A necessidade da participação social foi apresentada primeiramente pelo Movimento

A necessidade da participação social foi apresentada primeiramente pelo Movimento

Ao longo da trilha de Políticas Públicas, o tema participação social foi abordado diversas vezes a fim de demonstrar sua importância para a boa gestão pública. Nesta matéria, vamos conhecer melhor quais são os mecanismos que garantem a aproximação entre sociedade civil e Estado.

O que é a participação social?

Se levarmos em consideração os princípios democráticos quanto à soberania popular, a participação se torna um dos aspectos mais relevantes para a garantia da vontade e do bem-estar social. Podemos pensar em duas categorias simples de participação social: “institucional” e não-institucional”. A primeira se trata de procedimentos organizados pelo próprio Estado (as eleições para cargos políticos, por exemplo) e a segunda de procedimentos mais espontâneos, organizados pela sociedade em si (passeatas de movimentos sociais).

Colocando como foco as participações institucionais, este tema é historicamente sensível no caso brasileiro: ao longo da República Velha, por exemplo, a participação esteve atrelada aos procedimentos eleitorais que eram restritos à um grupo específico (homens, alfabetizados) e altamente manipuláveis (“voto de cabresto”). Em períodos de exceção, como a Era Vargas e o Regime Militar, a participação social institucional foi bloqueada por medidas autoritárias que impediam as eleições e criminalizavam os movimentos sociais.  Nesse sentido, é só a partir de 1980, com a redemocratização, que a participação é levantada como bandeira fundamental para a construção de um novo período político do país.

A Constituição Federal de 1988, como comentamos na matéria passada, foi um marco ao prever a participação social como um dos pilares da democracia brasileira. Desta forma, para além do procedimento eleitoral, outros mecanismos foram institucionalizados pelo poder público como forma de garantir o controle social e a participação contínua por parte da sociedade. Na matéria de hoje vamos conhecer melhor alguns desses mecanismos.

A necessidade da participação social foi apresentada primeiramente pelo Movimento

Participando de um conselho

Os conselhos são espaços de participação social dentre poder público e sociedade civil. Há conselhos que são populares (as associações de bairro, por exemplo, não dependem da organização por parte do poder público) e institucionais, que passam por um processo de regulamentação junto ao poder público e possui legislação e especificidades acerca de sua atuação.

Geralmente os conselhos podem ser:

  1. Consultivo: o conselho é ouvido pelo poder público, mas somente a fim de coletar a opinião dos conselheiros em prol de maior qualidade nos processos da administração pública.
  2. Participativo: o conselho possui maior envolvimento com os gestores públicos a medida que monitoram as ações do Estado (políticas públicas, orçamento…) e participam ativamente das tomadas de decisão através do controle social.
  3. Deliberativo: o conselho age conjuntamente com o poder público em determinadas pautas, ratificando ou vetando as tomadas de decisões e participando ativamente do processo das políticas públicas.

As audiências públicas 

A audiência pública se trata de um outro mecanismo da participação social que é prevista na Constituição Federal de 1988 e pode ser regulamentada pela União, estados e municípios.

A proposta desse mecanismo é a convocação de um tipo de reunião aberta em que os órgãos públicos envolvidos em conjunto com organizações da sociedade civil e a população em geral possam debater propostas de políticas públicas, elaboração de um projeto de Lei ou qualquer política que impacte a organização social e política da União, estados ou municípios.

Geralmente o formato adotado é abrir a reunião com uma fala do poder público explicando o tema a ser discutido e, em seguida, abre-se o diálogo para que a sociedade civil expresse sua opinião, concordâncias e/ou discordâncias com a proposta apresentada.

As ouvidorias públicas

A Ouvidoria Pública é um instrumento de comunicação entre poder público e sociedade civil. Comumente, mesmo no âmbito privado, as ouvidorias servem como canal para que os indivíduos possam realizar reclamações, sugestões, elogios ou simplesmente tirar dúvidas.

No caso dos órgãos públicos, a Ouvidoria serve como espaço para que a população possa exercer seus direitos e sua cidadania ao encaminhar denúncias (como casos de corrupção, por exemplo), reclamações (acerca dos serviços públicos), sugestões ou simplesmente tirar dúvidas e/ou obter mais informações quanto ao funcionamento de determinado serviço público.

Geralmente o contato pode ser realizado via sistema eletrônico (a União e alguns estados e municípios disponibilizam um portal online) ou pessoalmente, nos balcões de atendimento dos órgãos públicos.

A participação social dentro da gestão pública

A participação social é um tema fundamental para toda reflexão acerca da boa gestão pública. Na matéria de hoje conhecemos três principais mecanismos que contribuem diretamente para que o poder público atue de forma aproximada da população. Nesse sentido, por mais complexo que possa ser o desenvolvimento desses mecanismos e instrumentos, o salto qualitativo de uma gestão pública que está em constante diálogo com a população é visível. Além disso, o diálogo permite que o desenho das políticas públicas represente a pluralidade da sociedade civil, além do ganho da legitimidade para sua execução.

Essa matéria faz parte de uma trilha de conteúdos sobre a Gestão Pública e também um dos pilares de aprendizado em nossa pós-graduação Master em Liderança e Gestão Pública (MLG).

+++ Leia também os conceitos básicos das Políticas Públicas

+++ Leia também os modelos da Administração Pública

+++Leia também: Políticas Públicas e Cidadania: um olhar pós Constituição Federal de 1988

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Quando surgiu a participação social?

Participação social é direito. Está na Constituição. A Constituição Federal de 1988 garantiu a participação da sociedade na gestão de políticas e programas promovidos pelo Governo Federal - é o chamado controle social.

O que é a participação social?

Definir participação social implica entender as múltiplas ações que diferentes forças sociais desenvolvem com o objetivo de “influenciar a formação, execução, fiscalização e avaliação de políticas públicas na área social (saúde, educação, habitação, transporte, etc.)”.

Qual a importância da participação das pessoas nos movimentos sociais?

Movimentos sociais têm grande relevância na formação de uma sociedade democrática. Como mencionado, eles geralmente dão voz para pessoas que estão, de alguma forma, excluídas do contexto social. Além de garantir os direitos desses indivíduos, esses movimentos contribuem para tornar a sociedade mais plural.
Constituição Federal de 1988: participação da sociedade no desenho, implementação e controle social das políticas públicas. A reivindicação por maior participação popular foi encaminhada para a Assembléia Constituinte por meio da proposta de garantia de iniciativa popular no Regimento Interno Constituinte.