Sinto dor de cabeça todos os dias

A dor de cabeça, conhecida tecnicamente como cefaleia, é um dos sintomas mais comuns entre a população. De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleia, existem mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça, que podem estar associados a diversos quadros clínicos.

Na edição desta sexta-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou quais são as principais causas da dor de cabeça e quais são os indicativos da necessidade de atendimento especializado.

“Existem as dores de cabeça que são consideradas primárias, como a cefaleia tensional, a enxaqueca e a cefaleia em salvas. E as secundárias, que acontecem devido a algum problema de saúde que pode ser um aneurisma cerebral que rompeu, um tumor cerebral, uma infecção no crânio”, afirma.

A cefaleia tensional está relacionada à tensão da musculatura ao redor do pescoço e do crânio. A enxaqueca, por sua vez, é uma doença neurológica crônica definida por uma dor de cabeça latejante, em um ou nos dois lados da cabeça. Na cefaleia em salvas, a dor forte é pulsátil em apenas um lado da cabeça, podendo afetar a parte frontal do crânio, face e fundo dos olhos.

Segundo o neurocirurgião, mudanças no padrão das dores de cabeça podem ser um sinal de um problema de saúde que requer acompanhamento médico.

“Quando o indivíduo tem mais de uma vez por semana e não tinha dor de cabeça antes, uma dor que começa de uma forma súbita, por exemplo. […] Quando existe alteração de comportamento, mostrando que o cérebro está funcionando de uma maneira diferente ou quando crises convulsivas vêm em conjunto”, afirma.

Alterações na rotina de sono, como dormir pouco ou em excesso, e na alimentação, como jejum prolongado e consumo exagerado de bebidas alcoólicas, também podem provocar dores de cabeça momentâneas.

O sintoma também está associado a uma série de doenças, sendo necessária a avaliação médica para o diagnóstico preciso. Infecções virais e bacterianas, como sinusite e meningite, além de gripes e resfriados, assim como condições mais graves como aneurismas, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral (AVC) e lesões cranianas podem provocar dor de cabeça em diferentes níveis.

Preocupações excessivas, ansiedade, tensão e estresse também podem levar aos quadros de dor de cabeça.

Riscos da automedicação

Com o objetivo de aliviar a dor de cabeça, pessoas recorrem a diferentes tipos de medicamentos por conta própria. A automedicação sem a avaliação prévia de um profissional capacitado pode trazer problemas para a saúde.

Entre os riscos mais frequentes estão o perigo de intoxicação, reações alérgicas, dependência e resistência aos remédios.

“Primeiro, a pessoa toma um medicamento que não sabe direito qual o efeito no corpo. Segundo, ela pode acostumar o sistema nervoso central e até o próprio organismo com aquele medicamento e depois você cria uma situação de dependência”, alerta o neurocirurgião.

Os medicamentos são uma das principais causas de intoxicação no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), acompanhados de produtos de limpeza, agrotóxicos e alimentos danificados.

Além do impacto sobre a vida humana, as reações adversas a medicamentos também influenciam significativamente nos custos despendidos com saúde. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais gastam entre 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pela automedicação, caracterizando um problema de saúde pública.

Os principais medicamentos utilizados na automedicação são os anti-inflamatórios e analgésicos, para alívio dos sintomas de dor e febre. Como qualquer outro medicamento, no entanto, deve-se atentar aos riscos.

Os principais riscos da automedicação são:

  • Atraso no diagnóstico correto, devido ao mascaramento dos sintomas
  • Agravamento do distúrbio
  • Alguns medicamentos podem provocar dependência
  • Possibilidade da ocorrência de efeitos adversos
  • Desconhecimento de interações medicamentosas
  • Reações alérgicas que podem variar de leves, moderadas a graves
  • Criar resistência a micro-organismos, como no caso dos antibióticos
  • Intoxicações, que podem provocar a morte

(Com informações do Ministério da Saúde)

Das dores capazes de tirar nosso sossego, as dores de cabeça estão entre as mais frequentes - cerca de 90% da população sofrem com algum tipo dela em algum momento da vida, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os especialistas classificam as cefaléias em primárias (quando a dor em si é o problema) e secundárias (quando a dor é sintoma de outra patologia). A grande maioria das ocorrências é do primeiro tipo.

"Mas não é por isso que dá para descuidar quando a dor ataca em intensidade ou frequência diferente do que você está acostumado ou vem acompanhada de outros sintomas", avisa o neurologista Daniel Ciampi de Andrade, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP. Veja quando é melhor consultar um médico do que apenas tomar um analgésico.

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A dor de cabeça piora gradativamente

Pode ser um sinal da presença de um aneurisma, que é a dilatação de uma artéria que irriga o cérebro e pode se romper e sangrar ou comprimir estruturas vizinhas. Vale saber que é possível viver anos com um aneurisma cerebral e não apresentar sintomas. Se a dor de cabeça ficar mais forte com o tempo e não responder a analgésicos, no entanto, fique atento. Fatores genéticos, hipertensão e tabagismo, além de traumas na cabeça, estão entre as principais causas que levam à formação de aneurismas cerebrais.

A dor de cabeça ataca de repente

Uma cefaleia súbita e lancinante é típica do rompimento de um aneurisma cerebral e do vazamento de sangue no tecido cerebral, causa de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Conseguir atendimento médico o mais rápido possível é fundamental para minimizar o risco de sequelas, que podem ir da perda de movimento e funções cognitivas até a morte.

Você perde força e movimentos

Uma dor de cabeça comum associada com dificuldade para falar e andar, paralisia facial, tontura e formigamento nos membros, tontura pode sinalizar que alguém está sofrendo um AVC hemorrágico ou isquêmico (quando o entupimento de uma artéria por coágulo impede a irrigação do cérebro). Procure atendimento médico imediatamente.

A dor de cabeça surge depois de uma pancada

Você pode até se sentir bem depois de um trauma na cabeça, mas é importante ficar atento aos sintomas e a possíveis mudanças físicas e no comportamento nas primeiras 48 horas. A batida pode comprimir alguma área do cérebro ou provocar uma hemorragia intracraniana por causa do rompimento de alguma veia local. As consequências variam dependendo da região afetada, mas alterações na fala, visão ou movimentos, sonolência, confusão mental e formigamento no corpo, além de dor de cabeça, são alguns sinais de alerta.

Você também tem febre

Se uma dor de cabeça forte vier acompanhada do aumento da temperatura corporal e, às vezes, vômito, pode ser meningite. Trata-se da inflamação das meninges (membranas que recobrem o cérebro) decorrente de um processo infeccioso por vírus ou bactéria. Ambas são contagiosas e pedem cuidados, sendo que a meningite bacteriana é mais comum (há vários tipos de agentes causadores) e mais perigosa, pois pode causar danos cerebrais permanentes (como problemas de memória e concentração), convulsões, perda parcial ou total da visão e até levar à morte.

Você tem mais de 50 anos

A idade aumenta o risco de diversas doenças inflamatórias e autoimunes e mesmo uma dor de cabeça que parece comum passa a merecer mais atenção. A arterite temporal é um exemplo: trata-se da inflamação de vasos sanguíneos cranianos, o que compromete a circulação sanguínea local. Se sentir dor latejante nas laterais da testa e no couro cabeludo, fraqueza na mandíbula e nos membros superiores, procure a emergência do hospital, pois a demora no diagnóstico (feito por exame de sangue) e no tratamento pode levar a cegueira permanente.

Fontes: Daniel Ciampi de Andrade, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP; Alexandra Raffaini, médica anestesiologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; Aline Turbino, neurologista e chefe do setor de cefaleia da residência médica do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.

É normal sentir dores de cabeça todos os dias?

Não é normal sentir dor de cabeça todos os dias. Existem diversas causas de dor de cabeça, incluindo enxaqueca, a mais conhecida delas. Sugiro acompanhamento com neurologista para avaliação, diagnóstico e tratamento.

Onde é a dor de cabeça do AVC?

“Diferente do que muitos pensam, na maioria dos casos, o AVC isquêmico não provoca dores na cabeça. Seus principais sintomas estão relacionados com dificuldades motoras repentinas, perda de sensibilidade, paralisia de um lado do corpo e dificuldades para falar.

Estou com dor de cabeça a 20 dias?

A causa mais comum seria um dor muscular provocando tensão levando a dores irradiadas que podem sair do pescoço e ir para a cabeça ou braços. Neste caso um exame médico detalha descartaria outras causas. Sugiro procurar um médico neurologista ou neurocirurgião para melhor avaliar seu caso.

Como é a dor de cabeça por ansiedade?

Essa grande pressão sob essa articulação resulta em dores de cabeças tensionais extremamente dolorosas e incômodas, em regiões como têmporas, testa e face, podendo descer para o pescoço e ombros. É possível afirmar que a ansiedade está diretamente relacionada com a dor de cabeça de maneira linear.