Carlos Drummond de Andrade exercícios

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, no ano de 1902. Passou a infância nas fazendas de sua família, que foi exploradora da região. Após realizar o curso universitário em Belo Horizonte (se formou em farmácia), começou a participar dos eventos culturais modernistas. Co-fundador de “A Revista”, importante canal de divulgação do Modernismo de Minas Gerais, em 1930 publicou “Alguma Poesia”, que , com “Brejo das Almas” (1934), seu segundo livro, melhor realizou a integração entre a poesia de 1922 e a de 1930. Em 1933, passou a morar no Rio de Janeiro, onde trabalhou como funcionário público e escreveu diariamente para jornais, ao longo de 50 anos. Nesta cidade, veio a falecer em 1987, aos 85 anos.

Características gerais

Tendo vivido em épocas de grandes mudanças sociais, o autor pôde destacar suas obras de diversas maneiras, sendo definido em quatro fases principais. São elas: 

  • Fase gauche (década de 30): Alguma Poesia (1930) e Brejo das Almas (1934)
  • Fase social (1940-45): Sentimento do Mundo
  • Fase do “não” (décadas de 50 e 60): Claro Enigma (1951) e Fazendeiro do Ar (1955)
  • Fase da memória (décadas de 70 e 80): Boitempo & a Falta de Quem Ama, Discurso de Primavera, Corpo, etc.

Considerado a mais viva expressão da unidade entre a geração de 1922 e a de 1930, Carlos Drummond de Andrade começou escrevendo sobre temas cotidianos, em linguagem coloquial e concisa, no estilo dos poemas-piadas que iniciaram o Modernismo.

Desde “Alguma Poesia” (1930), a primeira obra publicada, sua travessia poética pode ser vista a partir de um impasse entre o homem e o mundo, a realidade interior e a realidade exterior. Na condição de homem, de início sente-se um gauche - um desajeitado - e expressa sua inadequação ironicamente, com um humor que lembra o “orgulho mineiro”, a sobriedade que não deixa o coração transbordar, embora o sinta “maior que o mundo”.

Diante do impasse homem-mundo, a poesia de Carlos Drummond de Andrade primeiro tende a se concentrar no homem, sem jamais optar pelo lirismo escapista. Contra ele, o poeta lança mão de suas armas bem conhecidas: a ironia sarcástica, o humor que não faz rir. A consciência da solidão e da falta de opções marca a segunda fase da travessia poética de Drummond: o coração, que se julgava maior que o mundo, iguala-se a ele; ambos se equivalem, porque para o poeta a “rima”, isto é, a mera capacidade de criar poesia, não se confunde com a solução. 

A maturidade humana e poética de Carlos Drummond de Andrade, que corresponde à terceira fase de sua poesia - a do reconhecimento de que o “coração [é] menos que o mundo” - explode em “A rosa do povo”, de 1945, ano em que termina a Segunda Guerra Mundial.  Além da poesia de temas cotidianos, dos poemas-piadas e itabiranos, e também da poesia social - por alguns denominada poesia pública, ideológica - destacam-se na obra de Drummond mais dois tipos de experiência poética: a poesia filosófica, mitopoética, metafísica e a poesia de mergulho no universo da linguagem.

Lista de questões de vestibulares sobre o escritor Carlos Drummond de Andrade e suas obras.
Ler artigo Carlos Drummond de Andrade.

Carlos Drummond de Andrade exercícios

1. (UNIFOR-CE)

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

Os versos acima, do poema "Mãos dadas", de Carlos Drummond de Andrade, prendem-se a uma fase de sua poesia na qual o poeta mineiro,

a) promovendo um balanço crítico de sua poesia, aventura-se em novas formas poéticas, de caráter experimental.

b) influenciado diretamente por Oswald de Andrade, passa a compor epigramas irônicos.

c) relativizando a ironia que caracterizava momentos anteriores, escreve poemas de cunho político-social.

d) desiludido com os rumos do mundo contemporâneo, recolhe-se à intimidade e passa a refletir sobre o absurdo da existência.

e) já na casa dos setenta anos, entrega-se a um memorialismo em tom de crônica, revivendo suas experiências juvenis.

2. (UFAC/2011) Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta da denominada Segunda Geração do Modernismo cujas principais características são:

I. Grande preocupação com a renovação da linguagem.

II. Arte pela arte.

III. Produção com forte dimensão social.

a) Somente a afirmação I está correta.

b) As afirmações II e III estão corretas.

c) As afirmações I e III estão corretas.

d) Somente a afirmação III está correta

e) Somente a afirmação II está correta

3. (IBMEC SP/2011)

1ª parte do poema “Eu, etiqueta”

Carlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

Um nome…estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

minha gravata e cinto e escova e pente,

meu copo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

são mensagens,

letras falantes,

gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, permanência,

indispensabilidade,

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Carlos Drummond de Andrade é considerado o poeta mais importante do nosso Modernismo e pertenceu à segunda geração desse período literário. Assinale as principais características dessa fase, visivelmente detectadas no poema:

a) Literatura politizada, marcada pelo questionamento da realidade e comprometida com as transformações sociais enfrentadas pelo país.

b) Subjetividade, o culto ao “EU”, ao individualismo e à liberdade de expressão.

c) Predomínio da razão sobre os sentimentos e uso de uma linguagem mais sóbria, sem excessos e figuras de linguagem.

d) Literatura marcada pela obscuridade. A realidade é revelada de uma forma imprecisa e vaga.

e) Culto excessivo da forma, expresso por meio de malabarismos sintáticos e abusos de figuras literárias, o que resulta em um rebuscamento exagerado da linguagem.

4. (PUC-RS)

"Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos."

Um dos traços da poesia de Carlos Drummond de Andrade, como demonstram os versos acima, é a ________________ entre as estrofes, o que nos oferece uma ideia de fragmentação da realidade.

a) disponibilidade

b) carência.

c) descontinuidade.

d) indagação.

e) dissolução.

5. (UFRS) Poeta que estreou em 1930, com Alguma poesia, e cuja obra apresenta, por um lado, o cotidiano com o humor nele contido e, por outro, a visão transcendente da realidade diária. Trata-se de:

a) Carlos Drummond de Andrade.

b) Augusto Frederico Schmidt.

c) Manuel Bandeira.

d) Murilo Mendes.

e) Cassiano Ricardo.

6. (CESESP-PE) Assinalar a série em que todas as obras são de Carlos Drummond de Andrade.

a) Brejo das almas; Paulicéia desvairada; Fazendeiro do ar.

b) Lição de coisas/ Amar, verbo intransitivo; Contos de aprendiz.

c) Confissões de Minas; Câmara ardente; Broquéis.

d) Claro enigma; Clã do Jabuti; Kyriale.

e) Sentimento do mundo; A rosa do povo; Claro enigma.

7. (PUC-RS)

"Não faça versos sobre acontecimentos,

Não há criação nem morte perante a poesia.

Diante dela, a vida é um sol estático,

Não aquece nem ilumina."

Uma das constantes da obra de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos acima, é:

a) a louvação do homem social.

b) negativismo destrutivo.

c) a violação e desintegração da palavra.

d) pessimismo lírico.

e) questionamento da própria poesia.

8. (UM-SP) É incorreto afirmar sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade que:

a) seu posicionamento individualista o afasta da problemática do homem comum, do dia-a-dia.

b) uma de suas temáticas é a reflexão em torno da própria poesia.

c) a lembrança de Itabira, sua terra natal, aparece em parte de sua obra.

d) ocorre-lhe, muitas vezes, a mostragem de uma angústia proveniente de acreditar que não há saída para a problemática existencial.

e) a ironia madura é uma das características marcantes de sua poesia.

9. (PUC-SP) "Confidência do itabirano" faz parte do livro A rosa do povo. Nesta obra verifica-se:

a) uma análise do comportamento humano, na relação cidade e campo.

b) apenas uma teoria de sua própria produção poética.

c) uma reflexão sobre os valores teológicos e metafísicos do homem contemporâneo.

d) uma predileção por temas eróticos e sensuais.

e) uma temática social e política e uma denúncia das dilacerações do mundo.

10. (FEI-SP)

"Alguns anos vivi em Itabira

Principalmente nasci em Itabira

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro."

(Carlos Drummond de Andrade)

Sobre o autor do texto, é incorreto afirmar:

a) fato de ter nascido em Itabira, Minas Gerais, foi um dos temas recorrentes de sua obra literária.

b) escreveu o mais famoso dos romances modernos de nossa literatura: Vaga música.

c) poeta, contista, ensaísta e cronista, desprezou o nacionalismo folclórico e exótico da geração que o antecedeu, em busca de uma maturidade estética.

d) nas suas poesias [sic], encontram-se a ironia, o humor, a linguagem cotidiana usada em versos livres, próprios da poesia modernista; muitos dos seus sentimentos pessoais são revelados com sensibilidade e leve amargura.

e) seu poema "No meio do caminho" constitui um marco do Movimento Modernista.

11. (FCC) Assinale a alternativa em que se resume a trajetória da poesia de Carlos Drummond de Andrade.

a) Nasce mística e elevada; desencanta-se e se faz satírica; readquire uma visão religiosa e adota posição combativa em favor da salvação do Homem.

b) Nasce influenciada pelo simbolismo; conquista a simplicidade da linguagem coloquial; passa a tematizar sobretudo a morte, em tom frio e superior.

c) Nasce irônica e corrosiva; adota posição combativa e socializante ao tempo da Segunda Guerra; desencanta-se e se faz amarga e metafísica; volta-se para a memória autobiográfica e para a crítica da sociedade de consumo.

d) Nasce influenciada pelo surrealismo; encontra seu próprio caminho nos experimentos de vanguarda; supera o conceito de verso e explora sugestivamente o branco da página.

e) Nasce romântica e amorosa; faz-se católica e mística, abandonando a sensualidade da primeira fase; explora temas bíblicos em tom elevado.

12. (FCMSCSP)

"Estes poemas são meus. É minha terra

e é ainda mais do que ela. É qualquer homem

ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna

em qualquer estalagem, se ainda as há.

- Há mortos? há mercados? há doenças?

É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,

por que falsa mesquinhez me rasgaria?"

Assinale a alternativa que contém o juízo crítico adequado ao autor do excerto.

a) tratamento dessa multiplicidade de temas e de motivos, de captações de dados e situações da realidade cotidiana, interiorizados para alimentar o "sentimento do mundo" que Carlos Drummond de Andrade carrega consigo, amadurece progressivamente desde os primeiros versos.

b) Com Cecília Meireles, a vertente intimista afina-se ao extremo e toca os limites da música abstrata.

c) Parodiando com verve os resquícios ultrarromânticos espalhados na poesia e no teatro do tempo, Artur Azevedo mostra-nos um retrato fiel da sociedade carioca dos últimos 20 anos do século XIX, precisamente sua fase boêmia.

d) Hoje parece consenso da melhor crítica reconhecer em Bilac não um grande poeta, mas um poeta eloquente, capaz de dizer com fluência as coisas mais díspares.

e) A lírica de Gonçalves Dias singulariza-se no conjunto da poesia romântica brasileira como a mais literária, isto é, a que melhor exprimiu o caráter mediador entre os polos da expressão e os da construção.

13. (Univ. São Francisco) Sobre Carlos Drummond de Andrade, é incorreto afirmar que:

a) o autor dedicou sua carreira exclusivamente à poesia.

b) a obra poética do autor percorreu várias fases, representando a própria evolução da poesia moderna brasileira.

c) utiliza em muitos de seus poemas o verso livre, correspondendo aos ideais renovadores instaurados em 1922.

d) cita em muitos poemas Itabira, sua cidade natal.

e) estreou em 1930 com o livro Alguma Poesia.

14. (Univ. Católica de Pelotas)

"Lutar com palavras

é a luta mais vã.

Entretanto lutamos

Mal rompe a manhã.

São muitas, eu pouco

Algumas, tão fortes

como um javali."

(O Lutador)

Uma das constantes na obra poética de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos versos acima, é

a) a louvação do poema social.

b) o negativismo destrutivo.

c) o questionamento da própria poesia.

d) o espiritualismo e o intimismo.

e) a denúncia social.

15. (F.C. CHAGAS) "Minha flor minha flor. Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro. Minha peônia. Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão. Minha gérbera. Minha clívia. Meu cimbídio. Flor flor flor. Floramarílis. Floranêmona. Florazálea. Clematite minha."

Com este fragmento da Declaração de Amor, poema da década de 80, pode-se observar que Carlos Drummond de Andrade confirma, num exemplo-limite, uma das constantes de sua trajetória poética:

a) a preferência pelo ritmo fluente do poema em prosa, que revoluciona a cadência do verso tradicional.

b) o interesse pelas pesquisas de léxico e pelo poder encantatório da palavra.

c) a predominância de frases nominais como recurso estilístico de impacto na poesia.

d) maior relevo dado ao significante das palavras, em detrimento de seu significado.

e) o abandono do verso e consequente adoção de um outro tipo de efeito rítmico.

16. (MACK) Assinale a alternativa que não se aplica à obra de Carlos Drummond de Andrade.

a) Participante da Semana de Arte Moderna, sua poesia é típica representante da primeira geração modernista brasileira.

b) Em muitos poemas, apresenta seu desencanto em relação à vida.

c) "Morte do leiteiro" é um poema baseado na problemática do dia-a-dia.

d) Extrai do mundo interiorano de Itabira o tema para alguns de seus poemas.

e) "A procurada poesia" é um poema em que o autor se preocupa com a própria confecção da poesia.

17. (FUVEST 2006) O que Pedro Nava afirma no final do texto ajuda a compreender o título do livro "Esquecer para lembrar", de Carlos Drummond de Andrade, título que contém

a) um paradoxo apenas aparente, já que designa uma das operações próprias da memória.

b) uma contradição insuperável, justificada apenas pelo valor poético que alcança.

c) uma explicação para a dificuldade de se organizar de modo sistemático os fatos lembrados.

d) uma fina ironia, pois a antítese entre os dois verbos dá a entender o inverso do que nele se afirma.

e) uma metáfora, já que o tempo do esquecimento e o tempo da lembrança não podem ser simultâneos.

18. (FUVEST 2007) PROCURA DA POESIA

Não faças versos sobre acontecimentos.

Não há criação nem morte perante a poesia.

Diante dela, a vida é um sol estático,

não aquece nem ilumina.

(...)

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

(...)

Carlos Drummond de Andrade, "A rosa do povo".

No contexto do livro, a afirmação do caráter verbal da poesia e a incitação a que se penetre "no reino das palavras", presentes no excerto, indicam que, para o poeta de "A rosa do povo",

a) praticar a arte pela arte é a maneira mais eficaz de se opor ao mundo capitalista.

b) a procura da boa poesia começa pela estrita observância da variedade padrão da linguagem.

c) fazer poesia é produzir enigmas verbais que não podem nem devem ser interpretados.

d) as intenções sociais da poesia não a dispensam de ter em conta o que é próprio da linguagem.

e) os poemas metalinguísticos, nos quais a poesia fala apenas de si mesma, são superiores aos poemas que falam também de outros assuntos.

19. (FUVEST 2001)

Chega!

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.

Minha boca procura a "Canção do Exílio".

Como era mesmo a "Canção do Exílio"?

Eu tão esquecido de minha terra...

Ai terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, "Europa, França e Bahia", ALGUMA POESIA)

Neste excerto, a citação e a presença de trechos ___________ constituem um caso de ___________

Os espaços pontilhados da frase acima deverão ser preenchidos, respectivamente, com o que está em:

a) do famoso poema de Álvares de Azevedo / discurso indireto.

b) da conhecida canção de Noel Rosa / paródia.

c) do célebre poema de Gonçalves Dias/ intertextualidade.

d) da célebre composição de Villa-Lobos/ ironia.

e) do famoso poema de Mário de Andrade / metalinguagem.

GABARITO

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