Brincadeiras e jogos da cultura popular

Plano de Aula

Descrição

No desenvolvimento deste plano, sugerimos levar os estudantes a refletir, a partir das suas experimentações, sobre o jogar e brincar, com ênfase no reconhecimento dessas práticas em diferentes momentos históricos - passado e presente - no âmbito familiar.

Habilidades BNCC:

Objeto de conhecimento

Objetivos de aprendizagem

Competências gerais

Brincadeiras e jogos do contexto comunitário são parte do patrimônio histórico e cultural de determinados grupos, sendo transmitidas por gerações. Possuem materiais e regras flexíveis, e muitas vezes não exigem recursos mais caros ou industrializados para a sua experimentação. As brincadeiras e os jogos do contexto comunitário também podem apresentar regras e características distintas, conforme o grupo ou a localidade onde são praticadas.

O resgate da tradição cultural de brincadeiras e jogos é importante, já que a tecnologia também está presente no cotidiano; as brincadeiras e os jogos tradicionais auxiliam também na substituição dessas práticas industriais e eletrônicas. Dias (2006, p. 422) salienta que

nos jogos, brinquedos e brincadeiras as crianças, atualmente, vêm perdendo esta cultura produzida pela humanidade ao longo dos tempos. Além disto, ela mesma vem se perdendo enquanto produtora da sua própria cultura de jogos e brincadeiras. E o que se tem constatado é a grande influência da indústria cultural neste processo.

É importante o resgate destas práticas corporais do jogar e do brincar, pois, além de valorizarem o patrimônio cultural infantil, são indispensáveis à saúde física, emocional e cognitiva. Ao jogar e brincar, o estudante vai estimulando a aprendizagem, a aquisição de conhecimentos, a criatividade, a imaginação, a socialização, a coordenação motora, bem como diversas habilidades importantes para o seu desenvolvimento. O brincar, além de ser um direito de todas as crianças (artigo 16º do Estatuto da Criança e do Adolescente), é uma forma de expressão dos seus pensamentos e sentimentos. Todavia, os jogos e as brincadeiras têm se modificado bastante nas últimas décadas, por isso, este plano de aula incentivará maneiras de resgatar as tradições que estão se perdendo, mas que, ao mesmo tempo, são tão importantes para a nossa cultura.

A utilização de materiais alternativos e recursos não convencionais nos jogos e brincadeiras do contexto comunitário

Destacamos também a flexibilidade quanto ao uso de materiais alternativos para a experimentação de jogos e brincadeiras do contexto comunitário. Essas práticas corporais possibilitam a construção de objetos ou instrumentos para o brincar e jogar sem exigência de muitos recursos, muitas vezes adaptados com materiais que já temos em casa ou não estruturados. Por isso, a facilidade de se realizar essas práticas na escola e levá-las para o cotidiano dos estudantes, da mesma maneira que as práticas realizadas no contexto comunitário são possibilitadas na escola.

A utilização de materiais alternativos (reciclados, de baixo custo) e de recursos não estruturados (de origem da natureza) podem, além de proporcionar aos estudantes o estímulo à criatividade, ser uma opção para as escolas onde há falta de materiais convencionais. Dessa maneira, os estudantes podem manipular os materiais e explorá-los, desenvolvendo habilidades e deixando as aulas de Educação Física mais criativas, lúdicas e alternativas.

Para colaborar com essa reflexão e dar subsídios para suas aulas, sugerimos que assista ao vídeo a seguir, que traz curiosidades sobre brinquedos e brincadeiras de antigamente, desenvolvido pelo site Tempo Junto.

vídeo 1:

Sugerimos, nesta sequência de aulas, que os estudantes identifiquem junto aos familiares os principais jogos e brincadeiras que participavam, investigando e comparando os materiais, as regras, os espaços, se a prática é individual ou coletiva, e os movimentos requisitados para elas. Reforçamos que os estudantes tenham clara a diferenciação entre os jogos e as brincadeiras, de maneira que os pais ou adultos da família, ao responderem a pesquisa, não relatem modalidades esportivas, visto que fazem parte de outra unidade temática. Os estudantes poderão comparar os elementos que observaram nas brincadeiras e jogos relatados aos elementos de brincadeiras que praticam nos dias de hoje.

Indicamos, nesta sequência de aulas, que os estudantes investiguem. Salientamos a importância do protagonismo dos estudantes durante a realização das atividades, por isso, orientaremos a oferecer a eles a oportunidade de serem pesquisadores, utilizando fichas-modelo de jogos e brincadeiras que disponibilizaremos a seguir. Ainda assim, nesta sequência de aulas, retome os conceitos e as diferenças entre os jogos e as brincadeiras, para auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas pesquisas e atividades.

Esse quadro pode ser utilizado em aulas para as discussões com os estudantes sobre as características da brincadeira e do jogo e o que os diferencia.

Atributos

Brincadeira

Jogo

1. Atividade exclusiva de interesse e influência que vem de um contexto exterior.

2. Existência de fantasia ou faz de conta.

3. Participante(s) inicia(m) a atividade quando desejar.

4. Participante(s) se limita(m) às ações no espaço e tempo.

5. Participante(s) termina(m) a atividade quando desejar.

6. A atividade não faz parte de um sistema de organização que visa aos fatores econômicos, materiais, de prestígio etc.

7. Competição não é necessariamente um componente.

8. A atividade deve conter um grau determinado de espontaneidade (não é restrita a regras formais ou informais).

9. Relevância da parte encenada restrita aos limites da atividade.

10. Focalizada e orientada no indivíduo.

11. O envolvimento do(s) participante(s) na atividade é necessariamente voluntário.

12. Não é necessária uma hierarquia formal na organização das posições ou dos papéis desempenhados.

13. Esforço físico não é um componente necessário.

14. Preparação (treinamento) para participar não é necessariamente um componente.

15. Não há necessidade de uma tradição formal estabelecida.

16. Atividade de interesse e influências que vêm de um contexto exterior.

17. Não existência de fantasia ou faz de conta.

18. Participante(s) não inicia(m) a atividade quando desejar.

19. Participante(s) não termina(m) a atividade quando desejar.

20. Participante(s) não pode(m) delimitar a atividade num espaço e tempo.

21. A atividade faz parte de um sistema de organização que visa atingir metas econômicas, de prestígio, de status etc.

22. Competição é um componente necessário.

23. A atividade é necessariamente caracterizada por regras formais, regulamentos, restrições ou limitações etc.

24. A atividade não é necessariamente voluntária, pode ser induzida.

25. A relevância do papel desempenhado não é restrita à atividade.

26. Atividade tem de ser realizada coletivamente (um contra o outro).

Adaptado de EDWARDS, H. Sociology of sport. Homewood: Dorsey Press, 1973.

  • Canetas hidrográficas, lápis de cor ou algum outro material para se fazer registro.
  • Fichas de entrevista sobre jogos e brincadeiras previamente elaboradas.
  • Folhas de cartolina,
  • Folhas de papel A4 (uma para cada estudante).
  • Materiais diversos (como, por exemplo, bolas, cordas, brinquedos e objetos utilizados nas mais diversas brincadeiras e jogos que serão trazidos pelos estudantes).
  • Materiais não convencionais (ou não estruturados) para adaptação dos jogos e brincadeiras do contexto comunitário.

Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.  

Apresente aos estudantes os objetivos desta aula e comente que irão refletir sobre jogos e brincadeiras do passado, relacionando-os com os do presente. Resgate com os estudantes as características dos jogos e brincadeiras, diferenciando-os. Elabore algumas questões disparadoras que levem-os a fazer a reflexão sobre as características dos jogos e brincadeiras, como, por exemplo: Quais são as características dos jogos? Quais jogos vocês conhecem? Quais são as características das brincadeiras? (utilize o quadro da seção Para saber mais como suporte) Quais brincadeiras vocês conhecem? Quais são as diferenças entre os jogos e brincadeiras? Fique atento se a comunicação oral é efetiva para todos os estudantes, ou se é necessário utilizar suporte visual e outros, tanto para a compreensão das perguntas disparadoras, quanto para permitir que os estudantes, mesmo os mais tímidos, não fluentes ou não oralizados em português, possam participar ativamente da conversa, estimulando e valorizando o pertencimento de todos.

Enquanto os estudantes irão respondendo e refletindo acerca da temática, elabore uma tabela, de maneira que fique clara e visível a todos a respeito dos jogos e das brincadeiras. Se for necessário, faça intervenções na fala dos estudantes; você poderá ser o “escriba” da turma, ou contar com o auxílio de algum estudante que apresente facilidade na escrita. Sugerimos a tabela a seguir como um modelo para auxiliar na condução da Conversa inicial com os estudantes:

Tabela - Características dos jogos e das brincadeiras

Características dos jogos

Características das brincadeiras

O objetivo desta tabela coletiva é destacar para os estudantes as principais características dos jogos e das brincadeiras, de maneira que eles, quando foram entrevistar seus familiares, saibam distinguir as diferenças. Perceba quais estudantes possuem restrições quanto à comunicação, seja por medo, alguma barreira na comunicação ou impedimento, e faça as intervenções necessárias, dando dicas, incentivando os estudantes a se expressarem da maneira que for conveniente para eles. Também incentive a turma a colaborar com os colegas. Ouça atentamente os estudantes, pois, a partir da fala deles, você irá nortear as suas próximas ações pedagógicas nesta sequência didática. Faça apontamentos e anotações das respostas e comentários dos estudantes em seu caderno, que serão retomados mais tarde.

Organize e confeccione previamente as “fichas técnicas” sobre os jogos e brincadeiras para trazer para a turma. A turma deverá levar essas fichas para a casa a fim de entrevistarem os familiares, conforme explicitamos a seguir.

Comente com estudantes que irão investigar com seus familiares sobre as brincadeiras e os jogos do passado por meio de uma ficha técnica que levarão para a casa, para a entrevista. Essa ficha deverá ser preenchida pelos estudantes com o auxílio dos familiares e investigará os jogos e brincadeiras do passado, praticados pelos entrevistados. A ficha deverá ser trazida para a próxima sequência da aula. Entregue aos estudantes duas fichas: uma para descreverem sobre uma brincadeira do passado, e outra para descreverem sobre um jogo de antigamente.  A seguir, sugerimos um modelo de como poderá ser a ficha.

Modelo de ficha técnica

Ficha técnica: brincadeiras de antigamente

Ficha técnica: jogos de antigamente

Atividade 1: Analisando as fichas técnicas investigativas

Combine antecipadamente com os estudantes a respeito da devolutiva das fichas técnicas, para compartilharem com os demais colegas da turma. Neste dia, cada estudante deverá trazer a sua ficha, e você organizará com eles a maneira como irão expor o que investigaram para a turma. Sugerimos que cada um exponha oralmente sua ficha técnica. Fique atento aos estudantes que apresentarem algum impedimento na realização do registro ou para expressarem-se, e proponha alternativas, como, por exemplo, verbalizar sobre a experiência praticada e/ou ofertar outras maneiras para o registro, como gravação de vídeos, ilustrações ou auxílio de adulto ou de outros estudantes.

Após a apresentação dos estudantes, incentive-os a organizar os jogos e as brincadeiras que mais apareceram nas fichas técnicas (os mais citados, mais comuns) e possibilite aos estudantes fazerem um gráfico de colunas simples, com essas práticas, com o seu auxílio, em um cartaz, para organizar e delinear os próximos passos da aula. Pode-se convidar o(a) professor(a) de outros componentes para a realização deste gráfico, que pode ter como título “brincadeiras e jogos do passado”, e o levantamento de informações quanto a “brincadeiras mais citadas nas entrevistas” e “jogos mais citados nas entrevistas”. Esse gráfico poderá ficar exposto para melhor visualização da turma.

Atividade 2: Seleção das brincadeiras e jogos das entrevistas

Após a organização do gráfico e da exposição dos estudantes sobre as fichas técnicas e os jogos e brincadeiras comuns, permita que a turma experimente as práticas corporais entrevistadas. Peça aos estudantes que se organizem em grupos de quatro a seis estudantes, escolham a brincadeira, organizem os materiais (não esqueça de deixar organizada previamente uma quantidade de materiais diversificados que tenham na escola, para a experimentação desta atividade). Deixe que vivenciem as atividades organizadas por eles, possibilitando a autonomia dos estudantes. Em seguida, faça a mesma dinâmica com os jogos apresentados nas fichas técnicas: permita aos estudantes que selecionem, organizem e experimentem tais jogos, se atentando também aos materiais que poderão ser utilizados.

Como sugestão, a experimentação das práticas poderá ser realizada de maneira simultânea, por meio de um circuito com cinco a seis estações, estipulando um tempo para que os estudantes vivenciem o jogo e a brincadeira, e em seguida troquem de estação. Atente-se para que todos os estudantes experimentem todos os jogos e brincadeiras de todas as estações. O tempo para a realização da atividade poderá ser organizado por você e combinado previamente com os estudantes.

Na possibilidade de algum estudante apresentar impedimento motor, proponha alternativas para que decidam a melhor forma de realizar a atividade. Sempre observe as peculiaridades da sua turma na hora de organizar as atividades, permitindo a participação de todos.

Enfatize com a turma que aquelas brincadeiras ou jogos que tiverem algum impedimento na prática, por falta de algum material específico, serão pensadas para a realização e vivência, nas próximas aulas, com o material adequado ou adaptado.

Calcule o tempo disponível para uma experimentação significativa por parte dos estudantes. Faça intervenções nos grupos, quando for necessário, e em ações preconceituosas e estereotipadas. Reforce a importância da participação de todos, observe o espaço e veja os materiais e brinquedos disponíveis para se organizarem.

Após a experimentação dos jogos e brincadeiras, faça uma roda de conversa questionando-os sobre a participação e a percepção deles nas atividades, trazendo a comparação entre as brincadeiras e jogos do passado e os atuais. Possibilite aos estudantes que façam comparações entre elementos que observaram nas brincadeiras e jogos relatados e elementos de brincadeiras e jogos que praticam nos dias de hoje.

Algumas questões podem facilitar esse momento de reflexão: Vocês experimentaram jogos e brincadeiras do contexto familiar e comunitário? Reconheceram a utilização de materiais alternativos para a realização de jogos e brincadeiras do contexto familiar e comunitário? Aprofundaram os estudos sobre o jogar e brincar, com ênfase no reconhecimento dessas práticas em diferentes momentos históricos - passado e presente - no âmbito familiar? Investigaram jogos e brincadeiras junto aos familiares identificando as principais práticas vivenciadas por eles? Quais as diferenças e semelhanças entre as brincadeiras e jogos de antigamente e as brincadeiras e jogos que praticam hoje?

        Incentive os estudantes a se expressarem, não se preocupando em apontar respostas certas ou erradas, e sim falarem a partir da experiência vivida, lembrando sempre de possibilitar a oportunidade a todos, considerando a realidade e os possíveis impedimentos de seus estudantes.  

A partir da reflexão dos estudantes trazidas na roda de conversa sobre a participação e a percepção deles nas atividades, faça comentários sobre a comparação entre as brincadeiras e jogos do passado e os atuais. Comente com os estudantes que as brincadeiras antigas fazem parte do patrimônio histórico da humanidade, assim como os jogos tradicionais, e que é muito importante manter viva essas tradições que, além de fazerem parte da nossa cultura, permitem maior mobilidade e desenvolvimento de seus praticantes. Possibilite aos estudantes entender o porquê, nos dias atuais, as atividades diminuíram de movimentação, em decorrência da diminuição dos espaços apropriados para brincar e jogar, da violência, dos jogos eletrônicos, entre outros.

Também levante, juntamente com os estudantes, as brincadeiras e os jogos que não foram realizados nesta sequência de aula por conta da falta do material apropriado e solicite alternativas para a experimentação dessas atividades nas aulas seguintes.

Possibilite aos estudantes o uso e a apropriação dos jogos e brincadeiras do passado como resgate cultural, enfatizando a importância de valorização dos mesmos, e permita também que eles falem a respeito dos jogos e das brincadeiras praticados por eles no momento presente.

Faça apontamentos, a partir da observação, das experimentações e condutas dos estudantes. Lembre-se de observar e ressaltar a segurança e a participação de todos nas atividades. Converse e oriente sobre possíveis situações em que houve conflitos e exclusão, assim como apoie e incentive aquelas em que os estudantes apresentaram condutas positivas.

Para o registro da aula, disponibilize aos estudantes uma folha de papel A4. Explique que registrarão o que aprenderam por meio de desenhos ou lista de palavras. Organize a atividade com uma pergunta disparadora: Quais foram as brincadeiras e os jogos tradicionais realizados nesta aula? Deixe os estudantes registrarem e, se possível, organize um varal expositivo, em uma área de uso comum da escola.

Não se esqueça de dar uma devolutiva aos estudantes a respeito dos registros realizados. Fique atento aos estudantes que apresentarem algum impedimento na realização do registro, e proponha alternativas, como, por exemplo, verbalizar sobre a experiência praticada e /ou ofertar outros materiais para o registro.

Para avaliar a aprendizagem, observe a participação dos estudantes e faça registros de como interagem com os objetos, com os colegas e com você. Você também pode utilizar as fichas técnicas trazidas pelos estudantes e a participação e interação deles nesta aula como avaliação, observando se tiveram dificuldades ou facilidades  em trazer as entrevistas; se conseguiram expor suas ideias aos demais colegas. Você pode fazer questionamentos aos estudantes individualmente sobre o que aprenderam; dê um tempo para que respondam e verifique se compreenderam a proposta. Conforme realiza essas ferramentas, registre os resultados obtidos em seu diário escolar para verificar o desenvolvimento individual dos estudantes nas aulas.

Lembre-se de observar atentamente a segurança e a inclusão de todos nas atividades, fazendo as adaptações necessárias, e solicite aos estudantes que organizem e guardem os materiais no final da aula.

Barreiras

  • Utilizar meios de comunicação restritos para conhecer brincadeiras e jogos do contexto comunitário e familiar.
  • Restringir a mobilidade na experimentação de jogos e brincadeiras do contexto familiar e comunitário.
  • Utilizar os recursos (fichas) para a investigação dos jogos e brincadeiras junto aos familiares identificando as principais práticas vivenciadas por eles.

Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras

  • Incluir atividades que exijam outros tipos de comunicação (sempre mantendo o objetivo inicial proposto).
  • Buscar adaptação dos materiais e local da prática.
  • Utilizar recursos adequados (como áudio, vídeos legendados, materiais que os estudantes possam ter contato manual etc.).

Sugerimos alguns desdobramentos para as próximas aulas. Amplie o repertório dos estudantes sobre brincadeiras e jogos do passado, explorando melhor as fichas de entrevistas, possibilitando aos estudantes que conheçam os jogos e as brincadeiras das fichas que ainda não foram experimentados na aula de Educação Física.

Utilize outros recursos de investigação, como, por exemplo, pesquisas na internet ou na biblioteca da escola, caso seja possível. Permita, sempre atrelada à pesquisa, a experimentação dessas atividades nas aulas de Educação Física, para que façam mais sentido ao processo de aprendizagem dos estudantes. Pesquise com a turma as brincadeiras e os jogos que têm materiais específicos para a sua experimentação (como, por exemplo, cinco Marias, que necessita dos saquinhos) e solicite à turma que pense em materiais alternativos para a vivência dessas atividades.  

Você também pode aprofundar o tema, propondo aos estudantes que tragam para a escola as brincadeiras e os jogos vivenciados por eles atualmente, como, por exemplo, a possibilidade de incluir os jogos eletrônicos ou de tabuleiro. O importante é promover a reflexão, o protagonismo e a autonomia da turma, para que eles organizem esses momentos significativos de vivências.

Verifique a possibilidade de trazer, para orientar alguma brincadeira ou jogo, algum familiar entrevistado pelos estudantes, incluindo a família no processo de aprendizagem. Que tal propor o “dia da família na escola”, trazendo a comunidade para participar das aulas de Educação Física e falar sobre as brincadeiras e os jogos que praticavam quando eram crianças? Temos certeza de que este momento vai propiciar muito significado para os estudantes, além de estreitar os laços de parceria da escola com a família.

Solicite aos estudantes que criem uma lista de brincadeiras e jogos que possam ser experimentados nas aulas, analisados e estudados de modo a identificar as diversas maneiras de se jogar e brincar ao longo do tempo e de acordo com a realidade onde essas práticas estão inseridas. Solicite aos estudantes que investiguem jogos que têm o mesmo nome, mas regras diferentes, ou, por exemplo, brincadeiras que com nomes diferentes ao longo do nosso país, mas que são vivenciadas de maneira comum em todos os lugares.

Considere a possibilidade de promover junto aos estudantes, se julgar interessante, uma exposição sobre brinquedos, brincadeiras e jogos de antigamente, envolvendo os registros deles, bem como fotos, materiais utilizados para as práticas, regras e todo o aprofundamento pesquisado pelos estudantes no decorrer das aulas. Você pode incentivá-los a criar um nome para essa ação, envolvendo o protagonismo dos estudantes do 2º ano perante toda a unidade escolar. Oriente os estudantes e faça intervenções nesta atividade. Verifique junto à equipe gestora a possibilidade de se viabilizar as ideias e envolver a família e a comunidade nesta ação educativa. Essa atividade poderá ser organizada também pelos demais docentes da escola, família e comunidade, sendo, inclusive, inserida no Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, através da gestão democrática e da participação coletiva nas decisões e organização, incentivando o protagonismo e a autonomia dos envolvidos.

Aprofunde com os estudantes os conhecimentos, apresentando à turma algumas habilidades motoras e capacidades físicas utilizadas nas brincadeiras e jogos do presente e do passado. Introduza o assunto por meio de questões, como: Quais movimentos ou gestos são necessários para determinada atividade? Em qual brincadeira precisamos ser ágeis? Em qual jogo precisamos ter força ou equilíbrio? Em qual atividade é necessário correr? Em qual precisamos ter atenção? Contextualizando estes conhecimentos para a faixa etária dos estudantes, explore com eles quais habilidades motoras eles conhecem e que podem ser utilizadas nas brincadeiras e jogos. Peça para que mostrem os movimentos ou exemplifiquem com suas próprias palavras a utilização desses gestos.

Conforme o número de aulas reservadas para esta sequência, aprofunde o tema. Incentive os estudantes sempre a serem protagonistas nas ações pedagógicas nas aulas de Educação Física: recriar novas brincadeiras e jogos; ampliar os movimentos necessários para a realização das brincadeiras e jogos; estimular a criatividade. Também reforce a importância do respeito entre todos, da inclusão dos colegas na aula e as adaptações necessárias nas atividades para que nenhum colega se sinta excluído. Lembre-se sempre de que o tempo e o número de aulas serão determinados de acordo com o contexto de sua escola. Procure envolver a participação ativa dos estudantes nas atividades sugeridas.

Apresente aos estudantes os objetivos desta aula e comente que irão refletir sobre jogos e brincadeiras do passado, relacionando-os com os jogos e brincadeiras do presente. Resgate com os estudantes as características dos jogos e brincadeiras, diferenciando-os. A atividade presencial do plano pode ser realizada na íntegra remotamente com algumas adaptações. Utilize as questões disparadoras da Conversa inicial, a respeito das características dos jogos e das brincadeiras para os estudantes. Elabore a tabela sugerida, para que sejam anotadas as reflexões a respeito das características dos jogos e brincadeiras que eles fizeram.

O objetivo desta tabela coletiva é destacar para os estudantes as principais características dos jogos e brincadeiras, de maneira que eles, quando foram entrevistar seus familiares, saibam distinguir as diferenças. Incentive a turma toda a se expressar, faça as intervenções necessárias para que isso ocorra. Aponte e anote as respostas e os comentários dos estudantes em seu caderno, que serão retomados junto aos estudantes mais adiante.

Repasse aos estudantes as “fichas técnicas”, pois elas nortearão as entrevistas que eles farão com seus familiares, conforme explicitação a seguir. Comente com os estudantes que irão investigar com seus familiares sobre as brincadeiras e os jogos do passado por meio de duas fichas técnicas que estão na conversa inicial da atividade (imagem 1 – brincadeiras de antigamente e imagem 2 – jogos de antigamente). Estas fichas deverão ser trazidas para a próxima sequência da aula.

Atividade 1: Analisando as fichas técnicas investigativas

Na aula seguinte, os estudantes irão compartilhar com os demais colegas os jogos e as brincadeiras que foram citados pelos seus entrevistados. E, juntos, farão uma lista dos jogos e brincadeiras mais citados nas entrevistas de todos.

Atividade 2: Seleção das brincadeiras e jogos das entrevistas

Após obterem os jogos e as brincadeiras que mais foram citados nas entrevistas realizadas pelos estudantes, informe-os de que quando as aulas presenciais retornarem irão vivenciar estes jogos e brincadeiras nas aulas. Para isso, será necessário que os estudantes selecionem os materiais necessários, se na escola não houver, solicite que eles deem sugestões de materiais alternativos, e que façam o mesmo em relação ao espaço da escola. Pergunte aos estudantes quais seriam as alternativas dadas por eles para que os jogos e as brincadeiras selecionados sejam realizados nas dependências da escola. Calcule o tempo disponível para uma experimentação significativa por parte dos estudantes. Faça intervenções nos grupos, quando for necessário. Uma recomendação muito importante é que pensem também na participação de todos nas atividades selecionadas.

Brincadeiras e jogos da cultura popular

Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.

Autor: Renata Cristina Rogich Merighi

Coautor: Laércio de Moura Jorge

Mentor: Ricardo Yoshio Silveira Ribeiro

Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho