Qual era a situação da classe trabalhadora durante a Revolução Industrial?

“ficamos assombrados diante das consequências das nossas condições sociais, aqui apresentadas sem véus, e permanecemos espantados com o fato de este mundo enlouquecido continuar funcionando” (Engels, 1845).

Engels (1820-1895) é uma das personalidades mais importantes do século 19 e esse ano comemora-se o seu bicentenário. O jovem intelectual de esquerda alemão tinha apenas 24 anos e já havia mudado para Inglaterra há três anos quando em 1944 escreveu o livro “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”. Foi a caminho da Inglaterra que também fez seu primeiro contato pessoal com Marx. O livro ganha contornos finais em maio de 1845 quando foi publicado em uma edição em inglês. Só depois vieram edições devidamente revisadas e prefaciadas.

Nesse período inicial da constituição do capitalismo e, junto com ele, do próprio movimento operário, havia muitos livros, panfletos e indagações sobre a condição da classe operária se multiplicando por toda a Europa ocidental. A obra de Engels se sobressai, pois carrega a originalidade em ressaltar que a Europa enfrentava um problema social que não era mais simplesmente o dos “pobres”, mas sim de uma classe sem precedentes históricos, o proletariado. Na obra, Engels procura as interconexões entre fenômenos aparentemente desconectados da vida na Inglaterra, dissecando a duríssima vida da classe trabalhadora sob vários ângulos – as condições de trabalho, o uso de máquinas, a miséria, a condição de mulheres e crianças, a negligência insensível dos capitalistas com a saúde e educação dos trabalhadores, e tantos outros temas correlatos como crimes, moralidade, prostituição e morte por epidemia de tifo não escaparam de sua atenção. E claro, que enquanto a classe trabalhadora vivia em tal situação, os donos das fábricas acumulavam mais e mais riquezas.

A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra trata a classe trabalhadora como um todo e não apenas de profissões ou setores específicos. Que tipo de classe trabalhadora o capitalismo produz? Quais são as suas condições de vida, que tipo de comportamento individual e coletivo essas condições materiais criam? Engels dedica a maior parte de seu livro à análise dessas questões. Nas palavras de Lênin, ele foi um dos primeiros a dizer que o proletariado não é apenas uma classe que sofre; que é precisamente a sua vergonhosa situação económica que a impele irresistivelmente para frente e a obriga a lutar pela sua emancipação final.

Também é importante dizer que a grandiosa obra de Engels não traz apenas um levantamento das condições da classe trabalhadora, mas uma análise geral da dinâmica do capitalismo, do impacto social da industrialização e suas consequências políticas e sociais, incluindo o surgimento do movimento operário. Na sua análise, a revolução industrial aparece como elemento central para a compreensão do controle da produção de mercadorias realizado pelo capital. Mas o próprio Engels deixa nítido, no prefácio de 1892, que seus livros ainda não representam um “marxismo maduro”, mas sim “uma das fases de seu desenvolvimento embrionário”.

Obviamente, o “mundo do trabalho” hoje é outro. Contudo, as mudanças tecnológicas e organizativas do capitalismo e das novas configurações da burguesia e do proletariado não significaram nem o fim da fome, nem da miséria, tampouco do sofrimento da classe trabalhadora. Engels descreve problemas sociais que ainda temos vivenciamos. O capitalismo de sua época se tornou global. As grotescas desigualdades e a profunda pobreza da Europa do século 19 ainda podem ser encontradas em toda parte onde há capitalismo.

Atualmente, uma em cada dez pessoas no mundo passa fome (no Brasil são dezenas de milhões) e morrem mais trabalhadores vítimas de acidentes e doenças no trabalho do que em uma zona de guerra. Ao redor do mundo, mais de 2 milhões, no Brasil, a cada 4 horas um trabalhador morre devido um acidente de trabalho. Enquanto, isso e em plena pandemia, os bilionários ficaram ainda mais ricos, sendo que o Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo.

Portanto, passados duzentos anos do nascimento de Engels, continua na ordem do dia, para os socialistas contemporâneos, o desafio de mudar o mundo. Eis, sobretudo, o maior motivo pelo qual a obra de nosso General deve ser lida ou relida pelos trabalhadores brasileiros de hoje.

Boitempo Editorial

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Qual era a situação da classe trabalhadora durante a Revolução Industrial?

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  • autor: Friedrich Engels
  • tradutor: B. A. Schumann
  • apresentação e notas: José Paulo Netto
  • orelha: Ricardo Antunes
  • quarta capa: Eric Hobsbawn
  • capa: Antonio Kehl
edição: 1ª Revista selo: Boitempo páginas: 384 formato: 23cm x 16cm x 2cm peso: 600 Gramas ano de publicação: 2008 encadernação: Brochura ISBN: 9788575591048

'Uma obra-prima' – Eric Hobsbawm

A Boitempo Editorial, seguindo seu propósito de publicar todas as obras de Karl Marx e Friedrich Engels em traduções realizadas diretamente do alemão, lança A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, clássico de Engels e referência obrigatória na bibliografia das Ciências Sociais.Escrita em 1845, essa obra não estava disponível para o público brasileiro havia muito tempo. A nova tradução foi inteiramente cotejada e supervisionada por José Paulo Netto, que assina também o texto de apresentação. A capa, como nos demais volumes da coleção, traz ilustração de Cássio Loredano.Reconhecido pela extrema originalidade, o texto produzido pelo jovem Engels abordou, pela primeira vez, a revolução industrial como elemento central para a compreensão do controle da produção de mercadorias realizado pelo capital, além de condicionar a solução da 'questão social' à supressão do padrão societário representado pela propriedade privada dos meios de produção.De forma igualmente pioneira, o autor atribui aos trabalhadores urbano-industriais o status de classe, descrevendo a dinâmica criativa que coloca o proletariado na posição de sujeito revolucionário, capaz de promover a própria emancipação.O volume conta, ainda, com esclarecedoras notas do editor, índice onomástico, relação das obras do autor publicadas no Brasil e uma detalhada cronologia de Engels e Marx, ressaltando aspectos importantes de suas trajetórias e relacionando-os aos fatos históricos mais relevantes da época em que viveram.A situação da classe trabalhadora na Inglaterra é o sétimo título da coleção Marx e Engels - na qual já foram publicadas obras como o Manifesto Comunista e A ideologia alemã. Esse clássico de Engels integra também a coleção Mundo do Trabalho, coordenada por Ricardo Antunes.

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Qual a situação da classe trabalhadora na época da Revolução Industrial?

Por um salário ainda menor, mulheres e crianças eram submetidas às mesmas tarefas dos homens adultos. Ao mesmo tempo, as condições de trabalho oferecidas nas fábricas eram precárias. Sem instalações apropriadas e nenhuma segurança, as fábricas ofereciam risco de danos à saúde e à integridade física dos operários.

Qual era a situação da classe trabalhadora?

Era comum trabalharem 10,12 e até 14 horas por dia de segunda a sábado. Não tinham férias nem aposentadoria. Os acidentes eram comuns, trabalhadores quando perdiam um dedo, olho, ou qualquer outra parte do corpo eram mandados embora sem nenhum direito.

Como era chamada a classe trabalhadora na Revolução Industrial?

A concepção contemporânea do proletariado surge a partir da revolução industrial. Nela, a organização do trabalho é transformada a partir da criação das máquinas e da aceleração da produção.

Qual era a situação da classe trabalhadora na Inglaterra durante a Primeira Revolução Industrial?

O resultado foi um impressionante documento sobre a condição de penúria em que viviam os trabalhadores, nas áreas industriais da Inglaterra. Engels registra, por exemplo, que a mortalidade por doenças, bem como a mortalidade entre os trabalhadores, era mais alta nas cidades industriais do que no campo.