O desafio de como melhor descartar eletrônicos usados não é de agora. Vem desde os anos 1970, mas muita coisa mudou desde então, especialmente com a era digital. De lá pra cá, a quantidade de eletrônicos descartados só aumenta. Os avanços tecnológicos chegam em uma velocidade tão grande que muitos dispositivos que ainda funcionam são considerados obsoletos. Estima-se que a cada ano são geradas quase 50 milhões de toneladas de sucata tecnológica no mundo todo. Esse número destaca a crescente importância da reciclagem, que também levanta algumas estatísticas preocupantes: apenas 20% desses resíduos eletrônicos são reciclados. Se continuarmos assim, a ONU acredita que podemos chegar a 120 milhões de toneladas de sucata eletrônica até 2050. O volume de lixo eletrônico produzido em todo o mundo e a má gestão da reciclagem representam um perigo para o meio ambiente. Aprimorar o processo é vital para desacelerar as mudanças climáticas e evitar mais danos ao planeta. O QUE É LIXO ELETRÔNICO Lixo eletrônico é qualquer equipamento elétrico ou eletrônico que foi descartado. São aqueles produtos indesejados, que não funcionam mais. Celulares, tablets, computadores, televisores, aparelhos de som são alguns dos produtos eletrônicos mais comuns. Podemos citar outros, mas a lista é bem grande e vai muito além disso: Eletrodomésticos
Dispositivos de comunicação e informática
Dispositivos de entretenimento doméstico
Utilitários eletrônicos
Utensílios e equipamentos de escritórios e consultórios
POR QUE O LIXO ELETRÔNICO É TÃO PREJUDICIAL? A maioria dos eletrônicos contém materiais como berílio, cádmio, mercúrio, chumbo, óxido de chumbo, antimônio e níquel. Esses elementos tóxicos poluem rios, lagos e mares e liberam gases na atmosfera que afetam os ecossistemas. A reversão para um modelo de produção e consumo que reduza a quantidade de lixo eletrônico não pode mais ser adiada. O consumo responsável, capaz de prolongar a vida útil e desacelerar o crescimento desse lixo, é uma das respostas para o problema. O reaproveitamento de dispositivos tecnológicos tornou-se a única opção diante de um sistema de reciclagem ineficiente. COMO PODEMOS TER MENOS LIXO ELETRÔNICO? Reduzir Estamos usando cada vez mais dispositivos e os substituindo com mais frequência. A mudança desse hábito depende do consumidor – que deve ser menos influenciado pelas estratégias de marketing que estimulem o consumo. Reutilizar Os especialistas em reciclagem de eletrônicos recomendam que amigos ou familiares herdem os aparelhos que ainda funcionam, ou que sejam oferecidos no mercado de usados. Também existe a possibilidade de doá-los a instituições de caridade. Reciclar Quando o item não funciona mais e não há chance de ser usado por alguém próximo, a opção é a reciclagem. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), fala sobre a necessidade de garantir padrões de consumo e produção sustentáveis. No que diz respeito aos aparelhos eletrônicos descartados, isso significa alcançar um manejo ecologicamente aceitável ao longo de seu ciclo de vida. OS BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM DE LIXO ELETRÔNICO Quantos celulares você já teve na vida? Sabemos que os consumidores continuarão comprando novos aparelhos e outros dispositivos eletrônicos. Sabemos também que existem sérios riscos ambientais se enviarmos tudo isso para um aterro sanitário quando não tiverem mais utilidade. Por outro lado, a reciclagem oferece benefícios consideráveis ao nosso meio ambiente. De acordo com um relatório publicado em 2019 pela revista Environmental Science & Technology, é 13 vezes mais caro extrair minerais de depósitos naturais do recuperá-los de resíduos tecnológicos para a fabricação de novos dispositivos. A obtenção de minerais como platina, cobre e paládio não envolve apenas desenterrá-los e processá-los, mas também requer o uso de grandes quantidades de água e energia. É aí que entra o conceito de economia circular, baseado no uso de materiais provenientes de itens reciclados e menor dependência da extração de recursos virgens. A reciclagem de aparelhos eletrônicos não melhora apenas a qualidade do meio ambiente, mas também traz outros benefícios. A International Telecommunication Union (ITU) avalia que esses itens, reciclados corretamente, podem gerar oportunidades no valor de mais de 62 bilhões de dólares anualmente e criar milhões de novos empregos em todo o mundo. COMO DESCARTAR LIXO ELETRÔNICO? O lixo eletrônico deve ser sempre separado dos resíduos orgânicos e dos materiais recicláveis, como papel, plástico, metal e vidro. O descarte deve ser feito em locais apropriados, que podem ser empresas especializadas, centros de reciclagem ou de centros de estudos, como escolas e universidades que tem projetos voltados ao descarte de lixo e ao meio ambiente. Existem muitas empresas que reciclam e até compram celulares antigos. Essas empresas desmontam, separam e reciclam os materiais internos – como plástico, vidro e metais. Muitos desses materiais podem ser usados para fazer novos produtos. Na dúvida, converse com quem faz a coleta na rua da sua casa. O trabalho deles é extremamente importante, e saberão lhe dizer como tudo deve ser feito. Se você já sabe, conte pra gente como faz. Sua dica pode ajudar a salvar o planeta. Pelo app AMA você pode nos enviar fotos e vídeos mostrando que se preocupa com o meio ambiente. Pelo app AMA você pode ainda fiscalizar os seus vizinhos, para saber se ele estão fazendo do jeito certo. Fique de olho nas tarefas que geram pontos para serem trocados por prêmios. Participe! Leia também: De quem é a responsabilidade? A responsabilidade sobre o lixo que geramos começa no momento do consumo; e só após o descarte será transferida para o órgão público ou empresa terceirizada que tem o compromisso de destinar cada tipo de resíduo.
Pixabay Computadores, laptops, celulares, câmeras e outros equipamentos ficam obsoletos ou quebram e poucas pessoas sabem como dar um destino para esses dispositivos. As consequências do descarte incorreto de eletrônicos vão além dos impactos ambientais. Alguns metais utilizados na fabricação desses produtos podem causar graves problemas de saúde. A professora Tereza Cristina Carvalho, coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade, da Poli-USP, alerta para a situação. “Menos de 10% dos eletrônicos recebem o destino correto no Brasil. Nos EUA e na Europa a reciclagem ou a reutilização dos equipamentos chega a 45%”. Economia circular Publicidade A reciclagem parece ser a única maneira correta de lidar com o lixo, mas no caso dos eletrônicos existem outras possibilidades. A remanufatura utiliza peças de vários equipamentos para montar um outro que funcione perfeitamente. Em alguns casos, o reuso é imediato após uma manutenção simples. A logística reversa é outro caminho para o lixo eletrônico. Neste caso, as empresas fabricantes recebem o produto de volta e se responsabilizam em fazer o manejo correto. “A reciclagem é uma das opções, mas não é o único destino. A economia circular é mais sustentável e gera mais valor agregado” lembra a professora Tereza Cristina. Pixabay Política Nacional de Resíduos Sólidos Desde 2010, o Brasil tem a Política Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com esse documento, entre os princípios que devem ser adotados estão: o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Apesar da iniciativa Federal, os avanços são lentos. O maior lixão da América Latina foi fechado somente em janeiro deste ano. O local ficava na Estrutural, a cerca de 20 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, na Capital Federal. Durante 60 anos foram depositados lixos sem qualquer cuidado em uma área de 200 hectares ao lado do Parque Nacional de Brasília.
Quanto lixo é produzido O relatório Global E-Waste Monitor 2017, lançado pela Universidade da ONU e pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos mostra que o volume de lixo eletrônico tem aumentado. Em 2016, foram gerados 44,7 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, um aumento de 8% em comparação com 2014. A previsão é que ocorra um crescimento de mais 17%, para 52,2 milhões de toneladas, até 2021. Segundo o levantamento, todos os países da América Latina juntos produziram 4,2 milhões de toneladas de lixo eletrônicos. Os brasileiros contribuíram com a maior parcela: 1,5 milhão de toneladas. O México ficou em segundo lugar, com 1 milhão de tonelada. Os EUA produziram sozinhos 6,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico. Em 2016, apenas 20%, ou 8,9 milhões de toneladas, foram recicladas. Quais são os riscos Os eletrônicos quando descartados em lixões podem liberar substâncias tóxicas na água, no solo e no ar. A contaminação do organismo com os metais pesados, por exemplo, traz diversas consequências para o orgânismo. “Problemas respiratórios e danos ao sistema nervoso podem ser desencadeados a partir da contaminação do organismo com mercúrio, chumbo e cádmio presentes nos eletrônicos”, explica a professora da Poli-USP. Clique nos cartões abaixo para descobrir as consequência da contaminação com os elementos químicos presentes no lixo eletrônico. Ao final, há a indicação de três locais que fazem a coleta e a reciclagem. Qual o destino correto? Existem poucos lugares com estrutura para receber e fazer o manejo correto do lixo eletrônico. Algumas universidades e entidades ligadas à tecnologia têm projetos que atendem a essa demanda. A USP, Universidade de São Paulo, no bairro do Butantã, tem o CEDIR (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática). O local recebe eletrônicos antigos e quebrados. A iniciativa também apoia projetos sociais com doações de computadores remanufaturados. Endereço: av. Prof. Lucio Martins Rodrigues, travessa 4, nº 399, Bloco 27/tel.: (11) 3091-8238 A Coopermiti é a única cooperativa especializada em lixo eletrônico credenciada pela Prefeitura de São Paulo. O local recebe computadores, CPUs, impressoras, rádios, celulares, televisões, microondas, eletrodomésticos entre outros. Também são realizados projeto de inclusão social, inclusão digital, capacitação, educação ambiental e cultura. Endereço:rua João Rudge, 366 - Casa Verde, São Paulo-SP/tel.:(11) 3666-0849 Em São Carlos, no interior de São Paulo, o Recicl@tesc aceita doações de equipamentos antigos. Com exceção de lâmpadas fluorescentes, todo tipo de lixo eletrônico pode ser entregue. O projeto desmonta, separa e encaminha o material para empresas que fazem reciclagem ou fazem a manutenção e doam. Endereço: rua Helvídio Gouveia, 181 - Boa Vista, São Carlos-SP /tel.: (16)3377-39802 No Rio de Janeiro, a PUC tem o NIMA (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente) que recebe qualquer tipo de eletroeletrônico, inclusive TVs de tubo. Esses equipamentos são encaminhados para empresas que fazem a reciclagem ou o descarte correto. Endereço: rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea, Rio de Janeiro-RJ/tel.: (21) 3527-1001 |