Por que os vírus são parasitas intracelulares

Nesta videoaula você irá entender o que torna os vírus parasitas celulares obrigatórios. Verá que eles não apresentam hialoplasma nem ribossomos e não executam as etapas de duplicação do DNA. Transcrição e tradução independentemente de uma célula. Os vírus não apresentam metabolismo próprio para executar seu ciclo de vida e reprodução. Aula online bastante didática para ajudar você a entender melhor este tema.

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Parasitas podem ser definidos como organismos que obtém recursos através de um ou vários indivíduos hospedeiros, provocando danos e reduzindo sua aptidão sem causar, no entanto, morte imediata. O parasita obrigatório é um parasita que não é capaz de completar seu ciclo de vida fora de um hospedeiro adequado, necessitando do hospedeiro para atingir a maturidade e se reproduzir. Estes parasitas possuem diversas estratégias desenvolvidas para colonizar o hospedeiro, uma vez que é mais vantajoso que o hospedeiro permaneça vivo e que seu sistema imunológico não detecte a infecção. Essas estratégias podem ocorrer antes, durante e depois da entrada no hospedeiro, e a morte do hospedeiro pelo parasita ocorre apenas quando esta é necessária para a sua transmissão ou reprodução, constituindo um grupo de parasitas chamados de parasitoides.

Classificação

O ciclo de vida de um parasita envolve a exploração de pelo menos um hospedeiro. Os parasitas podem ser classificados de várias formas, e uma delas é em relação ao ciclo de vida, infectando apenas uma única espécie (ciclo de vida direto), ou infectando mais de uma espécie (ciclo de vida indireto). Este último ciclo pode ser observado na malária por exemplo, que apresenta o mosquito Anopheles e o ser humano como hospedeiros. Os hospedeiros também podem ser classificados como hospedeiro definitivo ou primário, abrigando a maior parte do desenvolvimento do parasita, e também como hospedeiro intermediário ou secundário, definido para hospedeiros de curto período, onde o parasita desenvolve alguma das suas fases juvenis, inclusive a dispersão de larvas.

Existe uma variedade de organismos que são parasitas obrigatórios, e podem ser encontrados na maioria dos grupos atuais como bactérias, fungos, plantas, animais e vírus. Alguns parasitas obrigatórios desencadeiam mudanças no comportamento do hospedeiro após a infecção, visando beneficiar sua transmissão. Esse fenômeno pode ser observado no comportamento de atração de ratos à urina de gatos, ou até mesmo ao próprio gato, após a infecção por Taxoplasma gondii, considerado uma estratégia para se estabelecer no seu hospedeiro primário, o gato.

Os vírus são os parasitas obrigatórios mais estudados atualmente, e só conseguem se reproduzir utilizando recursos dentro de células vivas, sendo considerados parasitas intracelulares obrigatórios. Outro exemplo de parasita intracelular obrigatório é o Trypanosoma cruzi, uma espécie de protozoário causador da doença de Chagas. O barbeiro, hospedeiro intermediário, é contaminado ao sugar o sangue de animais com larvas do protozoário. Uma vez contaminado, elimina as larvas nas fezes e urina ao se alimentar do hospedeiro, considerado hospedeiro definitivo no caso do ser humano. Através da corrente sanguínea o parasita invade as células, onde se diferencia e se multiplica. O sangue contaminado pode servir de alimento para outro inseto, concluindo o ciclo do parasita.

Existe também o parasita social obrigatório, que diferente do parasita intracelular obrigatório não se alimenta do hospedeiro, mas se aproveita dele socialmente. Por exemplo, a Vespula austriaca é uma vespa conhecida por parasitar colônias de outras espécies do gênero, e seu ciclo de vida depende da invasão e apropriação dessas colônias, onde matam as rainhas e forçam as operarias a trabalharem e cuidarem de sua ninhada. Como é um parasita obrigatório, essas vespas não possuem capacidade de construir seu próprio ninho e não possuem também uma casta operária, sendo obrigadas a encontrar uma colônia para que obtenham sucesso no desenvolvimento de seus descendentes.

Por que os vírus são parasitas intracelulares

Vespula austriaca, uma espécie de inseto parasita obrigatório. Foto: Magne Flåten / via Wikimedia Commons / CC-BY-SA 3.0

Referências Bibliográficas:

[1] Begon, M.; Townsend, C. R. & Harper, J. L. Ecology: from individuals to ecosystems. 4 ed. Reino Unido: Editora Blackwell Publishing Ltd, 759p., 2006.

[2] Prandovszky, E.; Gaskell, E.; Martin, H.; Dubey, J. P.; Webster, J. P.; McConkey, G. A. The neurotropic parasite toxoplasma Gondii increases dopamine metabolism. PlosOne, vol. 6, n. 9, 2011.

[3] Reed, H. C.; Akre, R. D. Colony behavior of the obligate social parasiteVespula austriaca (Panzer) (Hymenoptera: Vespidae). Insectes Sociaux, vol. 30, n. 3, p. 259-273, 1983.

 Os vírus são organismos pequenos e bastante simples que são considerados seres vivos por alguns autores e não vivos por outros. Para se ter ideia da dimensão desses organismos, o menor vírus de que se tem registro possui apenas 20 nm de diâmetro, sendo ele, portanto, menor que um ribossomo. Os vírus são conhecidos, principalmente, por causarem várias doenças e serem considerados parasitas intracelulares obrigatórios.

Leia também: O que é um ser vivo?

Tópicos deste artigo

→ Estrutura dos vírus

Os vírus são organismos que não possuem célula (acelulares), sendo sua estrutura formada basicamente por proteínas e ácido nucleico. A proteína forma um envoltório denominado de capsídio, que é formado por vários capsômeros e pode ser usado como forma de classificação dos vírus. De acordo com a simetria viral, podemos classificá-los em icosaédricos, helicoidais e complexos.

A função principal dos capsídios é proteger o material genético, que normalmente é de apenas um único tipo (DNA ou RNA), apesar de alguns vírus apresentarem os dois tipos (citomegalovírus). Diferente da maioria dos seres vivos, o genoma dos vírus é bastante diferenciado, existindo organismos com DNA de dupla fita, DNA de fita simples, RNA de dupla fita ou RNA de fita simples. Independentemente do tipo de material genético observado, o genoma é organizado, geralmente, na forma de uma única molécula linear ou circular.

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Observe a estrutura básica de um vírus.

Alguns vírus possuem ainda um envelope localizado externamente ao capsídio e que é formado por lipídios, proteínas e carboidratos. Essa estrutura deriva do sistema de membranas da célula parasitada e é adquirida no momento em que o vírus é eliminado pelo processo de brotamento. Os vírus que possuem envelope recebem a denominação de envelopados.

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Sendo assim, de maneira resumida, podemos dizer que os vírus são compostos por:

  • ácido nucleico (DNA, RNA ou os dois);

  • capsídeo;

  • envelope membranoso (presente apenas em alguns tipos de vírus).

→ Os vírus são seres vivos?

Os vírus são organismos acelulares e, apesar de não possuírem célula, são extremamente dependentes dessas estruturas, uma vez que não possuem metabolismo próprio e não apresentam nenhuma organela. Ao parasitarem uma célula, eles induzem a produção de material genético viral e proteínas, controlando o metabolismo celular. Em face dessa característica, os vírus recebem a denominação de parasitas intracelulares obrigatórios.

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O vírus bacteriófago é um vírus que parasita apenas células bacterianas.

Como não possuem metabolismo fora de uma célula, muitos autores não admitem que eles sejam considerados seres vivos. Outros pesquisadores, por outro lado, consideram-nos vivos porque eles podem duplicar-se e apresentam variabilidade genética. Outro ponto que contribui para essa última classificação é a presença de moléculas como proteínas, lipídios e carboidratos.

Mapa Mental: Vírus

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→ Reprodução dos vírus

Os vírus, como sabemos, podem reproduzir-se apenas em células hospedeiras, uma vez que não possuem enzimas e as estruturas necessárias para a produção de proteínas. Desse modo, podemos dizer que os vírus quando estão no ambiente sem parasitar nenhuma célula funcionam apenas como uma estrutura que contém genes.

Os vírus reproduzem-se de maneiras variadas, mas geralmente passam por algumas etapas básicas:

Adsorção: ocorre a interação entre a célula que será parasitada e os vírus, formando ligações entre os seres invasores e os receptores na membrana da célula.

Penetração: acontece a entrada do vírus em sua totalidade ou parcialmente na célula.

Desnudamento: o ácido nucleico do vírus é liberado no interior da célula, separando-se do seu capsídio.

Biossíntese: o material genético é duplicado e ocorre a síntese das proteínas necessárias para formar o capsídio.

Morfogênese: acontece a organização das estruturas formadoras do capsídio e do material genético.

Liberação: ocorre a lise da célula e a liberação dos vírus. No caso dos envelopados, ocorre o brotamento desses organismos.

Leia também: Reprodução dos vírus de DNA

→ Viroses

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Os vírus podem causar doenças, as quais são chamadas de viroses.

Ao parasitar uma célula humana, os vírus podem desencadear diversas doenças, as quais são genericamente chamadas de viroses. Essas doenças podem ser fáceis de tratar, como é o caso do resfriado, ou não apresentarem cura, como é o caso da AIDS. Além disso, podem ou não causar sintomas no indivíduo. São exemplos de doenças virais a dengue, hepatite, AIDS, raiva, varicela, varíola, rubéola, ebola, herpes e gripe. Vale destacar que cada doença apresenta sintomas e tratamentos diferenciados.

→ Descoberta dos vírus

Por serem organismos muito pequenos, a descoberta do vírus não foi uma tarefa fácil. Adolf Mayer, em 1883, estudava a doença do mosaico do tabaco e descobriu que a doença poderia ser transmitida por meio da seiva da planta quando esfregada em outra. Ele analisou a seiva, mas não conseguiu descobrir que micro-organismo era responsável por causar o problema. Ele então formulou a hipótese de que se tratava de uma bactéria bastante pequena, a qual não poderia ser observada nem mesmo no microscópico.

Uma década depois, a partir de trabalhos realizados, separadamente, por Dimitri Ivanowski e Martinus Beijerinck, os vírus começaram a ser conhecidos. Ivanowsky realizou trabalhos com o tabaco para confirmar a hipótese de Mayer. Nesse trabalho, ele filtrou a seiva para conseguir remover as bactérias, mas a doença ainda era transmitida. Ele pensou então que eram bactérias que passavam pelo filtro ou que produziam toxinas capazes de atravessar essa barreira.

Beijerinck realizou experimentos que contradisseram o trabalho de Ivanowsky. Beijerinck observou que, diferentemente das bactérias já conhecidas, o causador da doença do tabaco não se multiplicava nos meios de cultura. Ele então concluiu que estava lidando com uma partícula menor e mais simples. Esse cientista passou então a ser considerado o primeiro a propor a ideia da existência dos vírus.

Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos