Qual é o nome popular da jararaca

Qual é o nome popular da jararaca
[i]Bothrops jararaca[/i], também conhecida como jararaca-verdadeira ou jararaca-da-mata. Foto: Alberto Rossettini

A jararaca é o nome comum dos répteis escamados pertencentes ao género Bothrops, engloba 47 espécies de serpentes, 20 das quais são encontradas no Brasil. Suas características variam fortemente, especialmente quanto à coloração e padrões das escamas e quanto à ação de seus venenos. A jararaca-comum (Bothrops jararaca) é uma das espécies de serpentes venenosas endêmicas do Brasil (ocorre da Bahia ao Rio Grande do Sul) e regiões do Paraguai e Argentina.

Também é conhecida pelos nomes de jararaca-do-campo, jararaca-do-cerrado, jararaca-dormideira, jararaca-preguiçosa e jararaca-verdadeira, seu nome científico é derivado do tupi, uma junção das palavras “yarará” e “ca”, o que significa “cobra grande”. Pode atingir até 1,6 metro de comprimento. Esbelta, seu corpo tem escamas marrons e manchas triangulares escuras, com faixas horizontais pretas atrás do olhos. O dorso é pálido e a língua é negra. A íris é de um dourado esverdeado com reticulações ligeiramente mais escuras.

Qual é o nome popular da jararaca

Qual é o nome popular da jararaca

A espécie habita em decíduos de florestas tropicais e cerrados, bem como as florestas subtropicais, em ambientes úmidos, como beira de rios e córregos, onde também se encontram suas presas mais comuns: pequenos roedores, rãs, sapos e mesmo outros répteis (lagartos de pequeno porte). De hábitos noturnos, prefere áreas abertas com cobertura vegetal nas proximidades e, por isso, é encontrada com maior frequência em áreas rurais, embora possam também surgir em zonas urbanas, onde a alimentação é farta.

As fêmeas são ovovivíparas, produzindo cerca de 20 ovos de cada vez, sempre no início da estação das chuvas. Após horas do nascimento, as pequenas serpentes já estão aptas a caçar, fazendo uso de sua cauda de cor amarelada clara para chamar atenção de suas presas em potencial. Por ser tão abundante na sua área de ocorrência, a Bothrops jararaca é frequentemente responsável por acidentes ofídicos (picadas de cobra).

O veneno da jararaca comum é altamente letal para animais e seres humanos. Os sintomas são dor e inchaço no local da picada, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orifícios da picada; sangramentos em gengivas, pela pele e na urina. Podem ainda surgir complicações como infecção e necrose na região da picada ou insuficiência renal. Contra estes efeitos, o antídoto correto é o soro antibotrópico, específico para picadas de jararacas.

Embora assustador e letal, por outro lado, este veneno pode ter fins benéficos: deu origem a medicamentos anti-hipertensivos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina, que são utilizados para o tratamento de alguns tipos de hipertensão e de insuficiência cardíaca. Outra enzima derivada do veneno é utilizada como medicamento anti-hemorrágico. Esses exemplos mostram que a conservação das serpentes venenosas brasileiras é importante também pelo seu potencial farmacêutico.

Por ser comum, a B. jararaca não está incluída em listas de extinção, mas outras 2 espécies de jararacas, a Bothrops pirajai e a B. alcatraz, estão incluídas como ameaçadas tanto pelo ICMBio, quanto pela Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN. Outra espécie, a B. insularis, é classificada pela IUCN como criticamente ameaçada.

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A jararaca-da-norte, espécie Bothrops atrox, ocorre em praticamente toda a parte norte da Amárica do Sul, sendo amplamente distribuída em toda a Bacia Amazônia. Na Amazônia é frequentemente relatada em estudos científicos como a espécie mais comum e abundante no bioma amazônico, ocorrendo em áreas de floresta, embora possa ocasionalmente ser encontrada em ambientes perturbados pelos seres humanos, como em torno de assentamentos, incluindo pastagens e plantações e áreas urbanas.As jararacas fazem parte de uma família de cobras peçonhentas chamada Viperidae. Chamamos as cobras de animais peçonhentos e não venenosos, pois existe uma diferença entre esses termos: Animais peçonhentos apresentam uma estrutura capaz de inocular o veneno, que no caso das cobras são dentes específicos; animais venenos não apresentam uma estrutura inoculadora de veneno.

 As cobras da família Viperidae, como as jararacas, além de dentes inoculadores de veneno, apresentam também dois orifícios entre a narina e os olhos, sendo este órgão específico de detecção de calor chamado de fosseta loreal, uma característica de cobras peçonhentas. Mas é importante lembrar: Todas as cobras que apresentam fosseta loreal são peçonhentas, mas nem todas cobras peçonhentas apresentam fosseta loreal (como é o caso das cobras-corais verdadeiras). Certo? 

As jararacas são animais considerados mais ativos no período noturno e frequentemente encontradas próximo à corpos d'água, como igarapés. O tamanho de uma jararaca adulta pode chegar até 2,1 metros, sendo que as fêmeas costumam ser maiores que os machos.

Os indivíduos adultos são frequentemente encontrados no chão enquanto que as jararacas mais jovens costumas ser encontradas em cima da vegetação. Isso provavelmente acontece porque as jararaquinhas jovens, apesar de serem peçonhentas, podem ser predadas por artrópodes terrestres, como por exemplo, aranhas caranguejeiras. Essa pressão de predação teria levado, ao longo dos anos, as jararacas jovens a procurarem lugares mais seguros, longe do chão, para ficarem.

 Apesar de serem presas algumas vezes, as jararacas, na maior parte do tempo são predadoras e se alimentam de uma grande variedade presas: lacraias, peixes, sapos, lagartos, cobras, pássaros e pequenos mamíferos. Sendo que os indivíduos jovens costumas se alimentar principalmente de presas de "sangue-frio", como sapos, e os adultos de presas de "sangue-quente", como roedores. 

A alimentação de roedores ser inclusive um dos fatores pelos quais esses animais também ocorrem em áreas urbanas: Onde existem pessoas, existe lixo e entulho, que por sua vez atraem ratos, que atraem as jararacas, que encontram nessas áreas tudo que precisam, alimento (ratos) e abrigo (entulho). Por isso é importante manter o ambiente limpo, para assim evitar um acidente ofídico com essa espécie, principalmente se você mora próximo a fragmentos florestais.

 Por ser uma cobra peçonhenta, a jararaca-do-norte é considerada uma espécie de interesse médico, principalmente por ser a espécie de cobra responsável pela maior parte dos acidentes ofídicos na região amazônica. Isso significa que devemos sair matando jararacas por aí? Claro que não! Cobras são importantes para o equilíbrio ecológico da natureza, sendo responsáveis pelo controle de suas presas. Além disso, o veneno das cobras apresenta um grande potencial farmacológico, ou seja, estudando o veneno é possível descobrir compostos que podem ser (e já são!) utilizados em medicamentos. 


O remédio Captopril, por exemplo, utilizado para o controle de pressão, foi desenvolvido a partir do veneno de uma cobra do gênero Bothrops, o mesmo da jararaca-do-norte! Atualmente também é comercializado um adesivo cirúrgico, que substitui as suturas tradicionais, testado com sucesso para colar pele, nervos, e até mesmo na cicatrização de úlceras, como as causadas pela diabete. Só com esses medicamentos, as cobras já salvaram muitas vidas! Ou seja, tomando cuidado e mantendo o respeito, é possível conviver de forma harmoniosa com esses animais e investindo em ciência e pesquisa, podemos ainda gerar medicamentos que podem salvar vidas!

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre as jararacas e sobre como elas são importantes para o meio ambiente. Agora, quando encontrarem uma jararaca por aí, pensem em como elas podem salvar vidas! Mantendo uma distância segura e deixando o animal seguir o seu caminho, ou chamando o resgate especializado, tenho certeza que a chance de acidente com esses animais fica bem baixa. Então, nada de matar esses animais, certo? Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal da nossa exuberante Amazônia! 

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