O que é o terrorismo nacionalista?

Thatiana Victorelli, Da Redação, Em São Paulo

Nenhuma definição de terrorismo obteve aprovação universal. Segundo as leis norte-americanas (Código dos Estados Unidos, artigo 2656f), o termo pode ser definido das seguintes formas:Quando empregado sozinho, pode se referir à motivação política, cometida contra alvos não-combatentes por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, geralmente com o objetivo de influenciar o público. No âmbito internacional, pode significar uma ação que envolva muitos cidadãos ou o território de mais de um país. Já o termo "grupo terrorista" significa qualquer grupo que pratique terrorismo internacional, ou tenha subgrupos significativos que pratiquem terrorismo internacional.O terrorismo passou a ser assunto discutido internacionalmente após o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. O ataque, que matou milhares de civis e chocou o mundo, foi atribuído ao grupo Al Qaeda, liderado por Osama Bin Laden. Este grupo passou a ser o principal alvo de combate norte-americano no que se refere à política de segurança nacional.

Mas a Al Qaeda não é o único grupo político a espalhar terror pelo mundo. Outros merecem destaque na história da política mundial, devido ao número de pessoas envolvidas e frequência dos ataques. Conheça os principais:

  • Al Qaeda
    Seguidores de Bin Laden, acusado pela explosão de duas embaixadas americanas na África oriental em 1998, matando 224 pessoas. Laden, a exemplo de Saddam Hussein, também foi parceiro dos EUA no passado. Nos anos 80, Bin Laden e outros guerrilheiros islâmicos do Afeganistão recebiam apoio norte-americano no combate às tropas da União Soviética, que sustentavam o regime comunista no país
     
  • ETA (Pátria Basca e Liberdade)Grupo basco fundado em 1959, que luta pela transformação do País Basco, que ocupa áreas da Espanha e da França, em Estado independente. Fez seu primeiro atentado em 1968, matando Meliton Manzanas, chefe de polícia de San Sebastián. Em 1980, realizou seu maior número de atentados, assassinando 118 pessoas
  • Hamas (Movimento da Resistência Islâmica)Um dos principais grupos extremistas contrários à existência do Estado de Israel e ao processo de paz entre árabes e israelenses. Foi criado em 1987 a partir da Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense). A organização promove ataques terroristas suicidas contra judeus.
  • IRA (Exército Republicano Irlandês)Organização terrorista católica da Irlanda do Norte, que começou a atuar nos anos 60. A Irlanda do Norte tem maioria de protestantes. Os unionistas protestantes (60% da população) querem que a região continue ligada ao Reino Unido, mas os nacionalistas católicos querem a reunificação com a República da Irlanda, um país de maioria católica
  • Jihad IslâmicoFormada por jovens palestinos no Egito em 1980, a organização é apontada como responsável pela morte de 18 soldados em um ponto de ônibus em Beit Lid em 1995. Organizações de caráter religioso buscam expulsar palestinos e impedir negociações de paz entre a OLP e Israel
  • Supremacia BrancaOrganizações paramilitares racistas de extrema direita que atuam nos EUA e defendem a "supremacia branca". Um dos seguidores desse tipo de organização seria Timothy James McVeigh, responsável pelo atentado a um edifício de Oklahoma, onde morreram 168 pessoas (1996). McVeigh foi executado em junho de 1997.

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O terrorismo pode ser definido como uma ação violenta contra vítimas inocentes a fim de promover determinada causa, seja ela ideológica, seja política, religiosa (ou até mesmo pessoal) etc.

  • Origem da palavra “terrorismo”

A palavra terrorismo deriva, obviamente, de “terror”, cujo significado corrente é medo, angústia diante de alguma ameça física ou psicológica. Ela foi usada pela primeira vez pelo filósofo britânico Edmund Burke, em seu escrito Letters on a Regicide Peace (Cartas sobre uma paz regicida), onde critica o período da Revolução Francesa em que os jacobinos estiveram no poder, isto é, de agosto de 1792 a julho de 1794. O terror revolucionário jacobino caracterizou-se pela implacável perseguição política contra todos aqueles que se opunham às suas diretrizes políticas. Os jacobinos valiam-se do uso da guilhotina para decapitar seus opositores. Um dos decapitados foi o rei da França, Luís XVI.

O fato é que, com o passar do tempo, a expressão terrorismo passou a ser usada em outros países para designar situações diversas dessa criticada por Burke. De modo geral, o nome “terrorismo” passou a estar associado a duas coisas: à guerra irregular, ou guerrilha, e à própria ação revolucionária, seja de caráter anarquista, comunista, nacionalista-separatista, seja religiosa, como o de grupos radicais islâmicos.

  • Terrorismo e guerra irregular

A guerra irregular, também entendida como guerra não convencional, existe desde a Antiguidade e é caracterizada por táticas e padrões de ataque assimétricos, isto é, sem formação de linhas militares comuns ou uso de armamento convencional. Na guerra irregular, há emboscadas, uso de armas improvisadas, sequestros, sabotagens, entre outros tipos de ação. Por isso, ela também é conhecida como guerrilha, termo que vem do espanhol guerrilla, a forma de guerra utilizada pelos espanhóis no início do século XIX contra as tropas do exército invasor de Napoleão Bonaparte.

O método da guerra irregular foi expandido ainda no século XIX por grupos revolucionários pertencentes a ideologias diversas. Durante essa expansão, houve a disseminação da tática do atentado contra vítimas inocentes, isto é, as táticas irregulares não eram mais usadas apenas como forma de resistência aos exércitos convencionais.

  • Terrorismo revolucionário anarquista e comunista

No fim do século XIX, o anarquismo e o comunismo tornaram-se ideologias com projetos políticos bastante penetrantes no corpo social e político do Ocidente, sobretudo na Europa. As alas mais radicais desses dois movimentos optaram pelo uso da luta armada, que também se tornaria sinônimo da guerra irregular, e também dos atentados, geralmente com bombas, contra lugares ou pessoas consideradas símbolos do que eles combatiam. Um exemplo famoso de terrorista partidário desse tipo de ideologia foi Ravachol, anarquista francês cujo nome real era François Claudius Koënigstein.

No século XX, esse tipo de ação prosseguiu, principalmente entre as facções revolucionárias comunistas, e tornou-se intensa no mundo todo, inclusive no Brasil, com grupos como a ALN (Ação Libertadora Nacional), de Carlos Marighella.

  • Terrorismo nacionalista separatista e terrorismo islâmico

A combinação de guerra irregular e atentados, feita por anarquistas e comunistas, também foi operada, na mesma época, por grupos nacionalistas separatistas, como a Mão Negra, na Sérvia, cujo integrante Gravilo Princip foi o responsável pelo atentado que vitimou o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, em 1914, dando início à Primeira Guerra Mundial. Os grupos mais famosos dessa linha são o ETA (Pátria Basca e Liberdade), da Espanha, e o IRA (Exército Republicano Irlandês), da Irlanda do Norte.

Ainda nesse viés do terrorismo nacionalista, podemos citar as ações da OLP (Organização Para a Libertação da Palestina), que se valeu dos meios da guerra irregular e de atentados contra civis inocentes para tentar conquistar seus objetivos. As facções que dela derivaram, como o Setembro Negro e a Frente Popular pela Libertação da Palestina, foram responsáveis por sequestros e atentados de repercussão nacional, como o massacre nas Olimpíadas de Munique, em 1972.

As ações da OLP e de suas facções, entretanto, estão mais próximas dos revolucionários comunistas (inclusive muitas delas foram articuladas com membros do comunismo revolucionário internacional) do que propriamente de grupos vinculados ao radicalismo islâmico, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico.

Esses dois grupos têm bases ideológicas e religiosas que vêm de uma vertente específica do Islã, o wahhabismo, cuja doutrina extremista desembocou em organizações como a Irmandade Muçulmana, à qual, por exemplo, Osama Bin Laden esteve vinculado. O terrorismo islâmico, isto é, com nítidos fundamentos teológicos, tem por alvo tudo o que representa uma “ameaça” ao Islã. Isso inclui outras interpretações da tradição islâmica que não sejam as extremistas e toda a cultura ocidental.