A figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da República

  • Do golpe militar aos governos civis

A consolidação do modelo republicano federalista e a ascendência das oligarquias agrárias ao poder fez surgir um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos do período: o coronelismo. O fenômeno do coronelismo expressou as particularidades do desenvolvimento social e político do Brasil. Ele foi resultado da coexistência das formas modernas de representação política (o sufrágio universal) e de uma estrutura fundiária arcaica baseada na grande propriedade rural.

O direito de voto estava assegurado pela Constituição, mas o fato da grande maioria dos eleitores habitarem o interior (a população sertaneja e camponesa) e serem muito pouco politizados levou os proprietários agrários a controlar o voto e o processo eleitoral em função de seus interesses.

O "coronel" (geralmente um proprietário de terra) foi a figura chave no processo de controle do voto da população rural. Temido e respeitado, a influência e o poder político do coronel aumentavam a medida em que ele conseguisse assegurar o voto dos eleitores para os seus candidatos. Por meio do emprego da violência e também da barganha (troca de favores), os coroneis forçavam os eleitores a votarem nos candidatos que convinha aos seus interesses.

Voto de cabresto

O controle do voto da população rural pelos coroneis ficou conhecido popularmente como "voto de cabresto". Por meio do voto de cabresto eram eleitos os chefes políticos locais (municipais), regionais (estaduais) e federal (o governo central). A fraude, a corrupção, e o favorecimento permeavam todo o processo eleitoral de modo a deturpar a representação política.

No âmbito municipal os coroneis locais dependiam do governador para obtenção de auxílio financeiro para obras públicas e benfeitorias gerais, daí a necessidade de apoiar e obter votos para os candidatos de determinada facção das oligarquias estaduais.

As oligarquias estaduais também dependiam de votos para conquistarem ou assegurarem seu domínio político, daí a necessidade de barganharem com os coroneis locais. Semelhante condição de dependência política se manifestava nas relações do governo federal com os governos estaduais.

As rivalidades, lutas e conflitos armados entre coroneis de pouca ou grande influência e pertencentes a diferentes oligarquias agrárias eram comuns, fazendo da violência um componente constitutivo e permanente do sistema de dominação política da República Velha.

Um pacto de poder

Sob a presidência de Campos Salles (1898-1902), foi firmado um pacto de poder chamado de Política dos Governadores. Baseava-se num compromisso político entre o governo federal e as oligarquias que governavam os estados tendo por objetivo acabar com a constante instabilidade que caracterizava o sistema político federativo.

A Política dos Governadores estabelecia que os grupos políticos que governavam os estados dariam irrestrito apoio ao presidente da República, em contrapartida o governo federal só reconheceria a vitória nas eleições dos candidatos ao cargo de deputado federal pertencentes aos grupos que o apoiavam.

O governo federal tinha a prerrogativa de conceder o diploma de deputado federal. Mesmo que o candidato fosse vitorioso nas eleições, sem este documento ele não poderia tomar posse e exercer a atividade política. O controle sobre o processo de escolha dos representantes políticos a partir da fraude eleitoral impedia que os grupos de oposição chegassem ao poder.

Candidatos da situação

De modo geral, o governo federal firmava acordos com os grupos políticos que já detinham o poder, e a partir daí diplomava somente os candidatos da situação garantindo-se, desse modo, a perpetuação desses grupos no governo. Com poucas ou nenhuma chance de chegar ao poder por via eleitoral restava aos grupos da oposição juntarem-se aos grupos políticos da situação.

A Política dos Governadores assegurou e reforçou o poder das oligarquias agrárias mais influentes do país. Os estados mais ricos da federação, São Paulo e Minas Gerais, dispunham das mais prósperas economias agrárias devido a produção em larga escala do principal produto de exportação brasileiro, o café. As oligarquias cafeeiras desses estados conquistaram influência política nacional e governaram o país de acordo com seus interesses.

A hegemonia de São Paulo e Minas Gerais na política nacional foi chamada de "Política do café-com-leite". Por meio de acordos entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), os dois estados da federação elegeram praticamente todos os presidentes da República Velha, até que a Revolução de 1930 viesse alterar os rumos da política brasileira.

Prezados alunos.

Abaixo está a prova de recuperação com as respostas (realçadas em vermelho). Informo que de forma geral os resultados obtidos foram positivos.
Aguardem o resultado final que será divulgado em 22/12. Boa sorte!!

1- (ENEM 2011) É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em 1869, isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930. MELLO, M. T. C. A república consentida:cultura democrática e científica no final do império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).    

O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de1889, porque esta era uma maneira de:


a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.   
b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.   
c) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.  
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder. 
e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.


2- (ENEM 2011) Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram
cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004(adaptado) 

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência

 entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvi mento no comércio exterior. T
OPiK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:

a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista o privilégio de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças. 
b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.

c) As disputas políticas do período contrariavam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.                    
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias. 
e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.

3- (Enem 2011) A  imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram a Revolta da Vacina.  Considerando o contexto político-social da época, essa revolta revela.

a) a insatisfação da população com os benefícios de uma modernização urbana autoritária.      
b) a consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias.       

c) a garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população. 
d) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral. 
e) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite.

4-(Enem 2009) -  A figura de coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. Normalmente, tratava-se de grandes fazendeiros que utilizavam seu poder para formar uma rede de clientes políticos e garantir resultados de eleições. Era usado o voto de cabresto, por meio do qual o coronel obrigava os eleitores de seu “curral eleitoral” a votarem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas, para que votassem de acordo com os interesses do coronel. Mas recorria-se também a outras estratégias, como compra de votos, eleitores-fantasma, troca de favores, fraudes na apuração dos escrutínios e violência.   

Com relação ao processo democrático do período registrado no texto, é possível afirmar que

(A) o coronel se servia de todo tipo de recursos para atingir seus objetivos políticos.

(B) o eleitor não podia eleger o presidente da República.
(C) o coronel aprimorou o processo democrático ao instituir o voto secreto.
(D) o eleitor era soberano em sua relação com o coronel.
(E) os coronéis tinham influência maior nos centros urbanos.

5- Sobre a situação do Brasil às vésperas do movimento de 1930.

I- Até 1930, as elites dos estados de SP e MG, mantinham um arranjo pelo qual revezavam na presidência. Era a política do  café-com-leite.

II- O movimento “revolucionário” de 1930 era liderado principalmente pelas oligarquias cafeeiras de São Paulo.

III- A Aliança Libertadora Nacional foi formada por estados que apoiavam o governo de Washington Luís.

IV- O café, principal produto de exportação, teve queda acentuada nos preços no mercado internacional devido à crise de 1929.

V- Na República Velha, as fraudes eleitorais eram muito comuns. A existência do voto em aberto colaborava na manutenção das fraudes.

Assinale a  alternativa  CORRETA.

(A)  Somente a afirmativa V é correta.

(B)  São verdadeiras as alternativas I,IV, V.
(C)São verdadeiras as alternativas I,III,IV,V.
(D)São verdadeiras as alternativas II,III, IV,V.
(E)  Todas as afirmativas são falsas.

6- Sobre o período conhecido como Governo Provisório (1930 a 1934) é correto afirmar. EXCETO:

(A) Aos poucos Vargas revelou-se: centralizador, voltado para questões sociais do trabalhador e defensor das riquezas do país. 

(B) Assustada com a atitude populista de Vargas a elite paulista institui um movimento da Revolução Constitucionalista.

(C) Vargas representava o nome de consenso dos grupos que queriam o fim da Oligarquia dos Cafeicultores.
(D) A escolha do nome de Vargas para presidente foi democrática, pois procurou ouvir a base popular través do voto direto.
(E) Apesar de derrotados militarmente os paulistas saíram-se vitoriosos politicamente com a garantia de realização da Constituinte

7- Na História política do Brasil o período conhecido como  Estado Novo foi a(o)

A) ditadura instaurada por Getúlio Vargas, que possuía feições corporativas.

B) Plano de Governo de Jânio Quadros em parceria com os udenistas.
C) período da História do Brasil iniciado com a abertura do governo Geisel.
D) renovação política iniciada com a eleição de Tancredo Neves.
E) estratégia sócio-econômica do Governo Goulart formalizada através do Plano Trienal criado por Celso Furtado.

8- Assinale a opção correta em relação a seqüência mais coerente que preenche as lacunas da seguinte frase:   “O golpe militar de 1964 foi efetivado com o objetivo de evitar ______________. O regime militar foi marcado pelas _______ _____________e pelo _____________ aos opositores do regime. “ 

a) a ameaça comunista; restrições aos direitos e garantias individuais; uso da violência.
b) a crise financeira; situações de plena democracia; tratamento humanitário.      

c) os atos institucionais; concentração de renda e abertura ao capital estrangeiro; cassação de mandatos.
d) centralização do poder; liberdade de expressão e impressa livre; uso da força de repressão. 

e) a ameaça comunista; concentração de renda e abertura ao capital estrangeiro; dialogo democrático.

9) Sobre o Regime Militar que o Brasil atravessou entre 1964 e 1985. Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a crise econômica da década de 70 afetou o Brasil com intensidade maior em razão da dependência ao petróleo importado para cobrir a maior parte de consumo dos derivados do produto;
b) a abertura política iniciada no governo Geisel que ao final do mandato revogou o ato institucional nº5, evidenciou os graves problemas sociais do país, demonstrado pelas greves de metalúrgicos do ABC paulista e movimentos estudantis ;
c) O governo Figueiredo, o último presidente da Ditadura Militar,  editou os Atos Institucionais nº1, 2,3, e 4.
d) O Ato Institucional foi o modelo jurídico característico bastante utilizados pelo presidentes  da ditadura militar;
e) O governo Médici foi o período mais repressivo de todo regime militar, onde a tortura e repressão atingiram os extremos, bem como a censura aos meios de comunicação.

10- Entre 1972 e 1975 a crise do Petróleo assusta a economia capitalista mundial. Seus reflexos atingem o Brasil provocando uma crise econômica sem precedentes com aumento da inflação e estagnação econômica, pois era grande a dependência do país as importações do produto. Como ficou conhecido o programa o governo militar criou para reduzir a dependência do Brasil ao petróleo:

a) O Biodiesel no Governo Médici.

b) O Proálcool no Governo Geisel.
c) A construção da usina de  Angra I no governo Geisel.
d) O II PNB ( Plano Nacional de Desenvolvimento).
e) A criação da Petrobrás no governo Médici.

Quem era a figura do coronel?

A figura do coronel — latifundiário que exercia o poder político, econômico e social, principalmente no interior do país — mantinha-se no poder por meio de alianças políticas com as oligarquias estaduais, e, por meio da coação eleitoral, obrigava seus subordinados a votarem em seus candidatos, mantendo assim o seu ...

Como funcionava o sistema de coronelismo?

Como forma de poder político consiste na figura de uma liderança local — o coronel —que define as escolhas dos eleitores em candidatos por ele indicados. O voto branco e nulo são resquícios desse coronelismo, já que esses votos só facilitavam a entrada dos candidatos no poder.

Por que os políticos da época eram chamados de coronéis?

A figura dos coronéis teve origem na criação da Guarda Nacional durante o Império, que era formada por civis, cujos poderes locais eram delegados aos principais proprietários de terras de determinada região e aos chefes políticos mais poderosos, como modo de fortalecer a autoridade do governo central.

O que é o coronelismo e o voto de cabresto?

O voto de cabresto é um mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio da compra de votos com a utilização da máquina pública ou o abuso de poder econômico. É um mecanismo muito recorrente no interior do Brasil como característica do coronelismo.