Por que idosos não podem tomar vacina febre amarela

Detalhes Publicado: 29/03/2017 Atualizado em: 29/03/2017

Por Gabriella Ponte, da Agência Fiocruz de Notícias

Desde que a epidemia de febre amarela começou no início do ano, há preocupação com relação aos idosos e muitas dúvidas surgiram nas redes sociais. A vacina febre amarela de Bio-Manguinhos é de vírus vivos, obtida por atenuação da subcepa 17DD do vírus da doença, cultivado em ovos de galinha embrionados livres de germes patogênicos.

Sendo uma vacina viva, alguns grupos etários precisam tomar precauções específicas, como as pessoas com 60 anos ou mais. Outro grupo etário é formado por crianças abaixo de seis meses. Neste caso, a imunização é contraindicada.

Para esclarecer as dúvidas, o pediatra e consultor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Reinaldo de Menezes Martins, explica em detalhes como os idosos devem proceder. “Geralmente pessoas nessa idade possuem imunidade mais baixa e, por isso, deve-se levar em conta o risco de contrair a doença versus o benefício e risco da imunização”.

Leia mais em https://agencia.fiocruz.br/fiocruz-orienta-sobre-vacina-de-febre-amarela-em-idosos

Por que idosos não podem tomar vacina febre amarela

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Por que idosos não podem tomar vacina febre amarela

Saúde do Idoso Núcleo de Telessaúde Santa Catarina | 18 dezembro 2017 | ID: sofs-37221

Idade acima de 60 de idade não é contraindicação para receber a vacina contra febre amarela (VFA). No entanto, algumas situações e indivíduos têm sido identificados como de maior risco para eventos adversos graves após a vacinação, sendo pessoas com doenças autoimunes independentemente da idade e a primovacinação (primeira vacinação contra a febre amarela) em idosos. (1,2) Neste último caso, se justifica a vacinação se residir em área de risco ou para lá se dirigir.(2 )Em tais situações, a vacinação requer avaliação médica e análise cuidadosa de risco versus benefício.O evento adverso mais grave na pessoa idosa é a doença viscerotrópica que é a disseminação do vírus vacinal para diversos órgãos, com choque, derrame pleural e abdominal e falência múltipla dos órgãos. Segundo dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC) oito estudos observacionais forneceram dados sobre doenças viscerotrópicas. Esses estudos tiveram uma amostra de 437 milhões de doses distribuídas contra a VFA e destas 72 pessoas apresentaram doença viscerotrópica associada à vacina. Destes, apenas um apresentava doença viscerotrópica após receber dose de reforço da vacina.(3) Outros eventos adversos graves incluem reações de hipersensibilidade, doença neurológica aguda associada à VFA: encefalite, meningite, doenças autoimunes com envolvimento do sistema nervoso central e periférico. Foram descritos raros casos de encefalite pós-vacinal, na maioria das vezes em menores de 6 meses.(2)

Recomenda-se investigação detalhada antes da vacinação no idosos sobre o histórico de vacinação, fatores de risco e o estado de saúde do indivíduo que revele situações indicativas de postergar ou até mesmo a não vacinação. Portanto, para evitar eventos adversos o vacinador deve questionar o idoso em condições pré-existentes; uso de drogas imunossupressoras; eventos adversos em doses anteriores, especificando o tipo e tratamento; alergia a qualquer componente dos imunobiológicos inativado ou atenuado; alergia grave aos ovos.(4) Segundo o Guia de Vigilância em saúde as contraindicações da vacina contra a febre amarela são:(2)

• Crianças menores de 6 meses de idade.

• Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (gelatina bovina, ovo de galinha e seus derivados, por exemplo).

• Pacientes com alguma das condições abaixo:

infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menos de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos;

em tratamento para imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);

  • submetidos a transplante de órgãos;
  • imunodeficiência primária;
  • imunodepressão de qualquer natureza;
  • neoplasia;
  • história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).

A VFA é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da doença. É constituída por vírus vivos atenuados e apresenta eficácia acima de 95%. Os anticorpos protetores aparecem entre o 7º e o 10º dia após a aplicação da vacina, razão pela qual a imunização deve ocorrer 10 dias antes de se ingressar em área de transmissão.(2)Os meses de dezembro a maio são o período de maior número de casos de transmissão considerada possível em grande parte do Brasil,(5) o que reforça o incentivo a imunização. Com isso, se faz essencial o trabalho por parte da equipe de Atenção Básica que contribui na promoção e no fortalecimento de um ambiente favorável à implementação de todas as medidas de controle dessas doenças no país, resultado de seus quatro atributos essenciais: acessibilidade; integralidade; longitudinalidade; e coordenação do cuidado.É interessante discutir os novos protocolos e condutas promovendo a educação continuada entre os profissionais de saúde, bem como desenvolver ações de incentivo a vacinação em todas as faixas etárias.

SOF relacionadas:

1. Brasil. Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A vacina contra febre amarela é contra indicada em idosos? [on line] 2017. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/vacina-febre-amarela-idoso/Acesso em 19 nov 2017
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde : [recurso eletrônico] / . – 1. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/agosto/25/GVS-online.pdf Acesso 19 no 2017
3. Staples JE, Bocchini JA Jr, Rubin L, Fischer M; Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Yellow Fever Vaccine Booster Doses: Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices, 2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep.2015 Jun 19;64(23):647-50. PubMed PMID: 26086636. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/mm6423a5.htm Acesso em 19 nov 2017
4. Linheira-Bisetto, LH, Ciosak SI, Cordeiro TLR, Boing MS. Adverse events following immunization of the elderly. Cogitare Enferm. [Internet]. 2016 21(4): 01-10. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/revistacogitare/wp-content/uploads/sites/28/2016/12/45682-190058-1-PB.pdf Acesso em 26 nov 2017
5. Diário Catarinense. Vacinação contra febre amarela é incentivada em 162 cidades de SC, após registro de 12 casos em MG. [on line], 2017. Disponível em: http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/mosquito-nao/noticia/2017/01/vacina-contra-febre-amarela-e-incentivada-em-162-cidades-de-sc-apos-registro-de-12-casos-em-mg-9271569.html Acesso em 19 nov 2017

Os recentes casos de febre amarela registrados no Brasil despertaram a atenção da população para a doença viral. Apesar do número de casos confirmados e de óbitos por febre amarela no país serem bem inferior ao mesmo período do ano passado, está crescendo rapidamente e aumentando a procura por vacinas. Essa é a principal forma de prevenção da doença.

Afinal, idosos podem e devem tomar a vacina?

Primeiramente, é importante ressaltar que uma dose padrão da vacina garante proteção para toda a vida. Ou seja, o cidadão que já se imunizou uma vez e tem o comprovante não precisa se preocupar com uma nova vacina, independente da idade.

Pessoas acima de 60 anos podem se vacinar com a dose padrão e a dose fracionada, desde que ainda não tenham tomado a vacina e que tenham orientação médica para se imunizar. Além disso, é necessário verificar se essa faixa etária se enquadra na estratégia de vacinação do município onde reside.

O Ministério da Saúde afirma que o sistema público de todos os estados disponibiliza a imunização contra febre amarela, inclusive em áreas sem recomendação da vacina. Porém, cada município adota uma estratégia e um público prioritário para a aplicação das doses, de acordo com a realidade do local.

Orientação médica

Ainda segundo a assessoria de imprensa do Ministério, a orientação médica para que idosos tomem a injeção contra a febre amarela pode ser feita até mesmo na unidade básica de saúde. No próprio momento da triagem, o médico já identifica se o paciente apresenta alguma doença ou condição desfavorável para aplicação da vacina.

A exigência de recomendação médica para maiores de 60 anos é feita porque a imunização contra a doença é contraindicada para pessoas com o sistema imunológico comprometido. No caso dos idosos, as chances de se enquadrar nessa categoria é maior que em grupos de outras faixas etárias, já que o envelhecimento diminui as respostas de defesa do organismo.

Situações que merecem atenção especial

A população brasileira que vive em Áreas Com Recomendação de Vacinação (ACRV) ou Com Recomendação de Vacinação Parcial (ASRVP) contra febre amarela, bem como quem vai viajar para uma dessas áreas ou ainda para países que exigem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) deve estar mais atenta à vacina. Confira aqui a lista das áreas de risco.

Contudo, a imunização padrão contra a febre amarela faz parte do calendário nacional de vacinação a partir dos 9 meses de idade. Então é importante que todos os brasileiros, em qualquer área de residência, mantenham a carteira de vacina atualizada, de acordo com o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Campanha emergencial

O Ministério da Saúde organizou uma campanha para evitar a circulação e a expansão da doença para áreas próximas de onde há circulação atualmente. No total, 77 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia participam da campanha recebendo a dose fracionada da vacina, confira a lista.

O fracionamento permite que mais gente se imunize sem acabar com os estoques. Essa estratégia utiliza um quinto de uma dose padrão da vacina contra febre amarela, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) atesta que a proteção é a mesma que a da dose padrão. A diferença está apenas no peso e no tempo de proteção. Enquanto a dose padrão é para a vida toda, o efeito da fracionada dura apenas oito anos.

Tire outras dúvidas sobre febre amarela aqui.