Não é fácil definir o que é cultura popular. Por muito tempo, ela foi considerada como algo simplesmente tradicional e até um sinal da alienação do povo. Contudo, essa visão tem sido contestada por estudos que comprovam que a cultura popular é rica, mutável, e está sempre em uma relação de tensão com os blocos de poder dominantes. Saiba mais. O conceito de cultura popular engloba manifestações, atividades e símbolos produzidos na tradição e na experiência cotidiana de um povo. Além disso, ela pode se relacionar favorecendo ou combatendo a cultura dos poderosos ou dominantes em uma sociedade. A cultura popular por muito tempo já foi chamada de folclore, em oposição aos conhecimentos e as tradições acadêmicas e intelectuais. Ou seja, as manifestações culturais do povo seriam algo sem reflexão, sem crítica social, de origem na experiência do dia-a-dia. Interessante é notar que, apesar de geralmente a cultura popular ser desqualificada, ela toma outro sentido quando é consumida pelas classes dominantes, na forma de cultura popular individualizada. Por exemplo, Caetano Veloso e Zeca Baleiro são ‘populares’, mas são prestigiados individualmente pelos grupos abastados. Portanto, falar de culturas populares é discutir sobre as relações de poder entre símbolos e manifestações culturais. De fato, quando consumida por classes dominantes, a cultura popular é prestigiada. Entretanto, em certas ocasiões, essa cultura se manifesta também contestando o poder dominante. Por essa razão, a cultura popular é uma manifestação do povo, sempre em uma relação de diferença com a cultura dominante. Às vezes, as expressões populares podem ser conformistas ou resistentes aos blocos de poder, mas sempre como um ponto crítico. Portanto, as culturas populares são amplas, diversas e ricas. Não são, assim, uma expressão de ignorância, mas possuem um conhecimento próprio sobre o mundo vivido pelas pessoas. A chamada cultura erudita compreende elementos intelectualizados e elitizados, como a música erudita, as bibliotecas, os grandes teatros, as óperas e os museus. Logo, são também expressões culturais que a classe mais abastada possui acesso. No tópico anterior, foi explicado como a cultura popular é frequentemente desvalorizada em relação à cultura dominante. Nesse sentido, a cultura erudita está geralmente associada a essa camada poderosa da sociedade, que pode considerar superior a erudição, em detrimento do popular. Enquanto a cultura popular geralmente diz respeito às manifestações simbólicas que aparecem na tradição de uma comunidade ou povo, o conceito de cultura de massa está relacionada com a de indústria cultural. Ou seja, a cultura de massa está contextualizada em um cenário de consumo e de produção em escala global de músicas, filmes e outros produtos para entretenimento. Entretanto, isso não quer dizer que ambas não possam estar relacionadas. Uma das similaridades entre as culturas populares e as culturas de massa é a de que ambas são frequentemente desvalorizadas frente à cultura erudita, por exemplo. Erroneamente, elas são consideradas menos refletidas, críticas, ou sem valor intelectual. Cultura popular no BrasilAs culturas populares no Brasil são diversas, e estão relacionadas com a história do país, sua riqueza cultural, a colonização, a desigualdade social e o racismo. A seguir, veja alguns exemplos dessas expressões: 5 manifestações de cultura popular brasileira
Desse modo, a cultura popular está presente nas mais diversas regiões, podendo ser importantes para contar parte da história do Brasil e pensar sobre como nossas relações sociais se organizam. Vídeos sobre as culturas popularesPara entender mais sobre a importância das culturas populares e seu lugar na sociedade, confira uma seleção de vídeos que tratarão do assunto sob diversas perspectivas: Pensando sobre a cultura popular
Para iniciar o debate, veja uma definição possível de cultura popular, pensando justamente sobre o que significa o segundo termo: o que é, afinal, “popular”? Como foi discutido nos tópicos anteriores, a resposta pode estar relacionada com o poder. E a cultura de massa?
Com o objetivo de adensar a discussão sobre as relações de poder para caracterizar o que é cultura popular, veja as suas relações com a cultura de massa. Assim, será possível ampliar o debate em uma perspectiva sociológica. O etnocentrismo
Uma vez que as culturas populares colocam em questão as relações de poder, o etnocentrismo é um conceito que pode ajudar a tornar essa abordagem mais evidente. Logo, será possível entender como algumas expressões populares são alvos de preconceito. Cultura popular e negritude
No Brasil, um dos aspectos mais relevantes quando se pautam as culturas populares é a implicação da população negra nessa história e o racismo presente na sociedade. No vídeo acima, essa discussão poderá ser aprofundada. Sobre a umbanda
A umbanda é uma religião brasileira. Com ela, é possível também compreender suas influências em diversas culturas populares, retirando também alguns preconceitos religiosos que a cercam. Como já é possível notar, a valorização de uma ou outra manifestação cultural está relacionada com os poderes de uma classe. Nesse contexto, é necessário perguntar: a cultura popular é valorizada por quem? E para quem? Para entender melhor esse assunto, leia mais sobre desigualdade social e cultura. Referências
Catolicismo popular enquanto expressão da cultura popular: práticas e apropriações em Quirinópolis (GO) – Wesley Lima de Andrade; Wanderleia Silva Nogueira; Cultura brasileira e culturas brasileiras – Alfredo Bosi; Cultura popular: as construções de um conceito na produção etnográfica – Petrônio Domingues; Tesauro de folclore e cultura popular brasileira – Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular; Umbanda: história, cultura e resistência – Tatiana Jardim. 1. [ENEM] Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1976. As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região. b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo. d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem. e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais.
Resposta: b Justificativa: o folclore, também relacionado às culturas populares, são definidas como tais pela sua ligação com as tradições de um povo e suas manifestações simbólicas e culturais. 2. [UFU] A estética nas diferentes sociedades vem geralmente acompanhada de marcas corporais que individualizam seus sujeitos e sua coletividade. Discos labiais, piercings, tatuagens, mutilações, pinturas, vestimentas, penteados e cortes de cabelo são algumas marcas reconhecíveis de um inventário possível das técnicas corporais em toda sua riqueza e diversidade. Embora universal, as formas das quais se valem os grupos e indivíduos para se marcarem corporalmente são vistas, às vezes, como estranhas a indivíduos que pertencem a outros grupos. Essa atitude de estranhamento em relação ao diferente é considerada conceitualmente como a) preconceito: reconhece no valor das raças o que é correto ou não na estética corporal. b) relativização: o outro é entendido nos seus próprios termos. c) etnocentrismo: só reconhece valor nos seus próprios elementos culturais. d) etnocídio: afasta o diferente e procura transformá-lo num igual.
Resposta: c Justificativa: a atitude de partir de suas próprias premissas culturas e, geralmente, considerando a sua cultura como superior às demais, é denominada etnocentrismo. |