No período histórico retratado no texto surgiu a teoria do Direito Divino dos Reis explique a

No período histórico retratado no texto surgiu a teoria do Direito Divino dos Reis explique a
A divinização do monarca, um ponto do pensamento absolutista.

No trato com a História, o professor muitas vezes se vê obrigado a repassar determinados conceitos que não fazem muito sentido para aos alunos. Afinal de contas, reconhecer e compreender que em outros tempos os valores e ideais eram outros é uma operação nada fácil para jovens que, em muitas situações, encarnam tão bem o modo de ser do tempo em que vivem. Dessa forma, cabe ao professor explorar ao máximo o uso de documentos que revelem os ideais do passado.

Quando tratamos do absolutismo ou da formação das monarquias nacionais vemos que muitos alunos não apreendem de imediato a questão religiosa que pairava em torno da autoridade monárquica. Vivendo em um regime democrático, onde escolhemos os nossos representantes políticos de acordo com nossas convicções pessoais, a sacralidade do posto monárquico acaba sendo encarada com certa desconfiança e estranheza pelos alunos.

Visando superar esse tipo de dificuldade, selecionamos aqui um documento que pode atestar bem o conceito do “direito divino dos reis”. Para tanto, fazemos uso de uma frase de Jean Bodin, um dos mais influentes teóricos do absolutismo. Oferecendo o mesmo texto a sala, sugerimos a seguinte leitura:

“Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é necessário lembrar-se de sua qualidade, a fim de respeitar-lhes e reverenciar-lhes a majestade com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano, despreza a Deus, de Quem ele é a imagem na terra." (BODIN, Jean. "A República". IN: CHEVALIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel aos nossos dias. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1966. p. 58.)

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No texto, podemos ver que seu autor parte de um argumento religioso que determina a ordenação do mundo como uma situação designada pelas forças divinas. Afinal de contas, ele coloca a figura de Deus como a “maior sobre a terra”. Com isso, parte-se de um pressuposto de que nenhuma autoridade política terrena poderia vir a governar sem que para isso houvesse a indispensável aprovação divina.

Sendo assim, mesmo trabalhando com um pensador do século XVI, observamos que o sentimento religioso gestado ao longo de toda a Idade Média ainda se mostra vivo ao longo da Idade Moderna. Com isso, podemos expor aos alunos que a periodização dos tempos históricos não se organiza por meio de rupturas radicais. Mesmo indicando a presença de novas situações e valores, a Idade Moderna ainda se mostra influenciada por referências diversas do tempo medieval.

Destacando tais pontos, o professor tem condições de revelar que o pensamento de Jean Bodin era influenciado por tais valores e que, por tanto, a ideia de se sacralizar a figura do rei era coerente naquele contexto. Por meio desse exercício de reflexão, temos condições para expor aos alunos que o direito divino não se mostra como um exercício de manipulação do poder, mas um modo de se pensar a política fundamentado no modo de se pensar de uma época.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola

O Absolutismo foi um período do velho continente marcado pela centralização de poder político nas mãos dos monarcas entre os séculos XVI e XVII. A união entre reis e burguesia para superar o sistema feudalista contribuiu diretamente na consolidação das práticas absolutistas. Assim, a formação dos Estados Nacionais Modernos constituiu a estrutura política e econômica dos países absolutistas em direção a um governo centralizado no poder real.

Durante esse período, surgiram os teóricos absolutistas que elaboraram teses que defenderam uma sociedade disciplinada e controlada por um único líder, que seria o soberano. A intenção desses pensadores era legitimar o absolutismo na Europa, mostrando através de suas ideias a importância da existência de um Estado forte para comandar os súditos. Dessa forma, entre os principais teóricos do absolutismo destacaram-se: Maquiavel, que escreveu o clássico livro intitulado “O Príncipe”, Thomas Hobbes, autor da obra “Leviatã”, e Jacques Bossuet, que escreveu “Política retirada da Sagrada Escritura”.

O teórico italiano Maquiavel (1469 – 1527)ficou conhecido principalmente pelas suas frases simbólicas para retratar o governo ideal. Ele defendeu que o Estado para atingir os seus objetivos não deveria medir esforços, pois “os fins justificam os meios”. Uma das alternativas para construir um governo forte seria a separação entre moral e política, uma vez que as razões do Estado deveriam ser superiores a quaisquer valores culturais e sociais da nação. Maquiavel elaborou a tese de que o Príncipe (Líder político) deveria aprender a ser mau para conseguir manter o poder e, além disso, defendeu um governo em que os indivíduos eram vistos como súditos, que deveriam apenas cumprir ordens.

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Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um dos teóricos mais radicais do absolutismo. Ele defendeu a tese de que “o homem era o lobo do homem”, afirmando que os seres humanos nasciam ruins e egoístas por natureza. Esse pessimismo perante a humanidade levou o teórico inglês a propor um pacto político em que as pessoas conseguiriam conquistar paz e felicidade. Esse pacto dizia que para a humanidade viver em harmonia, ela deveria abdicar de seus direitos e os transferir a um soberano cujo papel era conter o ímpeto do homem em seu estado de natureza. Dessa forma, Hobbes legitimou a existência do poder real afirmando que era através dele que as pessoas não viveriam em um cenário de caos e guerra. 

Jacques Bossuet (1627 – 1704) foi o teórico responsável por envolver política e religião em sua tese. Ele partiu do pressuposto que o poder real era também o poder divino, pois os monarcas eram representantes de Deus na Terra. Por isso, os reis tinham que possuir controle total da sociedade. Dessa forma, eles não poderiam ser questionados quanto às suas práticas políticas. Assim, o monarca possuía o direito divino de governar e o súdito que se voltasse contra ele estaria questionando as verdades eternas de Deus.

Os teóricos absolutistas defenderam uma forma de governo monarquista em que o poder estava concentrado nas mãos dos reis. Suas teorias foram questionadas a partir da elaboração das teses liberais durante o Iluminismo que reivindicaram governos democráticos e a soberania popular na política.


Por Fabrício Santos
Graduado em História

Como podemos explicar a teoria do direito divino dos reis?

A teoria do poder dos reis Escolhido por Deus, um monarca é responsável apenas por ele, e só deve ser responsabilizado pelos seus atos perante Deus. A doutrina implica que a deposição do rei ou a limitação do seu poder e as prerrogativas da coroa são atos contrários à vontade divina.

O que foi a teoria do direito divino dos reis Brainly?

A teoria do direito divino ou direito divino dos reis, parte do pressuposto que os príncipes eram escolhidos por Deus para governarem após a passagem do trono de seus pais, os Reis.

Quem criou a teoria do direito divino dos reis?

O direito divino dos reis absolutistas foi uma doutrina filosófico-jurídica que vigorou entre os séculos XVI e XVII, tendo como principal formulador Jean Bodin.

O que afirmava a teoria do direito divino dos reis de Jacques Bossuet?

Teoria do Direito Divino Na política, Jacques Bossuet desenvolveu a doutrina do “Direito Divino” na qual afirmava que qualquer governo formado legalmente, expressava a vontade de Deus, que sua autoridade é sagrada e que qualquer rebelião contra ela é criminosa.