A aplicação de duas modalidades terapeuticas ao mesmo tempo

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O trabalho do psicólogo clínico não se resume às sessões com pacientes individuais. Além de atender crianças, adolescentes e adultos na terapia convencional, também é possível fazer atendimentos com casais e famílias ou trabalhar com terapia em grupo.

As sessões grupais são uma modalidade de atendimento psicológico com objetivos e estratégias clínicas diferentes dos da psicoterapia individual. Que tal saber mais sobre a terapia em grupo? Confira nosso artigo para entender como ela funciona, para quem é indicada e como o psicólogo deve se preparar para esses atendimentos!

Afinal, o que é a terapia em grupo?

É um tipo de psicoterapia que envolve mais de três pessoas sendo atendidas ao mesmo tempo. Nesse caso, além de ter contato com o psicólogo, o paciente conta também com a escuta e a colaboração dos outros participantes. Em geral, essas sessões têm duração de uma hora e meia a duas horas.

Outra característica da terapia em grupo é que normalmente ela é mediada por dois profissionais. Ainda que um psicólogo seja a referência de intervenção no grupo, o ideal é que ele tenha um colega auxiliando (o coterapeuta). Assim, fica mais fácil anotar informações, acompanhar os diálogos, mediar conflitos e realizar as intervenções clínicas.

Os grupos terapêuticos podem funcionar de maneira livre ou temática. A mais frequente é esta última, que reúne pessoas com vivências semelhantes. Podem existir grupos, por exemplo, para pais que estejam enfrentando a síndrome do ninho vazio, pessoas com determinado transtorno emocional, crianças tímidas etc.

Dessa forma, um dos principais aspectos da terapia grupal é a existência de objetivos em comum. Seja o de compartilhar experiências semelhantes ou de desenvolver certas habilidades, como a empatia e a capacidade de comunicação.

Além do diálogo entre as pessoas, esse tipo de terapia favorece também a utilização de técnicas bastante diversas. O psicólogo pode propor, por exemplo, exercícios coletivos, treinamentos de habilidades e encenações de roleplay — uma simulação da vivência que está sendo exposta por algum paciente.

Essa modalidade terapêutica requer uma abertura maior dos pacientes, já que eles vão se expor diante de outras pessoas. Com isso, ela exige também maior esforço do terapeuta, que se torna responsável por mediar diversos processos ao mesmo tempo. Entretanto, mesmo com os desafios, a terapia em grupo traz muitos benefícios tanto para os participantes, quanto para o profissional.

Por que fazer uso da terapia em grupo?

Conhecer detalhes sobre esse tipo de intervenção é essencial para quem se forma em Psicologia. Uma das principais razões é, claro, o bem-estar das pessoas atendidas. Quando o profissional faz uso da terapia grupal, ele contribui para impulsionar o tratamento de seus pacientes.

Um dos motivos para isso é que a terapia em grupo favorece a socialização, construindo um espaço seguro para que os pacientes possam se expor diante de outras pessoas. Dessa maneira, é possível ajudá-los a enfrentar questões como timidez e dificuldades de se relacionar.

Outro aspecto positivo é a possibilidade de ser acolhido e aceito. É muito comum que pessoas se sintam sozinhas em seu sofrimento ao enfrentar algum tipo de problema emocional ou transtorno (como o borderline). Os encontros têm potencial para mudar isso, pois elas trocam experiências com outros que passam por situações semelhantes.

Um benefício que não pode deixar de ser citado quando se fala em terapia em grupo é o desenvolvimento de habilidades sociais. Mesmo quando esse não é o foco do processo terapêutico, é uma de suas principais consequências. Pessoas que passam por essa vivência se tornam mais capazes de ouvir o outro, desenvolver empatia, comunicar-se com eficiência e construir relacionamentos mais saudáveis.

Além de proporcionar esses benefícios para seus pacientes, oferecer esse tipo de terapia também é uma maneira de diversificar seu trabalho e atrair mais pessoas interessadas nele. Um dos pontos atrativos dessa modalidade é o custo menor: como vários participantes dividem o mesmo horário, o valor fica mais acessível e beneficia pessoas que não conseguiriam aderir à psicoterapia convencional, por exemplo.

Para quem esse tipo de terapia é indicado?

Apesar de todos os pontos interessantes que comentamos até aqui, é muito importante saber que nem todas as pessoas vão conseguir se beneficiar de uma terapia desse tipo. Por isso, é indicado que o profissional faça uma avaliação dos pacientes antes de montar o grupo.

Com frequência, a participação em um grupo terapêutico é estimulada pelo psicólogo ou por outros profissionais que atendem a pessoa. Eles percebem que ela poderia colher frutos nesse processo e fazem a indicação. Quando se trata de grupos temáticos, também é possível que o próprio paciente mostre interesse ao ver alguma divulgação sobre o assunto.

Em qualquer um desses casos, deve ser feita uma entrevista inicial para avaliar o perfil da pessoa e esclarecer sobre o funcionamento da terapia em grupo. Quando necessário, pode ser proposto que o paciente seja atendido tanto em sessões individuais quanto nos encontros coletivos — vale lembrar que as duas modalidades não são excludentes.

De modo geral, os principais aspectos a serem considerados para compor o grupo são: ter a experiência relacionada ao tema e estar disposto a entrar nesse processo. Cabe ao psicólogo, ainda, observar mais a fundo o perfil do paciente e perceber se ele está em condições de participar.

Como ter sucesso ao fazer terapia em grupo?

Precisamos reafirmar que o trabalho nessa modalidade terapêutica exige muitas habilidades do profissional. A mediação de um grupo tem diferenças marcantes em relação às sessões individuais. Por isso, é preciso se preparar.

O primeiro ponto relevante é a seleção correta dos participantes, tendo o cuidado de avaliar se realmente os pacientes escolhidos têm perfil para se beneficiar da terapia. Além disso, é fundamental fazer um bom contrato grupal, incentivando o respeito e o sigilo entre todos.

Na mediação dos encontros, o psicólogo deve lembrar sobre o sigilo e as possíveis regras do grupo sempre que necessário, estimulando que os participantes resolvam seus conflitos e mantenham relações saudáveis entre si. É muito importante também considerar os feedbacks dados pelos pacientes para planejar suas intervenções.

Por fim, capacitar-se para esse trabalho é fundamental. Nesse sentido, vale a pena investir em uma especialização na sua abordagem clínica para aprofundar os conhecimentos na área. Junto a isso, buscar outros estudos sobre o tema também enriquece a sua atuação.

Conhecer os elementos envolvidos na terapia em grupo e se preparar para oferecer essa opção para seus pacientes são pontos essenciais para trabalhar com qualidade. Aproveite nossas orientações para planejar os próximos passos da sua carreira!

Aproveitando a visita ao blog do Cognitivo, que tal continuar estudando sobre o assunto? Confira 4 benefícios da terapia de grupo!