Como a sociedade brasileira pode se preparar para o envelhecimento de sua população?

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Como a sociedade brasileira pode se preparar para o envelhecimento de sua população?

“Em 2030, 20% da população brasileira terá mais de 60 anos. O Brasil está envelhecendo em tempo recorde”, diz Alexandre Kalache, médico e especialista na epidemiologia do envelhecimento. E, segundo ele, não estamos nos preparando para essa realidade. “Nós enxergamos o idoso como um ônus para as cidades e não incorporamos essa parte da população nos espaços públicos. Não há iluminação adequada, segurança, nem transporte público adaptado”, alerta. Em sua palestra no Casa Vogue Experience 2018, Alexandre irá compartilhar suas ideias de como começar já a criar um ambiente mais acolhedor para os idosos propondo um exercício de introspecção inclusive para os mais jovens.

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"Lidar com idosos é toda uma questão de atitudes”, diz. Para Alexandre, o brasileiro não costuma fazer um convite à introspecção, se dar um tempo para questionar a própria vida. “Quando um jovem toma consciência de que será o velho de amanhã, ele entende a importância de criar agora uma base para chegar nesse momento com capacidade de seguir atuante. É necessário criar reservas e ser resiliente aos embates que uma vida longa reserva”, explica. Além disso, é preciso fazer um exercício de empatia. “Entrar em contato com os idosos ao redor e procurar entender suas aflições, sem ser paternalista ou infantilizar o outro, nos torna mais tolerantes”. E afirma: “Estamos no meio de uma fúria e ninguém percebe que envelhecer é uma conquista social”.

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Para Alexandre, é preciso pensar a cidade com a lente de um idoso, conversar com essa população e entender suas reais necessidades no dia a dia. Pioneiro nesses estudos, há mais de 40 anos ele se debruça sobre o tema idealizando projetos ao redor do mundo e propondo iniciativas amigáveis aos idosos que incluem promoção da saúde, cuidados na velhice e políticas públicas para a terceira idade. Desde 2012 lidera o International Longevity Centre Brazil, no Rio de Janeiro, que estuda e promove políticas que abordam o envelhecimento populacional e promovem o conceito de Envelhecimento Ativo. A seguir, compartilhou 5 iniciativas ao redor do mundo para uma cidade amiga do idoso:

1. No País Basco, alguns idosos foram equipados com câmeras enquanto faziam caminhadas para que registrassem tudo o que achavam errado e problemático na cidade, como falta de rampas, calçadas irregulares, ausência de bancos. E também para apontar os elementos positivos. A partir disso, buscaram soluções como a instalação de escadas rolantes em áreas da capital com ruas muito íngremes.

2. Em Hong Kong, os transportes urbanos ganharam acessibilidade com um mecanismo simples: quando as portas se abrem, os degraus descem 20 cm mecanicamente, o que faz toda a diferença inclusive para gestantes e pessoas com mobilidade reduzida.

3. Em Nova York, uma iniciativa de tornar a cidade amiga do idoso incentivou um diagnóstico feito pelos próprios e resultou na instalação de 4 mil bancos no Central Park. “É importante lembrar que o design é um grande aliado nessas questões, mas que não basta apenas fazer um banco sem pensar nas reais necessidades do idoso, como um suporte para que eles possam se apoiar ao levantar”, alerta Alexandre.

4. Também em Nova York, considerando a falta de banheiros públicos, os estudos indicaram que pequenos comércios de bairros fossem estimulados a abrirem suas portas para os idosos se sentarem e usarem os banheiros, o que impulsionaria possíveis vendas. “Isso é feito com um selo na vitrine, que indica que aquele estabelecimento é amigo do idoso. Todos ganham numa situação como essas”, afirma.

5. Outro estímulo para encorajar os idosos a saírem de casa e terem uma vida ativa é chamar a atenção dos restaurantes para essa população. “Menus com preços especiais e menor quantidade de comida, como aqueles feitos para crianças, e promoções em horários alternativos da tarde, quando os restaurantes costumam estar menos movimentados são boas alternativas”, sugere Alexandre.

A palestra com Alexandre Kalache no Casa Vogue Experience acontecerá no dia 8 de novembro, às 15h. Adquira seu ingresso: 

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Como se preparar para o envelhecimento da população?

Também é preciso se preparar para o envelhecimento crescente das pessoas garantindo políticas públicas de inclusão e de envolvimento social. Um exemplo é ter espaços onde idosos sejam incentivados a praticar atividade física e hobbies. A questão da renda é outro ponto relevante na vivência da terceira idade.

Como as cidades podem se preparar para a velhice?

Confira cinco propostas para as cidades se prepararem para o envelhecimento da população.
Incluir lições de gerontologia nas escolas. ... .
Fortalecer os conselhos municipais e estaduais do idoso. ... .
Criar meios para substituir os cuidadores originais. ... .
Investir em acessibilidade urbana..

Qual o desafio para um país diante do envelhecimento de sua população?

O maior desafio brasileiro na atenção ao envelhecimento populacional reside na implementação das políticas públicas, que padecem de graves problemas estruturais e resultam na crescente judicialização da saúde e da assistência social.

Porque o Brasil não está preparado para o envelhecimento da população?

"Temos um SUS (Sistema Único de Saúde) extremamente comprometido e que não comporta bem toda população que nele é atendida", diz ela que ressalta que o país enfrenta um movimento grande de migração do sistema privado para o público, em razão do aumento dos preços dos planos de saúde e do desemprego.