouth: Variorum. ISBN 0-86078-297-2
  • Westfall, Richard S. (1987). «Galileo Heretic (Book Review)». Science. 237 (4818): 1059–60. Bibcode:1987Sci...237.1059W. PMID 17837398. doi:10.1126/science.237.4818.1059
  • Westfall, Richard S. (1989). Essays on the Trial of Galileo. Vatican City: Vatican Observatory
  • White, Michael (2007). Galileo antichrist. London: Wiedenfeld & Nicholson. ISBN 978-0-297-84868-4

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Galileo Galilei, Scriptural Exegete, and the Church of Rome, Advocate of Science lecture (audio here) by Thomas Aquinas College tutor Dr. Christopher Decaen
  • "The End of the Myth of Galileo Galilei" by Atila Sinke Guimarães
  • The Starry Messenger (1610). An English translation from Bard College
  • Sidereus Nuncius (1610) (em latim) Original Latin text at LiberLiber online library.
  • Galileo's letter to Castelli of 1613. The English translation given on the web page at this link is from Finocchiaro (1989), contrary to the claim made in the citation given on the page itself.
  • Galileo's letter to the Grand Duchess Christina of 1615
  • Bellarmine's letter to Foscarini of 1615
  • Inquisition documents, 1616 and 1633
  • Galileo: Science and Religion Extensively documented series of lectures by William E.Carroll and Peter Hodgson.
  • Edizione Nationale (em italiano). A searchable online copy of Favaro's National Edition of Galileo's works at the website of the Institute and Museum of the History of Science, Florence.

Por que Galileu Galilei e Giordano Bruno foram perseguidos pela Igreja Católica?

As descobertas iniciais de Galileu vieram em oposição à Igreja Católica, e em 1616 a Inquisição declarou o heliocentrismo como formalmente herético. Os livros heliocêntricos foram banidos e Galileu recebeu ordens para abster-se de manter, ensinar ou defender ideias heliocêntricas.

Por que a Igreja combateu as ideias desses?

Resposta: A igreja combateu as ideias desses pensadores pois eram vistas como "desmentido" a Bíblia que ameaçavam a "autoridade científica" da igreja.

Por que as ideias de Giordano Bruno eram vistas pela Igreja Católica como uma ameaça?

Segundo o astrofísico Daniel Brito de Freitas, da Universidade Federal do Ceará (UFC), o principal motivo do incômodo que Bruno causava à Igreja é que ele defendia que o Deus definido pelo Cristianismo era limitado e, acima de tudo, não incorporava a ideia da infinitude dos mundos.

Por que Giordano Bruno foi condenado pela Igreja?

A partir de 1593, Bruno foi julgado por heresia pela Inquisição romana, acusado de negar várias doutrinas católicas essenciais, incluindo a condenação eterna, a Trindade, a divindade de Cristo, a virgindade de Maria e a transubstanciação.