Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados

Durante o século 19, nos EUA, o local abrigava mais pessoas que sua capacidade máxima, deixando os prisioneiros condenados a uma morte trágica

Paola Churchill Publicado em 20/11/2020, às 10h00

Durante a Guerra Civil americana (1861-1865), os soldados confederados levaram os prisioneiros para campos improvisados ao redor da Confederação. Contudo, durante o conflito, eles perceberam que precisavam de uma solução prática.

Foi assim que o acampamento Sumter, na Geórgia, que ficaria conhecido pouco tempo depois como a prisão de Andersonville, surgiu. O campo tinha capacidade para abrigar cerca de 10 mil prisioneiros e era equipado com o mínimo de acomodações.

No entanto, depois de um ano de atividade, o lugar abrigava quatro vezes sua capacidade máxima e a condições eram precárias. Faltavam roupas, espaço, e os encarcerados morriam por conta de doenças ou fome.

Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados
Atualmente, Andersonville é um pratimônio histórico americano/Crédito: Wikimedia Commons 

Inferno na Terra

O maior problema da prisão era a superlotação. Não existia espaço, alimentos ou água o suficiente: a Confederação dava prioridade para o bem-estar dos soldados, não dos prisioneiros. Os que não morriam de fome, contraíram doenças como escorbuto ou febre tifoide por conta da água contaminada no campo.

Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados
Imagem que retrata os horrores que os prisioneiros sofriam/Crédito: Wikimedia Commons 

Robert H. Kellogg foi preso e enviado para o local insólito em 2 de maio de 1864. O homem relatou um pouco das atrocidades que viveu lá dentro. “Antes éramos ativos e eretos; homens fortes, agora nada mais que meros esqueletos ambulantes, cobertos de sujeira e vermes. Muitos de nossos homens, no calor e na intensidade de seus sentimentos, exclamaram com seriedade: 'Isso pode ser um inferno?' Deus nos proteja!”, relata.

Como se não bastasse as péssimas condições de vida, os guardas não poupavam esforços para machucar os presos, principalmente aqueles que não podiam revidar ou se defender.

O próprio sistema

Os prisioneiros que estavam cansados de serem tratados de maneira desumana começaram a se defender. O resultado foi uma rede hierárquica entre os confinados. Cada grupo compartilhava os alimentos, vestimentas, abrigo e apoio moral. E mais importante, se defendiam de outros grupos ou guardas.

Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados
Desenho de como era o campo de prisioneiros na Geórgia/Crédito: Wikimedia Commons

O campo ainda contava com seu próprio sistema de justiça, com juiz e júri de presos para manter uma relativa paz no lugar. Os julgamentos aconteciam contra os grupos que atacavam e roubavam os mantimentos dos outros.

Cabia ao conselho sentenciar as punições que seriam aplicadas, que poderiam ser desde os infratores ficarem acorrentados até a morte por enforcamento.

A libertação de Andersonville

Só em maio de 1865, com o fim da Guerra Civil, que Andersonville foi evacuado. Vários julgamentos ocorreram para responsabilizar os capitães pelos crimes de guerra. Mas, poucos foram recapturados para prestar depoimentos.

Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados
Estado de um dos prisioneiros de Andersonville/Crédito: Wikimedia Commons 

Foi encontrada também uma lista, com os nomes de todos os 13 mil prisioneiros que morreram no local. Em homenagem, ela foi publicada no New York Tribune. Hoje, o campo é um patrimônio histórico americano que serve para lembrar os horrores que ocorreram lá há cerca de 150 anos atrás.

+Saiba mais sobre campos de prisioneiros por meio das obras disponíveis na Amazon:

 Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto (2017) - https://amzn.to/2Sn7LmG

Uma Estrela na Escuridão, André Bernardino e Gabriel Davi Pierin (2017) - https://amzn.to/2RAUVza

Eu sobrevivi ao Holocausto, Nanette Blitz Konig (2015) - https://amzn.to/3avn9Uy

Última parada: Auschwitz - Meu diário de sobrevivência, Eddy de Wind (2020) - https://amzn.to/37gUKzB

 O dom de ver atrás do morro : o trabalho de agentes penitenciários em um manicômio judiciário, de Rodrigo Padrini Monteiro (2019) - https://amzn.to/35RQ7eF

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp 

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/3b6Kk7du

Você, vestibulando, possivelmente já ouviu falar da Guerra de Secessão, certo? Esse é um importante acontecimento da História dos Estados Unidos da América, que provocou mudanças fundamentais na forma como o país lidou com questões como: atividade econômica, expansão de territórios e, principalmente, a abolição da escravidão.

Entender esse conflito é muito importante não só porque ele está bastante presente nos livros e provas de História, mas também porque seus resultados geraram algumas consequências no restante do mundo.

E aí, vamos conhecer e estudar mais sobre esse conflito? Para isso, basta continuar a leitura deste post!

O que foi a Guerra de Secessão?

A Guerra de Secessão foi um conflito civil travado entre a região Norte (chamados de Estados do Norte) e a região Sul (denominados Estados Confederados da América), nos Estados Unidos, que teve início no ano de 1861 e terminou em 1865.

Ela começou com o anúncio de separação dos estados do Sul, tendo como base discordâncias em relação ao modelo de sociedade e de mão de obra defendidos pelos estados do Norte. 

O principal fator da discórdia era relativo às atividades econômicas de cada região, influenciadas principalmente pelas características climáticas e do solo, assim como a mão de obra a ser utilizada.

Antecedentes

Para entender melhor o que foi a Guerra de Secessão e como tudo isso começou, é preciso voltar um pouquinho na História e rever os momentos que antecederam o início dela. Vamos lá?

Tudo ia bem desde a declaração da Independência das Treze Colônias em relação à metrópole inglesa, ocorrida em 1782. A expansão do território hoje conhecido como Estados Unidos da América estava a todo vapor, assim como seu crescimento populacional e, principalmente, suas atividades econômicas.

Assim, no ano de 1850, os EUA apresentavam uma divisão clara entre Sul e Norte devido a características distintas, assim como noções econômicas e políticas que divergiam entre si. As discordâncias ganharam ainda mais força nas eleições de 1860 para presidente. O tema central passou a ser a escravidão no país.

Abraham Lincoln, presidente eleito naquele ano, defendia o fim da prática e, com isso, causou grande insatisfação nos estados sulistas.

Características dos Estados Unidos da América à época

Como você já sabe, o país teve intenso crescimento desde sua independência. Porém, alguns fatores fizeram com que o desenvolvimento se desse de diferentes formas conforme as características de cada região.

Devido ao clima mais frio e rochoso no Norte, atividades como comércio, manufatura e desenvolvimento regional como um todo se tornaram mais fortes e predominantes. Mão de obra livre, então, era defendida pelas pessoas daquela região, que se tornava cada vez mais industrializada.

Em contrapartida, o clima mais quente e o solo mais fértil do Sul incentivaram a prática da agricultura, nas chamadas plantations. Elas consistiam em grandes propriedades de plantação de monocultura voltada para o mercado externo e sob mão de obra escrava africana. Seguia-se, assim, um estilo de vida mais rural e aristocrático.

Tudo isso sem contar que, no Sul, havia uma cobrança de impostos sobre mercadorias importadas, tornando os produtos bem mais caros.

Porém, ali nos antecedentes, citamos questões políticas também, você se lembra? Pois, então, os estados do Norte defendiam um poder político mais centralizado, enquanto os do Sul preferiam ações independentes dos estados. Aqui, fica fácil perceber tamanhas diferenças entre os modos de vida dentro do mesmo país.

Causas do início da guerra

Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados
Por que os estados do Norte contavam com soldados mais bem equipados

Foram exatamente as diferenças de pensamento, de modo de vida, de economia e de política que causaram o início da Guerra de Secessão americana. Em um contexto em que a abolição da escravidão era tema em todo o mundo, o conflito se acirrou, como mencionamos, com a vitória de um presidente abolicionista como Abraham Lincoln.

No entanto, as tentativas do recém-eleito presidente de acalmar os ânimos se mostraram ambíguas, gerando insatisfações ainda maiores. Ele defendeu, por exemplo, o trabalho livre e, ao mesmo tempo, liberou a escravidão somente na região Sul. Dessa maneira, se para os nortistas ele demonstrava conservadorismo demais, para os sulistas era abolicionista demais.

Como aconteceu o conflito

O conflito teve início, assim, com o anúncio do primeiro estado a se separar do restante: a Carolina do Sul. Ele foi seguido por Alabama, Flórida, Geórgia, Texas, Virgínia, Louisiana, Arkansas, Carolina do Norte, Mississípi e Tennessee. No final de 1860, então, o novo país foi batizado Estados Confederados da América.

Ao ver todo o movimento, Abraham Lincoln declarou que não aceitaria movimentos separatistas e convocou seus exércitos para combatê-los e reintegrar aqueles estados à nação.

O Norte contava com uma vantagem inicial: a de ter contingente militar maior do que o Sul, além de economia mais bem desenvolvida. O Sul, no entanto, não se deixou abater e contava com importante liderança: a do general estrategista Robert E. Lee.

Apesar de ter sido uma guerra violenta, a derrota dos sulistas não aconteceu apenas nos campos de batalha. Os embargos impostos pelo presidente à região fizeram com que a economia local sofresse intensa crise.

Além disso, houve promulgação da chamada Lei do Confisco, que permitiu que estados do Norte reintegrassem terras do Sul. Com isso, vários escravos foram libertados, o que complicou ainda mais a vida dos sulistas. Para completar, em 1863, foi decretada a Lei de Emancipação dos Escravos, prejudicando a economia escravista do Sul.

O fim da guerra aconteceu, finalmente, em 1865, com a derrota dos Estados Confederados da América (sulistas). Foi promulgada a 13ª Emenda Constitucional, reafirmando o fim da escravidão, e os Estados foram reintegrados à União.

Quais foram as consequências da Guerra de Secessão?

Essa foi a guerra mais violenta da História dos Estados Unidos e provocou a morte de 600 mil pessoas e deixou outras 400 mil feridas. Ela provocou intensa destruição do Sul do país, mas também a abolição da escravidão por lá.

No entanto, foi um sulista o responsável pelo assassinato de Abraham Lincoln em abril de 1865. Nessa mesma região, foi criado o grupo chamado Ku Klux Klan: uma organização racista e contrária à reintegração dos ex-escravos africanos à sociedade norte-americana.

E aí, curtiu entender mais sobre a Guerra de Secessão, essa importante etapa da História dos Estados Unidos da América? Além de auxiliar nos seus estudos, ela ajuda a compreender diversos fatores bastante atuais no país, principalmente sua integração enquanto Estado e a luta por igualdade de direitos dos negros.

Por falar em estudos, o que acha de conferir nosso plano de estudos agora mesmo? Com ele, você consegue organizar melhor sua rotina e se preparar para vestibulares e para o Enem. Vamos lá?