Quem com ferro fere com ferro será ferido qual é a figura de linguagem?

Mestre em Linguística, Letras e Artes (UERJ, 2014)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFBA, 2007)

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A palavra aliteração tem origem na língua latina que significa letra. É uma figura de som que ocorre com a repetição de um fonema, vocálico ou consonântico, igual ou parecido, para descrever ou sugerir sonoramente um pensamento ou uma emoção através da língua. Essa expressão se produz por meio de uma única palavra ou por unidades mais extensas, sendo mais comuns no uso da linguagem poética, em músicas, ou contextos nos quais o objetivo é menos informativo e mais emotivo.

Nesse sentido, a aliteração é um recurso estilístico utilizado, geralmente, no início das palavras compondo versos ou frases, podendo ser verificado também no meio ou no final dessas construções linguísticas. São muito conhecidos dos falantes em geral ditados populares, versos folclóricos ou brincadeiras com a linguagem que se valem da aliteração como recurso para conferir o sentido desejado:

Trava- línguas:

Padre Pedro procurou a primeira batina preta.

Neste o recurso utiliza-se dos sons das letras “p” , “r” e “d” para que o falante seja desafiado na pronúncia das palavras. Tal como se pode observar nos próximos exemplos com as letras “t”, “p” e “r”. e no terceiro exemplo com a letra “s”.

“Três pratos de trigo para três tigres tristes.”

“O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar”

Ditos populares:

“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”

“Filhos criados, trabalho dobrado”

Em letras de músicas:

Observe como os recursos estilísticos produzem efeitos sonoros na construção da música para intensificar o ritmo: as aliterações nesta letra da banda “O Rappa” ocorrem a cada verso, sempre de maneira alternada, jogando com letras e sons diferentes:

Reza a Vela

A chama da vela que reza (letra “e” vela / reza)

Direto com santo conversa (letra “s” santo / conversa)

Ele te ajuda te escuta

Num canto colada no chão nas sombras mexem (letra “c” canto / colada)

Pedidos e preces viram cera quente (letra “p” pedidos / preces)

A fé no sufoco da vela abençoada no dia dormido (letra “d” dia / dormido)

O fogo já não existe ali saíram do abrigo

São quase nada

A molecada corre e corre, ninguém tá triste (letra “c” corre/corre / letra “t” ta / triste)

(...)

Tá no céu balão de bucha não espere o tiro apenas Mire (letra “b” balão / bucha)

Depois da benção o peito amassado (letra “s” amassado / samba / atravessado / sobe)

É hora do cerol é hora do traçado

Quem não cobre fica no samba atravessado

Sobe balão no céu rezado

(...)

Compositores: Alexandre Menezes / Lauro Jose De Farias / Marcelo De Campos Lobato / Marcelo Falcao Custodio / Rodrigo Valle

Letra de Reza vela © Warner/Chappell Music, Inc

Bibliografia:

ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica – brincando com a gramática. 3. ed. – São Paulo: Contexto, 2002.

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico – brincando com as palavras. – São Paulo: Contexto, 2002.

GARCIA, Maria Cecília. Minimanual compacto de gramática da língua portuguesa: teoria e prática – 1. ed. – São Paulo: Rideel, 2000.

CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

HILST, Hilda. Cantares. – São Paulo: Globo: 2004. – (Obras reunidas de Hilda Hilst)

CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Editora Vozes. 1977.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Para educar crianças feministas um manifesto. Tradução: Denise Bottmann. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/linguistica/aliteracao/

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17 pág.

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Metáfora
Impossível ser poeta sem fazer metáfora
Cena do filme O carteiro e o poeta
Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.
https://www.youtube.com/watch?v=T2ggLTEDnzg
Cena do filme 
O carteiro e o poeta
Data de lançamento: 22 de setembro de 1994 (Itália)
Diretores: Massimo Troisi, Michael Radford
Música composta por: Luís Bacalov
Prêmios: Oscar de Melhor Trilha Sonora Original
https://www.youtube.com/watch?v=7Og1Kh42bWw
Metáfora – Gilberto Gil
Metáfora
Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo, nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora
Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível…
https://www.youtube.com/watch?v=58sW0ojthyI
Comparação e metáfora
Principais figuras de linguagem
Ao todo, são 52 figuras no mostruário
A metonímia se manifesta de várias maneiras. Vejamos:
1. Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis (= Gosto de ler os livros de Machado de Assis)
2. Continente pelo conteúdo: Comi um prato de macarrão! (= Comi todo o macarrão que estava no prato)
3. Parte pelo todo: Completou dez primaveras (= Completou dez anos)
4. Instrumento pela pessoa que o utiliza: Os flashes o seguiam aonde fosse (= Os fotógrafos o seguiam aonde fosse)
5. Gênero pela espécie: Nós, os mortais, lutamos dia a dia por nossa sobrevivência (= Nós, os seres-humanos, lutamos...)
6. Singular pelo plural: A mulher conquistou seu lugar! (= Todas as mulheres conquistaram...)
7. Marca pelo produto: Meu filho adora danone. (= Meu filho adora iogurte)
8. Matéria pelo objeto: Lavou os cristais e as porcelanas para usá-los no jantar. (= Lavou os copos e os pratos...)
9. O sinal pela coisa significada: A cruz o salvará! (= A fé o salvará)
Personificação ou prosopopeia
A prosopopeia, ou personificação, é uma figura de linguagem que consiste em atribuir características humanas a seres inanimados ou irracionais.
Antítese e paradoxo
O paradoxo, ou oxímoro, também é uma figura que usa sentidos opostos para passar uma mensagem de modo mais intenso. No entanto, enquanto a antítese consiste no mero uso de termos opostos no enunciado, o paradoxo constrói uma relação entre esses termos de modo a criar uma mensagem aparentemente contraditória.
“Ele sabia ser inocente ou malicioso quando necessário.”
No enunciado anterior ocorre uma antítese, já que há oposição entre inocência e malícia, mas a pessoa ora é inocente, ora maliciosa. Portanto, apesar da oposição, não se passa uma mensagem contraditória.
“Havia uma inocência maliciosa em seu olhar.”
Nesse enunciado ocorre um paradoxo, já que, além da oposição entre inocência e malícia, estabelece-se uma relação aparentemente sem sentido: inocência maliciosa.
ONOMATOPEIA
A onomatopeia é um recurso muito importante para a escrita. É amplamente utilizada pelas histórias em quadrinhos e poemas. Entretanto, não podemos esquecer sua importância para a linguagem oral. A seguir, serão usados alguns exemplos de onomatopeia. Acompanhe:
Os apaixonados amam escutar o tum-tum do coração do ser amado, mas não suportam ouvir o tic-tac indicando que o tempo está passando, e não se ouve nem  o triiimm do telefone, nem o blin blong da campainha. Nesta hora, as lágrimas são inevitáveis e o buááá é ouvido de longe. Entretanto, basta um biii biii, que o coração já faz  hahaha.. E o final da cena, todos conhecem, um beijo apaixonado chuac.
NOMES ONOMATOPAICOS
Bem-tevi, tico-tico, bumbo, reco-reco, zabumba
Hipérbato: inversão
O hipérbato é uma figura de linguagem em que ocorre uma inversão brusca da ordem dos termos de uma oração. Essa inversão ocorre, predominantemente, pela divisão de elementos de uma oração para que haja intercalação de elementos de outra oação.
“Mas, como o dele, batia/Dela o coração também.” (Manuel Bandeira)
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco.” (Gonçalves Dias)
Hipérbole: exagero
Na hipérbole, ocorre a utilização de palavras e expressões que exageram grandemente a realidade, enfatizando uma ideia. Essa exageração da realidade tem como finalidade expressiva destacar, intensificar ou enfatizar um sentimento ou ação, ocorrendo predominantemente por excesso.
Exemplos de hipérbole usados no dia a dia:
Morri de rir com a história que ela me contou.
Meu Deus, essa caixa pesa uma tonelada, não a consigo carregar sozinha!
Já te disse um milhão de vezes que não gosto disso.
Figuras de linguagem: elipse e anáfora
A elipse é uma figura de linguagem caracterizada por omitir um termo linguístico (palavra ou expressão) no enunciado. Apesar de omitido, esse termo costuma ser facilmente subentendido pelo contexto. Assim, sua omissão não torna o enunciado incompreensível
Exemplo:
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (Machado de Assis) – omissão do verbo “haver”. (Na sala havia apenas quatro ou cinco convidados)
Anáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza pela repetição de uma mesma palavra ou expressão no início de cada oração ou sentença
“Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando pra trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol
Esperando o trem
Esperando o aumento
Desde o ano passado para o mês que vem”
(Chico Buarque – Pedro Pedreiro)
PLEONASMO
O pleonasmo é um recurso linguístico que utiliza a repetição de um termo ou de uma ideia para dar maior ênfase ou clareza. Dependendo do contexto e da intenção do falante, o pleonasmo pode configurar uma figura de linguagem ou um desvio da norma padrão. Por isso, vamos aprender mais sobre esse recurso estilístico.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Procuro só a escuridão
A purificação na calada da noite
Da noite preta
Eu subi lá em cima para ver o que ela queria.
Ele era o principal protagonista da história.
Entrou num ciclo vicioso do qual não conseguia sair.
Figuras de linguagem: assonância e aliteração
Enquanto a assonância promove repetições de sons vocálicos, especialmente as sílabas tônicas, a aliteração é a repetição de sons consonantais.
[…] Sou um mulato nato
No sentido lato
Mulato democrático do litoral […]
, 
A aliteração é uma figura de som na qual se cria um enunciado utilizando-se repetidamente o mesmo som de alguma consoante, causando um jogo de sons e de sentidos. É bastante comum na linguagem poética e em trava-línguas
“Como uma onda no mar” (Lulu Santos)
“Quem com ferro fere com ferro será ferido”
“Chove chuva, chove sem parar” (Jorge Ben)
Eufemismo
Eufemismo é uma figura de linguagem, ou de pensamento, caracterizada por suavizar a informação de um enunciado. Portanto, é usado, principalmente, em contextos formais ou nas situações em que o enunciador pretende ser agradável, preocupado em não ofender interlocutores ou ouvintes. Assim, por exemplo, ele prefere dizer que determinada pessoa “passou desta vida para uma melhor”, em vez de falar que ela morreu.
Ironia
A palavra ironia deriva do grego antigo eironēia, que quer dizer simulação. A ironia, figura de linguagem bastante conhecida, busca, portanto, passar uma ideia contrária àquela expressada pelas palavras. 
Isso significa, que ser irônico é passar uma mensagem oposta ao que se fala ou se escreve.

Qual a figura de linguagem de quem com ferro fere com ferro será ferido?

Uso da aliteração A aliteração está muito presente em provérbios e trava-línguas: Quem com ferro fere com ferro será ferido. O rato roeu a roupa do rei de Roma. O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.

Quem com ferro fere é uma metáfora?

Quem com ferro fere, com ferro será ferido Quem entrega o bem, recebe o bem; quem, por sua vez, pratica o mal, recebe o mal. O conceito que vigora é o da reciprocidade. O provérbio está relacionado à noção de carma (o que fazemos pelos outros voltará para nós algum dia).