Antibiótico são quantos dias

Por Arthur Pires*

Entre ser ingerido e começar a inibir a ação das bactérias no organismo, o medicamento antibiótico leva cerca de 30 minutos. Para amenizar os sintomas da infecção, poucos dias. Mas isso não significa que é possível abandonar o remédio logo após os primeiros sinais de melhora, ou tomar além da quantidade prescrita pelo médico. Este hábito, inclusive, está associado a uma das maiores ameaças à saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): a resistência bacteriana.

O uso incorreto dos antibióticos — seja por tomá-los sem prescrição médica ou de uma forma diferente da indicada — aumenta o risco de os microrganismos se adaptarem e se protegerem, criando infecções resistentes aos medicamentos disponíveis atualmente.

Além de o remédio perder a eficácia, o combate às bactérias fica cada vez mais difícil, de acordo com Luís Fernando Aranha Camargo, infectologista e professor da Faculdade de Medicina do Hospital Israelita Albert Einstein. “Limita o número de antibióticos à disposição para tratar as infecções e encarece os tratamentos, pois exige da indústria farmacêutica a descoberta de mais antibióticos, e cada vez mais caros. Pode contribuir, às vezes, para a falta de tratamento de algumas condições, por haver a resistência a todos os antimicrobianos”, explica o especialista.

Saiba mais sobre o uso correto dos antibióticos, como eles funcionam e como combater a resistência bacteriana, segundo informações do infectologista Luís Fernando Aranha Camargo.

O que são os antibióticos?

São medicamentos utilizados para tratar infecções causadas por bactérias. As mais comuns são as amigdalites, meningites bacterianas e infecções urinárias.

O primeiro antibiótico amplamente adotado na medicina foi a penicilina, descoberta por Alexander Fleming, em 1928. Atualmente, é indicada contra pneumonias, otites, sinusites e algumas infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis e gonorreia.

Com o passar do tempo, diversos tipos de antibióticos foram produzidos e se tornaram disponíveis para o combate de diferentes infecções bacterianas.  

Como os antibióticos funcionam?

Há duas formas principais de os antibióticos ajudarem o sistema imunológico: matando as bactérias (efeito bactericida) ou impedindo que elas se multipliquem (efeito bacteriostático).

Nesta segunda ação, o medicamento ataca a parede celular e o metabolismo dos microrganismos. Como consequência, interrompe a infecção e alivia os sintomas do paciente.

Por não atuarem contra vírus ou outros patógenos, não são indicados contra infecções virais, como gripes ou resfriados. Caso o paciente diagnosticado com essas condições também desenvolva uma infecção bacteriana — o que pode acontecer porque o organismo fica mais suscetível —, o antibiótico pode ser utilizado.

Como usar corretamente os antibióticos?

Os médicos, ao prescreverem o antibiótico, devem sempre repassar ao paciente as seguintes informações:

  • Por quantos dias o tratamento deve ser mantido;
  • A quantidade a ser ingerida, ou a dosagem;
  • O momento ideal para tomar o remédio (antes, durante ou após as refeições) ou a frequência (a cada 6 ou 8 horas, por exemplo).

Para determinar esses parâmetros, os especialistas levam em consideração possíveis alergias ou comorbidades, o uso de outros medicamentos e se a paciente está em gestação ou amamentando.

Todas as recomendações devem ser seguidas, inclusive os horários certos e o tempo de tratamento estabelecido, para evitar que o organismo fique desprotegido da medicação e as bactérias tenham oportunidade de favorecer a resistência.

Se eu me sentir melhor antes de terminar o antibiótico, posso parar de tomá-lo?

Ainda que a pessoa perceba uma melhora nos sintomas — sem ter finalizado o tratamento — a medicação deve ser mantida pelo tempo estabelecido, nem um dia a menos ou a mais.

“Primeiro para que [o paciente] não tome de menos, porque pode não tratar [a doença] e prorrogar a infecção. Se tomar demais, pode aumentar o efeito colateral e favorecer a resistência bacteriana por tomar o medicamento de forma desnecessária”, explica Luís Fernando Aranha Camargo, infectologista.

Quais são os efeitos colaterais dos antibióticos?

Como a flora intestinal é repleta de bactérias “boas” para o organismo, quando o paciente ingere um antibiótico, dependendo do tipo, pode atacar os microrganismos benéficos à saúde também. Esse é um dos principais efeitos colaterais, e o paciente pode manifestar problemas gastrointestinais, dores abdominais, diarreias e náuseas.

O efeito é visto principalmente entre os antibióticos do grupo de “amplo espectro”. Isso significa que a medicação consegue combater uma variedade maior de bactérias do que em comparação com os antibióticos de “pequeno espectro” ou de ação reduzida.

Outros efeitos colaterais são o surgimento de infecções por fungos nas membranas mucosas, como candidíase, pelo desequilíbrio na flora bacteriana no organismo. Há ainda o relato de reações alérgicas, coceiras e vermelhidão na pele.

“Se você tratar uma sinusite, por exemplo, estará destruindo e erradicando as bactérias do intestino também. O antibiótico tem muito efeito adverso perceptível e não perceptível. Por isso que tem que ser usado exclusivamente quando há necessidade”, reforça o infectologista. 

*Sob orientação de Amanda Milléo.

Quanto tempo é preciso para eliminar os antibióticos do organismo?

Olá! Depende do antibiótico, uns são eliminados mais rapidamente , outros demoram mais como semanas para sair do organismo...no caso da amoxicilina praticamente em 24 hrs é eliminada.

A amoxicilina – conhecida popularmente como “amoxilina” – é um medicamento antibiótico usado no tratamento de diversas infecções bacterianas, como pneumonia, amigdalite e problemas no trato genitourinário, a exemplo de infecção urinária.

“Em linhas gerais, ela age rapidamente como bactericida, inibindo a síntese da parede celular dos microrganismos. Com isso, provoca alterações que são incompatíveis com a sobrevida da bactéria“, detalha a farmacêutica Raissa Carolina Cândido, pesquisadora associada ao Centro de Estudos do Medicamento da Universidade Federal de Minas Gerais (Cemed/UFMG).

A amoxicilina é vendida apenas com uma receita especial, que fica retida na farmácia. Essa foi uma medida implementada para inibir o uso indiscriminado.

Quanto tempo dura o tratamento

O tempo de utilização varia de acordo com a infecção em questão, bem como a dose. Mas, em geral, a terapia vai de sete a 14 dias.

“A melhora dos sintomas costuma ser observada já nos primeiros dias, mas o tratamento deve sempre ser realizado até o final”, orienta Raissa.

Quais são as formas de administração

A amoxicilina está disponível em cápsulas e também suspensão oral (uma espécie de xarope) . A escolha por uma das opções depende da infecção, da situação clínica do paciente e da comodidade.

“Crianças e pacientes com dificuldade de deglutição, por exemplo, se beneficiam da suspensão oral”, exemplifica a farmacêutica.

Crianças, grávidas e idosos podem usar?

Esse é um remédio seguro para os pequenos e os mais velhos, sendo necessário apenas fazer ajustes na dosagem.

Já para gestantes e lactantes, a ingestão deve ser avaliada de acordo com cada paciente, sendo indicado apenas quando os benefícios potenciais justificam os possíveis riscos associados.

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Antibiótico são quantos dias
Amidalite é um dos problemas que podem ser resolvidos com a amoxicilina. Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital

Possíveis efeitos colaterais

“Os eventos adversos mais comuns são diarreia, náusea e manchas vermelhas na pele. Contudo, também podem ocorrer vômito, urticária, prurido, entre outros”, lista a pesquisadora.

O que acontece se houver superdosagem

Quando ingerida em excesso, a amoxicilina causa problemas gastrointestinais, como náusea, diarreia e vômitos.

“Nesses casos, é importante estar atento ao surgimento de sintomas adicionais decorrentes da perda excessiva de água e sais minerais, que precisam ser tratados adequadamente”, recomenda a expert.

Quais os cuidados ao usar amoxicilina

Um dos grandes perigos é o consumo sem recomendação médica. “O uso desnecessário ou inapropriado expõe o paciente a um maior risco de eventos adversos e contribui para o agravamento da infecção. Sem falar que contribui para o surgimento de bactérias cada vez mais resistentes à ação dos antimicrobianos”, alerta Raissa.

Por isso, utilize apenas sob prescrição de um especialista. Além disso, não deixe de informar ao profissional de saúde todos os medicamentos que você toma para que sejam avaliadas possíveis interações.

“A administração simultânea da amoxicilina e de contraceptivos orais combinados, alopurinol e varfarina pode provocar alterações na absorção e no efeito desses remédios”, informa a farmacêutica.

Um outro problema comum é a interrupção da terapia na metade, quando os sintomas melhoram.

“Isso faz com que a infecção não seja tratada completamente, aumentando a possibilidade de complicações, além de contribuir para a resistência aos antimicrobianos. É muito importante que o tratamento seja realizado até o final”, reforça a especialista.