Os animais aparecem em muitos desses ditados Dar opinião está muito complicado hoje em dia. Se alguém discorda, não argumenta. Xinga, ameaça, quer até matar quem pensa diferente. Na política, então, a coisa piorou demais. Tem gente raivosa como nunca. Então, quando estiver no meio de um monte de gente que pensa diferente de você, lembre-se do ditado “Em festa de jacu, nhambu não pia”. Show
Há muitas situações do nosso dia a dia em que um ditado popular se encaixa direitinho, para o bem ou para o mal. Os animais aparecem em muitos desses ditados. Selecionei alguns deles. Para pessoas que ficam cautelosas demais, depois de se darem mal em alguma coisa, há dois ditados muito usados: “Gato escaldado tem medo de água fria” e “Cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça”. Depois de uma certa idade é difícil aprender novas tecnologias, e algumas outras inovações. Neste caso, valem os ditados “Burro velho não toma ensino” e “Papagaio velho não aprende a falar”. Mas tem situações em que se valoriza muito a experiência dos velhos: “Macaco velho não mete a mão em cumbuca” e “Macaco velho não trepa em galho seco”. Uma mulher que, na juventude, foi “pinta braba”, como se diz no interior, e agora cobra pureza e virtudes da filha, ouviu o seguinte ditado: “Vaca velha parece que nunca foi bezerra”. Quando um sujeito ruim é vítima de uma ruindade de outro pior ainda,o ditado apropriado é “A cobra maior engole a menor”. Para os que ficam “valentes” quando um desafeto está derrotado pelos outros e não pode fazer nada contra eles, também há ditados tradicionais: “Boi atolado, pau nele”, “chutar cachorro morto” e “depois da onça morta, até cachorro mija nela”. Quando uma pessoa está sendo atacada por todos os lados, dizem que ela está “como barata em galinheiro”. Quando alguém se dá mal em alguma situação, se diz que ele “deu com os burros n’água”, ou que “a vaca foi pro brejo”. Mas se ele se dá bem, diz que “está com o burro na sombra”. Se algum sujeito insistir em lhe dar conselhos que você não quer, diga logo: “Quem anda pela cabeça dos outros é piolho”. Bom... vamos terminar com um ditado dando vivas à liberdade: “Boi solto lambe-se todo”. Edição: Camila Salmazio
Alguns ditados que podem contribuir para melhorar rapidamente o seu entendimento da língua portuguesa. Conheça alguns ditados popularesÀ beçaNo Rio imperial, havia um comerciante rico chamado Abessa, que adorava ostentar roupas de luxo. Quando alguém aparecia fazendo o mesmo, dizia-se que ele estava se vestindo à Abessa, ou seja, como o comerciante. A carne é fracaEssa expressão retirada da bíblia representa a dificuldade de se resistir a certas tentações. A dar com pauO substantivo “pau” figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o “pau de comer” que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão. A vaca foi para o brejoQuando a seca é mais violenta, os animais começam a procurar os brejos, regiões que permanecem alagadas por mais tempo. É sinal de que a situação piorou. Abotoar o paletóFalecer. Morrer. O mesmo que bater as botas. Abraço de tamanduáO tamanduá, quando percebe algum perigo, se deita de barriga para cima e abre seus braços. O inimigo, ao se aproximar, é surpreendido por um forte abraço, que o esmaga. Daí, ser o”abraço de tamanduá” qualquer atitude falsa, deslealdade, traição. Abrir o coraçãoDesabafar. Declarar-se sinceramente. Acabar em pizzaQuando uma situação não resolvida acaba encerrada. Em casos de corrupção quando ninguém é punido. Acertar na moscaAcertar precisamente. No alvo. Acordo leoninoSignificado: Um “acordo leonino” é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem. Uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso. Afogar o gansoNo passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Água Mole em Pedra Dura, Tanto Bate até que FuraUm de seus primeiros registros literários foi feito pelo escritor latino Ovídio ( 43 a .C.-18 d.C), autor de célebres livros como “A arte de amar “e “Metamorfoses”, que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A água mole cava a pedra dura”. É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase para que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros. Água que passarinho não bebePinga, bebida alcóolica. Aliança de casamento na mão esquerdaOs gregos acreditavam que o 3º dedo da mão esquerda possuía uma veia que se ligava diretamente ao coração. Amarrar o burroFicar em descanso, na folga. Amigo da OnçaFalso amigo, amigo interesseiro ou traidor. Amor PlatônicoPlatão era aluno de Sócrates. Tentando entender o motivo pelo qual seu grande mestre havia se matado, ele propõe a existência de dois mundos: Um chamado mundo sensível, aquele que você percebe com os cinco sentidos, e outro chamado mundo inteligível, que você só pode perceber com a inteligência, a mente. O mundo sensível é apenas um reflexo do que há de bom no mundo inteligível. O amor perfeito só existe na mente das pessoas, mas o amor real (que se toca, se vive) pode ter falhas. Por isso, quem não vive o amor real, fica só na imaginação, vive um Amor Platônico. Andar à toaToa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo. Apressado come cruAfobamento, precipitação. Armado até os dentesExageradamente armado, preparado para uma situação difícil. Arroz de festaAssim são chamadas aquelas pessoas que não perdem uma festa por nada, tendo ou não sido convidadas pra mesma. A origem dessa expressão talvez advenha do costume de se jogar arroz em recém casados. Mas o mais provável é que ela tenha surgido devido a uma antiga tradição portuguesa. Nas festas e comemorações das tradicionais famílias portuguesas nunca faltava uma sobremesa feita com arroz, leite, açúcar e algumas especiarias (arroz doce) e que era conhecida, na época, como “arroz de festa”. Arrumar sarna para se coçarProcurar por problemas. BadernaUma bailarina de nome Marietta Baderna fazia muito sucesso no Teatro Alla Scalla, de Milão. Ao apresentar-se no Brasil, em 1851, causou frisson entre seus fãs, logo apelidados de “os badernas”. O sobrenome da artista, de comportamento liberal demais para os padrões da época, deu origem ao termo que significa confusão, bagunça. Baixar a bolaAcalmar-se, ser mais comedido. Bater as botasMorrer, falecer. Bode expiatórioA expressão significa que alguém recebeu a culpa de algo cometido por outra pessoa. A origem está num rito da tradição judaica. Simbolicamente, o povo depositava todos os seus pecados num bode, que era levado até o deserto e abandonado. Dessa forma, acreditava-se que as pessoas estariam livres de todos os males que tinham feito. Botar o carro na frente dos boisPular ou queimar etapas de forma inapropriada, geralmente atrapalhando o andamento ou resolução de uma situação. Briga de cachorro grandeEmbate entre forças as quais se julga superiores. Caiu no conto do vigárioUma imagem de Nossa Senhora dos Passos foi doada pelos espanhóis para Ouro Preto e começou a ser disputada pelos padres de duas igrejas: a de N. Sra. de Pilar e a de N. Sra. da Conceição. O padre de Pilar sugeriu, então, que a imagem fosse colocada em cima de um burro, no meio do caminho entre as duas igrejas. O rumo que o animal tomasse, decidiria quem ficaria com a imagem. Quando foi solto, o burro se dirigiu para a igreja de Pilar. Mais tarde, soube-se que ele pertencia ao padre de lá; logicamente sabia o caminho a seguir. Calcanhar de AquilesDe acordo com a mitologia grega, Tétis, mãe de Aquiles, a fim de tornar seu Filho indestrutível, mergulhou-o num lago mágico, segurando-o pelo calcanhar. Na Guerra de Tróia, Aquiles foi atingido na única parte de seu corpo que não tinha proteção: o calcanhar. Portanto, o ponto fraco de uma pessoa é conhecido como calcanhar de Aquiles. Cara de pauDescarado, sem-vergonha. CariocaO termo carioca é oriundo da família lingüística tupi-guarani (kari ‘ oca) e significa etimologicamente “casa de branco”: cari: branca; oca: casa. O termo carioca é também o gentílico dos habitantes ou naturais do município do Rio de Janeiro. Casa da Mãe JoanaNa época do Brasil Império, mais especificamente durante a minoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase “casa da mãe Joana” ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda. Chegar de Mãos AbanandoHá muito tempo, aqui no Brasil, era comum exigir que os imigrantes que chegassem para trabalhar nas terras trouxessem suas próprias ferramentas. Caso viessem de mãos vazias, era sinal de que não estavam dispostos ao trabalho. Portanto, chegar de mãos abanando é não carregar nada. Chorar as pitangasPitangas são frutinhas vermelhas cultivadas e apreciadas em todo o país, principalmente nas regiões norte e nordeste. A palavra pitanga deriva de pyrang, que em tupi guarani significa vermelho. Sendo assim a provável relação da fruta com o pranto vem do fato de os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito. Chorar sobre o leite derramadoLamentar-se por algo que não tem solução ou volta. Chutar o pau da barracaQuem inventou esta história de “chutar o pau da barraca” foi o Conde D’Eu, genro de Dom Pedro II, quando assumiu a caça a Solano Lopes, depois de já terminada a guerra do paraguai. O conde gostava de acordar cedo para suas investidas e, quando fazia e ainda havia soldados dormindo, ele saía “chutando os paus das barracas”, derrubando todas, para acordá-los. Comer o pão que o diabo amassouSignifica passar por uma situação difícil, um sofrimento. Imagino que a origem dessa expressão venha do fato de que deve ser, realmente, indigesto engolir um pão amassado (amassar é o mesmo que fazer a massa) pelo capeta. Além da procedência, nada confiável, do produto (se vem do coisa ruim, boa coisa não pode ser) tem grandes chances desse pão vir queimado, já que foi assado no fogo do inferno. Da Pá ViradaA origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita. Dar com a língua nos dentesContar um segredo, falar. Dar com os Burros N’ÁguaA expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo. Dar uma bananaÉ das poucas expressões que são acompanhadas por um gesto. Aliás, neste caso, o mais provável é que o gesto tenha inspirado a expressão, já que ele existe em vários países como Portugal, Espanha, Itália e Brasil. Em todos esses lugares o gesto significa a mesma coisa: um desabafo ou uma ofensa. Defender com unhas e dentesDo latim “inguibus et rostre”(com unhas e bico). Provavelmente a expressão vem de briga de galo, já constante na Roma antiga. Mas pode vir também de briga entre mulheres. Defender com todas as forças, não fraquejar de nenhuma maneira. Deu zebraNão há zebra no Jogo do Bicho. “Dar zebra” é acontecer uma coisa impossível, que não estava prevista. Disputar a negraOs senhores do séc. XVIII, quando jogavam, o troféu era, quase sempre, uma negra escrava. O termo é usado até hoje em “peladas” e “rachas” de futebol. Dor de CotoveloA expressão teve origem nas cenas de pessoas sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no balcão bebendo e chorando um amor perdido. De tanto ficar naquela posição, as pessoas ficavam com dores no cotovelo. Atualmente, é muito comum utilizar essa expressão para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza causada por uma decepção amorosa. Dourar a PílulaAntigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do remedinho amargo. A expressão dourar a pílula, significa melhorar a aparência de algo. Eles que são Brancos que se EntendamEsta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são pardos, que se entendam”. O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de Dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, Dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, Dom Luís se explicou: nós somos brancos, cá nos entendemos. Encher lingüiçaEnrolar, preencher espaço com embromação. Engolir saposFazer algo contrariado; ser alvo de insultos, injustiças, contrariedades sem reagir, revidar, acumulando ressentimento. Entrar pelo canoSe dar mal, ficar encrencado. Complicar-se. Erro CrassoNa Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante em sua vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros que caíram. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, chamamos de “Erro Crasso”. Espírito de PorcoNos tempos colonias os escravos faziam todo tipo de trabalho, do mais leve ao mais pesado. Um, em especial, causava terror: negavam-se a abater porcos. Achavam que os espíritos suínos lhes atormentariam à noite. A expressão passou a designar quem incomoda, atrapalha, é inconveniente. Estar com a corda no pescoçoEstar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros. Estar com a pulga atrás da orelhaFicar desconfiado. Estômago de AvestruzDefine aquele que come de tudo. O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver até metais. Farinha do mesmo saco“Homines sunt ejusdem farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus. Fazer boca de siriManter segredo sobre algum assunto. Fazer nas CoxasA origem vem da época dos escravos, que usavam as próprias coxas para moldar o barro usado na fabricação das telhas. Como as medidas eram diferentes, as telhas saíam também em formatos desiguais. E o telhado, “feito nas coxas”, acabava torto. Fazer tempestade em copo d’águaTransformar banalidade em tragédia. Fazer um negócio da ChinaAproveitar uma grande oportunidade. Ficar a Ver NaviosDom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios. Fila indianaForma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente. Fila de pessoas ou coisas dispostas uma após outra. Gatos-pingadosTem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância. Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento. Guardar a Sete ChavesNo século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí, começou-se a utilizar o termo “guardar a sete chaves” para designar algo muito bem guardado. Hora de a onça beber águaO animal costuma fazer isso ao anoitecer, e, segundo a tradição indígena, esse é o melhor momento para abatê-lo. Jurar de Pés Juntos– Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. Lágrimas de crocodiloOs animais que vivem em água salgada, como focas e crocodilos, ajudam a eliminar o excesso de sal do corpo vertendo água salgada pelos olhos, pressionando o céu da boca com a língua. Ele chora enquanto devora suas vítimas. Levar o caloteCalote é o diminutivo de calo. No séc. XVIII, era comum, nas feiras, o comprador abocanhar a oferta (calote) e ir embora sem comprar o produto oferecido. Daí “levar o calote” significa vender alguma coisa e não receber o pagamento. Lua-de-melHá mais de 4 mil anos, os habitantes da Babilônia comemoravam a lua-de-mel durante o primeiro mês de casamento. Nesse período, o pai da noiva precisava fornecer ao genro uma bebida alcoólica feita da fermentação do mel. Como eles contavam a passagem do tempo por meio de um calendário lunar, as comemorações ficaram conhecidas como lua-de-mel. Memória de ElefanteO elefante lembra de tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo. Diz-se que as pessoas que se recordam de tudo tem memória de elefante. Meter o rabo entre as pernasSubmeter-se. Acovardar-se. Meter os pés pelas mãosAgir desajeitadamente ou com pressa. Confundir-se no raciocínio. Molhar o biscoitoTransar. Motorista Barbeiro– Nossa, que cara mais barbeiro! Não dar ponto sem nóTem o sentido de fazer alguma coisa sempre pensando em tirar proveito pessoal, fazer algo com segunda intenção. Não Entendo PatavinasOs portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, não entender patavina significa não entender nada. No tempo do OnçaNo início do Século 18, o Rio de Janeiro era governado por Luiz Vahia Monteiro, conhecido como “o Onça”. Ele tinha este apelido por ser extremamente severo e exigente. Durante o período em que governou o Rio, ele cumpria rigorosamente a lei e exigia que todos a cumprissem também. Os saudosos do governador Vahia Monteiro, ao assistirem o desleixo com que a cidade era administrada, viviam suspirando pelos cantos e dizendo: “Ah, no tempo do Onça que era bom!”. Por conta disto, a expressão “no tempo do Onça” passou a significar coisa antiga, algo de tempos passados. O Canto do CisneDizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A O “Lanterninha”A expressão lanterna ou “lanterninha”, significando o último colocado num campeonato esportivo, particularmente de futebol, teria se originado no antigo (e extinto) jornal de esportes “Gazeta Esportiva”, de São Paulo. Naqueles velhos tempos, as matérias abordando o Campeonato Paulista costumavam ser ilustradas pela caricatura de um trem, onde o líder do campeonato era a locomotiva (geralmente o Palmeiras), o 2º colocado o tênder, o 3º colocado o primeiro vagão, e assim por diante. O desenho mostrava, pendurado atrás do último vagão da composição, uma lanterna. E, por essa razão, o último colocado no campeonato era descrito sempre assim: “e o lanterninha do campeonato, é o time tal” (freqüentemente o Jabaquara…). Há quem assevere , contudo, que o termo de gíria já existia antes disso, pois havia já no século XVIII, por razões de segurança, a obrigatoriedade de todos os veículos – de barcos fluviais a carruagens – carregarem uma lanterna vermelha acesa na sua traseira, para trafegar à noite. A lanterna “de popa” era, pois, a última coisa que vinha… O mar não está para peixeOmar II, imperador turco na primeira metade do século XVIII, era muito feroz e detestava peixe. Ficava irritado quando conquistava uma cidade e lhe ofereciam peixe de boas-vindas. Então, tinha sempre um soldado que ia na frente, avisando: “Omar não está para peixe”, cuidado. A situação não está boa. Cuidado. O Pior Cego é o que não Quer VerEm 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. O Pulo do GatoO gato faz sete movimentos corporais e preventivos até chegar ao chão. Quando toca o solo o faz tão suave como se tivesse um amortecedor de impactos nos pés. Ele protege a cabeça, gira o rabo, posiciona as patas, alinha o corpo e arqueia a coluna. OKA expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, nos EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa “0 killed” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação. Daí surgiu o termo “OK”. Olhos de LinceTer olhos de lince significa enxergar longe, uma vez que esses bichos têm a visão apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes. Onde Judas perdeu as botasExiste uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca alguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível. No fim do mundo. Pagar o patoA expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado, sendo assim passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem obter um benefício em troca. Significa fazer o papel de tolo, pagando por aquilo que não deve. Para inglês verEm 1830, pressionado pela Inglaterra, o Brasil começou a aprovar leis contra o tráfico de escravos. Mas todos sabiam que elas não seriam cumpridas. Falava-se, então, que as leis eram apenas para inglês ver. Para o santoO hábito sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito hebraico milenar de reservar, na festa de Pessach (Páscoa), um copo de vinho para o profeta Elias (representando o Messias que virá, anunciado pelo Profeta Elias). Pensando na Morte da BezerraA história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebráicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu. Pentear macacosIr chatear outra pessoa. Pessoa MaquiavélicaNicolau Maquiavel foi um autor do século XV. Entre suas obras, encontra-se um livro chamado “O Príncipe”, uma espécie de manual de como um governante pode controlar o povo. A principal característica do livro era “O fim justifica os meios”; ou seja, se seu objetivo é bom, não há problema em fazer coisas más para concretizá-lo. Matar pode ser errado, mas matar um assassino com o objetivo de salvar várias outras vidas, seria justificável. Maquiavel gera duas expressões: “Pessoa Maquiavélica”, que significa “sem escrúpulos”, e “plano maquiavélico”, que significa “aquele que não falha nunca”. Pode tirar o cavalinho da chuvaOs visitantes das fazendas, mesmo quando estava chuvendo, atrelavam seus cavalos à cerca. O fazendeiro, se quisesse que o visitante demorasse, dava ordem para que ele “tirasse o cavalo da chuva”. Era um convite para ficar. Pôr a mesaDurante a Idade Média, as grandes casas e os palácios não tinham uma sala de jantar porque a tradição era a de que os senhores comiam onde estavam. Na hora da refeição, o pessoal que trabalhava nas cozinhas colocava cavaletes com estrados por cima, ao que se chamavam mesas. Não havia talheres, a não ser a faca que cada um trazia sempre consigo. Comia-se quase tudo à mão. Para chamar os senhores para a refeição, os criados diziam aos seus amos que “…as mesas estão postas.” Pôr os pontos nos ísEsclarecer a situação detalhadamente. Procurar chifre em cabeça de cavaloProcurar problemas onde não existem. Procurar uma agulha num palheiroTentar algo impossível. Prometer mundos e fundosFazer promessas infundadas ou exageradas. Puxa-sacoA bajulação, na gíria do Brasil colonial chamava-se “engrossamento”. Depois, na República Velha, passou a ser “chaleirismo” ou “chaleiramento”. O termo parece ter vindo dos aduladores do senador gaúcho Pinheiro Machado, figura política mais influente da sua época, que disputavam a tapa o privilégio de carregar-lhe a chaleira, e repor a água do seu chimarrão. Só a partir dos anos 30 do século XX, foi que se popularizou o termo “puxa-saco”. O humorista Nestor de Holanda, que escreveu um tratado sobre o assunto (“O Puxa-saquismo ao alcance de todos”), afirma que a origem do termo não é tão escabrosa como pode parecer à primeira vista. Segundo ele, a expressão vem dos tempos em que era moda o casaco folgado, solto, não cintado, conhecido como paletó-saco. Os homens importantes adotaram a moda. Seus bajuladores viviam atrás deles, como que a puxar a ponta do paletó saco. De qualquer forma, a expressão deu origem a um ditado de extrema sabedoria: “O saco do chefe é o corrimão do sucesso”. Quebrar o galhoSignifica dar um jeito pra resolver um problema ou uma situação complicada. Queimar as pestanasExpressão ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a “queimar as pestanas”. Quem não tem cão, caça com gatoNa verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos. Querer tapar o sol com a peneiraSignifica querer esconder o que todos estão vendo. Rasgar SedaA expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa”. Receber um balde de água friaInverter o entusiasmo em desilusão. Riscar do mapaFazer desaparecer. Sair o tiro pela culatraSignifica que a intenção de prejudicar alguém volta-se contra o próprio autor. Pensando em enganar os outros e, no fim, o único prejudicado foi ele mesmo. O tiro saiu pela culatra. Santo do Pau OcoDurante o século XVII, as esculturas de santos que vinham de Portugal eram feitas de madeira. A expressão surgiu porque muitas delas chegavam ao Brasil recheadas de dinheiro falso. No ciclo do ouro, os contrabandistas costumavam enganar a fiscalização recheando os santos ocos com ouro em pó. No auge da mineração, os impostos cobrados pelo rei de Portugal eram muito elevados. Para escapar do tributo, os donos de minas e os grandes senhores de terras da colônia colocavam parte de suas riquezas no interior de imagens ocas de santos. Algumas, normalmente as maiores, eram enviadas a parentes de outras províncias e até de Portugal como se fossem presentes. Segurar a velaEstar sozinho com um casal. Sem Eira Nem BeiraOs telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana. Sem pés nem cabeçaSem lógica. Sem sentido. Fora da realidade. Será o Benedito?!A interjeição, muito popular no Brasil em certa época, exprimindo grande admiração por algo, teria se originado da indicação por Getúlio Vargas, do político relativamente desconhecido na ocasião, Bendito Valadares, para o governo de Minas Gerais em 1933. Como havia muitos nomes na disputa pelo governo mineiro, Getúlio escolheu Benedito para não desagradar nenhum dos favoritos e seus apoiadores. Com a indicação, a população começou a se questionar, surgindo então a famosa frase: – Será o Benedito?! SpamA utilização do termo “spam” para designar mensagem não solicitada decorre de um spot humorístico do grupo inglês Monty Python, que mostrava em um restaurante uma garçonete tentanto fazer, a todo custo, uma cliente comprar uma refeição a base de “spam”. O produto “spam”, deriva do nome de um produto da empresa Hormel Foods a base de carne suína enlatada – Hormel Spice Ham. Um concurso feito pela empresa o rebatizou de “Spam”, este alimento, muito barato, foi muito consumido pelos aposentados norte-americanos nas épocas de recessão, o que justifica, de outra parte, a ojeriza de muitos consumidores a este produto. Ter ouvidos de tísicoAs pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar (tísica) tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão “ter ouvidos de tísico”. Significado: Ouvir muito bem. Tirar a barriga da misériaTirar a barriga da miséria quer dizer aproveitar com muito prazer alguma coisa de que até então carecia. Tirar água do joelhoUrinar. Tirar o Cavalo da Chuva– Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! Tomar chá de sumiçoTem o sentido de desaparecer de um lugar que se costumava freqüentar, sem dar notícia. Sumiu do mapa. Evaporou-se. Trocar alhos por bogalhosConfundir fatos ou histórias. Trocar seis por meia dúziaTrocar uma coisa por outra que não vai fazer a menor diferença. Vá se queixar ao bispoNo Brasil do séc. XVII, ter filhos era muito importante. Precisando mostrar ao homem que era fértil, a mulher engravidava antes do casamento. A regra era aprovada pela própria Igreja desde que depois o casamento se consumasse. Muitas vezes, o noivo ia embora e a mulher grávida ia reclamar ao bispo, que mandava alguém atrás do fujão. Vai Tomar BanhoEm “Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore para limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem “tomar banho”. Vestir a carapuçaCarapuça é uma espécie de barrete ou capuz de forma cônica e remonta ao período da Inquisição, em que os condenados eram obrigados a vestir trajes ridículos ao comparecer aos julgamentos. Além de usar uma túnica com o formato de um poncho, eles precisavam colocar sobre a cabeça um chapéu longo e ponteagudo, conhecido como carapuça. Daí a expressão “vestir a carapuça” ter se incorporado ao português escrito e falado com o sentido de “assumir a culpa”. Virar casacasMudar de idéias facilmente. Traidor. Voto de MinervaOrestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os acusados. Coube à deusa Minerva o voto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo. |