Explique o conceito de coronelismo e o voto de cabresto característico na república velha

Leia o trecho a seguir: “Os autores que veem coronelismo no meio urbano e em fases recentes da história do país estão falando simplesmente de clientelismo. As relações clientelísticas, nesse caso, dispensam a presença do coronel, pois ela se dá entre o governo, ou políticos, e setores pobres da população. Deputados trocam votos por empregos e serviços públicos que conseguem graças à sua capacidade de influir sobre o Poder Executivo. Nesse sentido, é possível mesmo dizer que o clientelismo se ampliou com o fim do coronelismo e que ele aumenta com o decréscimo do mandonismo. À medida que os chefes políticos locais perdem a capacidade de controlar os votos da população, eles deixam de ser parceiros interessantes para o governo, que passa a tratar com os eleitores, transferindo para estes a relação clientelística.” (CARVALHO, José Murilo de. Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão Conceitual. Dados, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, 1997.)

No texto acima, o historiador José Murilo de Carvalho está reivindicando um maior cuidado com o uso do termo “coronelismo” para analisar a história política brasileira, insistindo em não confundir clientelismo com coronelismo. Acompanhando o raciocínio de José Murilo de Carvalho, o coronelismo pode ser identificado como uma política praticada:

a) tipicamente no Sudeste do Brasil, em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a partir da década de 1970.

b) majoritariamente nos grandes centros urbanos, a partir dos anos 2000.

c) tipicamente no período colonial pelos presidentes das províncias.

d) tipicamente nas regiões do interior do Brasil, com predominância agrária, na época da República Velha, na virada do século XIX para o XX.

e) tipicamente no período imperial por políticos que queriam romper com o poder central do império, sem se estender à República.

O que é o Voto de cabresto:

Voto de cabresto é um antigo sistema de controle político abusivo, impositivo e arbitrário, praticado durante o período conhecido por Coronelismo.

A palavra “cabresto” deriva do latim capistrum, que pode ser traduzido como “mordaça” ou “freio”. Assim, a expressão “voto de cabresto” faz referência a um tipo de voto que é feito sob o controle de alguém.

Entre o final do século XIX e começo do século XX, o Brasil viveu a chamada República Velha, conhecida pela grande influência exercida pelos coronéis, ricos fazendeiros que atuavam como oligarcas locais nas regiões mais pobres do interior do país.

Naquela época, o voto não era secreto e os eleitores que viviam sob a “jurisdição” dos coronéis eram constantemente manipulados e ameaçados a votarem apenas nos candidatos escolhidos pelos fazendeiros.

A influência dos coronéis no cenário político e, consequentemente, a prática do voto de cabresto, só começaram a diminuir após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas iniciou o combate ao Coronelismo no país.

Em 1932, com a aprovação do Código Eleitoral Brasileiro – responsável por tornar o voto secreto – o voto de cabresto passou a ser cada vez mais difícil de ser aplicado.

O tradicional modelo do voto de cabresto pode ter sido extinto, mas a “essência” abusiva deste sistema ainda perdura em algumas regiões do país como forma de controlar o poder político local.

De modo mais “complexo”, algumas autoridades e líderes populares utilizam da sua influência para aliciar e manipular as massas para que votem nos candidatos políticos que lhes são de interesse.

Saiba mais sobre o significado do Caronelismo.

Voto de cabresto e Curral eleitoral

Esta expressão era utilizada para se referir às regiões que eram controladas politicamente pelos coronéis, ou seja, onde estes exerciam influência para controlar o poder político.

Os coronéis, em seus respectivos “currais eleitorais”, praticavam diferentes tipos de táticas de manipulação, que podiam ir desde a compra de votos e troca de favores até mesmo ao uso da violência física e ameaça de morte.

Como não existiam grandes mecanismos de segurança do voto naquela época, tornava-se fácil para os coronéis fraudarem as eleições, seja por meio de “votos fantasmas” ou através de documentos falsificados que permitiam que analfabetos votassem a seu favor (os analfabetos eram proibidos de votos naquela época).

Saiba mais sobre o significado do Voto.

No episódio desta segunda-feira da série Eleições de A a Z, Nilson Klava volta à República Velha para entender fenômenos e abordar suas versões atuais.


Explique o conceito de coronelismo e o voto de cabresto característico na república velha

Eleições de A a Z: O que é coronelismo?

Expressões como como coronelismo, voto de cabresto e curral eleitoral surgiram durante a República Velha, quando o Brasil era predominantemente rural e o voto era aberto – um prato cheio para a fraude, já que era possível identificar o voto de cada eleitor. Um traço marcante da época era o domínio econômico dos grandes donos de terras, os chamados coronéis. Eles usavam o poder econômico que tinham sobre seus subordinados para garantir também o poder político.

O voto de cabresto é uma referência ao cabresto colocado no cavalo para controlar o seu movimento. O eleitor era coagido a votar em quem o coronel indicasse. Seja por ameaça ou por uma troca de favores, o chamado clientelismo. Assim, o coronel conseguia controlar a votação na sua região de domínio, ou – como diz a expressão – no seu curral eleitoral, onde, em vez de gado, havia eleitores.

Infelizmente, há instrumentos da atualidade que também prejudicam a entrada de novas figuras no poder.

Veja todos os episódios já disponíveis da série na playlist abaixo:

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O que é o coronelismo e o voto de cabresto?

O voto de cabresto é um mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio da compra de votos com a utilização da máquina pública ou o abuso de poder econômico. É um mecanismo muito recorrente no interior do Brasil como característica do coronelismo.

O que foi o coronelismo durante a República Velha?

Os coronéis eram latifundiários que exerciam o domínio político no interior do Brasil e coagiam seus subordinados a votarem em seus candidatos, mantendo-se, dessa forma, no poder. Como o voto era aberto, as fraudes eleitorais permitiam a manutenção das oligarquias no poder.

Qual é o conceito de coronelismo?

Coronelismo é um brasileirismo usado para definir a complexa estrutura de poder que tem início no plano municipal, exercido com hipertrofia privada – a figura do coronel – sobre o poder público — o Estado —, e tendo como caracteres secundários o mandonismo, o filhotismo (ou apadrinhamento), a fraude eleitoral e a ...

O que foi o coronelismo e quais suas principais características?

O Coronelismo é um fenômeno da política brasileira ocorrido durante a Primeira República. Caracteriza-se por uma pessoa, o coronel, que detinha o poder econômico e exercia o poder local por meio da violência e trocas de favores.