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A trilha sonora e a diegese como elementos narrativos no cinema

Como a música e os efeitos sonoros podem interferir diretamente na construção de histórias cinematográficas

Quando se fala na criação de uma história no cinema, é comum vir à mente o roteiro, os atores, a fotografia, entre outras partes de uma produção. Muitas pessoas, no entanto, deixam como último plano ou até mesmo se esquecem da trilha sonora, ainda que ela seja de extrema importância tanto para a montagem da obra em si como para a imersão do espectador.

A sonoridade de um filme pode possuir um leque de intenções, seja causar diferentes sentimentos no espectador (como tristeza, tensão, felicidade ou medo), aumentar o impacto dos elementos da cena, ou até mesmo causar interferências diretas na história retratada. Algo que pode contribuir para essas interferências diretas é a diegese, que se trata de um conjunto de elementos que caracterizam e delimitam uma determinada narrativa, como, por exemplo, o tempo e o espaço. Ela também se aplica à sonoridade no cinema, dividindo a trilha sonora entre diegética, não diegética e metadiegética. 

A trilha sonora não diegética é aquela em que somente o espectador tem consciência. Ela pode ser utilizada dentre inúmeras razões, como ampliar a emotividade, narrar a história e caracterizar personagens e ambientes. Um famoso exemplo é a Marcha Imperial, que marca a aparição ou menção a Darth Vader nos filmes de Star Wars:

Já na trilha sonora diegética, os sons são percebidos tanto pelo espectador quanto pelos personagens; pelo universo da cena no geral. Um exemplo básico são os musicais, que falaremos mais adiante. Além disso, a metadiegética é aquela que se entende por subjetiva a determinado personagem. Ou seja, somente ele, no universo ficcional, e nós, espectadores, somos capazes de ouvir.

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[Imagem: Reprodução/Leyslie Martins]

Para entender melhor como funciona a diegese na trilha sonora e como ela pode afetar as nossas percepções, o Cinéfilos conversou com Leyslie Martins, criadora do portal Todas Geek, mestra em Comunicação em Audiovisual, especialista em Metodologia em Música e produtora musical.

De acordo com Leyslie, o fato da trilha sonora ser diegética ou não influencia diretamente no modo como a cena será recebida pelo público: “em um filme de terror, por exemplo, se ouço uma trilha sonora que vai me dar medo, já sei o que pode acontecer: ou vai ser um jumpscare, ou aquele personagem vai se assustar. Só que ele não pode ouvir esse som, porque, se ouvir, já vai saber o que pode acontecer também.”

“Então a trilha sonora não diegética e a trilha sonora diegética trarão para o espectador o que ele pode ou não saber; seria a sua onisciência. Resumindo: quando é posta uma trilha sonora diegética, os dois sabem o que está acontecendo; no caso da não diegética, só o espectador, e então vira uma surpresa para o personagem.”

Os musicais

Quando se fala de música diegética, os musicais são as produções que logo vêm à mente. Isso porque não só as canções como coreografias e instrumentações no geral são pré-concebidas, tanto pelos personagens quanto pelos espectadores, como algo comum naquele universo determinado. Leyslie exemplifica, a partir de Em Um Bairro de Nova York (In The Heights, 2021), como esse processo ocorre: “existe uma cena em que [o protagonista] ganha na loteria e ele não vai falar ‘eu ganho na loteria’; ele vai cantar que ele ganha na loteria”.

Ela explica que é assim que esse filme e tantos outros musicais conduzem a sua narrativa: “você não vai ver diálogo, você vai ver música, você vai ver canção, você vai ver pessoas cantando e traduzindo o que conversariam em uma letra. Não tem como você assistir sem prestar atenção na letra, porque a letra é o diálogo.”

Leyslie ainda complementa que “a música tem o poder que a fala não tem”: “o diálogo pode te descrever uma cena incrível de declaração de amor, mas quando você coloca uma música que tem a ver, que traz o sentimento, que tem uma instrumentação adequada para aquele momento, a emoção vai muito mais além do que a cena sem aquela música.” 

Um bom exemplo de um musical que explora todos esses desdobramentos da trilha sonora é Rocketman (2019), que mistura a diegese, a não diegese e a metadiegese com o intuito de aproximar ainda mais o espectador da visão de Elton John (Taron Egerton), pois, além da figura musical como conhecemos, passamos também a entender o âmago do cantor. 

“A música de Rocketman é uma música que te leva à alusão do que ele está sentindo e é estritamente, exatamente isso: você está dentro da cabeça do personagem’, analisa Leyslie, “e ao mesmo tempo que as pessoas ‘não estão entendendo’ explicitamente o que que é, ele não está dando um show ali naquele momento; ele tem um momento da alusão da cabeça dele e depois isso vai sendo transpassado para outra cenas”.

A fim de exemplificar melhor como a diegese pode influenciar diretamente nos eventos ao longo da narrativa, analisamos (com spoilers) de que modo alguns filmes exploram a trilha sonora para além de um mero elemento cinematográfico.

O Som do Silêncio (Sound of Metal, 2019)

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Riz Ahmed dá vida a Ruben Stone, um baterista cuja complexidade se aflora com o surgimento de novos conflitos pessoais. [Imagem: Divulgação/Prime Video]

O Som do Silêncio foi o vencedor das estatuetas de Melhor Som e de Melhor Edição no Oscar 2021, além de ter sido indicado em outras quatro categorias e obtido boas avaliações da crítica e do público. Na opinião de Leyslie, os prêmios foram merecidos: “eu fiquei bem feliz com essa premiação porque geralmente os filmes que ganham nas academias de cinema em relação ao som são filmes de ação. Filmes de guerra, por exemplo 1917 (2019), são os que ganham. O que ganhou [o prêmio] de mixagem no ano passado foi o Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari, 2019), e esse ano foi um filme que fala explicitamente sobre som.”

O filme conta a história de Ruben Stone (Riz Ahmed), um baterista ex-viciado em drogas que aos poucos começa a perder sua audição. O prêmio por Melhor Som não foi à toa, já que a narrativa não se dá somente pelo ponto de vista visual do protagonista, e sim por colocar o público em seu lugar. Leyslie diz: “a gente entender como é o ouvido dele quando ele está perdendo a audição, isso é muito importante e estritamente narrativo, e é essencial para entender mesmo o que se passa dentro da cabeça daquele personagem”. Para isso, o filme aposta na interpolação entre chiados sons abafados e indistinguíveis, ouvidos por Ruben, e os sons em condição típica ouvidos pelo restante dos personagens não surdos. 

O choque entre a sua vida repleta de barulhos altos e agressivos ocasionados pelos shows que fazia e a imposição do silêncio e da quietude pela surdez resultam em uma crise emocional agoniante, que faz com que ele queira desesperadamente a sua vida antiga de volta.

Mas é sobretudo quando Ruben chega na comunidade para surdos que somos capazes de entender a sua perspectiva. Inicialmente o personagem fica por fora dos diálogos dos outros integrantes da comunidade, já que esses se comunicam frequentemente por língua de sinais. Isso faz com que o espectador, assim como o protagonista, tenha a sensação de deslocamento e não reconhecimento daquela atmosfera.

Com o decorrer de sua vivência na comunidade, Ruben passa a aprender como conviver melhor naquele universo quieto e mais calmo. Os sons ambientes, que estiveram presentes por todo o filme, ficam ainda mais evidentes para o espectador conforme o personagem passa a derrubar suas barreiras pessoais.

Entretanto, Ruben ainda deseja retornar à sua vida antiga e opta por colocar um implante auditivo. Nesse momento, somos novamente reafirmados em sua perspectiva, pois, com a ativação do implante, as expectativas do personagem (e as nossas) são quebradas pelo som chiado e robótico reproduzido pelo aparelho.

Alguns eventos importantes ocorrem em seguida: ele é expulso da comunidade por ter realizado a cirurgia, decide reencontrar sua namorada Lou (Olivia Cooke) de surpresa em Paris, a vê cantar com o pai em uma festa; tudo isso utilizando o aparelho. O que parece, na verdade, é que tudo ficou alto até demais.

Isso fica ainda mais claro na cena final, em que Ruben senta em uma praça e presta atenção em todos os sons à sua volta. Eles são barulhentos, desarmônicos e inquietos. São um amontoado insuportável que fazem com que o personagem desligue o seu implante. Só então ele finalmente consegue ter o seu verdadeiro momento de calmaria, de silêncio absoluto, após todo o caos que até então havia presenciado em sua vida.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014)

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J. K. Simmons e Miles Teller contracenam em uma história de busca pela excelência absoluta no jazz. [Imagem: Divulgação/Sony Pictures]

Vencedor do Oscar 2015 nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Montagem e Melhor Mixagem de Som, Whiplash: Em Busca da Perfeição é um filme que trabalha a música em todos os seus sentidos: tanto visualmente e na construção e trajetória dos personagens, quanto, é claro, através da trilha sonora.

Andrew Neiman (Miles Teller) é um calouro sonhador na melhor universidade de música dos Estados Unidos. O seu desejo de ser o grande baterista da geração é notado por Terence Fletcher (J. K. Simmons), um temido e respeitado professor de grande nome na área. Apesar de achar que finalmente as coisas estão dando certo, o aluno percebe que terá que dar tudo de si ao descobrir os métodos de ensino não convencionais de seu instrutor. 

Logo no primeiro dia de aula no conservatório de Fletcher, a trilha sonora diegética nos coloca no ponto de vista de Andrew. Quando o professor requisita que ele toque Whiplash  pela primeira vez com a banda de jazz, para nós e para o protagonista, tudo parece estar indo bem, pois além dos comentários positivos do mentor, a música está aparentemente em harmonia. Mas inesperadamente, Fletcher deixa à mostra o seu temperamento agressivo e, depois de toda a humilhação que ele faz o aluno passar, a banda retoma a música como se nada houvesse acontecido:

Em diversos momentos ao longo do filme é possível notar a discrepância entre o jazz bem orquestrado da trilha sonora (tanto diegética como não diegética) e o que de fato acontece na tela. A música, que é tida como objeto de paixão e arte, é contrastada com o absoluto estresse com que os alunos são constantemente postos à prova. O jazz, que comumente é tido como algo de alta classe, é interrompido por comentários ofensivos e até mesmo de cunho sexual.

Em um dia de aula atípico, Fletcher chega à sala mais quieto, mais sério e até mais educado que o normal. Ele coloca para tocar um solo de saxofone e revela que ali é um brilhante ex-aluno seu que faleceu. A música ao fundo de seu discurso amplifica a emoção da cena, expondo finalmente o lado sensível do amedrontador professor e tornando-o mais humano, mas não por muito tempo. Logo ao início da aula em si, ele retoma sua postura rotineira e faz com que os três bateristas revezem no instrumento durante muitas horas a fim de entregar a vaga de titular da banda. 

A primeira vez que vemos Fletcher tocar é em um bar. A essa altura, o protagonista já sente ter fracassado e desistido de sua carreira musical. A construção da imagem de Fletcher tocando piano com certa ternura, totalmente diferente de como agiu até então, é o primeiro passo para uma conversa sincera entre os dois. Pela primeira vez é possível ouvir uma justificativa por parte de seu antigo professor para agir daquele jeito enquanto lecionava, o que torna Andrew suscetível a aceitar o convite de tocar novamente com seu ex-professor, enxergando nisso uma nova oportunidade de retomar o seu sonho.

A cena final do filme descreve exatamente como a música pode interferir diretamente na história, já que é através dela que entendemos os pensamentos dos personagens e o desfecho da obra. Ao início do show, quando Andrew percebe que caiu em uma armadilha e não possui as partituras, a sua bateria fica totalmente sem sincronia com o resto dos instrumentos, deixando claro que ele está perdido e desesperado por tentar entrar no ritmo. Ao final da primeira música, o protagonista deixa o palco e abraça o seu pai nos bastidores.

Mas então a virada acontece. Andrew não se dá por vencido e retorna ao palco, de forma a desafiar diretamente Fletcher. O protagonista, assim como o professor, utiliza da música para se vingar, ao tocar um solo de bateria antes mesmo que qualquer um pudesse reagir:

Esse solo de bateria parece interminável, e por um motivo: vemos todos os estágios de desenvolvimento dos dois personagens. Fletcher, de início, não entende o que Andrew está fazendo, mas ordena que a banda toque junto. O baterista não só consegue acertar o tempo de Caravan do começo ao fim (até mesmo o swing de tempo dobrado que anteriormente havia sido uma de suas dores de cabeça), como continua tocando, sozinho, mesmo após o término da música.

Em certo momento, a música desacelera e diminui o seu volume junto a planos detalhes da visão de Andrew como baterista, causando tensão. E então retornamos a ver a cena de fora, como alguém da plateia, e percebemos que na verdade o personagem está muito acelerado e agitado, e toda a atenção se volta para ele.

Andrew dita as próprias regras enquanto toca, entrega tudo de si, e Fletcher não o interrompe. Pelo contrário, começa a ajudá-lo e incentivá-lo, e assim ambos entram em sintonia trabalhando juntos. No único momento de silêncio da cena é que acontece o verdadeiro clímax: sabemos, mesmo sem ver ou ouvir de fato, que Fletcher finalmente gesticula um “bom trabalho” para Andrew. Toda a banda torna a tocar junto, agora de fato finalizando a música e emendando para Whiplash de fundo nos créditos finais:

Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, 2017)

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Ansel Elgort é Baby em uma história de muita ação e música. [Imagem: Divulgação/Sony Pictures]

Em Ritmo de Fuga conta a história de Baby (Ansel Elgort), um piloto de fuga que exerce o seu perigoso trabalho com a ajuda da música. Por conta de um acidente de carro que sofreu quando criança, Baby passou a ter um problema de audição que causava um chiado. Por isso, então, utiliza da música para sobrepor esse barulho. 

O filme já mostra a que veio logo em suas primeiras cenas. A sincronia da música (nesse caso, meta diegética) que Baby escuta com os movimentos dos personagens, da cantoria do protagonista, dos barulhos e movimentos do carro e dos sons gerais reproduzidos durante a fuga da polícia, é algo que está presente em muitas das cenas do filme.

Essa coreografia dos elementos em cena com a trilha sonora fica ainda mais evidente logo em seguida, em um plano sequência no qual Baby vai comprar café. As suas gesticulações e dublagem no caminho, os grafites e outros elementos visuais na rua e os sons emitidos pelos objetos do ambiente não só coincidem com o ritmo da música como também descrevem literalmente a sua letra, e assim transformam o simples ato de ir até uma cafeteria em um aprofundamento da personalidade e da rotina do personagem: 

A relação com a música não se basta somente ao ato de ouvi-la constantemente. Ao longo do filme, é revelado que Baby também a produz a partir da gravação de diálogos entre os parceiros de crime, o que eventualmente lhe coloca em problemas. Além disso, através de flashbacks, descobrimos que sua mãe era cantora e lhe deu o seu primeiro iPod, que foi destruído no acidente de carro. Com essas memórias e detalhes fica claro que a música sempre teria sido o refúgio de Baby.

Durante outro roubo, é reforçado que a sintonia da música que Baby escuta é justamente o seu modus operandi para dirigir tão bem, já que ele sente a necessidade de retomar o início da trilha para agir conforme o plano. Em outros momentos isso novamente se observa, quando, mesmo em situações de vida ou morte, o protagonista faz questão de sintonizar em alguma rádio.

Em determinado momento na história, Baby revela para Buddy (Jon Hamm), seu companheiro de crime, que a sua trilha de ação perfeita seria Brighton Rock do Queen. Posteriormente, revoltado pela morte de sua companheira Darling (Eiza Gonzalez) que, indiretamente, foi causada por Baby, é o próprio Buddy quem coloca a música para tocar durante a cena de perseguição entre os dois:

Buddy dá tiros aos lados dos ouvidos de Baby com o intuito de deixá-lo surdo. Mais tarde, quando o protagonista está fugindo com sua namorada Deborah (Lily James), um som metadiegético coloca a sua audição em perspectiva ao reproduzir de maneira abafada a fita de sua mãe cantando. Por fim, após o desfecho do filme, a música dos créditos, Baby Driver, de Simon & Garfunkel, também conversa com a história e sobretudo com o título da película.

Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 2018)

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Bradley Cooper e Lady Gaga formam o casal da conhecida história de paixão, música e drama. [Imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures]

A história de Nasce Uma Estrela não é novidade nos cinemas. O longa de 2018, com direção de Bradley Cooper, é a quarta versão do drama e dá sequência ao prestigioso legado da trama, tendo arrecadado sete indicações no Oscar 2019 e o prêmio de Melhor Canção Original.

Jack (Bradley Cooper) é um famoso cantor que, por trás das câmeras, lida com múltiplos problemas pessoais: alcoolismo, drogas, a evolução de um problema auditivo, depressão e o seu relacionamento com o irmão e com o passado. Tudo isso parece perder a importância quando conhece Ally (Lady Gaga), uma garçonete que faz apresentações musicais em um pequeno bar. O protagonista se apaixona prontamente pela cantora anônima, e ambos começam a construir a sua história a partir dali.

Logo na cena inicial é possível ter a sensação de se estar em um palco em meio a um show lotado. Sob a perspectiva de Jack, ouvimos os sons ensurdecedores da plateia animada e da banda tocando a música. Em seguida, vemos o personagem entrando em seu carro. A multidão de fãs lá fora causa um barulho alto que, ao fechar a porta do automóvel, é abafado. Essas cenas, tanto visual como sonoramente, servem para demonstrar o contraste entre a atmosfera energizante dos shows, do trabalho e da imagem pública de Jack, e a solidão, os conflitos pessoais dele:

Mas não só na cena inicial a percepção de se estar em cima dos palcos é retratada. Pelo contrário, todos os shows de Jack e Ally fazem com que nós, espectadores, sintamos que estamos no lugar dos personagens, e não como um mero público que assiste ao espetáculo. Nesse sentido, a trilha sonora é fundamental, já que as músicas que são cantadas ao vivo possuem interferências de microfone, de eco e de outros sons ambiente.

Além disso, as letras das músicas comumente traduzem o que os personagens estão sentindo ou o que está acontecendo em determinado ponto da história. Elas descrevem as diferentes etapas do relacionamento dos protagonistas, como o processo de se conhecerem e se explorarem, com a icônica e premiada Shallow, os bons momentos do início da relação amorosa e das descobertas do trabalho em conjunto, vistos em Always Remember Us This Way e a solidificação da relação e o casamento, com I Don’t Know What Love Is e Is That Alright?.

Mas as composições também manifestam os acontecimentos individuais dos dois personagens, sobretudo quando Ally inicia o seu próprio estrelato. Heal Me, Why Did You Do That? e Hair Body Face são faixas pop com muitas repetições e frases genéricas, que acompanham a sua nova imagem comercial. Na visão de Jack, Ally é lentamente afastada daquilo que a fazia especial, da paixão genuína pela música e pela composição, e assim se torna mais uma vítima da indústria musical capitalizada

Em sua apresentação final, embora sozinha, Ally expressa os seus sentimentos de luto em I’ll Never Love Again com uma performance emotiva, sensível e que, acima de tudo, eterniza o seu amor por Jack.

A importância do som

O ponto é que a trilha sonora, sendo parte de um produto audiovisual como é o cinema, é imprescindível para a experiência imersiva do público, apesar de frequentemente subestimada. Para Leyslie, o som seria 50% do ato de assistir, já que esse se compõe pela junção de visualizar e ouvir, mas mesmo dessa forma não recebe a atenção merecida: “eu sou muito adepta das pessoas entenderem mais o som como elas entendem o roteiro ou entendem uma maquiagem, o conceito de uma maquiagem. Eu pelo menos tento dizer às pessoas para elas prestarem atenção em algo tão importante que está dentro do cinema, ou em qualquer produto audiovisual.”